Discussão:Crioulo cabo-verdiano

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Último comentário: 17 de fevereiro de 2014 de L'Astorina no tópico «Kabuverdianu»

Erros e incorrecções[editar código-fonte]

Eu gostaria de propor que se fizessem alterações nesta página, devido ao facto de ter incorrecções e/ou afirmações que revelam erros graves.

Primeiro, quanto à classificação genética, convinha fazer alterações visto que o crioulo cabo-verdiano não é uma língua indo-europeia. O crioulo é, conforme o nome indica, um crioulo. A maior parte das classificações linguísticas (ver, por exemplo, a classificação proposta pela Ethnologue em http://www.ethnologue.org/family_index.asp) considera que os crioulos constituem um grupo à parte. Só depois é que as línguas crioulas são subdivididas em crioulos de base lexical portuguesa, de base lexical inglesa, de base lexical francesa, etc. Talvez, a melhor classificação genética a ser apresentada seria:

Línguas Crioulas
Crioulos de base lexical portuguesa
Crioulos Afro-Portugueses
Crioulos da Alta-Guiné
Crioulo Cabo-verdiano

Segundo, o resto do artigo contém uma série de afirmações, que pelas suas incorrecções revelam falta de conhecimento profundo do crioulo, ou são afirmações feitas baseando-se apenas em boatos, sem nenhuma base científica ou documentada para corroborá-las. Tendo em conto que Wikipedia é um «site» sério, deviam-se evitar colocar afirmações sem especificar quais são as fontes, e evitar colocar afirmações que afloram o chauvinismo, o xenofobismo ou atitudes preconceituosas.

Em pormenor:

1 - As influências das línguas da África Ocidental no crioulo ainda estão em estudo, nada foi provado ainda.
2 - «...algumas palavras não são mutuamente inteligíveis.» Essa informação é imprecisa, e dá a entender que a mesma palavra é pronunciada de modo muito diferente nos vários crioulos, o que é falso. Os casos da falta de inteligibilidade no crioulo devem-se sobretudo ao uso de um léxico diferente. Pode ser comparado ao uso de «ônibus» no Brasil e «autocarro» em Portugal, ou ainda comparado a «espiga no norte de Portugal e «maçaroca» no sul de Portugal.
3 - Os académicos em Cabo Verde consideram o crioulo cabo-verdiano como uma língua única. Considerar as variantes do crioulo como «línguas distintas» seria o mesmo que considerar o português de Rio de Janeiro e o Português de Coimbra como línguas distintas...! As 9 variedades do crioulo são justificadamente dialectos diferentes, mas os académicos em Cabo Verde normalmente chamam-nas de «variantes» em vez de «dialectos».
4 - «…os dois grupos como duas línguas distintas…». Essas mesmas autoridades linguísticas estão a discutir a possibilidade de normalização (o que é diferente de oficialização) do crioulo à volta de duas variantes: a de Santiago e a de São Vicente. Se isso for avante, o crioulo irá tornar-se uma língua pluricêntrica.
5 - O termo «badiu» é usado para designar um habitante da ilha de Santiago (apenas) e também a variante do crioulo falado nessa ilha. Se uma pessoa não estiver familiarizada com o uso do termo «badiu», ele deverá ser evitado porque pode ser ofensivo em certos contextos. O mesmo para o termo «sampadjudu».
6 - As variantes rurais e urbanas não se manifestam apenas no crioulo de Santiago, mas também em todos as outras ilhas. Não se trata de diferenças dialectais, mas sim, de casos de basilectos e um acrolectos.
7 - «...os crioulos de Barlavento mantiveram uma relação mais estreita com o Português.». Trata-se de um mito. Estou presentemente a preparar um texto onde explico as origens desse mito.
8 - «...As grandes diferenças encontram-se entre o crioulo de Santiago (...) e o de Santo Antão.». É necessário clarificar porquê e quais são as fontes.
9 - «...muitas semelhanças entre os crioulos cabo-verdianos e algumas línguas da África ocidental...». Conforme foi dito atrás, isso ainda não está provado. Para além disso, os argumentos apresentados são incorrectos:
- o uso de adjectivos verbais existe, mas é raro;
- os adjectivos vêm depois dos substantivos, e não o inverso;
- a entoação é usada para frases interrogativas para quase todas as línguas;
- a repetição de palavras existe, mas é rara;
- a presença de estruturas morfológicas africanas ainda precisa ser corroborada;
10 - «O badiu é muito próximo do crioulo falado na Guiné-Bissau.». Trata-se de outro mito. Estou presentemente a preparar um texto onde explico as origens desse mito.
11 - «...nos crioulos de Barlavento detecta-se a presença de uma fricativa palato alveolar surda.». É impreciso. Todas as variantes possuem fricativas palato alveolares. Repare-se nas palavras «côxa» [ˈkoʃɐ] e «lója» [ˈlɔʒɐ] que são pronunciadas praticamente da mesma maneira em todas as ilhas. O que o autor de aquela afirmação provavelmente quis dizer é que nas variantes de Santo Antão e São Vicente os sons [s] e [z] implosivos são palatizados. Enquanto que nas outras ilhas, palavras como «fésta» e «gósga» são pronunciadas [ˈfɛstɐ] e [ˈɡɔzɡɐ] respectivamente, em Santo Antão e São Vicente são pronunciadas [ˈfɛʃtɐ] e [ˈɡɔʒɡɐ]. Mas apenas em Santo Antão e São Vicente, as outras ilhas de Barlavento pronunciam os sons [s] e [z] implosivos como as ilhas de Sotavento.
12 - Não há nenhum organismo oficial, nem nenhuma entidade reconhecida que declarou que Mindelo é «a capital cultural de Cabo Verde».
13 - O ALUPEC não é baseado no crioulo de Santiago. A rejeição maciça que o ALUPEC tem tido (inclusive por santiaguenses) é porque é um sistema de escrita fonético que choca com os hábitos ortográficos que os cabo-verdianos têm vindo a seguir, que são hábitos ortográficos do português.
14 - Não existe nenhum estalido palatolingual, nem para comunicar em fim de frase nem em situação alguma.

