Discussão:Maria I de Portugal

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Gostaria de maiores esclarecimentos sobre a regência de D. Maria I, Rainha de Portugal; como foi o processo que a declarou "louca"? por que existem tantas divergências no esteriótipo de D. Maria I?--201.4.230.40 (discussão) 04h05min de 5 de Novembro de 2008 (UTC) Milton Barros

Transferencia e Fuga ?[editar código-fonte]

Beeemmm parcial a colocação sobre a ida da corte para o Brasil, considero a idéia que Laurentino Gomes propõe em seu livro e a denominação dada pelo Le Monde, na seção referencias bem mais sólidas...


Além da linguagem excessivamente acadêmica, os livros de História que tratam desse período apresentam uma intrigante questão semântica. A corte portuguesa mudou ou fugiu para o Brasil? Qual seria o termo adequado para definir o que aconteceu entre novembro de 1807 e julho de 1821, datas de partida e do retorno de Dom João VI a Portugal? Os historiadores nunca chegaram a um acordo. Oliveira Lima se refere "transladação da corte". Luiz Norton chama de "transferência voluntária" ou de "transposição da sede portuguesa". Ângel Pereira fala em "retirada da família real para o Brasil". Tobias Monteiro trata de "transplantação". Outros usam expressões como "transmigração" ou "mudança". Este livro chama evento de fuga, substantivo adotado igualmente pelos historiadores Pereira da Silva, Jurandir Malerba e Lília Moril Schwarcz, entre outros. A mudança da corte para o Brasil era um plano muito antigo em Portugal, mas em 1807 o príncipe regente não tinha escolha: ou fugia ou muito provavelmente seria preso e deposto por Napoleão Bonaparte, como aconteceu alguns meses mais tarde com a monarquia espanhola. Se não havia alternativa, também não se justifica o uso de malabarismos semânticos para amenizar ou disfarçar o que de fato ocorreu: uma fuga pura e simples, apressada, atabalhoada, sujeita a erros e improvisações. A pressa foi tanta que, na confusão da partida, centenas de caixas repletas de prata das igrejas e milhares de volumes da preciosa Biblioteca Real, entre outras coisas, ficaram esquecidos no cais de Belém, em Lisboa. A prata seria derretida pelos invasores franceses e recuperada pelos ingleses alguns meses mais tarde. Os livros só chegariam ao Brasil em 1811.


Nunca existiu a "batalha das Linhas de Torres". Linhas de Torres é o nome dado a um conjunto de fortificações construídas a norte de Lisboa. Em 1810 a Batalha que teve lugar em território português foi a do Buçaco.

Infância de Maria I[editar código-fonte]

Cadê a infância da rainha?

Nova visão sobre a loucura de Maria I[editar código-fonte]

Dizem os muito letrados aqui em Portugal que a loucura de Maria nada mais era do que uma religiosidade extrema, aquela mulher era como se fosse um judeu ortodoxo; Sendo isso ou não verdade, o jogo politico português da época, conseguiu tirar o governo e o estado da rainha, deixando ela apenas como uma figura que parecia que nem parecia uma rainha.

Sobre períodos do Reinado![editar código-fonte]

Gostaria de iniciar uma discussão, que penso ser muito séria e importante, sobre o período de reinado a ser utilizado nos artigos relacionados a João VI, Maria I e Carlota Joaquina (todos monarcas portugueses)!

Digo isso porque a criação do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves gerou um certo problema com relação à definição de períodos de reinado já que, com a independência do Brasil, o referido reino foi extinto!

Muito na Wikipédia têm considerado que, com a criação do Reino Unido, o Brasil teria se tornado em Reino do Brasil e que Dom João seria Rei do Brasil (como se houvessem dois países separados: o Reino do Brasil e o Reino de Portugal e Algarves (na verdade seriam três pois Algarves também seria um Reino)!

Penso que uma leitura desapaixonada da carta de lei que criou o Reino Unido deixa claro que trata-se de um único reino e país!

No entanto, qual seria o período a colocar como reinado?

