Citoarquitetura

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O córtex cerebral humano dividido em áreas de Brodmann com base na citoarquitetura

Citoarquitetura (em grego: κύτος= "célula" + ἀρχιτεκτονική= "arquitetura"), também conhecida como citoarquitetônica, é o estudo da composição celular dos tecidos do sistema nervoso central sob o microscópio. A citoarquitetônica é uma das maneiras de analisar o cérebro, obtendo seções do cérebro usando um micrótomo e colorindo-as com agentes químicos que revelam onde estão localizados diferentes neurônios.

O estudo da parcelação de fibras nervosas (principalmente axônios) em camadas forma o assunto da mieloarquitetura (em grego: μυελός, "medula" + ἀρχιτεκτονική, "arquitetura"), uma abordagem complementar à citoarquitetura.[1]

História da citoarquitetura cerebral[editar | editar código-fonte]

A definição da citoarquitetura cerebral começou com o advento da histologia — a ciência de fatiar e colorir fatias cerebrais para exame.[2] É creditado ao psiquiatra vienense Theodor Meynert (1833–1892), que em 1867 notou variações regionais na estrutura histológica de diferentes partes da massa cinzenta nos hemisférios cerebrais.[3]

Paul Flechsig foi o primeiro a apresentar a citoarquitetura do cérebro humano em quarenta áreas.[4] Alfred Walter Campbell então o dividiu em quatorze áreas.[5]

Sir Grafton Elliot Smith (1871–1937), um nativo de Nova Gales do Sul que trabalhava no Cairo, identificou cinquenta áreas.[6] Korbinian Brodmann trabalhou no cérebro de diversas espécies de mamíferos e desenvolveu uma divisão do córtex cerebral em 52 áreas distintas (das quais 44 no cérebro humano e as 8 restantes no cérebro de primatas não humanos).[7][8] Brodmann usou números para categorizar as diferentes áreas arquitetônicas[2] e acreditava que cada uma dessas regiões servia a um propósito funcional único.[9]

Constantin von Economo e Georg N. Koskinas, dois neurologistas em Viena, produziram um trabalho de referência na pesquisa do cérebro ao definir 107 áreas corticais com base em critérios citoarquitetônicos.[10][11] Eles usaram letras para categorizar a arquitetura, por exemplo, "F" para áreas do lobo frontal.

Referências

  1. James P. Byrnes; Barbara A. Wasik (23 de março de 2012). Language and Literacy Development: What Educators Need to Know. [S.l.]: Guilford Press. pp. 38–. ISBN 978-1-4625-0666-8 
  2. a b Michael Petrides (3 de dezembro de 2013). Neuroanatomy of Language Regions of the Human Brain. [S.l.]: Academic Press. 90 páginas. ISBN 978-0-12-405931-3 
  3. Meynert, T. (1872) Der Bau der Gross-Hirnrinde und seine örtlichen Verschiedenheiten, nebst einem pathologisch–anatomischen Corollarium. J.H. Heuser’sche Verlagsbuchhandlung, Neuwied & Leipzig.
  4. "Neue Untersuchungen über die Markbildung in den menschlichen Grosshirnlappen". Neurologisches Centralblatt 17:977-996 (1898).
  5. Campbell, A.W. (1903). "Histological studies on cerebral localisation". Proceedings of the Royal Society of London 72:488-492.
  6. Elliot Smith, G. (1907) A new topographical survey of the human cerebral cortex, being an account of the distribution of the anatomically distinct cortical areas and their relationship to the cerebral sulci. Journal of Anatomy and Physiology (London) 41: 237-254.
  7. Brodmann, K. (1909) Vergleichende Lokalisationslehre der Grosshirnrinde in ihren Prinzipien dargestellt auf Grund des Zellenbaues. Johann Ambrosius Barth, Leipzig.
  8. Garey, L.J. (2006) Brodmann’s Localisation in the Cerebral Cortex. Springer Science, New York.
  9. Yosef Grodzinsky Professor and Canadian Research Chair in Neurolinguistics McGill University; Katrin Amunts Professor of Structural-Functional Brain Mapping Aachen University (24 de março de 2006). Broca's Region. [S.l.]: Oxford University Press. 18 páginas. ISBN 978-0-19-803952-5 
  10. Economo, C. von, Koskinas, G.N. (1925) Die Cytoarchitektonik der Hirnrinde des erwachsenen Menschen. Julius Springer, Vienna.
  11. Economo, C. von, Koskinas, G.N. (2008) Atlas of Cytoarchitectonics of the Adult Human Cerebral Cortex (translated, revised and edited by L.C. Triarhou). Karger, Basel.