Terceiro, não há necessidade de repetir a designação da língua. «Criolu / kriolu» e «criol / kriol» são a mesma palavra em crioulo cabo-verdiano, a diferença na escrita apenas reflecte a diferença entre os crioulos do Sul e os do Norte que perdem o «u» átono final. A diferença entre «Criolu / Criol» e «Kriolu / Kriol» apenas reflecte diferentes convenções da escrita: a escrita tradicional com «c» e a convenção ALUPEC com «k».

C. A. Duarte 213.63.94.42 12:51, 17 Fevereiro 2007 (UTC)

Caro C. A. Duarte, registe-se e edite o artigo. Temos falta de pessoas com os seus conhecimentos. Ozalid 15:33, 17 Fevereiro 2007 (UTC)
Com certeza! Já criei um registo, assim que tiver acabado de compilar a bibliografia que me falta farei as devidas edições neste artigo. C. A. Duarte 213.63.94.42 08:43, 18 Fevereiro 2007 (UTC)


Verifico que o artigo inglês da Wiki sobre o crioulo de S. Vicente é mais completo que o português!

Além disso, o glossário crioulo–português é retirado do inglês. Aliás, algumas palavras do quadro ainda estão em inglês. Daí concluo que: 1. A pessoa que fez o quadro – cuja boa vontade de forma alguma contesto – ou ainda não o terminou ou fê-lo um tanto à pressa. 2. O autor do quadro não sabe crioulo – ou seja, ainda nenhum utilizador de S. Vicente se dedicou a enriquecer o artigo sobre a sua língua materna. E é uma pena, pois os crioulos são a prova viva de como a linguagem é um dos factores essenciais da nossa humanidade. Estudar a génese destas línguas é fascinante – até porque é um tema extremamente complexo. Por desconhecimento, a (talvez ainda) maior parte das pessoas considera os crioulos línguas “mal faladas”. E temo que também muitos cabo-verdianos o pensem. Por ex, um professor português que leccionou em Cabo Verde durante algum tempo afirma, no seu blogue, que o crioulo não tem gramática. Não sei que disciplina o professor ensina, mas mesmo que seja educação física, é espantoso pensar tal coisa! Mas em vez de estar aqui a perorar, remeto-vos para a leitura do artigo da Wiki “Línguas crioulas”. E aproveito para lançar um repto àqueles que têm o crioulo como língua materna para melhorarem substancialmente os artigos sobre cada uma das variedades. Mas, por favor, não se limitem a traduzir o texto inglês. Isso qualquer um poderia fazer… Ponham o artigo a papia crioulo! Analógica 03:50, 11 Março 2007 (UTC)

Posso ainda acrescentar que todos os artigos precisavam de uma grande revisão. O artigo sobre o crioulo de Santo Antão falava do crioulo da Brava, o do Sal mencionava o Fogo, etc.

Nos artigos sobre as variedades de cada ilha repete-se uma e outra vez: 1) é uma língua 2) é uma língua diferente do português 3) na evolução fonética as palavras sofreram grande erosão 4) não há inteligibilidade do Pt para o Ccv De facto, não terei acrescentado grande coisa, até porque não conheço suficientemente a gramática e outras características do Ccv. No entanto, creio ter salientado o estatuto de verdadeira língua, uma língua de per se, ultrapassando a definição de que o Ccv é uma língua porque é diferente do Pt! Por favor quem souber mais, colabore. Apague o que escrevi e ponha melhor. Dê exemplos das diferenças entre: 1) badiu vs. Sampadjudu; 2) variedades entre si Façam um quadro com vocabulário fundamental, com a respectiva tradução (tal como nos artigos em inglês ou no artigo sobre S. Vicente) Descrevam e exemplifiquem as características e o comportamento morfo-sintáctico da língua: pronomes pessoais e possessivos; verbo – tempo e aspecto; negação; cópula; adjectivos verbais Questões fonéticas. Referir a situação de diglossia e suas consequências, como a descrioulização. Valerá realmente a pena haver nove artigos, um por cada ilha e respectiva variedade linguística (ou dialecto – os linguistas não estão de acordo quanto a este ponto)? Efectivamente, esses artigos repetem-se, exceptuando os dedicados a S. Vicente e Santiago – o que é de uma pobreza confrangedora (eu limitei-me a melhorar o texto e a copiá-lo para 7 páginas…) Aliás, com artigos tão diminutos é inútil haver um índice, não é? E, deixando para o fim algo de extremamente importante, a literatura – poesia e prosa –, a imprensa escrita, outros meios de comunicação social. Analógica 03:50, 11 Março 2007 (UTC)

Alterações[editar código-fonte]

Fiz as correcções sugeridas por Duarte e tornei o artigo mais completo conforme foi sugerido por Analógica. Demorei um mês para reunir a bibliografia necessária, e ainda estou à espera do resto que mandei vir de Cabo Verde, mas acho, humildemente, que valeu a pena, pois, havia muita asneira a circular por aí acerca do crioulo (consultar as versões anteriores a 17 de Março de 2007).

