Cemitério Zhalan

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Portal do Cemitério Zhalan com a lápide de Matteo Ricci ao fundo
Lápides jesuítas reerguidas no Cemitério Zhalan
Lápide de Matteo Ricci, início do século XVII, com alvenaria ao redor adicionada no início do século XX
Epitáfio bilíngue de Ricci em latim (à esquerda) e chinês (à direita)

Cemitério Zhalan (em chinês: 栅栏墓地) é um antigo cemitério jesuíta em Pequim. Foi inicialmente estabelecido no final da dinastia Ming para o sepultamento de Matteo Ricci. Sua configuração atual é uma restauração usando lápides esculpidas originais, após vários episódios de profanação e turbulência durante a Rebelião dos Boxers, a década de 1950 e a Revolução Cultural Chinesa.

História[editar | editar código-fonte]

Ricci desejava ser enterrado em Pequim, uma rara honra para um estrangeiro não chinês e um reconhecimento do status da Igreja Católica no Império.[1] Após sua morte em 11 de maio de 1610, o Imperador Wanli permitiu que Diego de Pantoja criasse um cemitério. A decisão imperial foi implementada em um lote que havia sido recentemente confiscado de um eunuco em desgraça, fora do portão Fuchengmen das fortificações da cidade de Pequim.[2] Uma cerimônia fúnebre foi realizada em 22 de abril de 1611, com uma procissão a partir das instalações dos jesuítas onde está agora a Catedral da Imaculada Conceição. O caixão de Ricci permaneceu na capela do cemitério por vários meses até ser finalmente enterrado em novembro de 1611.

Outros jesuítas foram enterrados no local nos anos seguintes. Em 1654 Johann Adam Schall von Bell obteve do Imperador Shunzhi autorização para ampliar o cemitério. O próprio Shall von Bell foi enterrado lá em 1666.

Após a Supressão da Companhia de Jesus pela Santa Sé em 1773, os Lazaristas cuidaram do cemitério, depois os arquimandritas da Igreja Ortodoxa Chinesa, depois novamente a Igreja Católica.

O cemitério foi vandalizado em 1900 durante a Rebelião dos Boxers, e os ossos dos jesuítas enterrados foram dispersos.[3] Sua restauração, estipulada pelo Protocolo Boxer, incluiu a moldura de tijolos de algumas das lápides delicadamente esculpidas. Ao mesmo tempo, uma igreja dedicada a Maria foi erguida nas proximidades (Igreja Maweigou).[2]

Em meados da década de 1950 restos mortais incluindo centenas de lápides foram movidos para a área de Xibeiwang em Pequim (atual Cemitério Católico). Uma escola do Partido Comunista da China, agora Instituto de Administração de Pequim, foi estabelecida no local do cemitério. Por causa de seu significado histórico, no entanto, as lápides de Ricci, Johann Adam Schall von Bell e Ferdinand Verbiest foram mantidas no terreno original. Outras lápides monumentais foram alinhadas contra a parede da Igreja Maweigou.[4]

Durante a Revolução Cultural Chinesa o local foi novamente apontado como um símbolo de dominação estrangeira. Em vez de destruir as lápides, no entanto, os Guardas Vermelhos as enterraram, o que levou à sua preservação. A Igreja Maweigou foi demolida no início da década de 1970.

No final da década de 1970 Deng Xiaoping aprovou a restauração do túmulo de Matteo Ricci. As lápides de Ricci, Schall von Bell e Verbiest foram mais uma vez reerguidas onde se acreditava serem seus locais originais. 60 lápides originais adicionais foram reerguidas em 1984 em uma seção cercada, das quais 14 de convertidos chineses e 46 de missionários europeus.[2]

Oscar Luigi Scalfaro, Jean-Luc Dehaene, Jorge Sampaio e Valéry Giscard d'Estaing estão entre as autoridades estrangeiras que visitaram o cemitério com os seus anfitriões oficiais chineses desde então.

Lápides[editar | editar código-fonte]

As lápides combinam características ocidentais e chinesas de maneira única. Cada um delas é encimada por um dragão que enquadra o cristograma da Companhia de Jesus e inclui um texto em latim (à esquerda) e chinês (à direita). O epitáfio de Matteo Ricci, por exemplo, inclui informações biográficas resumidas.[5][6]

Sepultamentos notáveis[editar | editar código-fonte]

Entre os proeminentes missionários e estudiosos enterrados lá estão, listados em ordem cronológica de sepultamento:

Referências

  1. «Cemeteries and tomb steles». China Daily. 23 de dezembro de 2019 
  2. a b c «History of Zhalan». Beijing Administrative College 
  3. Peter Neville-Hadley (26 de setembro de 2016). «Jesuit Cemetery 利玛窦墓». A Better Guide to Beijing 
  4. Qin Danfeng (29 de março de 2010). «At last, they rest in peace». Global Times 
  5. «Epigraph on the Tombstone of Matteo Ricci in the Zhalan Cemetery in Beijing». EGO European History Online 
  6. Edward Malatesta; Gao Zhiyu, eds. (1995). Departed, yet present: Zhalan, the oldest Christian cemetery in Beijing. [S.l.]: Instituto Cultural de Macau and Ricci Institute, University of San Francisco 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]