Comunicado de Xangai

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O Comunicado Conjunto dos Estados Unidos da América e da República Popular da China, também conhecido como Comunicado de Xangai (1972), foi um documento diplomático emitido pelos Estados Unidos da América e pela República Popular da China em 27 de fevereiro de 1972, na última noite da visita do presidente Richard Nixon à China.[1][2][3]

Documento[editar | editar código-fonte]

Os Estados Unidos reconheceram formalmente que "todos os chineses de ambos os lados do Estreito de Taiwan afirmam que existe apenas uma China". O uso da palavra "reconhecer" em vez de "aceitar" é freqüentemente citado como um exemplo da posição ambígua dos Estados Unidos em relação ao futuro de Taiwan. O comunicado também incluiu desejos de expandir os contatos econômicos e culturais entre as duas nações, embora nenhuma medida concreta tenha sido mencionada. O comunicado afirma que a normalização das relações contribuirá "para o relaxamento da tensão na Ásia e no mundo".[1][4]

Legado[editar | editar código-fonte]

"[O] que dissemos naquele comunicado não é tão importante quanto o que faremos nos próximos anos para construir uma ponte através de 16 000 milhas e 22 anos de hostilidade que nos dividiram no passado."

Richard Nixon, falando em um banquete em Xangai logo após a emissão do comunicado,

Richard Nixon, speaking at a Shanghai banquet shortly after the issuing of the communiqué,[5] 27 de maio de 1972

O Comunicado de Xangai representou as primeiras negociações diplomáticas dos Estados Unidos com a República Popular da China desde sua fundação em 1949 e foi a primeira comunicação oficial com o Partido Comunista Chinês desde a Missão Dixie de 1944 a 1947.

Em uma visita a Taipei em março de 1972, o diplomata norte-americano Marshall Green argumentou com o ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Chow Shu-Kai, que a aceitação do comunicado representava uma mudança nas prioridades da RPC. Ou seja, Green argumentou que o comunicado demonstrou que a RPC valorizava a paz com os Estados Unidos acima do confronto com Taiwan e, posteriormente, aumentou a segurança de Taiwan.[6]:211

As consequências do escândalo Watergate no final de 1972 levaram Nixon a diminuir a prioridade de outros esforços diplomáticos com a RPC.[7]

As relações entre os dois países foram oficialmente normalizadas com o Comunicado Conjunto sobre o Estabelecimento de Relações Diplomáticas. O comunicado foi emitido em 1º de janeiro de 1979, o mesmo dia em que a Lei de Relações com Taiwan também entrou em vigor.

Em um artigo de opinião de fevereiro de 2017 para o The Diplomat, o presidente do Comitê Nacional de Relações EUA-China, Stephen Orlins, elogiou o Comunicado de Xangai pela estabilidade através do Estreito que ofereceu a Taiwan. Orlins disse que o comunicado ajuda a garantir a confiança com o investimento ocidental em Taiwan por causa dos amplos impactos da abertura da China e do contínuo diálogo de alto nível através do Estreito.[8]

Ver também[editar | editar código-fonte]

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A Wikisource contém fontes primárias relacionadas com Comunicado de Xangai

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Foreign Relations of the United States, 1969–1976, Volume XVII, China, 1969–1972, eds. Steven E. Phillips and Edward C. Keefer (Washington: Government Printing Office, 2006), Document 203.
  2. Nixon, Richard M. (2005). Richard Nixon: 1972 : Containing the Public Messages, Speeches, and Statements of the President. [S.l.: s.n.] pp. 376–379 
  3. «Joint Communique of the United States of America and the People's Republic of China». Taiwan Documents Project. 28 de fevereiro de 1972. Consultado em 19 de fevereiro de 2019 
  4. deLisle, Jacques (9 de março de 2017). «Trump, Tsai, and the Three Communiques: Prospects for Stability in US-China-Taiwan Relations». Foreign Policy Research Institute. Consultado em 10 de janeiro de 2021 
  5. «Text of Nixon Toast At Shanghai Dinner». The New York Times (em inglês). 28 de fevereiro de 1972. ISSN 0362-4331. Consultado em 2 de fevereiro de 2022 
  6. Goh, Evelyn (2005). Constructing the U.S. Rapprochement with China, 1961–1974 From "Red Menace" to "Tacit Ally" (em inglês). New York, United States: Cambridge University Press 
  7. «Shanghai Communiqué Issued | American Experience | PBS». www.pbs.org (em inglês). Consultado em 29 de janeiro de 2022 
  8. Orlins, Stephen (28 de fevereiro de 2017). «The Shanghai Communique: An American Foreign Policy Success, 45 Years Later». The Diplomat (em inglês). Consultado em 3 de fevereiro de 2022