Déficit hídrico

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Cultivo da palma (Opuntia cochenillifera) durante um período de déficit hídrico.

Déficit hídrico designa uma ocorrência na qual as precipitações exibem valores inferiores aos da evaporação e a transpiração das plantas. A insuficiência hídrica ocorre na maioria dos habitats naturais e agrícolas. Têm-se como exemplos das consequências relacionadas a esta situação: o ressecamento dos leitos dos rios, climas desfavoráveis, extinção de espécies aquáticas e/ou terrestres, perdas em lavouras de diversas culturas, entre outras.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Déficit hídrico é "quando o conteúdo de água de um tecido ou célula está em uma quantidade inferior ao mais alto exibido no estado de maior hidratação".[1] Além disso, "o déficit hídrico afeta características relacionadas ao crescimento das plantas incluindo a anatomia,morfologia, fisiologia e bioquímica".[2] É evidente que a sensibilidade do desenvolvimento das folhas em relação ao déficit hídrico altera-se durante as mudanças das estações do ano. No entanto, há uma limitação de expansão na área foliar que pode ser considerada uma primeira reação das plantas a esse déficit.

Quando uma cultura está sob ótimas condições de suprimento hídrico, as plantas dessa cultura tendem a ser menos resistentes a deficiência de água, pois os mecanismos morfofisiológicos são bastante afetados. Nesta situação de déficit, a planta precisaria adaptar-se rapidamente. As plantas têm capacidade de habituar-se ao déficit hídrico desde o nascimento até o amadurecimento. Entretanto, se o déficit ocorrer gradualmente e/ou no início do ciclo de produção, as plantas têm maior facilidade de se adaptar. A tolerância da planta a deficiência de água parece ser um importante mecanismo de resistência para manter o processo produtivo em condições de baixa disponibilidade de água às plantas. Os fatores mais importantes à limitação da produção agrícola mundial são a frequência e a intensidade do déficit hídrico.[3]

Relação entre o déficit hídrico e o desenvolvimento das plantas[editar | editar código-fonte]

A relação entre o déficit hídrico e o desenvolvimento das plantas é inversamente proporcional. Ou seja, quanto maior o grau do déficit hídrico, menor pode ser o crescimento e desenvolvimento das plantas. Como indica-se que o déficit hídrico é uma situação comum à produção de muitas culturas, podendo apresentar um impacto negativo substancial no crescimento e desenvolvimento das plantas.[3]

Os solos com textura mais fina, ou seja, os solos argilosos, armazenam uma maior quantidade de água do que os solos de textura arenosa, devido à maior área superficial e aos poros menores entre partículas.[1] As plantas têm maiores dificuldades em absorver água a medida em que o solo seca porque há um aumento na força de retenção e uma diminuição de água na disponibilidade de água no solo às plantas.[4] O conteúdo de água reduzido no solo causa expressiva variação no desenvolvimento e na distribuição radicular podendo assim alterar a quantidade e a disponibilidade de água disponível para as plantas. Dessa maneira, nem toda água que o solo armazena é disponível às plantas.[5]

A deficiência hídrica provoca alterações no comportamento vegetal cuja irreversibilidade vai depender do genótipo, da duração, da severidade e do estádio de desenvolvimento da planta.[3] O suprimento hídrico para uma cultura é resultado de ligações que se estabelecem ao longo do sistema solo-planta-atmosfera. Os efeitos entre esses três componentes básicos tornam o sistema proativo e estreitamente interligados, de tal forma que a combinação hídrica da cultura irá depender da combinação desses segmentos.[6]

Efeitos do déficit hídrico nos processos morfofisiológicos das plantas[editar | editar código-fonte]

Alguns processos morfofisiológicos são afetados fortemente com a diminuição do conteúdo de água no solo .Assim como na maior parte dos outros organismos ,a

água caracteriza a mais elevada extensão de volume celular nas plantas e é o meio mais limitante, 97% da água adquirida pelas plantas é liberada para a atmosfera ,2% utilizados para extensão celular e 1% para metabolização prevalente a fotossíntese.[1]

A resposta mais ressaltante das plantas ao déficit hídrico reside no decréscimo da produção da área foliar, da aceleração da senescência, do fechamento do dos estômatos e da abscisão das folhas. As plantas quando são expostas a situações de déficit hídrico demonstram respostas fisiológicos, que resultam, de forma indireta, no mantimento da água no solo, como se estivessem economizando para períodos futuros.[6][7]

A água, além de ser de extrema importância para o desenvolvimento das células, é um componente necessário para a manutenção da turgescência.

A importância da manutenção do turgor nas células é possibilitar o prosseguimento dos processos de crescimento vegetal, expansão, divisão celular e fotossíntese; outro motivo é a capacidade de tardar a desidratação dos tecidos, permitindo essas reservas serem usadas em períodos posteriores do ciclo.[8]

Evapotranspiração[editar | editar código-fonte]

A evapotranspiração é o procedimento de transferência de vapor de água para a atmosfera através da evaporação de solos úmidos e também pela transpiração das plantas .Portanto a evapotranspiração é resultante do processo simultâneo de evaporação e transpiração,onde a água da superfície terrestre vai para a atmosfera no estado gasoso.

Esse processo de evapotranspiração ocorre todo dia, a intensidade desse processo depende da demanda atmosfera e da disponibilidade de água no solo , tal demanda está diretamente relacionada com o aquecimento do ar .A elevação da temperatura do ar aumenta a quantidade de vapor d'água essencial para saturar o ar. Portanto, o aumento da temperatura por conseguinte aumenta a demanda evaporativa do ar e provoca em maior consumo de água pelas plantas ,consequentemente maior retirada de água do solo pelas raízes das plantas.[9]

Referências

  1. a b c MAX MOLLER, Ian; MURPH, Angus; TAIZ, Lincoln; ZEIGER, Eduardo;. «Fisiologia e desenvolvimento vegetal» 
  2. KRAMER, P. J (1983). Relações da água com as plantas. New York: [s.n.] 
  3. a b c CARLESSO, Reimar e SANTOS, Reginaldo (1998). «DÉFICIT HÍDRICO E OS PROCESSOS MORFOLÓGICO E FISIOLÓGICO DAS PLANTAS» (PDF). Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental 
  4. BERGAMASCHI, H. Desenvolvimento de déficit hídrico em culturas. 1992: Editora Universidade 
  5. LUDWOW, M.M e MUCHOW, R. C. (1990). Uma avaliação crítica dos traços para melhorar o rendimento das culturas em ambientes limpos a água. [S.l.: s.n.] 
  6. a b TAIZ, L .; ZEIGER. (1991). Fisiologia vegetal. Califórnia: The Benjamim: Cummings Publishing Company 
  7. McCREE, K.J.; FERNÁNDEZ, C.J. (1989). Modelo de simulação para estudar as respostas fisiológicas ao estresse hídrico de plantas inteiras. [S.l.]: Editora Crop Science 
  8. PETRY, C. (1991). Adaptação de cultivares de soja a deficiência hídrica no solo. Santa Maria: UFSM 
  9. SANTOS, Diego (16 de agosto de 2016). «Entenda a disponibilidade hídrica e a evapotranspiração no Brasil»