Correlhã

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Portugal Portugal Correlhã 
  Freguesia  
Capela de Santo Abdão da Correlhã
Capela de Santo Abdão da Correlhã
Capela de Santo Abdão da Correlhã
Localização
Localização no município de Ponte de Lima
Localização no município de Ponte de Lima
Localização no município de Ponte de Lima
Correlhã está localizado em: Portugal Continental
Correlhã
Localização de Correlhã em Portugal
Coordenadas 41° 44' 42" N 8° 36' 22" O
Região Norte
Sub-região Alto Minho
Distrito Viana do Castelo
Município Ponte de Lima
Código 160716
Administração
Tipo Junta de freguesia
Características geográficas
Área total 8,04 km²
População total (2021) 2 787 hab.
Densidade 346,6 hab./km²
Código postal 4990 (parcial)
Outras informações
Orago São Tomé
Sítio http://www.correlha.pt e http://www.inforcentro.net/juntacorrelha/

Correlhã é uma freguesia portuguesa do município de Ponte de Lima, com 8,04 km² de área[1] e 2787 habitantes (censo de 2021)[2]. A sua densidade populacional é 346,6 hab./km².

Correlhã é uma das mais antigas e ricas freguesias do concelho. Localiza-se a menos de três quilómetros de Ponte de Lima. Foi, até ao início do século XIX, cabeça de couto que incluía também a freguesia de Paradela de Seara.

Demografia[editar | editar código-fonte]

A população registada nos censos foi:[2]

População da freguesia de Correlhã[3]
AnoPop.±%
1864 1 578—    
1878 1 498−5.1%
1890 1 545+3.1%
1900 1 606+3.9%
1911 1 657+3.2%
1920 1 587−4.2%
1930 1 814+14.3%
1940 1 991+9.8%
1950 2 188+9.9%
1960 2 165−1.1%
1970 2 289+5.7%
1981 2 575+12.5%
1991 2 891+12.3%
2001 3 068+6.1%
2011 2 936−4.3%
2021 2 787−5.1%
Distribuição da População por Grupos Etários[4]
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 576 512 1532 448
2011 466 338 1616 516
2021 365 309 1456 657

História[editar | editar código-fonte]

No livro Inventário Colectivo dos registros Paroquiais Vol. 2 Norte Arquivos Nacionais na Torre do Tombo, pode ler-se textualmente: «A primeira referência conhecida a esta freguesia data de 915 e reporta-se à doação feita por Ordenho II a Santiago de Compostela da "in ripa Limie villam quam vocitant Cornelianam (…) et in ea ecclesiam Sancti Thome apostoli".

No século XI, há documentação relativa a esta igreja nos anos de 1061, 1063 e 1065[5]. Em 1097, o conde D. Henrique e D. Teresa confirmaram a Santiago de Compostela a doação da "villa Corneliana". São Tomé de Correlhã aparece, em 1220, inserida na Terra de Ponte.

Em 1258, nas Inquirições de D. Afonso III, enquadrava-se no julgado de Correlhã. No catálogo das igrejas, organizado em 1320, a igreja de São Tomé de Correlhã, foi taxada em 300 libras. Gozava, pois, de uma razoável situação económica. No registo da cobrança das "colheitas" dos benefícios pertencentes ao arcebispado de Braga, feita entre 1489 e 1493, D. Jorge da Costa refere que o rendimento desta igreja era de 30 libras ou, em dinheiro com "morturas", 2.280 reis. Pertencia então à Terra de Penela.

Em 1528, o Livro dos Benefícios e Comendas atribui-lhe 70 mil réis de rendimento. Américo Costa descreve-a como reitoria da apresentação do Ordinário e comenda da Ordem de Cristo, da Casa de Bragança.»

Segundo documentos existentes, a Correlhã foi pioneira em organizar um grupo de Lavradores e Lavradeiras que se deslocou ao Palácio de Cristal, no Porto, onde, no dia 4 de Setembro de 1892, apresentou as suas danças e cantigas, deslumbrando as gentes da Cidade Invicta. Logo pode-se atribuir o nome de "Berço do Folclore".

Património[editar | editar código-fonte]

Igreja Matriz[editar | editar código-fonte]

A sua igreja matriz é um templo românico, atribuível ao século XIII, de uma única nave e abside quadrangular. Modificada no interior de uma forma quase radical, mantém, todavia, externamente a estrutura primitiva - se bem que com diversos ultrajes.

Destaca-se no edifício o curioso conjunto dos modilhões, a toda a volta da igreja, representando figuras humanas, animais ou motivos fito mórficos.

Capela de Santo Abdão[editar | editar código-fonte]

Obra igualmente românica, de mestres provincianos do século XIII, a Capela de Santo Abdão desperta interesse pelas suas proporções reduzidas e pela decoração.

Curioso o facto de, na porta principal, entre duas composições esculpidas, ter existido, em relevo, uma figura masculina desnuda (de Adão?) que, por ordem eclesiástica e por ser considerada imagem impúdica, se picou em 1750.

No interior do pequeno templo assinala-se o arco triunfal da abside, sustentado por colunelos românicos com capitéis. Um retabulozinho dos começos do século XVIII enquadra a escultura de madeira do padroeiro da capela - eremita e peregrino lendário.

Situado na encosta da Nó, numa aprazível clareira que o verde dos pinhais circunda, o Santuário de Nossa Senhora da Boa Morte é um templo de romaria cujo exterior banal e arcaizante de maneira alguma denuncia a espectacular máquina escultórica encerrada no seu coração.

A construção do santuário iniciou-se pelos fins do século XVII ou princípios da centúria seguinte, tendo-se trabalhado na obra durante boa parte da primeira metade do século XVIII. Só em 1740 se começou a erguer o coro, devendo todo o monumento ter ficado concluído dois anos depois.

No seu interior - malgrado alguns atropelos acrescentados e repintados - guarda-se um monumental, uma vibrante composição de talha e imaginária, verdadeiramente estranha para Portugal, antes a recordar soluções do barroco espanhol, que sobressai, sumptuosa, na monumental capela-mor.

Trabalho realizado, em 1720, pelo entalhador bracarense Francisco Ferreira de Castro, resulta numa aparatosa e insólita composição de talha estilo nacional, emoldurando uma vasta tribuna com dossel, destinada a uma série de grandes estátuas em madeira (de autor coevo mas desconhecido), e posteriormente (seguramente depois de 1731) rematado por Alexandre Coelho e Vitório Soares, artistas douradores de Ponte de Lima. Em linguagem exuberante ou mais serena, através dele se evocam os passos das vidas, mortes, ressurreição e assunção de Cristo e da Virgem.

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Referências

  1. «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 10 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013 
  2. a b Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos» 
  3. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  4. INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022 
  5. https://digitarq.advct.arquivos.pt/details?id=1070657
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