Coleção de cerâmica tapajônica

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Coleção de Cerâmica Tapajônica
Apresentação
Tipo
Estatuto patrimonial
bem tombado pelo DPHAC (d)Visualizar e editar dados no Wikidata
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A Coleção de Cerâmica Tapajônica de Belém é composta de 1.444 peças, que se encontram sob guarda do Museu do Estado do Pará (MEP). O conjunto foi tombado como patrimônio cultural do estado do Pará pelo DPHAC, em 2005.[1]

Composição[editar | editar código-fonte]

A Coleção de Cerâmica Tapajônica de Belém é composta de 1.444 peças relacionadas à cultura e ao cotidiano das populações indígenas dos Tapajós, que habitavam o Oeste do Pará (ao longo dos Rios Tapajós e Amazonas), no período pré-colonial.[1][2] 81 das peças estão completas e as outras 1.363 são fragmentos.[2] São consideradas alguns dos artefatos arqueológicos mais antigos das Américas.⁣[1][2]

"O material descoberto revela-se bastante diverso, mas pela complexidade nos ornamentos é associado a práticas ritualísticas, algumas comprovadamente relacionadas ao tratamento que se dava aos mortos".[3] Quanto à aparência, geralmente retratam figuras em forma de humanos (antropomorfismo) ou de animais (zoomorfismo); além disso, geralmente tem "cor ocre, temperadas com cauixi, cacos, rochas, areia e cariapé". Destacam-se as seguintes peças:[2][3]

  • Vasos;
    • Vasos de gargalo,
    • Vasos globulares, e
    • Vasos cariátides.
  • Estatuetas humanas;
    • Mulheres em pé (muitas vezes grávidas) com base semilunar, e
    • Homens sentados.
  • Cachimbos angulares inspirados na flora regional;
  • Pratos, tigelas e vasilhas com base e/ou alças; e
  • Apitos.

Histórico[editar | editar código-fonte]

No início do século XX, vasto material arqueológico passou a ser encontrado pelas ruas da cidade de Santarém, no interior do Pará, por conta da erosão provocada por chuvas e da ocupação das terras para produção agrícola. A população passou a recolher o material e apelidou as peças de ‘caretas’, porque predominavam cabeças de bichos e formas humana esquisitas.[3]

Entre 1923 e 1926, Curt Nimuendajú (etnólogo de origem alemã que percorreu o Brasil em meio aos índios por mais de quarenta anos) localizou 65 sítios arqueológicos em Santarém. Seus manuscritos sobre os Tapajó e os achados cerâmicos foi publicado em alemão em 1939, com o título Die Tapajó. Sobre os achados, ele comenta haver um grande sítio no bairro Aldeia (sobretudo na Rua da Alegria), pois o bairro estaria sobre um sítio habitado pela população indígena no período da colonização da região. Apesar de 200 anos terem se passado com intenso tráfego de pessoas, animais e veículos "esmagando essa superfície diariamente", ele comenta sua surpresa por encontrar peças cerâmicas em tão bom estado.[3]

As peças que hoje compõem a Coleção de Cerâmica Tapajônica foram compradas pelo Governo do Estado do Pará de um morador da cidade de Santarém, Geraldo Caetano Corrêa Sobrinho, que era colecionador.[2]

Tombamento[editar | editar código-fonte]

Por sua importância histórica e cultural, a coleção foi tombada como patrimônio cultural do estado do Pará pelo Departamento de Patrimônio Histórico Artístico e Cultural (DPHAC), em 28 de abril de 2005.[1] Está inscrita no Livro do Tombo do Patrimônio Arqueológico e Antropológico (de número 2).[2]

Referências

  1. a b c d «Belém – Coleção de Cerâmica Tapajônica | ipatrimônio». Consultado em 2 de maio de 2023 
  2. a b c d e f Secult do Pará (18 de junho de 2020). «Você conhece o acervo de cerâmica tapajônica do Estado do Pará tombado pelo DPHAC». Instagram. Consultado em 2 de maio de 2023 
  3. a b c d Priante, Wagner Penedo. A cerâmica dos Tapajó e o desejo de formas : estudo de peças cerâmicas arqueológicas mirando potências criativas. 2016. Dissertação (Mestrado em Artes) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Instituto de Artes, São Paulo, 2016. Acesso em: 01-05-2023.