Constantim (Vila Real)

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Portugal Constantim 
  Freguesia portuguesa extinta  
Símbolos
Brasão de armas de Constantim
Brasão de armas
Localização
Constantim está localizado em: Portugal Continental
Constantim
Localização de Constantim em Portugal Continental
Mapa
Mapa de Constantim
Coordenadas 41° 16' 55" N 7° 41' 48" O
Município primitivo Vila Real
Município (s) atual (is) Vila Real
Freguesia (s) atual (is) Constantim e Vale de Nogueiras
História
Fundação 1096 (foral)
Extinção 28 de janeiro de 2013
Características geográficas
Área total 6,46 km²
População total (2011) 1 020 hab.
Densidade 157,9 hab./km²
Outras informações
Orago Santa Maria da Feira

Constantim é uma aldeia e freguesia portuguesa do concelho de Vila Real, estando localizada a cerca de 4 km da cidade homónima. Tem 6,46 km² de área[1] e 1 020 habitantes (2011[2]). Foi agregada pela reorganização administrativa de 2012/2013,[3] sendo o seu território integrado na União das Freguesias de Constantim e Vale de Nogueiras.

Incluí no seu território os seguintes lugares: Cabana, Constantim (sede), Ranginha e Reta da Portela. Nela fica ainda situada a Zona Industrial de Constantim.

População da freguesia de Constantim (1801–2011)
1801

[4]

1849

[5]

1864

[6][7]

1878

[6][8]

1890

[6][9]

1900

[6][10]

1911

[6][11]

1920

[6][12]

1930

[6][13]

1940

[6][14]

1950

[6][15]

1960

[6]

1970

[16]

1981

[17]

1991

[18]

2001

[19]

2011

[2]

391 426 497 556 563 608 594 625 668 743 839 876 776 839 1 085 971 1 020
Distribuição da População por Grupos Etários em 2001 e 2011
Idade 0-14 15-24 25-64 > 65 0-14 15-24 25-64 > 65
2001 159 156 522 134 16,4% 16,1% 53,8% 13,8%
2011 147 133 594 146 14,4% 13,0% 58,2% 14,3%

História[editar | editar código-fonte]

Constantim, cujo topónimo parece ter origem em Villa Constantini, foi um lugar importante. Ainda hoje aparece tégula romana disseminada nas vinhas, a oeste da aldeia, no lugar das Mamoas.

Constantim aparece abundantemente documentada a partir do século XI. Em 1096 o conde D. Henrique juntamente com D. Teresa concederam carta de foral aos "homens bons" que vieram povoar a Vila de Constantim de Panóias, privilégios que foram confirmados por D. Afonso Henriques em 1128. Referem-se-lhe ainda as Inquirições Afonsinas de 1220 e 1258.

Foi o centro administrativo das Terras de Panóias, desde 1096 até à fundação de Vila Real, em 1289. Perdeu este grande privilégio talvez por estar em campo aberto e não ter condições de defesa adequada aos tempos medievais.

Nesse recuado tempo, era habitada fundamentalmente por comerciantes e artífices, sendo a agricultura secundária. Também nesse tempo, realizava-se em Santa Maria de Constantim uma das maiores feiras do Norte, que deu ao lugar ao topónimo de "Feira de Constantim", como então a localidade era conhecida.

Na sequência da reorganização administrativa ditada pela Lei n.º 22/2012,[20] o território da vizinha freguesia de Vale de Nogueiras foi-lhe anexado, passando o conjunto a designar-se oficialmente União das Freguesias de Constantim e Vale de Nogueiras.[3] Assim, "Constantim" foi de facto extinta enquanto designação oficial de freguesia.

Património Cultural[editar | editar código-fonte]

Igreja de Constantim.
Detalhe da fachada da Igreja de Constantim.

