Demografia de Fortaleza

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A demografia de Fortaleza, capital do estado brasileiro do Ceará, tem como principal fator histórico de estímulo de crescimento os períodos de secas no interior e a consequente fuga para a cidade, ou êxodo rural.

História[editar | editar código-fonte]

A população de Fortaleza, no ano de criação da Vila de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, em 1726, era estimada em 200 habitantes no núcleo urbano. O primeiro censo populacional realizado na cidade ocorreu em 1777, ano de grande seca no Ceará, a mando do Capitão-General José César Meneses, contabilizando 2 874 pessoas. Em 1813, o governador Manuel Inácio de Sampaio realizou o primeiro censo em todo o Ceará, que constatou no município uma população de 12 810 habitantes. A última contagem da população antes do censo nacional de 1872 foi realizada em 1865, durante a Guerra do Paraguai, que somou 19 264 pessoas a viverem na cidade. Naquele ano, embarcaram para a guerra, a partir do porto, 1 236 pessoas, entre soldados e oficiais.[1]

O primeiro ponto discrepante do crescimento populacional de Fortaleza se deu entre 1865 e 1872, quando teve início a construção da Estrada de Ferro de Baturité. Por demandar uma grande quantidade de mão de obra, a população da cidade crescia ao passo da economia.[2] Em 1877, outra seca fez uma grande quantidade de flagelados migrar para Fortaleza e entorno. Migrações repetiram-se nas secas de 1888, 1900, 1915, 1932 e 1942. Nestas três últimas datas, foram instalados campos de concentração no interior para evitar a chegada de retirantes à capital,[3] contudo, bairros que hoje possuem de alta densidade demográfica, como o Pirambu e outras regiões da periferia, tiveram seus processos de formação diretamente ligados às migrações de camponeses seduzidos pelas promessas da modernidade da maior urbe do Ceará.[4]

Século XX[editar | editar código-fonte]

Em 1922, Fortaleza atingiu sua primeira centena de milhar de habitantes, com a anexação dos então municípios de Messejana e Parangaba, hoje bairros da cidade. Parangaba era uma cidade com população superior a 20 000 habitantes e, por ter sido a última parada da estrada de ferro antes de Fortaleza, recebeu uma grande quantidade de retirantes das secas.[5] Em 1973, Fortaleza já contava com quase um milhão de habitantes, quando foram criadas no Brasil as Regiões Metropolitanas, passando a cidade a se constituir uma delas. Em 1983, o Distrito Industrial de Fortaleza I passou a integrar o território do novo município de Maracanaú, que, tão logo foi criado, passou a fazer parte da Região Metropolitana de Fortaleza.[6]

Na década de 1980, Fortaleza ultrapassou Recife em termos populacionais, tornando-se a segunda cidade mais populosa do Nordeste, com 1 308 919 habitantes.[7] Ao longo das últimas décadas do século XX, a cidade foi se adensando demograficamente cada vez mais, até atingir a marca de dois milhões de habitantes no ano 2000. O censo de 2010 do IBGE contabilizou uma população de 2 452 185 habitantes,[8] fazendo de Fortaleza a quinta cidade mais populosa do Brasil, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília. Em 2012, de acordo com o censo do IBGE, a população era de 2 500 194 habitantes.[9] Em 2020, ainda de acordo com os dados oficiais extraídos do site do IBGE, a população de Fortaleza gira em torno de 2.686.612 habitantes. Para 2030, há uma estimativa que a capital cearense chegue a uma população de 3 milhões de habitantes.

Composição étnica (Censo 2010)[10]
Cor ou raça População (%)
Pardos 645 847 57,21
Brancos 409 484 36,28
Pretos 55 427 4,91
Amarelos 16 071 1,42
Indígenas 1 984 0,18

Referências

  1. Nirez 2001, p. 147-148.
  2. Carla Gardênia Oliveira Sousa; Luiz Antônio Araújo Gonçalves (2012). «O processo de evolução urbana da cidade de Fortaleza/CE: uma análise a partir da malha ferroviária» (PDF). III Encontro Nacional de História do Pensamento Geográfico e I Encontro Nacional de Geografia Histórica. Consultado em 18 de fevereiro de 2015 [ligação inativa]
  3. Xico Sá (1 de fevereiro de 2005). «Ceará: nos campos da seca». Grupo Abril. Consultado em 18 de fevereiro de 2015 
  4. Susana Dantas Coelho; Letícia Neves Souza; Anderson Pereira Portuguez (2014). «Incidências turísticas e socioespaciais do "Projeto Vila do Mar" na região do Grande Pirambu, Fortaleza (CE)» (PDF). Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo. Consultado em 18 de fevereiro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 19 de fevereiro de 2015 
  5. «Anedotas e repentes do Padre Quinderé». Diário do Nordeste. 27 de novembro de 2004. Consultado em 18 de fevereiro de 2015 
  6. Maria Beatriz Cruz Rufino (2008). «Desenvolvimento industrial e organização espacial: algumas considerações sobre a Região Metropolitana de Fortaleza» (PDF). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Consultado em 18 de fevereiro de 2015 
  7. Maria Cleide Carlos Bernal (2005). «A nova configuração territorial do Nordeste: desigualdade e fragmentação». UFPB. Consultado em 18 de fevereiro de 2015 
  8. «População residente por sexo - Amostra - Características Gerais da População». IBGE. 2010. Consultado em 23 de fevereiro de 2015 
  9. «Fortaleza chega a 2,5 milhões de habitantes, segundo IBGE». G1. 31 de agosto de 2012. Consultado em 18 de fevereiro de 2015 
  10. IBGE (2010). «Censo Demográfico 2010: Resultados da Amostra por Cidade: Fortaleza: Características da População (2010)». IBGE. Consultado em 4 de março de 2016 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Nirez, Miguel Ângelo de Azevedo (2001). Cronologia Ilustrada de Fortaleza. Fortaleza: Programa editorial Casa José de Alencar. 388 páginas 
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