Choque e pavor

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Choque e pavor, ou Shock and awe (inglês), tecnicamente conhecida como domínio rápido (inglês: rapid dominance), é uma doutrina militar baseada no uso de força avassaladora, percepção dominante do campo de batalha, manobras dominantes e mostras espetaculares de força para paralisar a compreensão do adversário e destruir sua vontade de lutar. A doutrina foi escrita por Harlan K. Ullman e James P. Wade em 1996 e é uma criação da National Defense University, dos Estados Unidos.

Doutrina do domínio rápido[editar | editar código-fonte]

O domínio rápido é definido por seus autores, Harlan K. Ullman e James P. Wade, como tentando “afetar a vontade, percepção e entendimento do adversário de preparar-se ou responder à nossa política estratégica através da imposição do Choque e Pavor.”[1] Adiante, o domínio rápido irá:

“impor esse nível avassalador de Choque e Pavor contra um adversário num momento imediato ou suficiente para paralisar sua vontade de continuar. (…) [irá] ganhar controle do ambiente e paralisar ou sobrecarregar de tal forma a percepção e entendimento dos eventos por parte do adversário que este seria incapaz de resistência tática e estratégica.”[2]

Introduzindo a doutrina num relatório à National Defense University em 1996, Ullman e Wade descreveram-na como uma tentativa de desenvolver uma doutrina militar pós-Guerra Fria para os Estados Unidos. Domínio rápido e que e pavor, eles escreveram, talvez se torne uma “mudança revolucionária” à medida que o exército americano é reduzido em tamanho e a tecnologia da informação é, de modo crescente, integrada ao cenário de guerra.”[3] Autores militares subseqüentes têm escrito que o domínio rápido explora a “superioridade tecnológica, combate de precisão e domínio de informação” dos Estados Unidos.[4]

Ullman e Wade identificam quatro características vitais do domínio rápido: “conhecimento e entendimento quase total ou absoluto de si próprio, do adversário e do ambiente; rapidez e senso de oportunidade em aplicação; inteligência operacional em execução; e controle e gerenciamento [quase] totais de todo o ambiente operacional.”[5] Choque e pavor é mais usado por Ullman e Wade como o efeito que o domínio rápido procura impor ao adversário. É o desejado estado de desamparo e falta de vontade. Ele pode se induzido, eles escreveram, por força direta aplicada aos centros de comando e controle, negação seletiva de informação e disseminação de contrainformação, força de combate avassaladora e rapidez de ação.

A doutrina de domínio rápido tem evoluído a partir do conceito de “força decisiva”. Ullman e Wade enumeraram os elementos entre os dois conceitos em termos de objetivo, uso da força, tamanho da força, âmbito, velocidade, baixas e técnica.

Baixas civis e destruição de infraestrutura[editar | editar código-fonte]

Embora Ullman e Wade declarem que a necessidade de “minimizar baixas civis, perdas de vidas e efeitos colaterais” é uma “sensibilidade política [que precisa] ser entendida logo no início”, sua doutrina de domínio rápido requer a capacidade de interromper “meios de comunicação, transporte, produção de alimentos, abastecimento de água e outros aspectos da infraestrutura”,[6] e, na prática, “o equilíbrio apropriado de Choque e Pavor deve causar (…) a ameaça e medo da ação que talvez interrompa toda ou parte da sociedade adversária ou deixar sua capacidade de lutar inútil devido à completa destruição material.”[7]

Reiterando o exemplo numa entrevista à CBS News meses antes da Operação Liberdade do Iraque, Ullman disse: “Você está sentado em Bagdá, você é o general, e de repente 30 de seus quartéis-generais das suas divisões foram eliminados. Você também paralisa a cidade. Com isso eu quero dizer que você acaba com a energia e a água deles. Em 2, 3, 4, 5 dias eles estão fisicamente, emocionalmente e psicologicamente esgotados.”[8]

Referências

  1. Harlan K. Ullman and James P. Wade, Shock And Awe: Achieving Rapid Dominance (National Defense University, 1996), XXIV.
  2. Ullman and Wade, Shock and Awe, XXV.
  3. Ullman and Wade, Shock and Awe, Prólogo.
  4. David J. Gibson, Shock and Awe: A Sufficient Condition for Victory? Arquivado em 16 de maio de 2011, no Wayback Machine. (Newport: United States Naval War College, 2001), 17.
  5. Ullman and Wade, Shock and Awe, XII.
  6. Ullman and Wade, Shock and Awe, Introduction.
  7. Ullman and Wade, Shock and Awe, Chapter 5.
  8. CBS Evening News (24/Jan/2003) Interview with Harlan Ullman acessado em 4 de agosto de 2006.