Particularmente, penso que: Maria I foi: Rainha de Portugal e Algarves de 24 de fevereiro de 1777 – 16 de dezembro de 1815. Rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves de 16 de dezembro de 1815 – 20 de março de 1816.

João VI foi: Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves de 20 de março de 1816 – 07 de setembro de 1822. Rei de Portugal e Algarves de 07 de setembro de 1822 – 10 de março de 1826.

A definição de reinado é algo muito difícil, pois existem ocasiões em que a pessoa é definida com rei mesmo tendo reinado por alguns dias (ainda que não tenha havido aclamação ou coroação! Mas em outros casos não é considerado monarca.

Ademais, ponho está discussão, pois penso que não posso sair alterando artigos com os dados dos reinados referidos sem que haja um consenso sobre o assunto, já que existem várias páginas que fazem referência umas às outras e que tratam o reinado de João VI em Portugal como se ele fosse Rei de Portugal e Algarves de 1816 a 1826 quando, penso eu, tal informação não é correta pois ele assumiu com rei de um Reino Unido e não como Rei de Portugal e Algarves.

Tanto o é que se não houvesse a independência, seu filho seria Pedro IV, Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Ademais, se João VI foi Rei do Brasil, como édito em alguns artigos, ele deveria ser titulado João VI de Portugal e I do Brasil! Aliás, só para título de debate, se João VI de Portugal era imperador do Brasil (na Wikipédia ele é citado como titular, mas no tratado do Rio de Janeiro não é dito isso), não seria ele João VI de Portugal e I do Brasil? Se houvéssemos tido um filho de Pedro I chamado João não seria ele João II? É apenas uma reflexão! Vou tomar a liberdade de colocar esse texto em discussões dos artigos de Maria I, João VI e Carlota Joaquina, pois são os mais afetados pela qustão a fim de incentivar mais o debate. Agradeço, desde já, por eventuais colaborações! --Fábio Júnior de Souza 11h36min de 23 de setembro de 2017 (UTC)

'Teresa de Leão' Rainha de 'Portugal' ?! Os factos documentados...[editar código-fonte]

Lê-se no artigo sobre D. Maria I: «Embora D.Maria I seja tradicionalmente reconhecida como a primeira Rainha reinante em Portugal, isso é questionável, visto que à luz de uma nova perspectiva da história Teresa de Leão já havia sido reconhecida como tal pelo papa, em 1112». Como? Desculpe? [?!]

«À luz de uma nova perspectiva da história» [isto é, publicada em Janeiro de 2020 por dois dos mais consolidados medievistas portugueses da actualidade, ambos Docentes Universitários de História e arqueologia Medieval], Teresa de Leão nunca foi rainha de Portugal pelo simples facto que «Portugal» não existia. Auto-denominou-se isso sim, em selos de chancelaria, "Tarasia Regina" e não foi, nem podia ser reconhecida como rainha de portugal por Papa nenhum já que esse país não existia nem sequer como entidade política regional. O que existia, isso sim, era um Condado Portucalense que até pouco tempo antes eram dois condados, o de Coimbra (aprox. do Douro ao Mondego) e o de Portucale, a Norte do Douro. Era regina apenas no sentido medieval de quem regia os destinos do "Condado Portucalense", de que era somente Condessa [Cfr. Mattoso, p. 155: "Como dizia Sto. Isidoro [de Sevilha] nas 'Etimologias', «assim como os reis tomam o seu nome de 'reger', assim o 'reino' toma o nome do 'rei'» (Etymologiae, IX, 3,I,ed. de Oroz Reta, de 1982, vol. I, p.764)]. Após a morte do Conde D. Henrique, Teresa assume-se regente do seu filho no que não foi contestada já que era filha natural do Imperador de Leão e Castela Afonso VI. E é discutível se a doação do Condado a D. Henrique por dote do seu casamento com Teresa era ou não hereditável. Seja como for, já maior de idade, o seu filho, Afonso Henriques (Neto de Afonso VI e pertencente por direito, à Casa Ducal da Borgonha) obriga-la-á, e aos seus apoiantes, militarmente, a abandonar a "regência" do Condado em 1128, após a batalha de S. Mamede, perto de Guimarães.

