Discussão:Estética

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Último comentário: 24 de janeiro de 2010 de Amats no tópico Dúvida

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Acredito que o tema abordado seja de suma importância, façamos então um diálogo para melhor esclarecermos o assunto



ÍNDICE

I – Parte teórica 3 A Estética 5 Filosofia da Estética 6 Teoria do Belo 7 Idade Média e o Renascimento 8 Teoria do Gosto 11 Filosofia da Arte 11 Definições explicitas de “arte” – Teorias essencialistas 12 Teoria da Arte como Imitação 12 Teoria da Arte como Expressão 16 Teoria Formalista da Arte 21 Psicologia da Arte 23 3 Momentos Estéticos 23 A Contemplação 23 A Criação 26 A Interpretação 28 A Função Social da Estética 30 II – Parte prática 33 Ordem vs Desordem 36 Simetria vs Assimetria 37 Ambiguidades nas Emoções Estéticas 40


I

Parte Teórica



A ESTÉTICA


O trabalho que vimos apresentar hoje é sobre um conceito que não nos deixa indiferentes – A Estética – todos nós fazemos apreciações e juízos estéticos a todo o momento.

Mas afinal o que é a estética? Podemos começar por dizer, de uma forma simplificada, que a estética é uma disciplina tradicional da filosofia, que se ocupa dos problemas, teorias e argumentos acerca da arte.

Filosofia da Estética

Vamos então recuar um pouco no tempo. O Belo e a Beleza têm sida objecto de estudo ao longo de toda a História da filosofia. A estética enquanto disciplina filosófica, surgiu na Grécia antiga, como uma reflexão sobre as manifestações do belo natural e do belo artístico. O aparecimento desta reflexão sistemática é inseparável da vida cultural das cidades gregas, onde era atribuída uma enorme importância aos espaços públicos, ao livre debate de ideias, e aos poetas, arquitectos, dramaturgos e escultores era conferido um grande reconhecimento social.

Na História da estética podem distinguir-se de uma maneira geral 3 fases.

A estética começou por ser sobretudo uma teoria do belo, depois passou a ser entendida como teoria do gosto e hoje em dia é identificada como filosofia da arte.

Teoria do Belo

Para Platão: Enquanto teoria do belo a estética deparou-se com o problema “o que é o belo”, questão esta que foi formulada por Platão. Quando falamos da estética em Platão, temos que ter em mente que, para ele, era impossível desvincular o belo do mundo das ideias, ou seja, o belo existe num plano superior e não no mundo físico. Para Platão a arte limitava-se a ser uma cópia imperfeita da natureza e o belo transcendia o Homem. O belo é o bem, a verdade, a pura perfeição.

A visão de Aristóteles: Aristóteles apesar de seguir a doutrina platónica, vai mais longe na definição do belo. Aristóteles concebe arte como uma criação especificamente humana, acredita que o belo é inerente ao Homem. Todavia, separa a beleza da arte. Isto porque, muitas vezes o feio ou a fealdade, o estranho ou o surpreendente converte-se no principal objectivo da criação artística. O filósofo distingue então dois tipos de arte: 1º- A que possui uma utilidade prática, isto é, que completa o que falta na natureza; 2º- A que imita a natureza, mas que também pode abordar o que é impossível e irracional.

Aristóteles introduz, as regras da ordem, de grandeza, de simetria, de determinação e de unidade. Desta forma rompe-se a teoria platónica de que a beleza é algo que nos transcende.

Idade Media e Renascimento

Durante a Idade média, o cristianismo, difundiu uma concepção de beleza que se fundamentava na identificação de Deus com a beleza, o bem e a verdade. Podemos destacar 2 dos mais importantes nomes de seguidores desta ideia: Santo Agostinho e S. Tomás de Aquino.

Santo Agostinho: concebia a beleza como a harmonia do todo, ou seja, com unidade, numero, igualdade, proporção e ordem. A beleza do mundo não era mais do que o reflexo da suprema beleza de Deus, onde tudo emana. A partir da beleza das coisas poderíamos chegar à beleza suprema.

S. Tomás de Aquino: Identificava a beleza com o Bem. As coisas belas deveriam de possuir 3 características: perfeição, harmonia e luminosidade.