Ainda não acabei (faltam ainda pequenas formatações e actualizar alguma bibliografia), mas pelo menos já pus essas cinco páginas com informação que considero minimamente essencial:

Crioulo cabo-verdiano
Fonologia
Gramática
Sistema Verbal
Sistema de escrita

Assim que eu tiver tempo (é que eu trabalho, minha boa gente!) vou completar os artigos referentes a cada uma das nove variantes e sobre uma lista de Swadesh para palavras em crioulo.

Ten Islands 16:50, 17 Março 2007 (UTC)



Se vocês dizem que é uma língua só, porquê que existem páginas para cada um dos crioulos? E porquê que cada uma dessas páginas sobre os crioulos está formatada (quadro, número de falantes, classificação, etc.) como se fosse uma língua? Vocês, caboverdianos, julgam-se melhores que toda a gente?


Caro utilizador(a),
Sinceramente, eu não percebo o porquê da sua agressividade. Se é que eu percebi bem o funcionamento desta enciclopédia on-line, ela rege-se pelo princípio da verificabilidade e não da veracidade, ou seja, qualquer afirmação aqui feita não tem a pretensão de ser uma verdade absoluta, mas sim, poder citar qual(is) o(s) autor(es) de determinada afirmação. O que está escrito neste artigo é que «As autoridades linguísticas em Cabo Verde consideram o crioulo como uma língua única», e essa frase foi redigida depois de existir vários artigos sobre cada uma das variantes do crioulo.
Pessoalmente, como falante do crioulo como língua materna, eu vejo o crioulo como uma língua única, não é o facto de eu poder alternar entre uma variante e outra que faz de mim um «poliglota»… No entanto, pode haver quem não concorde comigo. Respeito isso. Mas se de facto, a maioria considerar que não se justifica que os artigos sobre cada uma das variantes esteja formatado como se fosse uma língua, lanço uma sugestão aos Wikipedistas para que façam as alterações necessárias.
Ten Islands 05:08, 23 Março 2007 (UTC)

Olá! Estive uns tempos ausente (há mundo para lá do globo da Wikipédia :-) mas gosto sempre de voltar e apreciar as melhorias.

Reparei que diglossia está agora com a nota "[carece de fontes]". Então tirei da prateleira o livro "Bilinguismo ou Diglossia?" de Dulce Almada Duarte, para o ir citar (embora não tenha sido eu a escrever sobre a diglossia neste artigo da Wikipédia). Mas depois verifiquei que o livro já está citado na Bibliografia.

Assim, a minha questão é: nestas circunstâncias, é necessário acrescentar, ainda assim, a nota "[carece de fontes]"?

Um abraço. Francisco, Xuaxo 15:45, 1 Abril 2007 (UTC)

Actualizado! Thanks!
Ten Islands 17:30, 1 Abril 2007 (UTC)

Mito # 1: o crioulo de Santiago é mais próximo do crioulo da Guiné-Bissau[editar código-fonte]

Em versões mais antigas desta página constava a afirmação que «o crioulo de Santiago é mais próximo do crioulo da Guiné-Bissau». Existem inclusive, por parte de alguns, afirmações que dizem que o crioulo de Santiago está mais próximo do crioulo da Guiné-Bissau do que está dos outros crioulos de Cabo Verde. Trata-se de um mito, e a bem da verdade acho pertinente, embora de um modo muito resumido, explicar porquê.

Existem uma série de características que, apesar de todas as suas especificidades, aproximam o crioulo de Santiago (CST), a todos os crioulos das outras ilhas de Cabo Verde. Em contrapartida o crioulo de Guiné-Bissau (CGB) tem algumas características que o tornam diferente de todos os crioulos de Cabo Verde, o que nos leva a deduzir que se trata de uma língua diferente. Isso vai de acordo com as ideias de António Carreira (O crioulo de Cabo Verde – Surto e expansão, 1982), que diz que os crioulos de Cabo Verde e Guiné-Bissau descendem de uma base comum, mas que separaram-se antes de o crioulo de Cabo Verde ter divergido nas diferentes formas faladas em cada ilha.

1 – A nível da estrutura existem as seguintes diferenças:

- para a perífrase durativa do presente, o CST utiliza a forma sâ tâ enquanto que o CGB utiliza ; por ex., para dizer «eu estou a escrever» (ou «eu estou escrevendo») o CST diz m’ sâ tâ scrêbi enquanto que o CGB diz m’ ná scríbi;
- para o passado, a partícula ba está ligada ao verbo no CST enquanto que no CGB está separada do verbo: nú tâ screbêba em CST, nô tá scríbi bá em CGB (nós escrevíamos); isso torna-se mais claro quando o verbo é conjugado com um pronome: nú tâ screbêba-el em CST, nô tá scribí-’l bá em CGB (nós escrevíamo-lo);
- no CST, o «s» do plural é posto na 1.ª categoria gramatical: nhâs fídju (meus filhos), sís cása (suas casas); no CGB o «s» do plural é posto na substantivo: nhá fídjus (meus filhos), sê cássas (suas casas);
- o CST distingue entre pronomes pessoais átonos e pronomes pessoais tónicos: nôs, nú stâ lí (nós, nós estamos aqui); no CGB não existe essa distinção;

2 – A nível da fonética existem as seguintes diferenças:

