Cronologia da Primeira Invasão Francesa de Portugal

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Introdução[editar | editar código-fonte]

Esta Cronologia da Primeira Invasão Francesa tem a finalidade de dar uma perspectiva dos acontecimentos relativos a esta invasão nas suas três fases: invasão e ocupação, insurreição e repressão e intervenção britânica. Cada uma destas fases é assinalada na cronologia por um tom diferente da cor de fundo, tal como se pode ver na tabela seguinte:

Acontecimentos não específicos de cada uma das fases indicadas.
Invasão e ocupação.
Insurreição e repressão.
Intervenção britânica


Cronologia[editar | editar código-fonte]

Datas Acontecimentos
1807
Setembro, 5 O general Jean-Andoche Junot antigo embaixador da França em Portugal, nomeado para o comando do Corpo de Observação da Gironda, chega a Bayonne.
Setembro, 25 Portugal declara aderir ao Bloqueio Continental.[1]
Setembro, 30 Os diplomatas franceses e espanhóis em Lisboa abandonam Portugal, por terem sido consideradas insuficientes as respostas às exigências de Napoleão (Agosto, 12)
Outubro, 17 O Corpo de Observação da Gironda atravessa o Bidassoa e dirige-se para Portugal.
Outubro, 20 Relutantemente, o Príncipe Regente de Portugal João VI de Portugal declara guerra ao Reino Unido, numa tentativa de pacificar Napoleão, mas assegurando-se de que a Inglaterra sabia que ele estava a agir sob coacção.[2]
Outubro, 21 Alvará, determinando os novos limites dos Governos Militares e modificando os distritos de recrutamento dos regimentos.
Outubro, 22 Assinada uma convenção secreta entre o Reino Unido e Portugal, com o objectivo de preservar as relações entre estes dois países, face à pressão francesa.
Outubro, 27 Assinado o Tratado de Fontainebleau, entre a França e a Espanha.[2]
Outubro, 29
  • Decreto que altera a composição e o recrutamento das Milícias
  • Pela primeira vez, são criados dois regimentos de milícias na cidade de Lisboa.
  • Os efectivos dos regimentos de Infantaria são aumentados.
Novembro, 8 O Príncipe Regente ordena a detenção dos súbditos britânicos que se encontravam em Portugal. O embaixador britânico, Lord Strangford, reclamou e solicitou o seu passaporte.
Novembro, 10 Uma frota russa, composta por 9 naus e 2 fragatas, comandada pelo almirante Dimitri Nicolaievich Seniavin, em viagem do Mar Negro para São Petersburgo, devido à preparação da guerra contra a Suécia, entra no porto de Lisboa para invernar, devido a já não conseguir chegar à Rússia antes do aparecimento dos gelos no Mar Báltico. Desde a assinatura do Tratado de Tilsit (1807, Julho, 7), as forças russas eram consideradas hostis ao Reino Unido.
Novembro, 12 O exército francês, sob o comando de Junot, concentrado nos arredores de Salamanca, dirige-se para Sul, para Valência de Alcântara.
Novembro, 17
  • Strangford embarca no HMS Hibernia, da frota do Almirante Sidney Smith que se encontrava ao largo da costa portuguesa. Inicia-se o bloqueio do Tejo.
  • As primeiras tropas francesas entram em Portugal, pela fronteira de Segura, na Beira Baixa.
Novembro, 23 As primeiras tropas francesas, do exército de Juntot, chegam a Abrantes.
Novembro, 27
  • O príncipe Regente, D. João (VI), embarca para se dirigir para o Brasil.
  • Strangford regressa a Lisboa, para exigir que a frota portuguesa se renda ou que seja utilizada para transportar a Família Real para o Brasil.
Novembro, 29 A Família Real Portuguesa inicia a viagem para o Brasil no navio almirante Príncipe Real, do Vice-Almirante Manuel d’Acunha Sottomayor. A frota portuguesa foi escoltada por navios da Armada Britânica.[2]
Novembro, 30 Junot entra em Lisboa com cerca de 1 500 homens.