No Renascimento os artistas adquirem a dimensão de verdadeiros criadores e começa-se a desenvolver uma concepção elitista da obra de arte. Entre as novas ideias estéticas que então se desenvolvem podemos destacar as seguintes:

1º- Relativismo estético; 2º- A beleza ligada à simbologia geométrica e aos números, inspirada no pitagorismo e neoplatonismo; 3º- Estabeleceram-se normas e regras fixas para a produção e apreciação de arte.

Na segunda metade do séc. XVIII, a sociedade europeia atravessa uma profunda convulsão. O começo da revolução industrial, a guerra da independência Americana e a revolução Francesa, criaram um clima propício ao aparecimento de novas ideias. O Neoclassicismo foi o principal movimento artístico deste período, inspirado na Grécia antiga e Roma. A arte neoclássica foi usada de forma propagandística durante a revolução Francesa e no Império napoleónico. É neste contexto que o conceito de estética passa a se entendido como teoria do gosto.

Teoria do Gosto

Para os filósofos do séc. XVIII é no campo do subjectivismo que encontramos resposta para o problema do belo. A estética transformou-se então em teoria do gosto, pois o que é belo para uns pode não significar nada para outros, o problema central passou então a ser o de saber “como justificamos os nossos gostos?” São muitos os seguidores desta teoria dos quais podemos destacar: - Kant - Descartes - Leibniz - Burke

Mas vamo-nos centrar em Kant, além da sua importância como filósofo, na questão específica da estética, este foi um grande pensador.

Emanuel Kant: Filósofo prussiano, considerado como o último grande filosofo do inicio da era moderna. Kant é famoso sobretudo pela sua concepção conhecida como idealismo transcendental, ou seja, todos nós trazemos normas e conceitos à priori para a experiência do mundo, os quais seriam de outra forma, impossíveis de determinar. A filosofia da natureza humana de Kant é historicamente uma das mais determinantes fontes do relativismo conceptual que dominou a vida intelectual do séc. XX. Para Kant os nossos juízos estéticos têm um fundamento subjectivo, dado que não se podem apoiar em conceitos determinados. O critério de beleza que neles se exprime é o do prazer. Apesar de subjectivo, o juízo estético, aspira à universalidade.

Filosofia da Arte

Finalmente, nos últimos 2 séculos, ocorreram importantes mudanças no entendimento da própria arte, em resultado de múltiplos factores, nomeadamente: 1º- Integração no domínio da arte de novas manifestações criativas, que permitiu esbater as fronteiras entre arte erudita e arte para grandes massas; 2º- Todos os conceitos são contestados e todas as fronteiras entre artes são postas em causa. Assiste-se à des-sacralização da arte, tornando-se frequentemente um mero produto de consumo; 3º- Apareceram inúmeras teorias que defendem novos critérios de apreciação de arte.

A estética passou a ser então identificada como filosofia da arte e passou a enfrentar problemas como “o que é a arte?” – sentido classificativo e “qual o valor da arte?” – sentido valorativo. Isto é, quando classificamos determinada obra como arte, não temos em conta se ela é boa ou má, se gostamos ou não, apenas pretendemos dizer que ela cabe na extensão do conceito de arte. Por exemplo quando olhamos para um quadro e dizemos que é arte, não estamos a dar valor, apenas a classificar. Mas se por exemplo olharmos para o mesmo quadro e dizemos “que bela pintura”, aqui sim estamos a avaliar determinada obra de arte como obra de arte boa.

Passamos agora para as definições de arte. Existem 2 tipos de definições: a) definições implícitas b) definições explicitas

As definições implícitas são definições que estão subentendidas no próprio conceito, que mais facilmente se definem com actos do que com palavras. Mas muitas das nossas definições implícitas deixam-nos insatisfeitos. Precisamos de saber mais acerca dos conceitos definidos. Algo que seja relevante para a compreensão do conceito e que nos informe acerca das propriedades mais importantes dos objectos que fazem parte da sua extensão.

Para satisfazer este desejo, recorremos às definições explícitas.

Definições explicitas de “arte” Teorias essencialistas

Antes de mais teorias essencialistas, são teorias que defendem que existem propriedades comuns a todas as obras de arte e que só nas obras de arte se encontram.