- o CST distingue entre vogais abertas e fechadas: o «e» da palavra cadêra [e], é diferente do «e» da palavra péli [ɛ], o «o» da palavra lôça [o] é diferente do «o» da palavra óbu [ɔ], o 1.º «a» da palavra cása [a] é diferente do 2.º «a» [ɐ]; o CGB não distingue vogais abertas de fechadas: o «e» da palavra cadêra [e], é igual ao «e» da palavra pêli, o «o» da palavra lôça [o] é igual ao «o» da palavra ôbu, o 1.º «a» da palavra cássa [a] é igual ao 2.º «a»;
- existe um fenómeno chamado metafonia, que consiste na mudança do timbre da vogal tónica por influência da vogal final; no CST o «a» final provoca a abertura dos «e» e dos «o» tónicos: mésa (com «é» aberto quando em português é «ê» fechado), bóca (com «ó» aberto quando em português é «ô» fechado); - no CGB também existe metafonia, mas num contexto completamente diferente, os «e» e os «o» tónicos mudam para «i» e «u» respectivamente quando a palavra termina em «i», «u» ou consoante: líti (leite), pítu (peito), mís (mês), cúrpu (corpo), cúri (correr), dur (dor); comparar estas seis últimas palavras com CST lêti, pêtu, mês, côrpu, córri, dôr;
- no CGB não existem fricativas palatais, são substituídas por «s» ou «dj»: pís (peixe), aôs (hoje), rándja (arranjar);

3 – A nível do vocabulário existem as seguintes diferenças:

- existem palavras que têm formas diferentes: mâi em CST, mamê em CGB (mãe); nhôs em CST, bôs em CGB (vocês); pâi em CST, papê em CGB (pai); pâpia em CST, fála em CGB (falar); trabádja em CST, tárbadja em CGB (trabalhar), trazê-’s em CST, tíssi êlis em CGB (trazê-los);
- existem palavras que, aparentemente são iguais, mas têm significados diferentes: mêsti em CST significa «precisar», místi em CGB significa «querer»; ríba em CST significa «em cima», ríba em CGB significa «voltar»; tabánca em CST é uma festa popular, tabánca em CGB significa «aldeia»;
- existem palavras do CGB que são completamente desconhecidas no CST: dídu, djumbái, mándjua, náli, pátchari, etc.; em contrapartida existem palavras do CST que se referem a realidades tipicamente cabo-verdianas: camóca, fúrna, morábi, trapítchi, etc.

Tudo o que foi dito anteriormente em relação ao CST é basicamente comum a todos os crioulos de Cabo Verde. Então qual é a origem desse mito?

1 - Existem algumas semelhanças fonéticas que fazem com que, aparentemente, o CST se assemelhe ao CGB:

- no CST os verbos são acentuados na penúltima sílaba, no CGB os verbos são acentuados na primeira sílaba; quando se trata de verbos com duas sílabas existe uma coincidência: cánta no CST, cánta no CGB (cantar); quando se trata de verbos com mais de duas sílabas já se nota a diferença: discánsa no CST, díscansa no CGB (descansar);
- no CGB não existem sibilantes sonoras ([z] ou [ʒ]); alguns falantes do CST pronunciam as sibilantes sonoras como surdas: cássa em vez de cása (casa), ôxi em vez de ôji (hoje), mas essa pronúncia não é generalizada, só alguns falantes é que a praticam;
- no CGB não existe distinção entre os sons [ɾ] e [r]; cáru (caro) e cáru (carro) são pronunciados da mesma maneira; alguns falantes do CST não fazem a distinção entre [ɾ] e [r], mas novamente, essa pronúncia não é generalizada, só alguns falantes é que a praticam;

2 – Qualquer cabo-verdiano sabe que a primeira ilha a ser povoada foi Santiago. A partir daí criou-se a ideia (incorrecta) que «tudo o que é mais africano está em Santiago» e/ou que «tudo o que está em Santiago é mais africano». Para além do mais, muitas fontes citam que «Cabo Verde foi povoado com escravos da Guiné». Algumas pessoas não notam que «Guiné» se refere à costa africana da Guiné, e não a Guiné-Bissau.

3 – Falantes do CGB afirmam que têm melhor compreensão do CST do que dos crioulos das outras ilhas. Na nossa interpretação, isso é facilmente explicável pelo facto de 50% dos cabo-verdianos falarem o CST, o que leva a deduzir que é mais provável um falante estrangeiro ter o seu primeiro contacto com o crioulo de Cabo Verde no CST.

Depois de tudo o que foi exposto, só podemos chegar a uma conclusão: o crioulo de Santiago é inegavelmente um crioulo de Cabo Verde, e está tão afastado do crioulo da Guiné-Bissau, assim como qualquer crioulo das outras ilhas está afastado do crioulo da Guiné-Bissau, e afirmações que tentam à força aproximar o crioulo de Santiago ao crioulo da Guiné-Bissau têm pouco fundamento. Dizer que «o crioulo de Santiago está mais próximo do crioulo da Guiné-Bissau» apenas por causa de coincidências fonéticas seria o mesmo que dizer que «o português dos Açores está mais próximo do francês» por causa do modo como os açorianos pronunciam «pouco» e «tudo», ou que «o português caipira está mais próximo do inglês» por causa do modo como o «r» é pronunciado…!!!

C. A. Duarte

Mito # 2: o crioulo de Barlavento é mais próximo do português[editar código-fonte]

Um segundo mito largamente divulgado acerca do crioulo é que «os crioulos de Barlavento estão mais próximos do português». Também, a bem da verdade, tenciono explicar porquê que tais afirmações não são fundamentadas.