Igreja Matriz de Constantim[editar | editar código-fonte]

A Igreja de Constantim [1] é datada de 1726. No edifício nada sobressai a não ser a sobriedade arquitectónica e a elegância do conjunto. Apesar de tanta simplicidade, é imóvel de interesse público. O que dá valor especial a esta igreja é o sacrário rotativo, com quatro esculturas assim cronologicamente ordenadas, se o rolamos da direita para a esquerda: a prisão de Jesus, a flagelação, o calvário e a ressurreição. É uma raridade em talha de madeira dourada. Podemos datá-lo dos começos do século XVII, bem como o retábulo onde se insere, com excepção da tribuna que já é setecentista.

Em capela adossada à igreja, dentro de baú de madeira reforçada com arcos de ferro, guarda-se o crânio de São Frutuoso, não o arcebispo bracarense, mas um santo local, que viveu no século XI. A tradição de beijar "a santa cabeça", em 20 de Janeiro e no último Domingo de Julho, dias em que se realizam as festas anuais, ainda perdura.

Mas o que empresta mais valor ao conjunto é a capela exterior, encostada à frontaria da igreja, do lado esquerdo de quem entra. É do início do século XVI. Trata-se de um pequeno templo quadrangular, cuja frontaria é quase preenchida pelo portal de arco abatido e com arestas biseladas. Por cima, abre-se uma pequenina fresta. Do lado norte, tem seis cachorros lisos, que sustentam a cimalha ornada com belos motivos florais executados num caveto.

Cruzeiro de Constantim[editar | editar código-fonte]

Originalmente o cruzeiro foi erguido no largo central da aldeia (o Largo do Cruzeiro), provavelmente no século XVI, de acordo com os dados bibliográficos existentes no Sistema de Informação para o Património Arquitetónico (SIPA)[21]. No entanto, como consequência da evolução, a chegada do automóvel inviabilizou a sua permanência nesse local, razão que levou à sua transferência em 1955 por iniciativa da Junta de Freguesia, para o ponto onde termina a atual Rua de São Gonçalo e começa a Rua do Cruzeiro, junto à antiga escola primária.

Mais tarde, já nos finais do século XX e por se encontrar no ponto de construção de um dos acessos à via rodoviária A24, foi de novo transferido para o largo do cemitério, onde não impõe qualquer condicionamento.

Capela de Santa Bárbara[editar | editar código-fonte]

Não se sabe ao certo a data de construção da capela, mas deverá ter sido erigida provavelmente ou em finais do século XVII ou na primeira metade do século XVIII.[22] A capela tem registo no SIPA, e está sob estudo e classificação. É uma construção simples que assenta sobre afloramentos graníticos existentes no monte de Santa Bárbara e que foram devidamente aplanados e preparados para sobre eles se erguer a capela. Os paramentos são rebocados e pintados de branco em todas as fachadas sendo encimadas por cobertura de duas águas com acabamento em telha. Os danos que havia sofrido por atos de vandalismo começavam a comprometer a capela e recentemente (em 1997) a capela foi alvo de restauro, ficando assim mais jovem e mais vistosa, vigiando e protegendo a aldeia de Constantim com renovado vigor.

Capela de São Gonçalo[editar | editar código-fonte]

Não é possível saber agora o que moveu a população de Constantim a erigir uma capela em honra de São Gonçalo. Relacionando o que se conta sobre São Gonçalo e os factos históricos, verificamos que na época em que ele viveu e também no período das inquirições de 1728[23], a falta de produção de bens alimentares semeou a fome em toda a região Norte. Esse facto poderá estar também na origem dos poucos nascimentos que se verificavam em Constantim, pois várias aldeias mais pequenas ultrapassaram Constantim no número de habitantes. É pois possível que a partir de 1728 se tenha erguido esta capela, ou talvez outro templo mais simples e que posteriormente deu lugar à capela, para pedir a multiplicação dos bens alimentares que, como já foi dito, escasseavam. Era a ele que recorriam também as pessoas cuja idade de casar já estava ultrapassada e pelo que se verifica nos registos de óbitos, eram muitas as pessoas solteiras.

