Discussão:Perto do Coração Selvagem

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Eliminei esse texto, pois me parece fora dos padrões do wikipedia, conforme políticas de verificabilidade e manual de estilo. Comentários? Editor br (discussão) 13h52min de 13 de Dezembro de 2008 (UTC)

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O livro começa com uma lembrança de Joana, a filha de um pai que, enquanto este escrevia, ela ficava olhando o jardim, as galinhas que não-sabiam-que-ía-ser-comidas, pensando nas minhocas e fazendo poesias. Trata-se de uma garota pensativa, super criativa e que tem certos segredos, um deles é que não consegue pegar nenhum objeto concretamente e outro é a sua mania de olhar para os ponteiros do relógio sempre que sente alguma coisa, seja dor, alegria ou raiva. Nesse momento Joana, entediada, pergunta ao pai o que fazer, ela a manda estudar ou brincar, mas ela já havia feito as duas coisas.

Depois, ela já adulta encontra-se deitada em sua cama repleta de lembranças e pensamentos. Por vezes fica preocupada com certo animal que sente dentro de si, um sentimento feroz, vivo e selvagem, sensação que omitee por medo de exteriorizá-la, assim como escondia seus segredos de infância. Em seus pensamentos julga-se como uma pessoa que dá para o mal, aliás, possui grandes teorias sobre o que é o mal e compara-o a uma espécie de líquido que dá uma tremenda sede, e sempre que se bebe se quer beber mais para se satisfazer. A maldade é como um banho gelado, enquanto a bondade é uma carne quieta, crua e que é temperada por vezes para ter um aspecto melhor.

Joana é uma bela jovem febril, que pensa em toda a sua vida: o curto tempo de vida junto ao pai, a mudança para a casa da tia, o professor ensinando-lhe a viver, a puberdade, o internato e o casamento com Otávio. Por um momento ela sente que toda sua vida foi em vão, e que é uma pessoa fútil.

O livro passa então para outra lembrança: um dia em que um amigo do seu pai, chamado Alfredo, vai jantar na sua casa. Ele e o pai conversam, bebem vinho e riem. O amigo pergunta ao pai como é ter uma filha e depois se volta para Joana brincando com ela. Começa depois uma conversa sobra Elza, a mãe da garota. Uma mulher que sabia como impor as suas vontades, pensativa e que não se rendia nunca, que sabia como ser boa e ser má. E que falecera de varíola. A garota escutava tudo aquilo mas não se lembrava muito da mãe, sentia até um pouco de medo dela, depois lembrava que era sua mãe, e que a mãe é com um pai e que não precisava temer. O que ela mais queria é que o pai e o amigo ficassem por mais tempo, porque ela tinha medo de escuro e queria não queria dormir sozinha.

Vem então um episódio em que Joana pergunta à sua professora qual é a sensação que se tem após alcançar a felicidade. A moça não sabe responder e pede que a garota escreva essa pergunta num papel para, no futuro, lê-la e talvez conseguir respondê-la.

O fluxo de consciência termina e passa-se uma cena na qual Joana, deitada na cama, diz ao marido Otávio que se distraí demais. A relação entre os dois é a do tipo em que a mulher se deixa dominar pelo homem pois não sabe direito como continuar uma relação se não desta forma. Joana às vezes fala coisas profundas, para que através de diálogos consiga manter um contato como marido e este, talvez por não compreendê-la, responde com frases clichês com o “estou com fome” ou “a manhã está quente”. Mas mesmo com toda essa desconectividade, Joana pensa amá-lo, pelo jeito como ele recolhe gravetos.

Em meio aos seus devaneios e sua febre, Joana se lembra de quando seu pai morreu e ela foi pra casa da tia. Lembra-se de sua chegada de trem a casa na beira da praia, da empregada que a acompanhou e de uma tia com seios fartos que a sufocou em um abraço repleto de lágrimas, tremores e lamentações. A garota, cansada de tudo aquilo, desvencilha-se da tia, saí correndo e vai em direção ao mar, onde vomita. Observando aquela imensidão verde ela sente algo inexplicável, vontade rir e chorar, vontade de comer, de beber e morder o mar. Compreende então que seu pai morreu, de fato. E começa a pensar em sua nova vida, da qual tem medo.

Conversando com Otávio, Joana conta de sua infância, das pequenas alegrias que a invadiam, coisas simples, como subir em uma árvore e depois olhar para trás para ver o espaço conquistado, ficar deitada perto do mar, ou então o fato de olhar uma coisa e perceber que ela sempre existiu ali. O marido lhe diz que ela deve ter muitas saudades da infância, mas ela conclui que não, que na verdade, agora têm mais a infância do que tinha quando a vivia.