Dezembro, 1 A divisão espanhola comandada pelo general Francisco Solano y Ortiz de Rozas, capitão-general da Andaluzia, entra no Alentejo por Elvas, para ocupar as províncias do Sul de Portugal.
Dezembro, 3 Hermann, cônsul francês em Lisboa, encarregado de negócios da França em Portugal desde o abandono da embaixada por Junot, em 1805, é nomeado presidente do Real Erário, com o título de administrador-geral das finanças.
Dezembro, 4
  • Decreto de confisco dos bens dos súbditos britânicos.
  • As armas de fogo e de caça são proibidas.
Dezembro, 6 Tendo destacado parte da sua frota para escoltar a família real até ao Brasil, Sir Sidney Smith voltou para o Tejo.
Dezembro, 7 Uma expedição britânica, sob comando do Major-General William Carr Beresford, deixou Cork, escoltada pela frota do Almirante Sir Samuel Hood, e dirigiu-se para a Madeira (Dezembro, 24).
Dezembro, 12 Convenção anglo-lusa sobre a ocupação da ilha da Madeira.
Dezembro, 13
  • Uma divisão espanhola, sob as ordens do general Taranco, capitão-general da Galiza, ocupa o Porto.
  • Motim em Lisboa, motivado pelo içar da bandeira francesa no castelo de São Jorge.
Dezembro, 14 Publicação de um decreto interditando os ajuntamentos e as desordens.
Dezembro, 18 Tropas espanholas da divisão do general Juan Carrafa, que tinham acompanhado o exército francês desde Valência de Alcântara, em Espanha, entram no Porto.
Dezembro, 22
  • O marquês de Alorna, Pedro José de Almeida Portugal é nomeado inspector-geral e comandante-chefe do Exército nas províncias de Trás-os-Montes, Beira e Estremadura.
  • Decreto de Junot, dando baixa aos soldados do exército português - nas três províncias ocupadas pelo exército francês - que tivessem menos de 6 meses ou mais de 8 anos de serviço.
Dezembro, 23 Decreto de Napoleão Bonaparte, determinando a cobrança em Portugal de uma contribuição extraordinária de guerra de 100 milhões de francos. A medida só será divulgada em Portugal em 4 de Fevereiro de 1808.
Dezembro, 24 A expedição britânica sob o comando de William Carr Beresford chega à Madeira.
Dezembro, 26 As autoridades portuguesas da Madeira rendem-se a Beresford sem oferecerem resistência, negando, desta forma, a utilização da ilha pelos franceses. Os britânicos colocaram ali uma guarnição de dois batalhões.
Dezembro, 31 Decreto dos generais espanhóis Taranco e Solana, de licenciamento de soldados do exército português, nas províncias do Minho, Alentejo e Algarve.
1808
Janeiro, 11 Os regimentos de milícias são dissolvidos, sendo os seus membros obrigados a entregar as armas em determinadas fortalezas.
Janeiro, 15 Publicado decreto que proíbe as comunicações com a esquadra britânica que bloqueia os portos portugueses.
Janeiro, 19 A Família Real Portuguesa e a Corte desembarcam na Baía, Brasil.
Fevereiro, 1
  • Junot é nomeado governador-geral de Portugal.
  • Proclamação de Junot: a Casa de Bragança deixa de governar em Portugal. Todo o território * português passa a ser governado em nome de Napoleão.
  • O Conselho de Regência é dissolvido.
  • O valor do imposto de guerra a cobrar em Portugal, decretado por Napoleão em 23 de Dezembro de 1807, é reduzido para 40 milhões de francos.
Fevereiro, 9 Nas Caldas da Rainha são executados, por ordem de Loison, nove portugueses.
Fevereiro, 10 O Segundo Regimento de Infantaria do Porto é dissolvido.
Fevereiro, 15
  • O Marquês de Alorna é nomeado Inspector-geral de todo o Exército Português.
  • Junot auto nomeia-se comandante-chefe do Exército Português.
Fevereiro, 20 Decreto de organização do Exército Português, composto por 5 regimentos de infantaria e 3 de cavalaria, além de um batalhão e um esquadrão de caçadores.
Março, 7 D. João e a Corte chegam ao Rio de Janeiro.
Março, 11 Uma força militar francesa, comandada pelo Coronel francês Miquel, ocupa Elvas.