Primeiro, não conheço nenhum «estudo» que «prove que os crioulos de Barlavento mantiveram uma relação mais estreita com o português». Pelo contrário, todas as obras que eu pude consultar mostram que todas as variedades do crioulo de Cabo Verde evoluíram da mesma base.

Algumas pessoas se esquecem que o contributo da língua portuguesa no crioulo é o português do século XV, e não o português contemporâneo.

Por fim, algumas pessoas ao tentar procurar semelhanças entre os crioulos de Barlavento e o português, tomam como modelo o português europeu, e se esquecem que certas características do português europeu começaram a surgir a partir do século XVII, ou seja, depois do início da formação do crioulo.

Então qual é a origem desse mito?

1 – As vogais átonas [i] e [u] desaparecem frequentemente nos crioulos de Barlavento. Essa ausência de som pode ser facilmente confundida com a vogal [ɨ] do português europeu contemporâneo, que é pronunciada quase surda (êss’ [es] pode ser confundido com o português «esse» [ˈesɨ], fôm’ [fom] pode ser confundido com o português «fome» [ˈfɔmɨ]). No entanto, essa ausência de som não tem nenhuma relação com a vogal escrita «e» em português (ver Mito #3).

2 – Enquanto que nos crioulos de Sotavento o som [v] do português está quase totalmente representado por [b] (bendê «vender»), em Barlavento está parcialmente representado por [v] (vendê). Trata-se de um fenómeno de ultracorrecção, ou seja, os falantes de crioulo ao serem confrontados com as formas do português com [v], «corrigiram» as formas do crioulo substituindo o [b] por [v]. A prova desse fenómeno de ultracorrecção é a existência de palavras em que o [b] foi substituído por [v], até quando em português nunca existiu [v]! (por ex.: gavá «gabar» em Santo Antão)

3 – Por falar em Santo Antão, o crioulo de Santo Antão (e por arrastão, o de São Vicente) sempre foi mais permeável a ultracorrecções. Isso pode ser verificado na substituição de palavras do crioulo por outras importadas do português. Por exemplo, dzê e falá substituíram flâ e papiâ («dizer» e «falar», respectivamente).

4 – Muitas pessoas identificam os crioulos de Barlavento com o crioulo de São Vicente. Não têm consciência que existem pequenas diferenças no seio de todos os crioulos de Barlavento, e que os crioulos de Santo Antão e São Vicente possuem características únicas que os afastam dos outros crioulos. Uma dessas características é algo que já mencionei, que é o modo como os sons [s] e [z] implosivos são pronunciados, que de facto são pronunciados como no português europeu contemporâneo ([ʃ] e [ʒ]), mas diferentemente dos outros crioulos, e sobretudo, diferentemente de como era pronunciado em português no século XV!

5 – É frequente os falantes com escolaridade intrometerem palavras ou até construções do português ao falar crioulo. Trata-se de um fenómeno de descrioulização, mas isso se manifesta em todos os crioulos, não existe nenhuma prova que esse fenómeno é mais forte nos crioulos de Barlavento.

Posto tudo isto, se todos os crioulos descendem de uma base comum que surgiu no século XV, como é possível os crioulos de Barlavento «terem mantido uma relação mais estreita» com o português europeu falado hoje? Trata-se de uma afirmação sem fundamento. A combinação de todos os fenómenos citados anteriormente pode ser interpretada como intromissões do português no crioulo, isto é, intromissão de uma língua estrangeira. No entanto, intromissão não significa relação mais estreita. O português do Brasil tem muitas palavras tiradas do inglês (checar, time, etc.), mas nem por isso está mais próximo do inglês! A língua portuguesa tem muitas palavras de origem árabe (alface, javali, etc.), mas nem por isso está mais próxima do árabe!

C. A. Duarte

Mito #3: nos crioulos de Barlavento o «o» é «e»[editar código-fonte]

Primeiro, nota-se aqui uma grande confusão. As pessoas que costumam afirmar a frase acima estão a confundir a escrita com a pronúncia. O que provavelmente pretendem dizer é que «o som [u] do português europeu (frequentemente escrito «o» quando é átono) é pronunciado [ɨ] (escrito «e» no português europeu)».

Segundo, trata-se de uma interpretação errada. O som [ɨ] (como o «e» da palavra «levar» no português europeu) não existe em crioulo. A palavra dôç’ (doce) nos crioulos de Barlavento (CBV) é pronunciada [dos] (uma sílaba); a palavra cabêl’ (cabelo) é pronunciada [kɐˈbel] (duas sílabas).

Terceiro, o que realmente desaparece nos CBV são os sons [i] e [u] átonos, e não as letras «e» e «o»:

1 – Em palavras do português (PT) que continham [i] e [u] átonos, esses sons desaparecem nos CBV:
PT: braço, de, pele, pisado, sinal, arrumar;
CBV: bróç, d, pêl, psód, snál, r;
Não esquecer que a letra «e» no fim de palavra era pronunciada no século XV como [i] (como ainda hoje é pronunciado no Brasil).
2 – Palavras do PT que continham os sons [e] e [o] átonos geralmente mantêm os sons [e] e [o] nos CBV:
PT: bocado, correr, gemada, meter, morada, pesado;
CBV: bocód’, corrê, gemáda, me, moráda, pesód’;
3 – Os casos em que os sons [e] e [o] do PT desaparecem nos CBV são casos em que esses sons foram modificados para [i] e [u] em todos os crioulos:
PT: comadre, comer, cozinha, deixar, menino, veludo;
CBV: cmádr’, c, czínha, d, mnín’, vlúd’;
Uma simples comparação com os crioulos de Sotavento (CSV) comprova isso:
CSV: cumádri, cu, cuzínha, di, minínu, vilúdu;

