Discussão:Massacre no Morumbi Shopping

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Último comentário: 10 de outubro de 2012 de 189.100.42.224

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Na ocasião eu era o coordenador da segurança do Shopping Morumbi e participei diretamente da prisão do Mateus, no socorro às vítimas e blindagem do shopping. Acompanhei também a reconstituição em todos os detalhes, feita pela divisão da polícia cientifica com a presença do Mateus. Narrarei aqui todos os detalhes vivenciados por mim. Perspectiva da equipe de segurança na cronologia dos fatos. O incidente ocorreu após as 22 horas e por isso o shopping estava praticamente vazio. No piso lazer onde se localizava o cinema, viu-se uma correria desordenada e uma mescla de pessoas assustadas e outras se divertindo com o que estava ocorrendo. As informações deturpadas, tais como: "tem um maluco no cinema”; “tem um cara soltando rojões no interior do cinema”; “tem um cara atirando no cinema", e assim outras mais informações desconexas. Acreditamos que devido à quantidade de jovens presentes, os quais brincavam e riam da situação, compreensível porque poucos poderiam afirmar o que ocorrera. A razão disso entendo é que por ser uma sala de cinema, o local estava escuro e a maioria não sabia de fato o que ocorria e nem sua magnitude. A segurança reagiu de acordo com os princípios do risco provável, pois o que ocorrera na sala do cinema é o que chamamos em segurança de evento imponderável, só se acredita vendo. A reação imediata da segurança diante do caos, e das informações de tiro, arma e pânico, imaginou-se que o evento estivesse ocorrendo na sala da frente (4), onde se localizava a tesouraria dos 06 cinemas, a qual mudara para este local depois de roubos sucessivos nos meses anteriores. No que a equipe assumia posicionamento de segurança para apurar o estado de normalidade do local, solicitando que a gerente que estava no interior da tesouraria saísse. Ela saindo garantiria o estado de normalidade, pois o contrário confirmaria sua rendição. Neste ínterim, e falamos em um tempo de 3 minutos no máximo, saiu da sala (5) um rapaz e abordou um dos seguranças informando que tinham 02 pessoas se atracando no chão no interior do cinema. Neste exato momento começaram a aparecer pessoas vítimas de tiro em vários pontos do shopping, pessoas que nem tinham percebido estarem feridas. Este segurança ao entrar confirmou a briga no chão e pediu apoio. O Supervisor que entrou em seguida, chutou um objeto que se verificou ser uma metralhadora e logo pediu mais reforços. Toda esta ação, neste exato momento, ocorreu com a sala totalmente escura, pois havia parado a projeção do filme. Quando as luzes foram acesas, algum tempo depois, se verificou as pessoas gravemente feridas, 02 em seus bancos e 01 ao chão. No que coube a equipe a aplicar os primeiros socorros para os casos evidentes de quadro hemorrágico, tamponamento dos locais atingidos e a remoção destas pessoas para a área de carga e descarga mais próxima, área de acomodação, para a remoção imediata. A primeira viatura da PM, uma Ipanema, levou todos de uma só vez, pois é sabido que a velocidade do socorro em casos de hemorragia é que poderia dar a condição de sobrevivência àquelas pessoas. A partir daí começaram a chegar as várias viaturas da PM e Resgate. No momento em que as vítimas estavam acomodadas na doca chegou primeiro, uma viatura de uma emissora de TV, estes profissionais foram informados de que o shopping estava fechado e estes teriam qualquer informação através da assessoria de imprensa, o que não foi acatado. A ordem foi explicita, tomem a câmera, tirem a bateria e o leve para frente do Shopping Market Place do outro lado da avenida, o que foi seguido ao pé da letra. O nosso objetivo como seguranças do shopping era neste momento era blindar o empreendimento, pois as imagens perpetuariam o evento. Lembro que um shopping é uma dependência privada que abre ao público em horário comercial específico. As imagens transformariam a marca MorumbiShopping em sinônimo de tragédia em nível internacional, sendo aludido em todo e qualquer evento semelhante e nas retrospectivas televisivas. Importante frisar que em qualquer evento, de qualquer magnitude, é considerado inicialmente como incidente, a velocidade e precisão das equipes de pronta-respostas no trato deste incidente é que determinarão o grau da crise, lembro também que nós ali no meio do problema não existe margem de tempo para consultar superiores, estávamos no calor do problema, tendo que tomar decisões em frações de segundo, e