Entre 1112 (data alegada para o reconhecimento de Tarasia como "rainha de Portugal" no artigo desta Wikipedia sobre D. Maria I) e o ano de 1179, data em que efectivamente Portugal passa a ser um reino oficialmente reconhecido pelo papado e no direito internacional da época, vão uns belos 67 anos! Na realidade foram 62, mas ainda assim Tarasia/Teresa teria tido muita dificuldade em ser rainha de uma entidade política ainda inexistente...

Os factos documentados e oficialmente consagrados na Historiografia iluminada pela «luz ofuscante» da «nova perspectiva da História», são o que são. E são estes:

Factos Documentados

24 de Abril de 1112 -- Morte do marido de D. Teresa de Leão e Castela, o Conde D. Henrique de Portucale, da Casa dos Duques de Borgonha (actual França).

Maio de 1117 (e não 1112) -- D. Teresa abandona o título de "infanta" e passa a intitular-se "rainha" nos documentos e selos oficiais [como "Tarasia Regina"]

11 anos depois...

1128 -- Batalha de São Mamede. Afonso Henriques, já maior de idade, assume-se como herdeiro de pleno direito do seu Pai e portanto, Conde de Portucale [Portucalensis Comitis].

mais 11 anos depois...

1139 -- Internamente, Afonso Henriques é aclamado "Portucalensis Rex" ("Senhor dos destinos Portucalenses" -- e, sim, para consumo interno, Rei) após o seu sucesso militar na Batalha de Ourique, a 25 de Julho do mesmo ano), tendo sido depois alvo de um Triunfo público em Coimbra onde será aclamado pela população.

4 anos depois...

13 de Dezembro de 1143 -- em carta conhecida por «Clavis Regni Coelorum», ao Papa (então Celestino II), Afonso Henriques coloca-se sob vassalagem directa do Papa e da Santa Sé, dizendo «não reconhecer a autoridade de nenhum outro poder eclesiástico ou secular, a não ser o do Papa» [Cfr. nota Mattoso, abaixo]. Ao colocar-se na vassalagem directa do Papa terá finalmente dado Afonso Henriques sinais claros, na diplomacia internacional, que desejava ser reconhecido como Rex, e "Portucale", como Reino.

4 meses e 15 dias depois...

1 de Maio de 1144 -- via a bula «Devotionem Tuam» o Papa (agora já Lucio II), reconhece Afonso Henriques como seu Vassalo mas nunca lhe chama Rei de um Reino de Portugal que não reconhece.

35 anos depois...

23 de Maio de 1179 -- A Santa Sé, através da bula Manifestis Probatum reconhece finalmente Afonso Henriques como Rei e Portugal como Reino. Internacionalmente, Portugal passa só então a existir como entidade política e nacional de pleno direito (usando a linguagem de hoje...)

FONTES:

  • AMARAL, Luís Carlos e BARROCA, Mário (2020) Teresa, a Condessa-Rainha. Lisboa: Temas e Debates, pp. 193 e p. 377, onde se pode lêr:

p. 193: [Maio de 1117]: «estamos em crer que o primeiro sinal de mudança reside no facto de D. Teresa ter começado a usar o título "rainha" nos diplomas emanados da chancelaria condal, a partir precisamente de [Maio de] 1117>> remete para a nota 3, p. 193, que diz: «Acerca de tudo que respeita à utilização formular do título de rainha por D. Teresa consulte-se rui Pinto de Azevedo em DMP, DR, T.II, nota x(b) Título de D. Teresa nas fontes diplomáticas, pp. 571-572.

> Legenda: DMP, DR = Documentos medievais portugueses: Documentos régios, vol. I, Documentos dos Condes portucalenses e de D. Afonso Henriques, A.D. 1095-1185, organização de Rui Pinto de Azevedo, 2 tomos, Lisboa, Academia Portuguesa de História, 1958-1962.

  • MATTOSO, José (2006) D. Afonso Henriques. Colecção Reis de Portugal, vol. I. Rio de Mouro/Lisboa: Círculo de Leitores. pp. 153-155, 277, 281.