Cuzistão (província do Império Sassânida)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cuzistão
Hūzistān
província do(a) Império Sassânida
 
 
 
224–642


Capital Bendosabora

Cuzistão, Cuzestão ou Huzistão (em persa médio: 𐭧𐭥𐭰𐭮𐭲𐭭; romaniz.:Hūzistān) era uma província do Império Sassânida na Antiguidade Tardia, que quase correspondia à atual província iraniana de Cuzistão. Sua capital era Bendosabora. Durante o final do Império Sassânida, a província foi incluída no quadrante sul (kuste) de Ninruz.

Nome[editar | editar código-fonte]

O nome de Cuzistão (que significa "a terra dos cuzes") remonta ao período elamita, quando era usado para se referir aos habitantes que viviam na região desde o III milênio a.C. até a ascensão do Império Aquemênida em 539 a.C..[1]

Distritos[editar | editar código-fonte]

A divisão administrativa do Cuzistão é incerta, pois as fontes árabes apontam relatórios variados. Foi dividido pelo menos em sete distritos (rostague ou tasugue), sendo o maior deles Hormisda-Ardaxir, enquanto os outros eram: Rustã Cavade, Xustar, Susã, Bendosabora, Rã-Hormisda e Dauraque.[2][3]

História[editar | editar código-fonte]

Sob os partos, o Cuzistão era conhecido como Elimaida,[4] um sub-reino parta, que em cerca de 221 foi derrotado e conquistado pelo príncipe persa Artaxes I, que mais tarde derrubaria os partos e estabeleceria o Império Sassânida.[5][6] O Cuzistão é atestado como província na inscrição do Cubo de Zaratustra do segundo xainxá, Sapor I (r. 240–270). Lá é mencionado logo após Pérsis e Pártia, o país dos sassânidas e partas respectivamente, o que demonstra sua importância.[7] O proeminente sacerdote zorastrista Cartir também menciona a província em sua inscrição em Naques-e Rajabe.[8] Em cerca 260, Sapor fundou a cidade de Bendosabora (em persa médio: Weh-Andiōk-Šābuhr), que foi estabelecida em uma vila chamada Pilabade, situada entre Susã e Xustar. A cidade, construída como um local para estabelecer prisioneiros de guerra romanos, posteriormente tornou-se uma residência real de verão e a capital do Cuzistão.[9] O filho e sucessor de Sapor I, Hormisda I (r. 270–271) fundou duas cidades no Cuzistão: Hormisda-Ardaxir e Rã-Hormisda.[10][11] Durante o reinado de Vararanes II (r. 274–293), um sumo sacerdote (mobade) se revoltou no Cuzistão e ocupou brevemente a província.[12]

Sob Cavades I (r. 488–496, 498–531) e seu filho e sucessor Cosroes I (r. 531–579), o império foi dividido em quatro regiões de fronteira (custe em persa médio), com um comandante militar (aspabedes) responsável por cada distrito.[13][14] As regiões fronteiriças eram conhecidas como Coração (leste), Cuararão (oeste), Ninruz (sul) e Azerbaijão (norte).[15][16] O Cuzistão estava junto com Pérsis dentro do distrito sul. Carmânia e Sacastão também foram incluídos algumas vezes.[17][18] O Cuzistão, em 642, foi uma das primeiras províncias a cair durante a conquista muçulmana da Pérsia.[19]

População[editar | editar código-fonte]

A população estava centrada principalmente em torno de seus sistemas de rios e canais.[4] O norte e o leste eram povoados por uma amálgama de iranianos e elamitas, enquanto a porção ocidental era povoada por populações de língua aramaica. Deportados romanos e indianos também viviam na província.[20][21]

Cunhagem[editar | editar código-fonte]

O Cuzistão serviu como um dos locais de destaque dos sassânidas, conhecido por sua abreviação de "HŪZ".[22] A cidade de Rã-Hormisda produziu moedas desde pelo menos o século III.[23] Uma casa da moeda foi estabelecida em Hormisda-Ardaxir durante o reinado de Artaxes II (r. 379–383),[24] e uma casa da moeda foi estabelecida em Bendosabora e Susã durante o reinado de Vararanes IV (r. 388–399).[25]

