Dança das tesouras

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Dança das Tesouras
Património Cultural Imaterial da Humanidade

Bailarino na Dança das Tesouras
País(es)  Peru
Domínios Artes cénicas
Usos sociais, rituais e atos festivos
Referência en fr es
Região América Latina e Caraíbas
Inscrição 2010 (5.ª sessão)
Lista Lista Representativa

A dança das tesouras, dança de gala, é uma dança indígena originária da região chanka do Peru, cujo acompanhamento musical é feito por violino e harpa, e que posteriormente foi difundida pelas regiões de Huancavelica, Ayacucho e Apurímac.[1] Em Apurímac a dança é chamada Saqras, em Ayacucho é designada danzaq,[2] e em Huancavelica ao dançarino chama-se Gala.[3]

Importância cultural[editar | editar código-fonte]

A "Dança das Tesouras" tem sido tradicionalmente interpretada pelos habitantes dos povos e comunidades quíchuas do sul da cordilheira central andina no Peru e, durante algum tempo, pelas populações das áreas urbanas do país. Esta dança ritual, que assume a forma de uma competição, é executada durante a estação seca do ano e a sua execução coincide com fases importantes do calendário agrícola. A dança deve o seu nome às duas folhas de metal polido, semelhantes às de uma tesoura, que os dançarinos brandem na mão direita. A dança é executada em equipas e cada uma delas, formada por um dançarino, um harpista e um violinista, representa uma comunidade ou cidade específica. Para interpretar a dança, enfrentam-se duas bandas, pelo menos, e dançarinos, o ritmo das músicas tocadas pelos músicos que os acompanham têm de brandir folhas de metal e fazer passos coreográficos num duelo de dança, com acrobacias e movimentos cada vez mais difíceis. Este duelo entre os dançarinos, chamado "Atipanakuy" na língua quechua, pode durar até dez horas, e os critérios para determinar quem é o vencedor são a capacidade física dos artistas, a qualidade dos instrumentos e a competência dos músicos que acompanham a dança. Os dançarinos, vestindo trajes bordados com listras douradas, lantejoulas e pequenos espelhos, estão proibidos de entrar nas instalações de igrejas com este traje, porque as suas capacidades, segundo a tradição, são o resultado de um pacto com o diabo. Tal não impediu que a dança das tesouras se tornasse um componente valioso das festividades católicas. O conhecimento físico e espiritual implícito na dança é transmitido oralmente de professores para alunos, e cada grupo de dançarinos e músicos é uma fonte de orgulho para as pessoas que lhe deram origem.[4]

Em 2010 a UNESCO inscreveu a "Dança das Tesouras" na lista representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade.[4]

Referências

  1. Vivanco G. Alejandro (1976). «La danza de las tijeras y la presencia de lo mágico religioso a través del "Wamani" y el "Waniku"». San Marcos (16). pp.- 39-64 
  2. Varios autores, ed. (1998). «Folklore». Gran enciclopedia del Perú. Apurimac. Barcelona: Lexus. ISBN 9972-625-13-3 
  3. Varios autores (1998). «Folklore». Gran enciclopedia del Perú. Huancavelica. Barcelona: Lexus. ISBN 9972-625-13-3 
  4. a b UNESCO. «La danza de las tijeras» (em espanhol). Consultado em 1 de fevereiro de 2019