Teoria da Arte como Imitação

Esta é uma das mais antigas teorias da arte. Segundo esta teoria:

Uma obra é arte se, e só se, é produzida pelo Homem e imita algo.

A característica própria desta teoria não reside no facto de defender que uma obra de arte tem de ser produzida pelo Homem, o que é comum a outras teorias, mas na ideia de que para ser arte tem de imitar algo. Esta teoria tem a seu favor os seguintes argumentos:

1º - Adequa-se ao facto incontestável de muitas pinturas, esculturas e outras obras de arte, como peças de teatro ou filmes imitarem algo na natureza: paisagens, pessoas, objectos, acontecimentos, etc; 2º - Oferece um critério de classificação de obras de arte bastante rigoroso, o que nos permite, aparentemente distinguir com facilidade o que é e o que não é arte; 3º- O seu critério de valoração das obras de arte permite-nos distinguir facilmente as boas das más obras de arte, isto é, uma obra seria boa quanto mais aproximada estivesse da realidade.

Ao pensarmos nestes argumentos apercebemo-nos facilmente que em 1º lugar, apesar de muitas obras de arte imitarem algo, são inúmeras aquelas que não o fazem. Tanto na pintura como na escultura abstractas ou em outras artes visuais não figurativas, encontramos obras que não imitam nada. Mais notório é na música e na literatura, por exemplo. Em relação à música é até bastante improvável que haja alguma obra musical que imite seja o que for, pode até evocar ou ilustrar com sons, mas isto não é o mesmo que imitar. Ficamos, deste modo, com uma teoria que não responde aos requisitos anteriormente expostos acerca do que deve ser uma definição explícita, pois defende que uma condição necessária para algo ser arte é imitar, e isso não acontece com todas as obras de arte. Em 2º lugar e pelo mesmo motivo que acabei de apresentar o critério de classificação de arte proposto por esta teoria deixa-nos insatisfeitos ao verificar-mos que existem obras que deixariam de ser classificadas como tal. Finalmente em 3º lugar, apesar de ficarmos muitas vezes impressionados com a perfeição representativa de algumas obras, o seu critério valorativo falha porque muitas outras obras de arte não poderiam ser consideradas boas nem más, já que não imitam nada. Mas falha também, por haver obras que imitam algo sem que nos encontremos alguma vez em condições de saber se a imitação é boa ou má. Obras de arte que imitam algo que já não existe ou que não é do conhecimento de quem as aprecia. Por exemplo, como podemos saber se “A Escola de Atenas”, de Rafael, reproduz com perfeição as figuras de Platão e Aristóteles ou o ambiente da academia?

Se seguíssemos esta teoria, Picasso seria, com certeza, um artista menor e teríamos que reconhecer que a fotografia é a mais perfeita das artes. Vemos, assim, que também em relação ao critério valorativo esta teoria esta longe de corresponder ao seu objectivo.

Teoria da Arte como Expressão

Insatisfeitos com a teoria da arte como imitação, muitos filósofos e artistas românticos do séc. XIX propuseram uma definição de arte que procurava libertar-se das limitações da teoria anterior, ao mesmo tempo que deslocava para o artista, ou criador, a chave da compreensão da arte. Trata-se da teoria da arte como expressão. Teoria que, ainda hoje, uma enorme quantidade de pessoas aceita sem questionar. Segundo a teoria da expressão: Uma obra é arte se, e só se, exprime sentimentos e emoções do artista.

Vamos então ver os pontos a favor dela:

1º- São muitos os testemunhos de artistas que reconhecem a importância de emoções sem as quais as suas obras não teriam certamente existido. Mais do que isso, se é verdade que a arte provoca em nós determinadas emoções, então é porque tais emoções existiram no seu criador e deram origem a tais obras; 2º- Também nos oferece, como a teoria anterior, um critério que permite, com rigor, classificar objectos como obras de arte. Com a vantagem de se poder classificar também aqueles que não imitam nada; 3º- Oferece um critério valorativo, uma obra é tanto melhor quanto melhor conseguir exprimir os sentimentos do artista que a criou.

Uma teoria como esta manifesta-se frequentemente em juízos como: “ o escritor desta obra conseguiu transmitir os seus próprios traumas e obsessões” ou “este quadro transmite-nos a paixão do pintor”.