muitas delas arriscadas e motivos de precedentes para a culpabilidade de algum "bode expiatório". Voltando ao cinema. Durante o atendimento aos feridos, descobrimos 4 jovens aterrorizados entre os cadeiras, mas sem qualquer tipo de lesão física. Com as luzes acessas e juntando os fatos: feridos graves, metralhadora e o jovem que imobilizara o Mateus que disse estar sentado praticamente embaixo da mão que portava a metralhadora e que ao vê-lo parar de atirar, investiu contra o ele fazendo-lhe a montada, golpe de jiu jitsu, foi só a partir daí que conseguimos concluir o que tinha de fato acontecido. A indignação das pessoas, humanos, ali presente manifestou-se em agressão ao autor, onde os jovens precipitaram-se ao princípio de linchamento. Neste momento o Mateus fora levado à sala da segurança. E o cinema também blindado para a perícia técnica. Na sala da segurança no piso de garagem G-2, começou uma outra cena dantesca, algumas dezenas de policiais de diversas ordens, patentes e origem estavam a beira de se gladiarem pela definição de quem conduziria tal ocorrência e para qual delegacia. Aqui vale uma explicação, até poucos meses atrás ao dia do incidente, o shopping pertencia à circunscrição da 6ª seccional, 11ª Delegacia de Polícia, e numa manobra, aparentemente, política passou para a circunscrição da 2ª seccional, 96ª DP, e claro seus respectivos batalhões/Cia. da PM. Horrível a cena na minha perspectiva e dos reflexos que sabia que perdurariam por mais alguns dias, eis que apareceu o Delegado Operacional de plantão da 2ª Seccional, autoridade maior e bancou a ordem. Aproximei-me dele, me apresentei e lhe pedi que saísse com o Mateus o quanto antes, pois a imprensa tomava volume. Sugeri que um comboio grande saísse em direção ao 11º DP, pois eram poucos os que sabiam da mudança de circunscrição e assim foi feito levando toda a imprensa no seu encalço. Eu segui na viatura juntamente com o Delegado e o Mateus, com outra viatura de escolta. Agradeço o tino operacional e o bom senso deste Delegado, que teve a humildade de acatar tal sugestão. Ressalto também que um único PM, que disseram ser psicólogo, ficou atendendo o Mateus que estava em evidente estado de choque, sentado num canto da sala ao chão. No 96º DP o caso assumia a conotação política, a cúpula não parava de chegar, inclusive o secretário. Num dado momento, vejo estes se dirigirem a uma sala e se reuniram em volta do secretário que lhes perguntaram de forma direta: "Sr. secretário como vamos tirar proveito disso?" a resposta foi - "Srs. sei de casos semelhantes no USA, na Europa não saberia dizer, mas o que sei é que este é o primeiro no Brasil, logo não sabemos como nossos governantes vão reagir, a imprensa, a sociedade e até mesmo nós, então vamos ter serenidade e agir com muito cuidado, dada a dimensão que pode ter o caso". Graças a Deus este secretário tomou esta decisão, pois na primeira pergunta doeu-me o fígado. Não me contive no meu alívio e soltei essa - "Senhor secretário sabias palavras e acrescento que é um evento onde todos nós temos muito a aprender". Neste momento uma das autoridades me pergunta que eu era a ao dizer-lhe, fui gentilmente colocado para fora da Delegacia. Momento em que a imprensa descobria ter sido passada para trás. Cada um na defesa de seus interesses. A cúpula do shopping já estava reunida e o assunto tratado pelos senhores da decisão, pois era fato que problema estava só começando. Fui dormir na casa de um amigo ali perto. Os dias que se seguiram foram o meu inferno. A emissora exerceu uma pressão extraordinária e queria de toda a forma a cabeça do supervisor que cuidou da investida contra a câmera. Claro que naquela hora a delegacia não pode registrar o Boletim de Ocorrência pela investida contra o cinegrafista, ficando agendado para as 13 horas, do mesmo dia. Quando este cara foi fazer o B.O. parecia que tinha sido atropelado por uma carreta, tamanha deformação no rosto. Não sei o que aconteceu entre o momento que a delegada nos orientou, até às 13 e também não vou por aqui o que imagino ter ocorrido. O que posso dizer é que nem se quisemos conseguiríamos fazer tamanho estrago diante das circunstâncias. Também não sei afirmar a natureza e teor do BO feito por ele, mas também nunca me interessou. Meu Supervisor pagou por cestas básicas e foi dito a emissora que este fora demitido. De fato ele seria demitido para atender a pressão exercida, com muito custo consegui demover o MARIDO da assessora de imprensa do shopping, pois eu fui totalmente excluído de qualquer conversa na gestão da crise conduzida pela cúpula. Chorando