Diáspora palestina

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A diáspora palestina (árabe: الشتات الفلسطيني, al-shatat al-filastini), parte da diáspora árabe, refere-se às comunidades de palestinos vivendo fora da região da Palestina.

História[editar | editar código-fonte]

Refugiados palestinos da guerra de 1948

Os palestinos possuem uma longa história de migração. Por exemplo, trabalhadores da seda de Tiberíades são mencionados em registros fiscais de Paris do século XIII.[1] Entretanto, a primeira grande onda de imigração de cristãos árabes para fora da Palestina começou no século XIX como uma resposta à opressão de cristãos palestinos na Palestina otomana.[2][3][4]

Desde a Guerra árabe-israelense de 1948, os palestinos têm experienciado inúmeras ondas de exílio e espalharam-se por diferentes países ao redor do mundo.[5] Além dos mais de 700 mil refugiados palestinos de 1948, centenas de milhares também foram deslocados na Guerra dos Seis Dias, em 1967. De fato, após este ano, vários jovens palestinos foram encorajados a migrar à América do Sul.[6] Juntos, estes refugiados de 1948 e 1967 compõem a maioria da diáspora palestina.[5][7] Além dos deslocados pela guerra, outros emigraram para o exterior por inúmeras razões, como oportunidades de trabalho, educação[8][9] e perseguição religiosa.[7] Na década seguinte à guerra de 1967, por exemplo, uma média de 21 mil palestinos ao ano foram expulsos das áreas controladas por Israel.[10] Este padrão se repetiu durante as décadas de 1970, 1980 e 1990.

População[editar | editar código-fonte]

Na ausência de um censo abrangente que inclua toda a diáspora palestina e aqueles que permaneceram na área antes conhecida como o Mandato Britânico da Palestina, as quantidades exatas da população são difíceis de determinar. De acordo com o Departamento Central de Estatística da Palestina, o número de palestinos ao redor do mundo no final de 2003 era de 9,6 milhões, um aumento de 800 000 desde 2001.[11]

A questão do direito ao retorno dos refugiados palestinos tem uma importância central para os palestinos e o mundo árabe em geral desde 1948.[12] É o sonho de vários palestinos da diáspora e está presente mais fortemente nos campos de refugiados palestinos.[13] No maior campo do Líbano, Ain al-Hilweh, os bairros recebem o nome de cidades e vilarejos da Galileia de onde os refugiados originais vieram, como Az-Zeeb, Safsaf e Hittin.[5] Mesmo que 97% dos habitantes do campo nunca tenham visto os lugares que seus pais e avós deixaram para trás, a maioria insiste que o direito de retorno é um direito inalienável que eles nunca renunciarão.[5]

Números[editar | editar código-fonte]

Estima-se que mais de 6 milhões de palestinos vivam atualmente em uma diáspora global.[14]

Os países fora dos territórios palestinos com populações significativas de palestinos são:

A maioria dos estimados 100 000 palestinos na União Europeia (UE) está no Reino Unido, Dinamarca, França, Alemanha, Espanha, Grécia, Itália, Países Baixos, Espanha e Suécia. Fora da UE estão na Noruega e na Suíça. A capital da Alemanha, Berlim, tem uma das maiores comunidades palestinas fora do Oriente Médio, com cerca de 30 a 40 mil pessoas de origem palestina vivendo na cidade (em torno de 1% da população total).[16]

Palestinos notáveis na diáspora[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Farmer, Sharon (2017). The Silk Industries of Medieval Paris. Artisanal Migration, Technological Innovation, and Gendered Experience. Filadélfia: University of Pennsylvania. p. 93 
  2. Nourani, Habib; Shehadi, Nadim (1992). The Lebanese in the world: a century of emigration. Reino Unido: Centre for Lebanese Studies 
  3. Civantos, Christina (2005). Between Argentines and Arabs: Argentine orientalism, Arab immigrants, and the writing of identity. [S.l.]: SUNY Press. p. 6 
  4. Klich, Ignacio; Lesser, Jeff (1998). Arab and Jewish immigrants in Latin America: images and realities. [S.l.: s.n.] pp. 108, 165 
  5. a b c d «The Palestinian diaspora». Le Monde Diplomatique. Consultado em 5 de setembro de 2007. Cópia arquivada em 12 de janeiro de 2006 
  6. Karam, John Tofik (novembro de 2013). «On the Trail and Trial of a Palestinian Diaspora: Mapping South America in the Arab–Israeli Conflict, 1967–1972». Journal of Latin American Studies (em inglês). 45 (4): 751–777. ISSN 0022-216X. doi:10.1017/S0022216X13001156 
  7. a b «Persecuted Countries: Palestine - Persecution.org - International Christian Concern». Persecution. Fevereiro de 2007. Consultado em 8 de setembro de 2007. Cópia arquivada em 28 de setembro de 2007 
  8. «Saudi Arabia finances study abroad for Palestinian students». The embassy of Saudi Arabia in Washington, D.C. 25 de abril de 2007. Consultado em 8 de setembro de 2007. Cópia arquivada em 13 de outubro de 2007 
  9. «Swarthmore Senior Founds Organization for Palestinian Students in U.S.». Swarthmore. 27 de março de 2006. Consultado em 8 de setembro de 2007. Cópia arquivada em 19 de julho de 2007 
  10. «Palestine Refugees: 50 Years of Injustice," The Permanent Observer Mission of Palestine to the United Nations» [ligação inativa] 
  11. «Palestinian Central Bureau of Statistics Issue: Statistical Abstract of Palestine No. (5) 9.6 Million the Number of Palestinians At the End of the Year 2003» (PDF). Departamento Central de Estatística da Palestina. Outubro de 2003. Consultado em 5 de setembro de 2007 
  12. «The Palestinian diaspora». Le Monde Diplomatique. Consultado em 5 de setembro de 2007. Arquivado do original em 24 de julho de 2020 
  13. Hirst, David (3 de novembro de 1999). «One Day We'll Rise Again - and Return». Al-Ahram Weekly. Consultado em 11 de setembro de 2007. Cópia arquivada em 22 de outubro de 2012 
  14. «The Palestinian Diaspora». Global Exchange. Consultado em 12 de dezembro de 2012. Cópia arquivada em 1 de janeiro de 2013 
  15. Tiempo, Casa Editorial El (7 de março de 2019). «Los palestinos que encontraron un segundo hogar en el centro de Bogotá». El Tiempo (em spanish). Consultado em 18 de junho de 2022 
  16. Kleff, Sanem; Seidel, Eberhard. Stadt der Vielfalt: Das Entstehen des neuen Berlin durch Migration (PDF). Berlim: [s.n.] ISBN 9783938352380