Mas também esta é uma teoria que nos deixa insatisfeitos. Desde logo, pode ser refutada, porque há obras que podem não transmitir emoção. Por exemplo quando olhamos para a maioria dos quadros abstractos de Mondrian, pintor holandês, é-nos difícil encontrar a emoção do artista.

Outro exemplo, é o do compositor Richard Strauss que afirmava que as suas obras eram fruto de um trabalho paciente e minucioso no sentido de aperfeiçoar, eliminando desse modo os defeitos inerentes a qualquer produto emocional. Além disso, mesmo que uma obra de arte provoque certas emoções em nós, não se pode concluir que essas mesmas emoções tenham existido no autor.


Em relação ao critério de classificação temos os mesmos problemas do que com a teoria como imitação, a diferença é que neste caso uma maior quantidade de obras pode ser classificada como arte, mas continua a não abranger todas elas. Sobre o critério de valoração aqui também existem muitas obras que não podem ser consideradas boas nem más. Como podemos nós saber se uma determinada obra exprime correctamente os sentimentos e emoções do artista, quando este já morreu há séculos? Na tentativa de apurar até que ponto uma obra de arte é boa, muitos estudiosos defensores desta teoria fizeram uma pesquisa biográfica de diferentes autores para compreender os sentimentos que deram origem as suas obras. Alguns deles, como o pai da psicanálise, Sigmund Freud, aventuraram-se a sondar as profundezas da psicologia do artista. Freud foi ao ponto de o fazer com um artista que já havia morrido, este estudo pode ser visto no livro “uma recordação de Infância de Leonardo da Vinci. Mas e as obras de autores anónimos ou desconhecidos? Não são boas nem más? E como avaliar uma obra de arte colectiva ou a interpretação de uma obra musical? Todas estas perguntas são demasiado difíceis para a teoria da expressão.

Teoria Formalista da Arte

Verificando que a diversidade de obras de arte é bem maior do que as teorias da imitação e da expressão fariam supor, uma teoria mais elaborada e também mais recente, conhecida como teoria da forma significante ou teoria formalista, decidiu-se abandonar a ideia de que existe uma característica comum que possa ser encontrada em todas as obras de arte. Esta teoria defendida, entre outros pelo filósofo Clive Bell, considera que não se deve começar por procurar aquilo que define uma obra de arte na própria obra, mas sim no sujeito que a aprecia. Isto não significa que não haja uma característica comum a todas as obras, mas que podemos identificá-la apenas por intermédio de um tipo de emoção peculiar, a que chama emoção estética, que elas e só elas, provocam em nós. De acordo com a teoria formalista de Clive Bell:

Uma obra é arte se, e só se, provoca nas pessoas emoções estéticas.

Segundo esta teoria, as obras de arte provocam emoções o que é bem diferente da teoria anterior que dizia que as obras exprimiam emoções do artista. A teoria formalista centra as atenções em quem aprecia as obras e nos seus sentimentos. Tendo em conta a definição dada, reparamos que a característica de provocar emoções estéticas constitui, simultaneamente, a condição necessária e suficiente para que um objecto seja uma obra de arte. Mas se essa emoção peculiar chamada “emoção estética” é provocada pelas obras de arte, e só por elas, então tem de haver alguma propriedade também ela peculiar a todas as obras de arte, que seja capaz de provocar tal emoção nas pessoas. Segundo Clive Bell essa característica é a forma significante.

Esta teoria tem uma grande vantagem: pode incluir todo o tipo de obras de arte, desde que estas provoquem emoções estéticas, ficando assim ultrapassadas as restrições que as outras teorias apresentavam.

Mas mesma sendo abrangente esta teoria apresenta muitos problemas. Em primeiro lugar, sabemos que existem pessoas que não sentem qualquer tipo de emoção perante certas obras, que não podem por este motivo deixar de ser consideradas arte. Uma outra dificuldade que esta teoria apresenta é a de conseguir explicar em que consiste realmente a tal “forma significante”, responsável pelas emoções que sentimos. Clive Bell, referindo-se apenas ao caso da pintura, diz que a forma significante reside numa determinada combinação de linhas e cores, mas não a refere especificamente. A ideia que fica é que a forma significante não serve para identificar nada, e mesmo que na pintura seja a combinação de cores e linhas nas restantes formas de arte teria obrigatoriamente de ser outra coisa, e então não temos uma propriedade comum, mas várias propriedades. È certo que diferentes propriedades podem provocar o mesmo tipo de emoção nas pessoas, mas dar-lhes o nome de forma significante é muitíssimo vago.