Então, de onde é que surgiu esse mito? Muitos falantes do CBV, ao falar português, não pronunciam os sons [i], [ɨ] e [u] átonos. De modo que, depois disso, fazem uma analogia inversa: identificam a ausência de som nos CBV com a escrita «e» do português. Por causa disso é frequente, na escrita dos CBV, as pessoas usarem a letra «e» para evitar o encontro de consoantes e/ou para evitar palavras terminadas em consoante:
PT: cachorro, crioulo, esse, amolgado, inocente, saudade:
CBV: catchorre, criole, esse, molgode, nocente, sodade;

Outra prova dessa grande confusão é a inconsistência na escrita por parte de alguns: tão depressa se encontra em CBV escrito esse ou criole como ess ou criol. Por vezes até se encontra escrito a letra «e» em casos em que nunca existiu vogal em PT (!): beloque [blok] «bloco», adevogode [ɐdvoˈɡɔd] «advogado».

C. A. Duarte

Gostaria que alguem me explicasse a origem do termo Sampadujudo!!Obrigado.


A única explicação que eu ouvi, em São Vicente, para sampadjudu ou sampadjud' é a que segue, embora me pareça uma explicação muito forçada.

Sampadjudos é o nome popularmente dado habitantes de São Vicente, segundo umas versões, e a todos os de Barlavento em geral, segundo outras. Mas segundo o Dicionário Caboverdiano Português On-Line, é mais:

Sampadjudu
adj. pej. originário do Fogo, de Brava, de São Vicente, refere todos os caboverdianos que não sejam de Santiago
sampadjudu di Fogu: habitante do Fogo (referido por um de Santiago)

Bem, a explicação que ouvi sobre a origem da palavra é que os habitantes de Santiago chamariam sampadjudu aos sanvicentinos (ou barlaventinos em geral) porque eles vinham com barcos cheios de palha para vender em Santiago (a ilha de São Vicente, tão seca, produziria pouco mais que palha). Palha em crioulo é padja, então sampdjudos seria qualquer coisa como "são palhudos" (os que vêm das outras ilhas); isto seria reforçado pela palavra "São" que faz parte do nome de várias ilhas e povoações (como São Filipe na ilha do Fogo).

Tenho algumas dúvidas sobre esta explicação, mas talvez os wikipedistas 100% cabo-verdianos, sejam badios ou sampadjudos, nos possam esclarecer. Francisco 18:01, 1 Maio 2007 (UTC)

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cv_ilidio@yahoo.com:

Embora ache que os termos badiu/sanpadjudu são para esquecer porque dividem-nos mais do que o contrário, venho ao encontro do solicitado. A mim me explicaram que nos tempos antigos os santiaguenses tinham aversão à dependência das autoridades coloniais, pelo que evitavam trabalhos públicos. Se orgulhavam do proverbial "N ka kria na roda di branku" graças à pujança da actividade agrícola nesta ilha... Perante a dificuldade de recrutar trabalhadores para trabalhos públicos, as autoridades faziam vir pessoal das ilhas. Os santiaguenses por vezes hostilizam os trabalhadores das ilhas. Então, as autoridades procuravam acalmar os ânimos dizendo aos santiaguenses: Vocês não querem trabalhar, são vadios. Deixem os das ilhas em paz, sempre ajudam a desenvolver Santiago! Assim, segundo essa teoria, de "vadios" e "sempre ajudam" resultaram badiu e sanpadjudu.

cv_ilidio@yahoo.com, na capital cabo-verdiana, 23 Novembro 2007, 17H15 GMT

Uma língua românica?[editar código-fonte]

Fiquei com a dúvida sobre se o crioulo pode ser considerado uma língua românica, a par do espanhol, catalão etc.. ou se deve ser antes chamada de neo-românica, ou se não o é de todo.. Booker.

Penso que não. As línguas românicas evoluiram a partir do latim, o que não é o caso do crioulo cabo-verdiano (e dos outros crioulos). A maior parte das classificações linguísticas mais recentes (por exemplo, a classificação de Ethnologue) classifica as línguas crioulas como uma família à parte. Portanto, assim como temos a família indo-europeia, a família sino-tibetana, a família Níger–Congo, etc., temos a família das línguas crioulas. Isso deve-se ao facto de, apesar de o vocabulário de um determinado crioulo vir sobretudo de uma língua, chamada língua lexificadora, a estrutura das línguas crioulas ser bastante diferente da língua lexificadora.
Se tiveres mais curiosidade sobre esse assunto, eu sugiro a leitura de «Crioulos de base portuguesa» da autoria de Dulce Pereira. Aí, a autora explica como é que os crioulos, mesmo que tenham uma base lexical diferente (português, inglês, francês, etc.) são mais próximos entre si do que da língua lexificadora. Por exemplo:
  • a gramática do inglês é similar à gramática do português, apesar de uma ser uma língua germânica e outra ser uma língua românica;
  • a gramática do crioulo cabo-verdiano é similar à gramática do crioulo haitiano, apesar de um ser um crioulo de base lexical portuguesa e outro ser um crioulo de base lexical francesa;
  • a gramática do crioulo cabo-verdiano é diferente da gramática do português, apesar de mais de 90% das palavras do crioulo serem originárias do português.
    Ten Islands 10h48min de 19 de Novembro de 2007 (UTC)

ALUPEC não foi bem aceite?[editar código-fonte]

cv_ilidio@yahoo.com:

