Corral del Carbón

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Corral del Carbón
Corral del Carbón
Portal do Corral del Carbó
Nomes anteriores al-Funduq al-Gidida
Tipo Antiga alhóndiga, caravançarai ou funduque
Estilo dominante Nacérida (islâmica)
Início da construção Antes de 1336
Restauro Anos 1930, 1992 e 2006
Proprietário atual Junta da Andaluzia
Função atual Sede da Delegação Provincial de Cultura da Junta da Andaluzia e da Orquestra Cidade de Granada
Património nacional
Classificação Bem de Interesse Cultural
Geografia
País Espanha
Cidade Granada
Coordenadas 37° 10' 29" N 3° 35' 53" O
Pátio

O Corral del Carbón [a] é um monumento do século XIV situado na cidade espanhola de Granada. É a única alhóndiga[b] e caravançarai ou funduque andalusino (do Alandalus, ou seja da época muçulmana) integralmente conservado na Península Ibérica.

Classificado como Bem de Interesse Cultural desde 1918, atualmente é a sede da Delegação Provincial de Cultura da Junta da Andaluzia e da Orquestra Cidade de Granada. O seu pátio é por vezes usado para espetáculos de teatro e música, nomeadamente de flamenco, e conferências.

História[editar | editar código-fonte]

O edifício foi construído durante o período nacérida, antes de 1336 e o seu nome original era al-Funduq al-Gidida (Alhóndiga Nova). Situava-se na parte sul da cidade muçulmana, junto ao mercado da seda (alcaicería), ao soco da almedina e à Mesquita Maior. Servia de pousada aos comerciantes em trânsito, de armazém e de marcado grossista. Uma pequena ponte sobre o rio Darro, chamada al-qantara al-yadída (ponte nova) até 1501 e depois ponte do carvão, ligava a alhóndiga com o soco.

Em traços gerais, conforme a descição de Leopoldo Torres Balbás,[1] o edifício segue um modelo oriental, mas a decoração e os detalhes são claramente granadinos. A origem do tipo de construção pode seguir-se desde as ágoras gregas, passando pelas hórreos romanas, até aos tempos islâmicos. O portal monumental é inspirada no iwan oriental, cujas origens têm sido muito debatidas, e que se encontra já nos palácios sassânidas. A transmissão para o Ocidente teria sido feito através do Egito, onde o pórtico de entrada aberto por um grande arco, abobadado com mocárabes e em cujo fundo se encontra a porta com lintéis de acesso ao edifício e uma janela gémea em cima, é uma disposição arquitetónica muito difundida. Encontra-se, por exemplo, no Cairo, na Mesquita de al-Zahir Baybars, ou em Granada, na Porta da Justiça da Alhambra.

Em 1494, os Reis Católicos concederam o edifício a Sancho de Arana. Quando este morreu em 1531, foi a leilão e passou a ser usado como hospedagem de carvoeiros, mais tarde como corral de comedias (teatro), até 1593 e depois como condomínio de habitação. Em 1918 foi declarado Monumento Histórico-Artístico Nacional, mas esteve em risco de ser demolido até ser adquirido pelo Estado em 1933. As obras de restauro foram entregues a Leopoldo Torres Balbás, que também esteve envolvido no restauro da Alhambra. Em 1992 voltou a ser restaurado, sob a direção do arquiteto Rafael Soler Márquez, mas algumas partes só seriam restauradas na intervenção que terminou em novembro de 2006, dedicada à limpeza e consolidação de diversos elementos da fachada.

Descrição[editar | editar código-fonte]

O portal, ricamente decorado com estuque, é encimado por um grande arco em ferradura com um alfiz. Sobre a moldura horizontal tem decoração epigráfica em caligrafia cúfica. Sobre o eixo do portal encontra-se um vão geminado. É rematado por beirais largos e pendentes, sustidos por traves de madeira, na tradição nacérida, do mesmo tipo do que se encontra no Quarto Dourado da Alhambra e no Pátio de la Montería dos Reales Alcázares de Sevilha.

Atrás do vestíbulo que dá acesso ao pátio, e coberto por uma abóbada de mocárabes, conservam-se restos de policromia. O pátio é de planta quadrangular, funcional e sem excessos decorativos. No centro encontra-se uma pilha de pedra com dois cabos.

Os três andares têm galerias que se abrem para o pátio. A estrutura é composta por pilares de pedra, vigas e sapatas (estas últimas lavradas) de madeira. Os parapeitos são de ladrilho. O interior das salas foi muito modificado para albergar lojas e escritórios.

Notas e referências[editar | editar código-fonte]


[a] ^ A tradução do termo espanhol corral tanto pode ser "curral" como teatro ao ar livre; assim, uma tradução aproximada de Corral del Carbón é "teatro do carvão".


[b] ^ Segundo a definição do Diccionario de la lengua española de la Real Academia Española, alhóndiga designa uma casa de uso público onde se vende, compra e em alguns casos também se armazena cereal ou outros víveres.[2]
  1. Torres Balbás, Leopoldo, Crónicas de Arqueología de la España Musulmana (em espanhol), XIX. Tomo 2, p. 235 
  2. «alhóndiga». Diccionario de la lengua española. dle.rae.es (em espanhol). Real Academia Espanhola. Consultado em 6 de março de 2013 
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