Podemos concluir que nenhuma destas teorias responde de forma satisfatória à pergunta “o que é arte?”. Alguns filósofos optaram então por teorias não essencialistas e outros decidiram simplesmente abandonar a ideia de que a arte pode ser definida.

Psicologia da Arte

Vimos até aqui que é difícil conhecer a arte por métodos objectivos. Entrando agora na psicologia da arte podemos dirigir a nossa atenção para a sensibilidade estética.

3 “Momentos Estéticos” Contemplação, Criação e Interpretação

“O carácter estético de um objectivo não é uma qualidade desse objecto, mas uma actividade do nosso eu, uma atitude que assumimos em face do objecto”. Esta ideia Kantiana foi formulada por Victor Basch. Os objectos de arte ou obras de arte são tão diversos como por exemplo gravuras, poemas, pinturas, que não se podem estudar na sua unidade. Só o conhecimento do espírito, da consciência estética face à obra, permite atingir a universalidade necessária.

A Contemplação

Existem sons que nos agradam, paisagens que nos prendem o olhar, livros que nos fascinam... A estas impressões convencionou-se chamar de “sentimentos estéticos”. Cada um de nós sente o seu prazer estético onde o encontra, devido ao gosto de cada um.

Mas a contemplação não é exclusiva do receptor, o artista contempla a obra antes sequer de a criar. O artista começa por observar, por idealizar, antes de conceber, então ele é o primeiro a contemplar a sua obra. A contemplação é universal, não tem barreiras, todos podem pratica-la, os criadores, os intelectuais, os entendidos, os primitivos, os sensíveis, os mais velhos, as crianças...

Aqui não importa se se está perante um quadro de Paula Rêgo ou do último sucesso de uma qualquer banda saída de uma novela da TVI, pois a qualidade não tem nada haver com o sentimento artístico. Ao admitir-mos todos os gostos, todas as experiências, vindos de um esteta ou de um selvagem, estamos somente a reconhecer um denominador comum: o prazer artístico que sentem. O filósofo Victor Basch dá-nos então 2 aspectos da atitude estética: 1º- A contemplação, de base intelectual. 2º- O sentimento artístico, de fundo afectivo.

Tendo por base a subjectividade estética, podemos dizer que existem 3 maneiras de reagir face à arte, ou seja, de ter uma consciência da arte: 1º- O objecto apenas provoca indiferença ou um simples agrado; 2º- O objecto provoca um prazer real mas extremamente subjectivo, um prazer que depende do nosso capricho, da nossa disposição e predisposição. Já nos aconteceu a todos, algo que num dia nos parece perfeito e que no outro não nos faz sentido.

Por exemplo podemos adorar hoje uma música e passadas algumas semanas, a mesma nos parecer insípida. Ou ver-mos a mesma escultura enumeras vezes e só depois de muito tempo ela nos parecer verdadeiramente admirável; Finalmente em: 3º- Podemos, ao contemplar um objecto, sentir uma alegria interior, que se nos oferece na arte, como êxtase.

Concluindo: Quando, por exemplo, ouvimos uma música: ou ela nos é indiferente e não sentimos nenhuma emoção, nenhum prazer estético, ou essa música nos agrada e o nosso estado de frieza muda num júbilo, tanto maior quanto mais atenta for a nossa contemplação. Ou, ainda, o nosso entusiasmo é tão grande que nos exalta até ao ponto de sentir-mos uma alegria que nos faz superar todos os sentimentos possíveis, mesmo uma dor profunda. Essa alegria é a mais pura das consolações, pois a arte é consoladora ou não é arte.

A Criação

O Homem não se limita a contemplar, também cria, procura não só expressar as suas emoções, como fá-lo, de forma a que outros as possam experimentar quando as contemplam. Esta predisposição para produzir, criar, mas também para valorizar em termos emotivos os objectos e as situações, constitui o que se designa por atitude estética.