Passadas várias semanas sobre a data do consenso sobre esta matéria (veja-se a discussão respeitante ao ALUPEC), sem que o Sr TENISLANDS alinhe esta parte ao consenso, achei por bem conformá-la. Agradecia que o Sr TENISLANDS faça a adaptação pertinente nas outras línguas.

cv_ilidio@yahoo.com, na capital cabo-verdiana, aos 22 Novembro 2007, pelas 13H02 GMT

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O Sr. cv_ilidio@yahoo.com não percebeu que a lista dos itens mostra razões porque o crioulo ainda não está normalizado, e não se o ALUPEC é usado por todos ou não. Qualquer assunto referente à dimensão do uso do ALUPEC já se encontra na página própria. Por favor, não reabra uma discussão que já foi encerrada. Não tem nem conteúdo enciclopédico, nem é elegante da sua parte. Ten Islands 04h55min de 23 de Novembro de 2007 (UTC)

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cv_ilidio@yahoo.com:

Infelizmente, o Sr TenIslands continua querendo influenciar num espaço público (Wikipédia) o meu futuro e o dos meus descendentes, como se fosse o escravocrata português em Cabo Verde há cerca de 150 anos, contra a vontade de muitos cidadãos cabo-verdianos e sem recurso a prova fiável. Conquistámos a independência a 05 Julho 1975 ! Ora, existe semelhança entre "o ALUPEC foi rejeitado" e "o ALUPEC não foi bem aceite" ! Assim, tudo o que se disse e se consensualizou quanto à sua infeliz afirmação "o ALUPEC foi rejeitado" aplica-se a esta não menos subjectiva e despropositada afirmação sua "o ALUPEC não foi bem aceite". Estamos no mesmo espaço: Wikipédia / em português / Cabo Verde / Língua Cabo-verdiana. Por conseguinte, por favor, reponha a frase consensual sobre o assunto em apreço – ALUPEC – e deixe de provocar discussões desnecessárias cujo desfecho já experimentámos.

cv_ilidio@yahoo.com, na capital cabo-verdiana, aos 23 Novembro 2007, pelas 11H10 GMT




Boa Tarde! Por favor gostaria que o senhor Tenislands me explicasse a diferença entre: «o alupec foi rejeitado» e « o alupec não foi bem aceite». Um cabo-verdiano preocupado, 6 de Dezembro de 2007, 18:06 GMT

da expressãp do Norte de Portugal "AMOR À BESSA" entretanto caída em desuso e que significava Muito amor, muito carinho, muita amizade ".

Alguém conhece melhor para a origem desta palavra crioula?? Guto2 22:51, 28 Janeiro 2008 (UTC)

Depois de ter recebido uma sugestão alheia, eu vinha aqui justificar o porquê da minha reversão na edição na página de discussão do artigo Cabo Verde.
Primeiro, eu sinto que a palavra morabeza estaria mais adequada numa página sobre o crioulo, que é mais específico, e não na página sobre Cabo Verde que é mais geral.
Segundo, não me parece que a palavra morabeza tenha algo a ver com a expressão «amor à bessa». Se eu não estiver em erro (corrijam-me se for o caso), a expressão «à bessa» é recente, é do Séc. XX. Depois, quem sabe do assunto é unânime em dizer que o substantivo morabeza deriva do adjectivo morabi, que significa, aproximadamente, «amorável». O sufixo ~eza em crioulo é bastante produtivo, e serve para formar palavras novas como minineza, tchefreza, nocenteza, bitcheza, etc. Ten Islands (discussão) 18h56min de 29 de Janeiro de 2008 (UTC)

vocábulos em desuso?[editar código-fonte]

O quadro abaixo, retirado do artigo, apresenta algumas incorreções, pois vários destes vocábulos ditos "antigos" ainda estão em uso corrente no Brasil, e quiçá também em Portugal:

O crioulo manteve alguns vocábulos que já caíram em desuso no português contemporâneo. Por ex.:

Palavra em crioulo Significado em português
limária «animal de pecuária»», do português antigo «alimária»
máncu «coxo», do português antigo «manco»
papiâ «falar», do português antigo «papear»
pintchâ «empurrar», do português antigo «pinchar»
pupâ «gritar», do português antigo «apupar»

Veja a frequência no Google em português das palavras manco, papear, pinchar e apupar. As duas primeiras são extremamente comuns no Brasil inteiro; as outras duas são usadas com menor frequência. São palavras usadas geralmente em linguagem informal. Capmo (discussão) 05h33min de 6 de fevereiro de 2009 (UTC)Responder