por quase 40 minutos, da terça-feira à noite, falando com este cara, há quem muito agradeço por me ouvir e assim poder aliviar a pressão que vinha sofrendo sozinho, sozinho não, fechei com a minha equipe, os quais contratei um por um, os treinei e os formei profissionais, a segurança do shopping era própria, grandes guerreiros com os quais tenho excelentes histórias e ações de sucesso. Esta pessoa falou com a sua mulher, e lhe mostrou outra perspectiva, a de que a investida contra a emissora impediu o registro por imagens e por isso a associação com a tragédia se esvaziaria muito rápido e marca MorumbiShopping seria preservada, no dia seguinte o superintende veio e acertamos a mudanças do supervisor para o Shop. Jd. Anália Franco. O que aconteceu nos dias seguintes ao evento é para aqui ficar registrado, foi um absurdo. A quantidade de assédios contra a minha equipe com micro câmeras e até mesmo dinheiro, de um ano de salário, feito por repórteres aconteceu muito. Repórteres criando situações, tipo: pessoas saindo gritando de banheiros; filmando a ação da segurança com micro câmera; policial contratado por repórter com arma na cintura, sob a camisa, mas volume evidente, sendo filmada a ação da segurança; denúncia anônima de bomba no shopping e equipe de reportagem a postos para filmar a ação da segurança, assim vai. Intervimos adequadamente em todos os casos e nenhum deles foi notícia por isso. Neste capitulo denúncia de bomba, veja só. O responsável do COPOM me liga, informando diretamente a mim, a quem agradeço pelo bom senso e presteza social, de que eles receberam uma denuncia de bomba nos seguintes termos: "tem uma bomba num banheiro masculino e que explodiria em 25 minutos", quem já recebeu treinamento sobre esse tema, sabe da evidencia de trote, mas ressaltou o PM responsável, mesmo que sabendo da possibilidade do trote, protocolos tinham que ser seguidos. Agradeci e disparamos nossa política de contingencia para atentados com bomba, tínhamos 40 homens treinados em busca e localização de artefatos e primeiros socorros avançados e 18 em ações táticas de combate armado, focado em shopping. Nosso contingente total eram 120 homens. Neste ínterim, o superintendente teve uma crise de nervos, pressão absurda, e disse a ele que eu sabia como conduzir e que ele não tinha nada mais a fazer. Foi designada uma viatura somente para fazer a interface com o COPOM se localizássemos algum artefato, saindo da escuta da imprensa, outro absurdo termos que recorrer a isso. Quando de repente alguém dentro de um carro, Vectra prata, próximo a central/administração registrando nossos passos e na sequencia comparece uma emissora de TV, a outra, querendo informações sobre uma denúncia de bomba que EU havia recebido, lhe disse que nada tinha recebido a este respeito e que o shopping estava tranquilo, aí o repórter solta essa - “mas como não, ela estaria até num banheiro masculino”. "Ah você fez a denuncia no COPOM e não no shopping, como temos uma ação integrada com eles, administramos tecnicamente a informação". O cara deu uma olhada para a produtora e saiu bravo, muito bravo! No domingo um programa noturno "ganhou" uma exclusiva da matéria e logo cedo vieram a shopping, subindo com a sua viatura ao último piso de garagem no G-4, quando lá chegaram foram interceptados por 4 motoqueiros da segurança, os quais lhes informaram que viatura de imprensa tem local específico, o que já era hábito deles inclusive. Estavam acompanhados de 02 “especialistas de segurança”, os quais foram apresentados como sendo fiscais do Contru, estes já queriam mostrar a fragilidade das seguranças de shoppings dizendo que desceriam a partir daquela garagem se serem notados, pois é mico! Pedi que a equipe os trouxesse até a mim no piso superior, pois já sabia da vinda da emissora, quando os especialistas me foram apresentados como do Contru, eu os reconheci de um curso para certificação internacional de segurança que fizemos juntos há pouco tempo, meu aperto de mão deve ter-lhes causado algum trauma por tamanho desrespeito a ética, desmascarei o repórter dizendo que estes eram "excelentes profissionais de segurança" e que sabia que fariam uma justa avaliação. Oportunistas de ocasião que apresentam dificuldades para vender facilidades! Toda a equipe estava presente, sem folgas, estendendo em seus horários, e fechados comigo em explicita lealdade, pois sabíamos o quanto poderíamos ser sacrificados se não nos superássemos. O Repórter, não mais nosso amigo, frequentador assíduo de nossos banheiros aplicou todos os seus caprichos para nos prejudicar, a gota d'água foi