A Inspiração:

  • Lamartine: escritor, poeta e político Francês dizia “nunca penso, as minhas ideias pensam por mim”.
  • Tartini: teria composto a sonata ao diabo enquanto dormia.
  • Poul Valéry: no seu livro Introdução à metodologia de Leonardo da Vinci tem a celebre observação “os Deuses graciosamente fazem-nos dom de um primeiro verso mas, mas cabe-nos a nós forjar o segundo”.
  • Já para Nietzsche: “ a imaginação do bom artista produz constantemente o bom, o medíocre e o mau. Mas o seu juízo extremamente acerado, escolhe, rejeita e combina.”

Se os filósofos e os cientistas gostam de reflectir, os artistas têm a necessidade de sentir. Para se produzir uma obra tem que se sentir profundamente e com clareza.

As formas de trabalho para um artista são várias, podemos pensar que Mozart pensava e estruturava o seu trabalho andando de um lado para o outro, dando largos passos; Boudelaire e Verlaine, utilizavam drogas; Schiller, banhava os pés em água gelada.

Apesar de todos eles apresentarem diferentes formas de criação podemos, recorrendo a Henri Delacroix, distinguir 9 factores de criação:

9 Factores de Henri Delacroix 3 Caracteres gerais: originalidade; espontaneidade; produtividade. 3 Condições primordiais: o interesse, por aquilo que se faz; a imaginação criadora; a secundariedade. 3 Formas de produção: efectuação repentina; cogitação inconsciente ou semiconsciente; produção reflectida.

A Interpretação

Foi há pouco tempo que a estética decidiu ver um “momento estético” na interpretação ou execução da obra. Podemos reconhecer com facilidade que um interprete também contempla, mas não será ao mesmo tempo um criador, na medida em que repensa a obra? Como é que a sua psicologia pode trazer um elemento novo ao conhecimento da consciência estética? Só poderíamos pensar que um actor, um cantor, um realizador, um violinista, não poderiam trazer nada à psicologia da arte se pensarmos neles enquanto simples máquinas. É obvio que nem todas as interpretações transmitem Prazer, isto acontece quando quem interpreta está seco, vazio de emoção.

Quando assistimos por exemplo a uma peça de teatro de Moliere e sentimos a alegria, o prazer estético, esse sentimento não nos chega só pelo texto mas também pela representação ou interpretação dos actores e por todos os outros intérpretes desde a maquilhadora ao encenador. E nós, enquanto publico, enquanto espectadores, também participamos e por vezes interpretamos. Vejamos, existem 2 tipos de publico: • o contemplador passivo • o contemplador activo ou participante Ao assistir-mos por exemplo a um filme, muitas vezes esquece-mos a nossa existência pessoal e vivemos os sentimentos das personagens. Sorrimos quando eles sorriem, angustiamo-nos com determinada cena e até sentimos o impulso de tentar ajudar perante uma situação complicada. Nesse momento estamos a ser contempladores participantes e vivemos no mundo activo do “jogo”. O contemplador passivo é racionalista, secundário, formalista e objectivo, consegue sentir os sentimentos das personagens mas não perde a consciência do “eu” e aquilo que sente é apenas um sentimento estético. Podemos dizer que o sentimento comum aos 3 “momentos estéticos”, a contemplação, a criação e a interpretação, é a tal alegria.

Poderíamos ainda pensar, mas se estivermos perante um filme triste ou de uma música melancólica, será que essa alegria continua presente? Claro que sim, uma verdadeira obra musical, como um Requiem de Mozart, transmite-nos beleza e sentimo-nos extasiados, mesmo que ela seja plena de dor e de pesar.

A Função Social da Estética

A função social da estética ocupa uma posição importante na vida do indivíduo e da sociedade. Qualquer objecto ou qualquer acção, seja um processo natural ou uma actividade humana, podem chegar a ser portadores da função estética, não precisando por isso ser Arte. Todos nós conhecemos pessoas para quem tudo adquire função estética e outras para quem essa função existe apenas em mínima medida. Sabemos também que os limites que separam o estético do extra-estético, dependente do grau de percepção estética, variam de pessoa para pessoa por exemplo com a idade e mesmo com o estado momentâneo de espírito. Mas quando substituímos o ponto de vista individual pelo ponto de vista do contexto social, verificamos que apesar de todos os matizes individuais e fugazes, existe uma localização consideravelmente generalizada da função estética no mundo dos objectos e dos processos. Quando pensamos quer no tempo, quer no espaço ou mesmo de uma formação social para a outra, por exemplo de um estrato social para outro, de geração para geração, chegamos à conclusão de que com estas mudanças muda também a localização da função estética e a delimitação da sua esfera.

