Chácara Baruel

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O Palacete Baruel da Rua Voluntários da Pátria.

A Chácara Baruel foi uma propriedade rural localizada no Alto de Santana, zona norte da cidade de São Paulo. Era a residência da Família Baruel, tradicional e influente família do bairro de Santana. Ao longo do século XX a propriedade foi desmembrada e vendida em lotes. Os resquícios da propriedade são a Biblioteca Narbal Fontes e o Palacete Baruel.[1]

História[editar | editar código-fonte]

O alferes de milícias Francisco Antônio Baruel, representante de uma das primeiras famílias da zona norte, era agricultor, criador de animais, fabricante de farinha e telhas, e proprietário de fazendas, dentre elas a Baruel. As telhas fabricadas por ele no Sítio Morrinhos eram transportadas por canoas através dos rios rio Tietê e Tamanduateí até o Porto Geral.[2] Até 1890 a família residiu no Sítio Morrinhos, localizado no atual bairro de Jardim São Bento.

A Chácara[editar | editar código-fonte]

Palacete Baruel, castelo construído no estilo normando.

Em 1852 Francisco Antônio Baruel adquiriu terras na atual zona norte paulistana. Na chácara comprada havia plantações de café, estando localizada onde hoje estão as ruas Conselheiro Moreira de Barros, Voluntários da Pátria e Paulo Gonçalves e outras vias do Alto de Santana. Possuía aproximadamente um alqueire de área, ou seja, 24.250 m². Nesta propriedade era produzido arroz, feijão, milho e cana através do trabalho compulsório de 30 escravos.

Baruel ficou muito rico, é possível ver sua riqueza através das mansões da chácara, como o Palacete Baruel construído em 1879. No ano de 1890 seus descendentes transferiram-se para Alto de Santana, sendo construído um hospital em estilo normando.[3]

O alferes teve cinco filhos com a esposa Ana Maria da Conceição,[4] dentre eles se destacou Francisco Nicolau Baruel, que herdou a propriedade após a morte de seu pai. Era farmacêutico, empresário e vereador municipal. Fundou a Farmácia Baruel localizada no centro da cidade, nas esquinas da Praça da Sé e Rua Direita, sendo bem reconhecida pelos paulistanos no início do século XX.[5] Nesta época a chácara sediava concursos promovidos pelos alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo chamados de bezerril, que tinham o intuito de saber quem consumia mais leite num só gole.[5] Os estudantes de Direito freqüentavam bastante a propriedade.[5]

Após a morte de Nicolau Baruel em 5 de fevereiro de 1928, a propriedade foi desapropriada para ser o Palácio de Verão do Governo do Estado, porém foi cancelado o projeto pois o Governo não possuía o valor estabelecido, então os imóveis foram devolvidos à família novamente. Nos anos seguintes a propriedade foi desmembrada e vendida em lotes.[6]

A atual Biblioteca Narbal Fontes foi uma casa da Chácara Baruel.
Castelo
Ver artigo principal: Palacete Baruel

Por volta do ano de 1879 o castelo foi edificado, sendo a sede da chácara, construído em estilo normando é considerado um patrimônio histórico, pois guarda resquícios da época e do bairro. Nunca fora habitado. Tempos depois este palacete foi um orfanato dirigido por Pérola Byington, atualmente uma clínica fisioterápica.

Casa de Dona Maria
Ver artigo principal: Biblioteca Narbal Fontes

Construída em 1925, de estilo normando com rico trabalho arquitetônico retoma a história de Santana, bairro paulistano. Foi habitada por Dona Maria Baruel Galvão Bueno, filha de Francisco Nicolau Baruel.[7] Atualmente ocupa 1.450 m² e atualmente é uma biblioteca pública, a Narbal Fontes. Desde sua fundação passou por diversas reformas, é um patrimônio histórico santanense.[8]

Família Baruel e legado

Os Baruel eram uma tradicional e influente família santanense. Próximo à chácara, na atual rua Voluntários da Pátria situava-se o Colégio de Sagrado Coração de Maria que atualmente é conhecido como Colégio Santana e ao lado deste foi construída a Capela de Santa Cruz em 1895, o senhor Pedro Doll, um proprietário de terras do bairro de Santa Teresinha e a Família Baruel ajudaram na construção da atual paróquia no bairro de Santana.[9] Pedro Doll e Francisco Baruel foram homenageados com ruas no Alto de Santana.[10] Em homenagem a família há um bairro chamado Vila Baruel e a Avenida Baruel, ambos no distrito da Casa Verde.

Uma das heranças da família é a Casa Baruel,[11] indústria do ramo de higiene fundada em 1892 por Francisco Nicolau Baruel,[11] conhecida atualmente por Baruel.[12]

A Capela de Santa Cruz da Rua Voluntários da Pátria.

Cronologia [3][editar | editar código-fonte]

Fotos[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN 8573592230 

Referências

  1. Santana é um dos bairros mais antigos da Zona Norte
  2. «Os Interiores Domesticos após a Economia Exportadora Paulista» (PDF). Anais do Museu Paulista. 2004. Consultado em 19 de agosto de 2009. Arquivado do original (PDF) em 21 de setembro de 2012 
  3. a b «Santana/SP - Av Conselheiro Moreira de Barros, 170 (03/2007)». Memória Bravo Brasil. Consultado em 9 de outubro de 2009 
  4. As práticas testamentárias paulistanas da primeira metade do ...
  5. a b c «Francisco Nicolau Baruel». Consultado em 9 de julho de 2010. Arquivado do original em 25 de outubro de 2007 
  6. «Santana completa 226 anos e é a comunidade quem comemora». Jornal Semanário da Zona Norte. 25 de julho de 2008. Consultado em 17 de agosto de 2009. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015 
  7. «Biblioteca Narbal Fontes de "cara nova"». Prefeitura de São Paulo. 28 de fevereiro de 2007. Consultado em 31 de agosto de 2009 [ligação inativa]
  8. «Histórico Da Biblioteca Narbal Fontes». Prefeitura de São Paulo. 28 de fevereiro de 2007. Consultado em 31 de agosto de 2009 
  9. «História de Santana». Colégio Santana. Consultado em 19 de agosto de 2009. Arquivado do original em 17 de janeiro de 2010 
  10. «Consulta Histórico de Logradouros». Consultado em 4 de julho de 2009 
  11. a b Histórias das Ruas de São Paulo - Rua Francisco Baruel[ligação inativa] Site Dicionário de Ruas — consultado em 19 de agosto de 2010
  12. «Site oficial da empresa». Consultado em 16 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 31 de janeiro de 2010 
  13. Histórico