Referências

  1. Jalalipour 2015, p. 6.
  2. Frye 1984, p. 333.
  3. Miri 2013, p. 913.
  4. a b Brunner 1983, p. 753.
  5. Hansman 1998, p. 373–376.
  6. Wiesehöfer 1986, p. 371–376.
  7. Jalalipour 2015, p. 6–7.
  8. Jalalipour 2015, p. 7.
  9. Jalalipour 2015, p. 11.
  10. Shayegan 2004, p. 462–464.
  11. Jalalipour 2015, p. 15–16.
  12. Daryaee 2014, p. 11–12.
  13. Axworthy 2008, p. 60.
  14. Miri 2012, p. 24.
  15. Ghodrat-Dizaji 2010, p. 71.
  16. Miri 2012, p. 24–25.
  17. Miri 2012, p. 25.
  18. Rezakhani 2017, p. 170.
  19. Jalalipour 2015, p. 17.
  20. Brunner 1983, p. 754.
  21. Badiyi 2020, p. 209.
  22. Badiyi 2020, p. 221.
  23. Jalalipour 2015, p. 16.
  24. Jalalipour 2015, p. 15.
  25. Jalalipour 2015, p. 12–13.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Axworthy, Michael (2008). A History of Iran: Empire of the Mind. Nova Iorque: Basic Books. ISBN 978-0-465-00888-9 
  • Brunner, Christopher (1983). «Geographical and Administrative divisions: Settlements and Economy». In: Yarshater, Ehsan. The Cambridge History of Iran, Volume 3(2): The Seleucid, Parthian and Sasanian Periods. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. pp. 747–778. ISBN 0-521-24693-8 
  • Frye, R. N. (1983). «The political history of Iran under the Sasanians». In: Yarshater, Ehsan. The Cambridge History of Iran, Volume 3(1): The Seleucid, Parthian and Sasanian Periods. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20092-X 
  • Ghodrat-Dizaji, Mehrdad (2010). «Ādurbādagān during the Late Sasanian Period: A Study in Administrative Geography». Iran: Journal of the British Institute of Persian Studies. 48 (1): 69–80. doi:10.1080/05786967.2010.11864774 
  • Hansman, John F. (1998). «Elymais». Enciclopédia Irânica, Vol. VIII, Fasc. 4. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 373–376 
  • Miri, Negin (2013). «Sasanian Administration and Sealing Practices». In: Potts, Daniel T. The Oxford Handbook of Ancient Iran. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. ISBN 978-0199733309 
  • Payne, Richard E. (2015). A State of Mixture: Christians, Zoroastrians, and Iranian Political Culture in Late Antiquity. Berkeley, Califórnia: Imprensa da Universidade da Califórnia. pp. 1–320. ISBN 9780520961531 
  • Potts, D. T. (1999). The Archaeology of Elam: Formation and Transformation of an Ancient Iranian State. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. pp. 1–490. ISBN 9780521564960 
  • Rezakhani, Khodadad (2017). «East Iran in Late Antiquity». ReOrienting the Sasanians: East Iran in Late Antiquity. Edimburgo: Imprensa da Universidade de Edimburgo. pp. 1–256. ISBN 9781474400305. JSTOR 10.3366/j.ctt1g04zr8 
  • Shahbazi, A. Shapur; Richter-Bernburg, Lutz (2002). «Gondēšāpur». Enciclopédia Irânica, Vol. XI, Fasc. 2. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 131–135 
  • Shayegan, M. Rahim (2004). «Hormozd I». Enciclopédia Irânica, Vol. XII, Fasc. 5. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 462–464 
  • Wiesehöfer, Joseph (1986). «Ardašīr I i. History». Enciclopédia Irânica, Vol. II, Fasc. 4. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 371–376