Por exemplo, a função estética do acto de comer é evidentemente mais forte em França do que no nosso país; a função estética do vestuário do nosso meio urbano é mais forte nas mulheres que nos homens, e no entanto essa diferença não se faz por vezes sentir no meio rural em relação aos trajes regionais. A função estética do vestuário diferencia-se também conforme as situações típicas dos diversos contextos sociais: assim a função estética das roupas de trabalho é muito fraca em comparação com a das roupas festivas. Quanto aos deslocamentos no tempo, podemos dizer que, ao contrário do que actualmente sucede, no século XVII o vestuário masculino tinha a mesma função estética que o feminino.

Podemos ainda pensar em estética, em relação ao corpo, hoje em dia é valorizado o corpo magro ou demasiadamente magro, mas não há muito tempo atrás, eram outras as formas que prendiam a atenção. Para se poder conhecer o estado e a evolução da função estética não basta verificar onde e como ela se manifesta, é também preciso verificar em que medida e em que circunstância ela está ausente.


II

Parte Teórica

Antes de mais, podemos começar por dizer que em relação à estética, apesar deste ser um tema muito abrangente, o aspecto mais interessante e talvez o mais importante, para a área onde estamos, é o das emoções estéticas.

Como já foi dito na aula passada, o belo, o gosto…são conceitos muito subjectivos. Apesar de, desde que se começou a pensar e a estudar este tema, se terem criado normas e regras, elas não são fixas e podem ser quebradas. Apesar do estudo da estética implicar uma data de teorias e argumentos, cada um de nós avalia, julga e sente de formas diferentes, e no final aquilo que nos une é o prazer estético que sentimos.

Os exemplos que vamos mostrar são sobre um ponto importante em que não tocámos na aula passada, que é o da ordem e desordem, e as ambiguidades das emoções estéticas.

Ordem vs Desordem

Em primeiro lugar, como já foi falado, a ordem, a proporção, a harmonia, são conceitos que estão muito ligados ao conceito de estética. Na arte e na natureza, de uma maneira geral, tendemos a sentirmo-nos mais confortáveis com eles do que com a desordem e desarmonia.

Mas como o gosto é subjectivo, muitas vezes apesar de no início nos poder criar um pouco de confusão, acabamos por nos sentir atraídos também pela desordem.

Simetria vs Assimetria

Sem querer fugir muito ao tema, podemos ainda falar na simetria e na assimetria. A simetria é um conceito matemático complexo, mas para a área que queremos estudar podemos dizer basicamente, que a simetria estuda e analisa as semelhanças num mesmo corpo. E o conceito de assimetria é o seu contraponto. A simetria na natureza é um fenómeno fascinante. Remete-nos para a ideia de equilíbrio e proporção, padrão e regularidade, harmonia e beleza, ordem e perfeição. Exemplo disto é o caso da borboleta.

Mas a assimetria também está muito presente na natureza. Uma das mais frequentes é a espiral, que podemos encontrar entre as plantas, mas também no reino animal como por exemplo no caracol e nos búzios.

Podemos ver que existem coisas belas que fogem ao equilíbrio simétrico.

Falando agora em relação à arte, é compreensível que encontremos simetrias, pois como também já foi dito, a arte teve durante muito tempo, como principal objectivo, a imitação da natureza e ainda hoje essa imitação continua a acontecer.

Podemos também ver um exemplo de simetria urbana.

A simetria não dá só por si, beleza a um objecto, mas conjugada com factores como cor e textura, tem sem duvida um papel importante, no apelo estético.

Na arte a assimetria é utilizada propositadamente com o objectivo de provocar emoções fortes e surpreender.

Ainda relacionada com o simetria e assimetria, e em relação especificamente ao corpo humano, quanto mais simétrico é o corpo mais atraente ela é considerada. È o que referem os estudos e as pesquisas realizadas.

Mas, mesmo assim por vezes pequenas assimetrias realçam a personalidade e atraem a atenção, talvez porque se afastem da monotonia do perfeito.

