Desastre aéreo com a Seleção Zambiana de Futebol em 1993

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Desastre aéreo com a Seleção Zambiana de Futebol em 1993
Acidente aéreo

Aeronave DHC-5 Buffalo, similar ao aparelho acidentado.
Sumário
Data 27 de abril de 1993
Causa Erro humano
Local Gabão Litoral do Gabão
Coordenadas 0° 37′ 05″ N, 9° 18′ 46″ L
Origem Lusaka,  Zâmbia
Escala Brazavile, República do Congo
Libreville, Gabão
Abidjan, Costa do Marfim
Destino Dakar, Senegal
Passageiros 25
Tripulantes 5
Mortos 30
Feridos 0
Sobreviventes 0
Aeronave
Modelo De Havilland Canada DHC-5D Buffalo
Operador Zâmbia Força Aérea da Zâmbia
Prefixo AF-319

O Desastre aéreo com a Seleção Zambiana de Futebol aconteceu em 27 de abril de 1993, quando um avião de modelo De Havilland Canada DHC-5D Buffalo (prefixo AF-319) caiu no Oceano Atlântico, nas proximidades de Libreville, capital do Gabão. Todos os 25 passageiros (destes, 18 jogadores da Seleção Zambiana de Futebol) e os cinco tripulantes morreram.

O acidente[editar | editar código-fonte]

Rota do avião.

O voo foi especialmente cedido pela Força Aérea da Zâmbia à Seleção nacional. A viagem estava com destino marcado: Dacar, no Senegal - com paradas em Brazavile, no Congo, Libreville, no Gabão, e Abidjã, na Costa do Marfim.[1]

Em Brazavile, um dos motores do avião começou a dar os primeiros problemas de funcionamento, mas a tripulação seguiu viagem. A poucos minutos da chegada a Libreville, ocorreu um incêndio no motor esquerdo, logo controlado. O motor direito parou de funcionar e a aeronave perdeu altitude, caindo a 500 metros da capital gabonesa.

Uma notícia publicada em 2003 atribuiu o acidente a um erro do piloto em manejar uma luz de advertência com problemas e também ao cansaço dele.

Sobreviventes[editar | editar código-fonte]

Kalusha Bwalya, principal jogador de futebol zambiano (atual presidente da Federação de Futebol e ex-treinador dos Chipolopolo) foi um dos sobreviventes da tragédia. Ele, na época jogador do clube holandês PSV Eindhoven, não estava a bordo do avião, pois havia feito um acordo para fazer seu próprio trajeto.[2] Charly Musonda, então no Anderlecht, também escapou do acidente por estar lesionado e, consequentemente, não foi liberado para viajar.

Investigações[editar | editar código-fonte]

Uma campanha para que as investigações do acidente fossem realizadas foi criada na década de 2000. Em novembro de 2003, o governo gabonês criou um relatório preliminar sobre as causas da tragédia, entretanto, familiares das vítimas pressionaram o governo da Zâmbia para que fizessem um relatório sobre como o avião deixou o país.

Consequências e homenagens[editar | editar código-fonte]

Os 18 jogadores e os integrantes da comissão técnica da Seleção Zambiana foram enterrados no local conhecidos como "Heroes Acre", situado em frente ao Independence Stadium.[3]

Liderada por Bwalya, a Zâmbia, que antes do acidente brigava com o Marrocos pela última vaga africana para a Copa de 1994 (perdeu por 1 a 0 em Casablanca, gol de Abdeslam Laghrissi), disputou a Copa Africana de Nações de 1994 com um time esfacelado, treinado pelo escocês Ian Porterfield (ex-técnico de Sheffield United, Chelsea e Seleção da Armênia, falecido em 2007).

Apesar das limitações, os Chipolopolo alcançaram a final, disputada contra a Nigéria. Elijah Litana abriu o placar aos três minutos, mas dois gols de Emmanuel Amunike deram o título da CAN às Super Águias. Na volta, os jogadores foram recebidos como heróis.

Em fevereiro de 2012, 18 anos após a tragédia, a Zâmbia disputaria sua segunda final de Copa Africana de Nações, desta vez com a Costa do Marfim, que vinha como favorita em decorrência de sua campanha invicta na competição. No começo da partida, o zagueiro Joseph Musonda sofreu lesão ao tentar desarmar o atacante marfinense Gervinho, e ao deixar o gramado do estádio de Libreville (mesmo local da tragédia de 1993), chorou muito.

Após Didier Drogba, principal jogador da Costa do Marfim, perder um pênalti, os zambianos ganharam o apoio da torcida, que não aprovou o jogo monótono dos Elefantes. Entretanto, a partida terminaria empatada sem gols, tanto no tempo normal quanto na prorrogação.

Na decisão por pênaltis, doze cobranças foram convertidas até Kolo Touré perder a sua oportunidade. Rainford Kalaba e Gervinho também desperdiçariam suas tentativas. Coube ao zagueiro Stophira Sunzu acertar a última penalidade e dar o primeiro título da CAN à Zâmbia. Os atletas dedicaram o triunfo às vítimas do acidente aéreo de 1993.

As vítimas do acidente[editar | editar código-fonte]

Jogadores[editar | editar código-fonte]

  • David Chabala (goleiro)
  • Richard Mwanza (goleiro)
  • John Soko (defensor)
  • Whiteson Changwe (defensor)
  • Robert Watiyakeni (defensor)
  • Samuel Chomba (defensor)
  • Kenan Simambe (defensor)
  • Winter Mumba (defensor)
  • Eston Mulenga (meio-campista)
  • Derby Makinka (meio-campista)
  • Moses Chikwalakwala (meio-campista)
  • Wisdom Mumba Chansa (meio-campista)
  • Numba Mwila (meio-campista)
  • Godfrey Kangwa (meio-campista)
  • Kelvin "Malaza" Mutale (atacante)
  • Timothy Mwitwa (atacante)
  • Moses Masuwa (atacante)
  • Patrick "Bomber" Banda (atacante)

Comissão técnica[editar | editar código-fonte]

Tripulação[editar | editar código-fonte]

  • Coronel Fenton Mhone (piloto)
  • Tenente-coronel Victor Mubanga (primeiro copiloto)
  • Tenente-coronel James Sachika (segundo copiloto)
  • Subtenente Edward Nambote (mecânico)
  • Cabo Tomson Sakala (comissário de bordo)

Outros[editar | editar código-fonte]

  • Michael Mwape (comandante da Força Aérea da Zâmbia)
  • Nelson Zimba (servidor público)
  • Joseph Bwalya Salim (jornalista)

Referências

  1. Aviation Safety Network. «ASN Aircraft accident de Havilland Canada DHC-5D Buffalo AF-319 Atlantic Ocean, off Gabon». 19 de novembro de 2010 
  2. Times of Zambia. «Soccer heroes remembered». 28 de abril de 2010 [ligação inativa]
  3. BBC Sport Online. «The day a nation cried». 24 de abril de 2003