Fonte de São Frutuoso[editar | editar código-fonte]

A fonte de São Frutuoso é um complexo construído e utilizado desde o ano de 1921 para se poder lavar a roupa.[24] É constituído por um tanque principal com cerca de dois metros de profundidade, com paredes em pedra alisada e terminadas com blocos de granito facejado, em cujo centro um tanque mais pequeno, também em granito, permite desempenhar essa função, sendo o acesso feito através de escadas. O tanque recebia as águas excedentes da mina de São Frutuoso e também água da rede pública, que depois desaguavam no ribeiro que contornava o recinto ou então eram aproveitadas para regar os terrenos que lhe ficavam abaixo. Atualmente não há água na mina de São Frutuoso.

Equipamentos, Infraestrutura e Instituições[editar | editar código-fonte]

Vias de Comunicação[editar | editar código-fonte]

Transporte Rodoviário[editar | editar código-fonte]

  •  A 4  - Autoestrada Transmontana

A A 4 apresenta um nó de ligação a cerca de 1 km dos limites da freguesia de Constantim, junto da Zona Industrial, permitindo a ligação ao Porto (oeste) e Bragança e Espanha (este).

  •  A 24  - Autoestrada do Interior Norte

A A 24 apresenta um nó de ligação direto junto do Regia Douro Park e permite a ligação de Constantim a Chaves e Espanha (norte) e Viseu (sul), continuando posteriormente pelo IP 3 até Coimbra.

  • N 313 - Estrada Nacional 313

A N 313 tem início em Ribeira de Pena e término em Sarzedo (Moimenta da Beira), junto à N 226, permitindo a ligação de Constantim a Vila Real, Peso da Régua e Armamar.

  • N 322 - Estrada Nacional 322

A N 322 tem início em Vila Real, junto à N 15 e término em Alijó, junto à N 212, passando ainda por Sabrosa, permitindo a ligação de Constantim a estes concelhos. Originalmente a N 322 passava pelo centro de Constantim, dando nome à rua que origina. No entanto, após a construção da via de acesso à A 24 e da variante para Sabrosa, o percurso original foi regionalizado, dando origem à EM 322.

Transporte Aéreo[editar | editar código-fonte]

O Aeródromo Municipal de Vila Real localiza-se nos limites da freguesia de Constantim, no lado oposto à N 313, possuindo uma pista de asfalto com dimensões 950x30m.

Transporte Público[editar | editar código-fonte]

A rede de transportes rodoviários urbanos e suburanos de Vila Real é gerida e explorada pela empresa Urbanos de Vila Real (anteriormente designada por Corgobus), estando presente na freguesia de Constantim através da Linha 3 (Cruzamento Zona Industrial, Carvalho & Mota, Scholler, Betão do Marão, Motometer, IEFP, Garagem S. Cristóvão, Fapomovel, Basreal, TUVR) e Linha 5 (Largo, Constantim, Rua do Ribeiro, Ranginha).[26]

