Cerco de Damão (1581)

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Cerco de Damão 1581
Conflitos luso–mogores
Data 1581
Local Damão, Índia portuguesa
Desfecho Vitória portuguesa
Retirada dos mogores
Beligerantes
Império Português Império Mogor
Comandantes
Martim Afonso de Melo Calicham
Cutubidicam
Forças
1000 homens.[1] 15,000 homens.[2]

O Cerco de Damão de 1581 foi um confronto militar entre as forças portuguesas e as do Império Mogor na cidade de Damão, na Índia. Um exército mogor enfrentou os portugueses na tentativa de impor um cerco, mas foi obrigado a retirar-se.

Contexto[editar | editar código-fonte]

Em 1571, os mogores haviam conquistaram o Reino de Cambaia, levando-os à fronteira dos territórios portugueses em torno de Diu, Daman e Baçaim. Em 1580, Diogo Lopes Coutinho de Santarém à frente de uma força de oito navios mandou incendiar uma aldeia perto de Surrate, depois da sua guarnição ter matado seis portugueses que haviam desembarcado.[3] A pedido do governador mogor de Surrate Caliche Mahamed, o governador mogol de Bharuch Cutubidicam uniu forças, formando um exército de 15.000 homens, elefantes e um canhão para atacar Damão.[1]

O cerco[editar | editar código-fonte]

Avisado dos preparativos dos mogores, o capitão português de Damão Martim Afonso de Melo despachou mensageiros às aldeias vizinhas ordenando aos seus habitantes e camponeses que evacuassem para Baçaim ou procurassem refúgio nas florestas, e às guarnições portuguesas próximas como Baçaim, Chaul e Goa pedindo reforços.[1]

Caliche liderou a vanguarda do exército mogor com 1000 cavaleiros quando se deu a invasão do território português, e queimou numerosas aldeias enquanto Cutubidicam montou o seu acampamento nos arredores da cidade.[3][1] Melo foi mantido ao corrente dos movimentos dos mogores através de espiões ou batedores que ele manteve continuamente em serviço, enquanto fortificava a cidade, que nessa altura não dispunha ainda de muralhas.[1]

De Goa o vice-rei Dom Francisco de Mascarenhas enviou reforços para Damão por mar. Em pouco tempo, tão grande númerode soldados voluntários e fidalgos desembarcou em Damãoque o comandante mogor viu-se dissuadido de atacar a cidade, e limitou as operações a pilhar o que podia nos campos.[3][1] O capitão português do forte de Danu com 50 homens lutou contra os mogores e capturou um estandarte.[1]

Os mogores finalmente reuniram o seu exército ao sul de Damão em formação de meia-lua, e várias tropas portuguesas posicionaram-se nos arredores da cidade, enquanto um destacamento de cavaleiros portugueses sob o comando de Fernão de Miranda cavalgou mais perto dos mogores. O Calicham cavalgou até Damão desafiando Miranda para um duelo; Miranda aceitou, e perfurou o Calicham com uma lança, ferindo-o, e depois disso ambos retiraram-se para as suas fileiras.[3][1]

Os portugueses escaramuçavam com os mogores. Das margens opostas do rio Damanganga, os mogores bombardearam Damão, causando porém, poucos estragos.[1] Como os portugueses hesitavam em atacar a fundo e o comandante mogor não queria tentar atacar Damão, os mogores finalmente bateram em retirada.[1] Durou este cerco durou seis meses.[4]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Depois de ter o exército mogor retirado, os portugueses descobriram que Ramana da Rama, rei de um pequeno reino vizinho chamado Sarceta, a cinco léguas de Damão, havia se apossado dos pertences dos refugiados que procuraram abrigo no seu território, e recusava-se a restituí-los.[5] Consequentemente, os portugueses saquearam a sua capital Raumalaje.[6]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f g h i j Diogo do Couto: Da Asia de João de Barros e de Diogo de Couto, volume 20, decade I, part I, Regia Officina Typographica, 1786 edition, pp.184-198.
  2. Kaushik Roy: Warfare in Pre-British India - 1500BCE to 1740CE, Routledge, 2015, p. 225.
  3. a b c d Frederick Charles Danvers: The Portuguese in India, A.D. 1571-1894, Being A History of the Rise and Decline of Their Eastern Empire, W.H. Allen & Company, limited, 1894, pp.42-43
  4. CARLA ALFERES PINTO: DAMÃO: A MISERICÓRDIA E A CIDADE ATRAVÉS DAS PLANTAS E DA DOCUMENTAÇÃO in ANAIS DE HISTÓRIA DE ALÉM-MAR, N.º 1, 2000, p.79.
  5. Danvers, 1894, p. 43.
  6. Danvers, 1894, p. 44.