Março, 22 É dada ordem para a conquista da Guiana francesa por tropas do Brasil.
Março, 27 O Exército português reorganizado pelo marquês de Alorna (futura Legião Lusitana) dirige-se para Bayonne, na fronteira franco-espanhola, por Salamanca e Burgos.
Abril, 3 O general francês Quesnel toma posse do governo do Porto, devido à morte do general espanhol Taranco. O general Carrafa abandona a cidade e dirige-se para Lisboa.
Abril, 26 Napoleão recebe em Baiona a «Deputação Portuguesa», constituída por 8 titulares, 3 eclesiásticos e 3 funcionários régios. Devido às revoltas em Espanha e Portugal, os seus membros ficarão retidos em Bordéus, e posteriormente em Paris, até 1814, tirando os militares que aceitam servir no exército francês, enquanto oficiais da Legião Portuguesa.
Maio, 1 Declaração de Guerra de Portugal contra a França, decidida pelo Príncipe Regente no Rio de Janeiro.
Maio, 17 Um grupo de 300 a 400 pessoas, que representavam os principais «corpos do reino», foram cumprimentar Junot e, através dele, homenagear o Imperador francês, Napoleão Bonaparte.
Maio, 18
  • O Exército português, reorganizado pelo marquês de Alorna e levado por este para França, é incorporado no Exército francês com a designação de Legião Portuguesa.
  • O brigue HMS Rapid, da Armada Britânica, é destruído pelas baterias no Tejo ao tentar resgatar um navio mercante.
Maio, 30 Proclamação da Junta Suprema do Governo de Espanha ao Povo Português, prometendo ajuda aos levantamentos contra o exército francês.
Junho, 6
  • No Porto é organizada uma junta insurreccional.
  • O comandante da força espanhola de ocupação, General Balesta, prendeu o governador francês, General François-Jean-Baptiste Quesnel du Torp, e marchou para a Galiza com a finalidade de ajudar a junta recém criada naquela província espanhola.
  • O brigadeiro Luís de Oliveira da Costa assume o governo interino das armas do Porto.
Junho, 7 Aclamação do Príncipe regente, no Castelo da Foz, pelo governador-adjunto interino, o major Raimundo José Pinheiro.
Junho, 9 O brigadeiro Luís de Oliveira repõe a situação existente antes de dia 6, mandando içar a bandeira francesa em todos os edifícios públicos.
Junho, 11 Levantamento de Bragança, dirigido pelo governador das armas da província de Trás-os-Montes, o general Manuel Jorge Gomes de Sepúlveda.
Junho, 16 Sublevação em Olhão, dirigida pelo antigo capitão-general e governador das armas do Algarve, o conde de Castro Marim, Monteiro-mor do Reino.
Junho, 17 O general Loison sai de Almeida em direcção ao Porto, comandando uma pequena força militar, com o intuito de restabelecer a situação.
Junho, 18
  • Levantamento popular no Porto.
  • Formada a Junta Suprema do Reino, presidida pelo bispo do Porto, D. António de Castro.
Junho, 19
  • Sublevação em Faro.
  • Instituição da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, no Paço Episcopal do Porto.
Junho, 21 A força de Loison, tendo passado o rio Douro em Peso da Régua, é atacada por membros das Milícias e das Ordenanças de Trás-os-Montes, nos Padrões de Teixeira, perto de Mesão Frio. O ataque fez com que a força que dirigia atravessasse precipitadamente o rio e recuasse para Lamego, sendo obrigado a regressar a Almeida.
Junho, 22 Saque de Vila Viçosa pelas tropas francesas.
Junho, 23 Insurreição de Coimbra.
Junho, 26 Saque de Beja pelas tropas francesas sob comando do Coronel Jean-Pierre Marasin.
Junho, 27
  • Criação de um imposto de guerra sobre a exportação do vinho do Porto.
  • Criação da Junta da Inconfidência, no Porto.
Julho, 1 O conde da Ega é nomeado encarregado dos Negócios de Justiça, por Junot.
Julho, 4 O General Louis-Henri Loison partiu de Almeida em direcção a Abrantes, causando grande destruição no caminho, com a intenção de aterrorizar a população civil.