em Portugal manco é usado frequentemente em meios pouco escolarizados, especialmente nos rurais ( os "media" e a escola (de Lisboa) preferem coxo), sendo usado também na literatura. quanto a apupar para além de algum uso popular é usado sobretudo nos "media", sobretudo desportivos, ex: "o árbitro foi apupado pelo estádio após marcar penalti à equipa da casa", ou ex: " o ministro foi apupado pelos manifestantes". --Lfdneves 09h40min de 10 de fevereiro de 2009
Seja como for, não se pode dizer que sejam palavras do "português antigo". Capmo (discussão) 14h17min de 14 de fevereiro de 2009 (UTC)Responder
Penso que o termo em causa aqui é o "desuso". Provavelmente algo mais na linha do que em inglês se chamaria "non-mainstream" (falha-me um termo correspondente em português) seria mais apropriado. Acho que todos concordaremos que estes termos, embora não totalmente abandonados, são bastante menos frequentes no português corrente (quer em Portugal como no Brasil) do que o eram antigamente; enquanto em crioulo são as palavras mais frequentes, ou únicas, para os significados a que se referem. Por exemplo, "pinchar", cujo uso em português (pt ou br) é incontestavelmente menos frequente que "empurrar", enquanto que em crioulo é quase a única palavra usada para o termo. Assumo (mas posso estar errado) que a proporção do uso de "pinchar" em relação a "empurrar", no português, fosse maior antigamente, daí a esta tabela de comparação. --Waldir msg 14h55min de 14 de fevereiro de 2009 (UTC)Responder
Bom, fiz algumas alterações no texto do artigo antes de ler sua resposta aqui, veja se concorda. Capmo (discussão) 16h02min de 14 de fevereiro de 2009 (UTC)Responder
Acho que os termos não caíram completamente em desuso em Portugal -- pelo menos foi o que o Lfdneves disse (aproveito para acrescentar algo que me esqueci de mencionar na minha mensagem anterior: já ouvi vários colegas meus portugueses usarem o termo "pinchar", mas referindo-se a "pular", "saltar" -- não sei até que ponto isto pode ser relevante para o tema em discussão, ou se se trata de regionalismos cá do norte, etc). Creio que essa parte que diz que se mantiveram em uso apenas nas ex-colónias, merecia portanto ser reescrita. Noutra nota, não sou muito fã da sintaxe «termo», «definição», preferindo se calhar o formato «termo» («definição»). É tudo, penso eu. Não edito o artigo eu próprio porque, como já mencionei acima, não estou propriamente à vontade em relação aos aspectos linguísticos do crioulo (apesar deste ser a minha língua nativa). --Waldir msg 18h18min de 14 de fevereiro de 2009 (UTC)Responder
Obrigado para Capmo e Lfdneves pelas informações. Eu não fazia mínima ideia que os vocábulos “papear” e “pinchar” ainda estavam em uso. No entanto, isso não me espanta. Muitas vezes, nós (cabo-verdianos), estamos convencidos que tal ou tal palavra já não é usada em Portugal, e afinal, uma análise mais cuidada mostra que ainda é usada em alguma região remota de Portugal, ou então, em algum outro país lusófono. Encontrar uma palavra em crioulo, que deriva de uma palavra que de certeza absoluta já não é usada em português, vai ser difícil.
A alteração que eu proponho (e que vou efetuar logo de seguida) é a junção dos dois quadros da secção “vocabulário”. Assim, se por acaso se vier a descobrir que alguma palavra ainda está em uso, ela fica incluída num quadro mais neutral, qe inclui tanto palavras que já não estão em uso em português, assim como palavras que mudaram de significado ou mantiveram o significado antigo. Está neste caso a palavra “pintchâ”, que como Waldir notou, em crioulo significa exclusivamente “empurrar”, e não “pular” ou “saltar”.
Também, não sei se mudar “Significado em português” para “Origem do termo” é a resposta mais adequada. Primeiro porque toda a secção “Vocabulário” refere-se às origens dos termos. Depois, porque nem sempre o significado é igual a o que tem em português. Já falei do caso de “pintchâ”, mas também, “pupâ” em crioulo significa apenas “gritar com uma voz muito alta”, não significa “apupar” (vaiar, desprezar em voz alta) como em português.
O quê que acham?
Ten Islands (discussão) 11h12min de 15 de fevereiro de 2009 (UTC)Responder

Concordo! :) Acho que é uma boa solução de compromisso. --Waldir msg 14h32min de 15 de fevereiro de 2009 (UTC)Responder

Ok, ficou bom assim como foi feito; também passou pela minha cabeça unificar as tabelas. Capmo (discussão) 16h53min de 15 de fevereiro de 2009 (UTC)Responder

«Kabuverdianu»[editar código-fonte]

Peço desculpas, L'Astorina, mas tive de reverter a sua edição pelas seguintes razões:

  1. A fonte que você cita mostra o uso da palavra «kauberdianu» no título de uma obra. A sua fonte não diz que a palavra «kauberdianu» está em uso comum para designar a língua. Se essa mesma obra diz que a designação oficial da língua é «kauberdianu», a autora está, com todo o respeito, enganada.
  2. O nome «cabo-verdiano» ou «língua cabo-verdiana» (em português) e «kabuverdianu» ou «língua kabuverdianu» foi proposto por linguístas e políticos, mas ainda não foi incorporado no uso geral. Nós, cá em Cabo Verde, continuamos a chamar a língua simplesmente de «crioulo». Isso já está mencionado no texto.
  3. A palavra correta seria «kabuverdianu» nos crioulos de Brava, Fogo e Santiago, «kabuverdian'» no crioulo do Maio e «kab'verdian'» nos crioulos de Boa Vista, Sal, São Nicolau, São Vicente e Santo Antão. «Kauberdianu» representa uma possível realização fonética para o crioulo de Santiago (unicamente) onde, por vezes, o /b/ intervocálico desaparece.

Ten Islands (discussão) 15h55min de 9 de fevereiro de 2014 (UTC)Responder

Olá Ten Islands, obrigado pela explicação detalhada. Mas ainda acho que omitir informação não ajuda o artigo. Penso que seria melhor mencionar todos esses nomes, seguidos dos lugares onde usam, com referências. A minha referência usa este nome para designar a lingua e isso é tudo; se ela está errada de fato, acho válido contrapô-la com referências melhores. E em todo caso, se o nome é usado por linguistas e políticos, então é usado por alguém (no caso, uma fatia de pessoas importantes) e portanto merece ser citado. L'Astorina (discussão) 05h06min de 17 de fevereiro de 2014 (UTC)Responder