Ambiguidades nas emoções estéticas

São sentidas ambiguidades estéticas, quando algo provoca em nós sentimentos contraditórios, quando sentimos prazer e desconforto; atracção e repudio; tristeza e êxtase. Estes sentimentos podem ser provocados simplesmente pela desordem ou pelo conteúdo da mensagem que essa obra nos transmite. Na pintura podemos observar obras belas que ao mesmo tempo são desconfortáveis, como a vampira de Munch, ou como a imagem desta rosa, símbolo do amor, que aqui nos remete para a dor ou perda.

Podemos encontrar mais exemplo, agora especificamente na fotografia, estas são imagens de catástrofes e que não deixam de ser belas, como a erupção de um vulcão, um incêndio, ou um tornado.

Ou imagens belas de pesar, de pobreza, de sofrimento.

Em relação à multimédia, são criadas deliberadamente estas ambiguidades que nos deixam inquietos. Existem variadíssimos, no cinema por exemplo, muitos filmes retractam histórias duras e desconcertantes e são acompanhados por bandas sonoras harmoniosas e quase relaxantes ou vice-versa. Esta ambiguidade na forma de transmitir a mensagem faz também com que as emoções que sentimos sejam ambíguas. Passamos agora ao último exemplo de ambiguidade. Quando ouvimos uma musica como esta por exemplo… Podemos ou não apercebermo-nos do sentido da mensagem que é passada ou dar-mos o nosso próprio sentido, que como também já falamos, pode até depender do nosso estado de espírito. Mas se à mesma música lhe introduzirmos imagem, torna-se no mínimo mais difícil ficarmos indiferentes. As imagens além de nos prenderem a atenção ajudam a passar as emoções que o emissor quer transmitir. Isto não quer dizer que uma música por si só não transmita emoção, mas essa emoção pode variar e na multimédia, por norma, atinge-se o que se quer atingir.


Bibliografia:

Wikipédia Filosofiavirtual.pro.br • “Os problemas da estética” de Luigi Pareyson • “A estética” de Dennis Huisman • “História da critica da arte” Lionelo Venturi • “Teoria da estética” de Theodore W. Adorno

[_Apresentação de Trabalho na Universidade Lusíada de Lisboa da Licenciatura de Comunicação e Multimédia 1º Ano, disciplina de Psicologia da Arte e Expressividade. 16 valores_]

- Catarina Santos - João Paulo Fidalgo - Nuno Laranjeiro - Paulo Rodrigues - Silvano Letras

Em "Sobre a origem da obra de arte" Heidegger, a falar dos Sapatos do Camponês, de Van Gogh, nos sugere abrir mão de toda a metafísica sendo portanto contra o apontamento "o que é estética" ou "o que é o belo", uma vez que este tipo de afirmação "o que é" implica em critérios e verdade "inapontáveis". Fala-nos então de uma clareira em meio a qual a experiência estética se realiza (torna-se real) independentemente de critérios subjetivos ou objetivos, uma espécie de apreciação da qual não se pode apropriar. Por outro lado, quando Kant fala da experiência estética, (H.Arendt invoca esta apreciação para dar conta de suas idéias em filosofia política), parece de alguma maneira estendê-la para além da obra e da singularidade do observador, observando, ele utiliza o exemplo da arte dramática (?), um espaço comum no qual a experiência estética se dá. Não sou especialista nem em Heidegger nem em Kant, mas sugiro que o artigo dê conta desta tensão contemporânea da Estética... --Luiz Guilherme Estellita Lins (discussão) 18h06min de 25 de outubro de 2009 (UTC)Responder

Dúvida[editar código-fonte]

Essa discussão é o que? Um outro artigo sobre estética? A apresentação de um trabalho de 1º ano de faculdade? Propostas para modificação do artigo? - Sugiro que esta discussão seja arquivada. Aματνεξ δ 11h12min de 24 de janeiro de 2010 (UTC)Responder

O primeiro parágarafo do artigo está com uma péssima construção. Parece que foi editado várias vezes, pecando em sentido, concordância e, rs, estética.

Alguém poderia se dispor a corrigir sem perda da identidade do artigo.

Elton, em 22 10 2010

Estes wikipedistas e seus argumentos de autoridade... Lixo! A propósito é Paul e não Poul Valéry.