quando de uma entrada ao vivo, isto já perto das 21 horas nos disse que precisaria de um monitor para ter um retorno, caso contrario não poderia fazê-lo, não atendendo um compromisso assumido com a administração do shopping. Numa loja de importados que está lá até hoje, compramos inicialmente, depois virou cheque calção, uma mini TV a R$ 1.500,00, atendendo assim a estrela, que ao término, intimamente, me assoprou que nos saímos bem. Que Deus o abençoe, pois até onde sei morreu de AIDS. Outro repórter na segunda-feira soltou a seguinte matéria com link ao vivo no jornal da 01 hora de uma emissora, foi assim - "como vocês podem ver o botão de emergência que aciona o envio das ambulâncias do shopping não está funcionando, por isso da demora no atendimento das vítimas". Era na verdade uma botoeira de incêndio. Ambulâncias? Como assim? Quem disse que o Shopping tinha que ter Ambulâncias, no plural? Se bobear nem hospital têm. Abordei este sujeito e lhe disse - "muito me indigna saber que eu permiti que você entrasse na minha casa, todas as noites no mesmo horário nobre, acreditando ser um jornalista sério e comprometido com a verdade", o que me respondeu "por que você não me falou que era de incêndio?". Talvez porque era na cor vermelha e estivesse escrito alarme de incêndio, sendo padrão internacional. Hoje ele está numa outra emissora com matérias de quinta categoria e acabado. O cameraman e o caboman, me olharam nos olhos e disserem – “não nos julgue por ele, por favor”. Saibam que também que vocês dois têm o meu respeito. Para fechar a segunda-feira com chave de ouro, fui chamado na sala da superintendência, tinham lá aDEvogados diversos e a minha cúpula amiga. Quando um dos mestres do direito, um gordão cara de bonachão, me MANDA entrar e trancar a porta, seguindo o diálogo: - O Senhor sabe os problemas que o senhor e sua segurança trouxeram ao shopping quando resolveram socorrer os mortos? Das consequências deste seu ato? Respirei fundo olhei atentamente nos olhos de cada um e os fuzilei por me abandonarem a própria sorte. Quiseram ali me julgar e condenar na lei do bóde. A minha resposta foi: - Primeiro que não lhe conheço e nem me interessa saber quem você é, segundo não é a minha segurança e sim do shopping e terceiro que não socorro mortos e sim vidas. Eu poderia me atrever a atestar a morte de alguém se eu visse a cabeça de um lado e tronco do outro, mas ainda assim, por ter ouvido sobre um tal reimplante de órgãos, como leigo, acredito que deva ser possível, além do mais doutor, o ator Gerson Brener tomou 3 tiros na cabeça e esta vivo contando histórias. A pergunta que lhe faço é, se tivéssemos os deixados lá, e na autópsia constatasse traumatismo perfuro contundente provocado por disparo de arma de fogo e morte por hemorragia 5 ou 10 minutos depois, quem responderia por omissão de socorro eu ou o senhor na poltrona de sua casa, tendo eu que tomar uma decisão naquela fração de segundos? Criou-se na sala a discussão diarrética e eu me retirei por conta. As minhas conclusões, depois de ter acompanhado passo-a-passo da reconstituição com o Mateus presente. O cara é um louco degenerado, a creio que escolhera cinema por que é escuro e contava com isso para não ser identificado, é acústico, não chamaria a atenção da segurança. Sua intenção era sair no meu povo, gritando socorro, e depois se apresentar como médico no atendimento de suas vítimas. Ganharia notoriedade, fama e alavancaria sua trajetória médica como herói. O tiro que dera no espelho foi por pura imperícia, pois o botão que recua o ferrolho, que tem percussor fixo, é giratório e exige habilidade para tal, no meio do golpe este lhe escapou dos dedos, abastecendo a câmara e já disparando de forma involuntária, por isso que o tiro atingiu o canto inferior direito do grande espelho. Se esta arma estivesse na condição de rajada, não teria matado ninguém, pois pelo simples premir do gatilho com uma única mão, esvaziar-se-ia o pente/carregador imediatamente. Na firmeza de seus atos ele saiu do banheiro e se deparou com um funcionário do cinema que se encontrava no meio do primeiro lance de escada, este deu meia volta passou pela cortina e correu para o fundo da sala, quando o Mateus lhe deu 02 disparos, que se projetaram em ascendente por imperícia, ao perceber a condição de tiro intermitente tentou chavear para rajada, deu mais 02 tiros lateralmente que também subiram, vendo que que não sabia converter para a rajada disparou aleatoriamente de forma cadenciada e escolhendo seus alvos. --189.100.42.224 (discussão) 19h18min de 10 de outubro de 2012 (UTC)Responder