Diagonal árida da América do Sul

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Mapa mostrando a classificação climática de Köppen para a América do Sul. A diagonal árida pode ser vista na forma de uma zona praticamente contígua de climas desérticos quentes (BWh) e frios (BWk) indo do Equador ao sul da Patagônia.

A Diagonal árida da América do Sul (em castelhano: diagonal árida de América del Sur) é uma zona contígua de clima árido e semi-árido que atravessa a América do Sul da costa do Peru e do Equador a noroeste à Patagônia Argentina a sudeste, tendo no meio grandes faixas do território do Chile e da Bolívia.[1] A diagonal árida possui vários desertos, dentre eles: Sechura, Atacama, Monte e o deserto da Patagônia.

A diagonal atua isolando as florestas temperadas e subtropicais do Chile e do sul da Argentina dos outros biomas florestais da América do Sul.[2] Juntamente com a glaciação do Quaternário no sul dos Andes, a diagonal regulou a distribuição da vegetação através do Chile e da Argentina.[3] Naturalmente, além do isolamento dos biomas, a diagonal também isola populações de espécies animais.[4]

Causa e origem[editar | editar código-fonte]

A porção setentrional da diagonal árida é resultado do bloqueio dos ventos alísios pela barreira formada pela parte central dos Andes e pela Alta subtropical do Pacífico Sul[5] e ao sul nos ventos do oeste bloqueados pela sombra de chuva causada pela porção sul dos Andes na parte oriental da Patagônia.[1] Ao sul de Mendoza (latitude: 32°53' S), as partes mais secas da diagonal movem-se no sentido oposto ao da cordilheira dos Andes conforme as montanhas perdem altura, fazendo com que chegue alguma umidade; assim, nas latitudes mais meridionais as partes mais secas da diagonal situam-se na costa atlântica da Patagônia.[1]

A diagonal árida existe desde o período Neogeno.[3] A origem da aridez na parte norte da diagonal está ligada a dois eventos geológicos: a) o levantamento dos Andes—um evento que levou ao bloqueio permanente da circulação de ventos a oeste da umidade ao longo dos trópicos e b) a intrusão permanente das águas antárticas geladas (a corrente de Humboldt) ao longo da costa oeste da América do Sul (Chile, Peru e Equador).[5] Tudo isto, junto à glaciação do quaternário no sul dos Andes fez a caracterização da distribuição dos tipos de biomas no Chile e na Argentina.[3]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Bruniard, Enrique D. (1982). «La diagonal árida Argentina: un límite climático real». Revista Geográfica (em Spanish): 5-20 
  2. Villagrán, Carolina; Hinojosa, Luis Felipe (1997). «Historia de los bosques del sur de Sudamérica, II: Análisis fitogeográfico». Revista Chilena de Historia Natural (em Spanish). 70: 241-267  Parâmetro desconhecido |autor-link1= ignorado (ajuda)
  3. a b c Villagrán, Carolina; Hinojosa, Luis Felipe (2005). «Esquema biogeográfico de Chile». In: Llorente Bousquests, Jorge; Morrone, Juan J. Regionalización Biogeográfica en Iberoámeríca y tópicos afines (em Spanish). Mexico: Ediciones de la Universidad Nacional Autónoma de México, Jiménez Editores  Parâmetro desconhecido |autor-link1= ignorado (ajuda)
  4. YAZBECK, Carolina Ferreira Cardoso (15 de julho de 2013). «A importância da diagonal árida (Caatinga, Cerrado e Chaco) no isolamento de populações de espécies de Euglossina (Insecta : Hymenoptera: Apidae) nos domínios morfoclimáticos da Amazônia e da Mata Atlântica: um estudo filogeográfico». Universidade Federal de Minas Gerais. Consultado em 9 de setembro de 2018 
  5. a b Armesto, Juan J.; Arrollo, Mary T.K.; Hinojosa, Luis F. (2007). «The Mediterranean Environment of Central Chile». In: Veblen, Thomas T.; Young, Kenneth R.; Orme, Anthony R. Physical Geography of South America. [S.l.]: Oxford University Press. pp. 184–199