Discussão:Código de Nuremberg

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Que começo mais infeliz esse demonstrado no campo 'Histórico'.

O texto diz que a medicina era praticada com autoritarismo, e dá a entender que esse autoritarismo que foi utilizado pelos médicos nazistas para praticar seus experimentos em seres humanos sem a preocupação com a ética. E ainda se utiliza do Juramento de Hipócrates para fundamentar sua argumentação.

1. Se um médico é dotado de saber teórico-prático-científico, o que lhe dá autoridade profissional (o que é completamente diferente de autoritarismo) e o paciente não, por que o profissional tem que ficar o tempo todo pedindo consentimento do paciente para prescrever um remédio, pedir um exame, fazer uma internação, ou uma intervenção cirúrgica...? Qual conhecimento o paciente tem para questionar e opinar em tudo na prática médica? 2. O paciente é que procura o médico, e não o contrário. Se é para recusar a autoridade (repito, não autoritarismo) do profissional, por que o procurar então? 3. Se um engenheiro civil diz que sua casa deve ser construída de tal modo, e não do jeito que você, o dono da casa, quer, senão a casa cai, ele está sendo autoritário? Se um advogado diz que vai usar tal argumento para te defender e não o outro; ou se um mecânico diz que seu carro precisa de tal peça e não da outra... eles também são autoritários? 4. O fato de os médicos nazistas não obedecerem os preceitos de benevolência e ética em pesquisa, e utilizarem de autoritarismo contra os sujeitos da pequisa/cobaias, isso quer dizer, generalisticamente, que a medicina é autoritária, e que todos os médicos do século V a.C. até o Código de Nuremberg são carrascos que não respeitavam seus pacientes?

Os médicos nazistas não faziam experimentos sem ética na pesquisa porque a medicina não tinham limites ou porque Hipócrates era arrogante e não previu a liberdade de escolha do paciente. Eles faziam experimentos porque o Nazismo não considerava ninguém, além dos arianos, como pessoas dignas. Os judeus, assim como os aleijados, negros, e outros que não eram arianos ou puros, eram considerados objetos, indignos, um mal a ser varrido da terra em prol da construção de uma humanidade e uma sociedade perfeitas. Para construção dessa comunidade perfeita, justificavam-se as pesquisas com o "resto". As descobertas dessas pesquisas iriam beneficiar as pessoas dignas, principalmente no futuro, e lhes proporcionar o bem estar que elas mereciam. Esse era o conceito moral que os nazistas na época tinham, completamente diferente das sociedades ocidentais no pós guerra, estas fortemente influenciadas pela cultura judaico-cristã. Tirou-se o foco da discussão da principal causa dos absurdos cometidos naquela época: o uso da medicina para fins ideológicos e políticos; uma completa subversão da real causa da existência da medicina: ajudar ao próximo e preservar a vida.

O Juramento de Hipócrates não fala apenas sobre benevolência, mas fala também sobre a transcendência da medicina, a transcendência de cuidar da vida do outro, o respeito aos professores e aprendizes, o valor da vida, o respeito às autolimitações, a não distinção entre gêneros ou entre classes sociais. E por que não dizer que no bem que se leva para dentro das casas dos doentes não está implícito a sua liberdade de escolha; o ato de ouvir o paciente, inclusive a sua opinião? Graças aos diversos resumos e amputações que o Juramento sofreu, além do método Paulo Freire de ensino que gerou grande número de analfabetos funcionais, muitos não conseguem fazer uma leitura inteligível de um texto tão gracioso e cheio de simbolismos e virtudes.

Diante do exposto acima, utilizou-se de um argumento sofismático. Partiu-se de um argumento falso, que generaliza a classe médica de antes da Segunda Grande Guerra e lhe coloca uma qualidade digna de ditadores e pessoas ruins. A partir daí se tenta concluir o motivo das atitudes dos médicos nazistas. Como dizer que os milhões de médicos que existiram da época de Hipócrates até a guerra tinham atitude autoritária e desrespeitosa com os pacientes? Creio que seja impossível. Como correlacionar tal atitude com as barbáries praticadas pelos nazistas? E será que foi a colocação de leis e regras em convenções e códigos de ética que milagrosamente transformou os médicos carrascos e ditadores em anjos e santos que começaram, a partir de então, a dar voz aos pacientes?

Não estou dizendo que os médicos, do século V a.C., passando pela guerra até os dias de hoje, são santos e que todos respeitam os pacientes e suas opiniões. O que quero dizer é que a medicina sempre foi formada, em sua maioria, por grandes homens e mulheres, que com seu trabalho exaustivo tenta levar o bem aos seus pacientes, preservar a vida ao máximo, com respeito e honra, assim como manda o Juramento de Hipócrates. Aqueles que saem da curva não o fazem porque a profissão não presta, e sim porque esses indivíduos não prestam, assim como tem indivíduos que não prestam em qualquer profissão. Não vamos nos esquecer de como a medicina pode ser usada para fins políticos e ideológicos, afim de construir uma sociedade futura e hipotética, ou participar de projetos Revolucionários de poder, mesmo que isso custe a vida de inocentes.