Concílio de Kingston-upon-Thames

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O assim denominado Concílio de Kingston-upon-Thames, ocorreu em 838, na localidade de mesmo nome ou, às vezes, referida como simplesmente Kingston e cuja sé está subordinada à diocese de Southwark, na Província da Cantuária, Inglaterra.[nota 1]

Catedral de Kingston-upon-Thames
Catedral da Cantuária

O Concílio[editar | editar código-fonte]

Do concílio fizeram parte além do rei Egberto (802839) de Wessex e seu filho Etelvulfo (839 - 856), o arcebispo da Cantuária, Ceolnoto (833-870), acompanhado de outros clérigos, bispos de outras localidades, abades e a nobreza do reino. Nas deliberações deste Concílio [chamado "Geral"], o rei e seu filho fizeram a concessão de terras para as sés de Winchester e Cantuária em troca da promessa de apoio dos bispos para a reivindicação de Etelvulfo ao trono.[2][3][4] O arcebispo da Cantuária, Ceolnoto (833-870), também aceitou o rei Egberto e o príncipe Etelvulfo como os senhores e protetores dos mosteiros, os quais ficariam sob o controle de Ceolnoto.

O que ocorreu na verdade foi um acordo firmado entre o arcebispo Ceolnoto e os reis Egberto e Etelvulfo, sobre a restauração à igreja da Cantuária das terras em Malingo (East Malling, Kent ou do Sul Malling, Sussex), anteriormente concedida por Baldredo (823-825), rei de Kent. Como forma de retribuição Ceolnoto, o clero e os bispos prometiam lealdade e reconheciam a Egberto e seus sucessores o domínio do oeste saxão. Posteriormente a isso ou, como um desdobramento deste concílio, no ano seguinte (839) ocorreu o Sínodo de Wilton que ratificou as proposições de Kingston e propugnou sobre a eleição de abades e abadessas no Kent. Estas reivindicações foram confirmadas pelo rei Etelvulfo e por bispos do sul de Humber,[nota 2] no mesmo o sínodo de aet Astran ratificou todo o anteriormente acordado.

Este concílio, de Concílio de Kingston-upon-Thames, além de promover a consagração de Egberto (em uma cerimônia de coroação formal) ajudou a estabelecer a linhagem direta do rei, assim o valor político do concílio foi o de reconhecer e estabelecer o domínio sobre o Oeste Saxão para a linhagem real de Egberto.[5] Tanto os registros do Concílio de Kingston como o texto de uma outra carta do mesmo ano, incluem a frase idêntica, e que contém o seguinte:

"nós mesmos e nossos herdeiros devemos sempre seguir e manter os laços de amizade [reciprocidade?] firmes e inabaláveis - do Arcebispo Ceolnoth e sua congregação na Igreja de Cristo".[4][6][7]

Politicamente[editar | editar código-fonte]

Estes acordos, juntamente com uma carta em que mais tarde confirmaria a Etelvulfo os privilégios da igreja, sugerem que a igreja reconheceu que o reino Wessex, emergira e que além da Mércia e do Kent, tornara-se um novo poder político e como tal deveria ser tratado.[8] E a aliança firmada entre os reis e Ceolnoto[9] dava aos reis o controle de todas as catedrais livres mas pedia em troca a proteção [militar] contra invasões viquingues.[10]

Para isso é mister entender a importância política do arcebispo de Cantuária à época. Fora ele Ceolnoto que juntamente com o bispo Viglafo de Mércia, em 836 presidiu um concílio em Croft, que contou com a participação do clero da parte sul da Grã-Bretanha.[11] E fora ele também quem convocou dois outros concílios 839 e 845, este segundo em Londres,[12] e ainda mantivera intensa correspondência com o papa Leão IV.[13] Por outro lado Etelvulfo havia conquistado o Kent em 825, tornando-se assim rei do Kent.[14] Assim pai e filho eram senhores, além do Kent e do Wessex, da Cornualha e dos Saxões ocidentais e orientais.[15] Foi coroado em Kingston upon Thames.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Diretório Clerical Crockford 2008/2009 (100 ª edição) , Church House Publishing (ISBN 978-0-7151-1030-0).[1]
  2. entre os quais o bispo de Selsey, Cineredo

Referências

  1. O nome da localidade Kingston upon Thames se deu devido à sua localização; de um assentamento a sudoeste de Londres
  2. P. Wormald, "A Era de Offa e Alcuíno", p. 128, em Campbell et al. Os anglo-saxões.
  3. Stenton, Inglaterra anglo-saxã , pp 233-235.
  4. a b "anglo-Saxons.net: S 1438" . Sean Miller. Obtido 1 de setembro de 2007.
  5. Yorke, reis e reinos, pp 148-149.
  6. "Anglo-Saxons.net: S 281" . Sean Miller. Retirado 8 de agosto de 2007.
  7. P. Wormald, "o século IX", p. 140, em Campbell et al, os anglo-saxões.
  8. Kirby, primeiros reis ingleses , pp 189-195.
  9. Wareham " Ceolnoth (m. 870) " Dicionário Oxford da biografia nacional
  10. Blair Igreja na sociedade anglo-saxão p. 124
  11. Kirby, Antigos reis ingleses, p. 158
  12. Keynes "Ceolnoth" Enciclopédia de Blackwell Inglaterra anglo-saxã
  13. Kirby, Antigos reis ingleses, p. 164
  14. Egbert, rei de Wessex e Kent
  15. Etelvulfo, rei de Wessex e Kent

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Crockford's Clerical Directory - Listings (em inglês)