Julho, 5 Ataque de uma força francesa, sob o comando do general Kellermann, a Leiria.
Julho, 12 Uma expedição britânica sob o comando do Tenente-General Sir Arthur Wellesley inicia a viagem para a Península Ibérica.
Julho, 13 Insurreição em Évora.
Julho, 16 Forças militares portugueses, compostas de tropas regulares e de milicianos, comandadas pelo tenente-coronel Francisco de Magalhães Pizarro, bloqueiam a fortaleza de Almeida.
Julho, 29
  • Derrota das tropas luso-espanholas, sob comando do General Francisco de Paula Leite, perante as tropas de Loison, em Évora.
  • Massacre de Évora.
Agosto, 1 Início do desembarque das tropas britânicas na praia de Lavos, Figueira da Foz. Esta operação prolongou-se até ao dia 5.
Agosto, 2 Wellesley e o comandante naval britânico, Almirante Sir Charles Cotton, enviam uma proclamação ao povo de Portugal, assegurando que a expedição britânica se destina a ajudá-los a resgatar o seu território e a restaurar o governo legítimo da Casa de Bragança.
Agosto, 5 Reforços da Andaluzia, sob o comando de Sir Brent Spencer, chegam à foz do Mondego para apoiarem Wellesley.
Agosto, 9 Wellesley inicia a marcha para Sul.
Agosto, 16 Combate nos arredores de Óbidos, entre forças francesas e a guarda avançada de Wellesley.
Agosto, 17 Combate da Roliça. As tropas francesas do General Delaborde são obrigadas a retirar, perante a superioridade das tropas de Wellington.
Agosto, 21
  • Batalha do Vimeiro. O ataque de Junot às forças de Wellington resultou numa derrota das tropas francesas.
  • Desembarque de Sir Harry Burrard, que assume o comando da expedição britânica.
Agosto, 22
  • Desembarque de Sir Hew Dalrymple, que assume o comando da expedição britânica.
  • Junot enviou o General Kellermann para iniciar negociações com os britânicos.
Agosto, 27 Início do desembarque das tropas de Sir John Moore em Portugal.
Agosto, 30 Assinatura da Convenção de Sintra.
Setembro, 15 Junot e o seu exército embarcam para França.
Setembro, 18
  • Uma proclamação do general britânico Dalrymple anuncia o restabelecimento da Regência, para que se possa fazer a transferência do poder, em Lisboa, do exército britânico para as autoridades portuguesas.
  • Formado o Conselho de Regência para governar Portugal, sendo dissolvidas as juntas governativas.
Setembro, 20 Embarque de Wellesley para a Grã-Bretanha, seguido de Darymple e de Burrard, a fim de serem ouvidos numa comissão de inquérito para apurar as suas responsabilidades na redacção dos termos da Convenção de Sintra.
Setembro, 26 A Junta Provisional do Supremo Governo do Reino, estabelecida no Porto, suspende as suas funções.
Setembro, 30 O Exército Português é restabelecido oficialmente, por meio de uma portaria com um edital anexo, onde se informam os oficiais, os sargentos e os soldados, dos locais onde se estão a reorganizar os antigos corpos.
Outubro, 2 A guarnição francesa de Almeida depôs as armas.

Referências

  1. Rainer Gonçalves Sousa. «Bloqueio Continental». Idade Contemporânea. Consultado em 3 de novembro de 2016 
  2. a b c «Cronologia Período Joanino». Fundação Biblioteca Nacional. Consultado em 3 de novembro de 2016 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • AMARAL, Professor Manuel, O Portal da História – As Invasões Francesas – Cronologia das Invasões Francesas [1]
  • BARNES, Gregory Fremont & FISHER, Todd, The Napoleonic Wars, The Rise and Fall of an Empire, Osprey, Essential Histories Special 4, Great Britain, 2004.
  • CHANDLER, David, Dictionary of the Napoleonic Wars, Macmillan Publishing, New York, 1979.
  • HAYTHORNTHWAIT, Philip, The Peninsular War, The Complete Companion to the Iberian Campaigns 1807-14, Brassey’s, Great Britain, 2004.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]