Notas e Referências

  1. Instituto Geográfico Português, Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2012.1
  2. a b INE (2012) – "Censos 2011 (Dados Definitivos)", "Quadros de apuramento por freguesia" (tabelas anexas ao documento).
  3. a b Diário da República, Reorganização administrativa do território das freguesias, Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro, Anexo I.
  4. Luís Nuno Espinho da Silveira, coord. (2001) – "Os Recenseamentos da População Portuguesa de 1801 e 1849: Edição crítica, vol. I" (Censos 1801), p. 240 (ficheiro: p. 249).
  5. Luís Nuno Espinho da Silveira, coord. (2001) – idem, vol. III (Censos 1849), p. 788 (ficheiro: p. 133).
  6. a b c d e f g h i j INE (1964) – "X Recenseamento Geral da População no Continente e Ilhas Adjacentes às 0 horas de 15 de Dezembro de 1960. Tomo I, volume I" (Censos 1960), p. 90 (ficheiro: p. 116).
  7. Estatística de Portugal (1868) – "População: Censo no 1.º de Janeiro 1864" (Censos 1864), p. 231 (ficheiro: p. 257).
  8. Estatística de Portugal (1881) – "População no 1.º de Janeiro 1878 (parte 2)" (Censos 1878), p. 330 (ficheiro: p. 142).
  9. Direcção da Estatística Geral e Comércio (1896) – "Censo da População do Reino de Portugal no 1.º de Dezembro de 1890. Volume I" (Censos 1890), p. 238 (ficheiro: p. 357).
  10. Direcção Geral da Estatística e dos Próprios Nacionais (1905) – "Censo da População do Reino de Portugal no 1.º de Dezembro de 1900 (Quarto recenseamento geral da população). Volume I" (Censos 1900), p. 246 (ficheiro: p. 256).
  11. Direcção Geral da Estatística (1913) – "Censo da População de Portugal no 1.º de Dezembro de 1911 (5.º Recenseamento Geral da População). Parte I" (Censos 1911), p. 228 (ficheiro: p. 267).
  12. Direcção Geral de Estatística (1923) – "Censo da População de Portugal no 1.º de Dezembro de 1920 (6.º Recenseamento Geral da População). Volume I" (Censos 1920), p. 176 (ficheiro: p. 227).
  13. Direcção Geral de Estatística (1933) – "Censo da População de Portugal no 1.º de Dezembro de 1930 (7.º Recenseamento Geral da População). Volume I" (Censos 1930), p. 188 (ficheiro: p. 190).
  14. INE (1945) – "VIII Recenseamento Geral da População no Continente e Ilhas Adjacentes em 12 de Dezembro de 1940. Volume XVIII: Distrito de Vila Real" (Censos 1940), p. 28 (ficheiro: p. 32).
  15. INE (1952) – "IX Recenseamento Geral da População no Continente e Ilhas Adjacentes em 15 de Dezembro de 1950. Tomo I" (Censos 1950), p. 238 (ficheiro: p. 240).
  16. INE (1975) – "11.º Recenseamento da População, 1.º Recenseamento da Habitação: População e Alojamento por lugares: distrito de Vila Real", p. 41. (Ficheiro: "11.º Recenseamento da População, 1.º Recenseamento da Habitação: continente e ilhas" (Censos 1970), p. 1025.)
  17. INE (1983) – "XII Recenseamento Geral da População, II Recenseamento Geral da Habitação: Resultados Definitivos: Distrito de Vila Real" (Censos 1981), p. 5 (ficheiro: p. 15).
  18. INE (1993) – "Censos 91: Resultados Definitivos – Região do Norte", p. 34 (ficheiro: p. 32).
  19. INE (2003) – "Censos 2001: Resultados definitivos: XIV Recenseamento Geral da População, IV Recenseamento Geral da Habitação: Norte", p. 27 (ficheiro: p. 130).
  20. Diário da República, Regime jurídico da reorganização administrativa territorial autárquica, Lei n.º 22/2012, de 30 de maio
  21. «Monumentos». www.monumentos.gov.pt (em inglês). Consultado em 1 de junho de 2020 
  22. «Monumentos». www.monumentos.gov.pt. Consultado em 1 de junho de 2020 
  23. «Monumentos». www.monumentos.gov.pt. Consultado em 1 de junho de 2020 
  24. «Monumentos». www.monumentos.gov.pt (em inglês). Consultado em 1 de junho de 2020 
  25. «Monumentos». www.monumentos.gov.pt (em inglês). Consultado em 1 de junho de 2020 
  26. Seara.com. «Linhas urbanos de Vila real». Urbanos. Consultado em 1 de junho de 2020 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]