Num novo fluxo de consciência Joana lembra-se do dia em que saiu com a tia e roubou um livro, esta não sabe o que fazer e fica ainda mais sem reação quando a garota confessa tranquilamente o que fez. Depois disso, a menina escuta uma conversa entre seus tios atrás da porta. A tia a chama de víbora, diz que nela não existe nenhum tipo de sentimento e se confessa assustada com o comportamento da garota, dizendo que não pode mais criar uma pessoa que parece ter sangue frio até para matar. Os tios resolvem então mandá-la então para um internato. Após escutar isso, Joana se refugia na casa de seu professor, que sempre a acolheu. Com ele ela tem conversas profundas, sobre o verdadeiro sentido do viver e o professor, um homem grande como um animal, tenta ajudar Joana a se compreender. Em meio à conversa, o grande homem estende a mão e, a garota enrubescida, responde o seu gesto. É momento rápido, interrompido pela esposa do professor que vem chamá-lo para o jantar, contudo bastante intenso. Nele percebe-se claramente o desejo de um homem já maduro em possuir uma garota ainda pura e a vulnerabilidade de Joana em ser amada. A garota nesse momento lamenta por não ser desenvolvida fisicamente e nem bela como a esposa do professor e este, percebendo seu desejo animal, sente-se envergonhado.

Passa-se então uma cena em que Joana, já no internato, vai banhar-se à noite. Numa interação íntima entre ela, o peso da água e seu reflexo no espelho, a garota percebe que seu corpo começou a tomar forma, ter curvas e se definir. Ela curte intensamente esse momento, até que de repente, caí sobre ela uma profunda reflexão sobre o viver, o existir, a liberdade. Segue-se então um momento em que ela se vê numa catedral e no instante em que o órgão começa a tocar ela sente uma sensação de espírito completa e tem vontade de morrer naquela hora, para não viver mais e sair do auge.

O foco passa para uma Joana adulta procurando uma casa para alugar. O que mexe com ela é o tom de voz da mulher que a atende, ao ouvi-lo Joana tem certeza de que se trata de uma mulher casada. Ela reflete sobre isso, faz perguntas sondando a vida da mulher, mas tudo o que descobre é uma existência vazia. Uma mulher viúva e com um filho, com uma vida aparentemente sem graça. Ela não se conforma e pensa em como deve ter sido toda a vida daquela pessoa e no fim, sente inveja de todo aquele vazio. Chega à conclusão de que "A personalidade que ignora a si mesma realiza-se mais completamente".

Antes de conhecer Joana, Otávio era noivo de Lídia, que o amava desde a infância e queria se casar o quanto antes. Otávio não a amava, contudo não sabia como desvencilhar-se dessa situação, então aceitava-a. Quando conheceu Joana ele viu nela uma nova chance de viver. A princípio aquela mulher o assustou, seu jeito e sua força o faziam querer ficar junto dela para não se sentir mais culpado. Ao lado de Joana, Otávio sentia que poderia continuar a pecar.

Ela ao conhecê-lo, teve pela primeira vez a oportunidade de experimentar o amor. Isso a fez descobrir-se, revelou sentimentos nunca sentidos. Ela ficou radiante por um tempo, mas no fundo tinha medo de se entregar totalmente. em Otávio ela encontrara um alguém e ao mesmo tempo perdia a si mesma.

Casaram-se mesmo sem muito amor, e fazendo isso ele se sentia mais livre e ela, como viria a descobrir mais tarde, estava sendo aprisionada. Após um pequeno tempo de casados Joana já não era mais feliz e queria deixar o marido, mas não sabia como fazê-lo. Sempre quando ia falar, adiava.

Pouco antes de se casar, Joana sentiu a necessidade de rever seu professor, que ela não encontrava desde o início de sua puberdade. Ansiosa com o encontro, ela precisava contar a ele que iria se casar e queria ver o qual sua opinião sobre o fato. Ao encontrá-lo, contudo, viu um velho que fora abandonado pela mulher, estava doente e ainda assim continuava indiferente a tudo isso, parecendo tranqüilo e até feliz. Suas tentativas de estabelecer um diálogo não tiveram sucesso e ao final de uma tarde inteira de tentativas ela viu que sua intimidade anterior com o professor, deveras não era mais a mesma.

O que Otávio preverá antes mesmo de casar, ele cumpriu. Ela tinha uma amante, e era ninguém menos que a sua ex-noiva, Lídia. Mesmo se sentindo culpado e se perguntando por que fazia isso com Joana, ele mantinha uma vida dupla, com duas mulheres e duas casas. Sua esposa de nada sabia e Lídia, agora grávida, tinha planos de tê-lo de volta para construírem juntos uma família. Algo estranho porém acontece a essa altura da história. No meio de uma noite, Joana acorda e, primeiramente hesita em olhar para o outro lado da cama, depois de algum tempo não agüenta e se deslumbra com o homem deitado, Otávio. E então, num misto de medo e ansiedade, ela finalmente percebe seu marido como um homem e sente-se pela primeira vez, mulher. Ela percebe que aquele homem deitado ao seu lado é seu e que ela o ama.

No dia seguinte Joana recebe uma carta de Lídia convidando-a para um encontro, ela hesita, tenta ignorar a carta, mas por fim vai cede ao convite. Num primeiro instante as duas não se encaram direito e fogem do assunto que lhes reuniu. Até que de repente, após observar o comportamento de Lídia e ver que esta estava grávida, tudo começa a fazer sentido para Joana. Ela então tenta conversar abertamente com a outra, perguntando sobre o relacionamento dos dois, se ela realmente o ama e como é a sensação de esperar um filho. Lídia, que antes a odiava com todas as forças, começa a vê-la de maneira diferente. Joana nota a ironia de que enquanto ela é casada e na verdade nunca se sentiu como tal, a outra, como amante, levava uma vida de casada e mesmo assim não se satisfaz sem o matrimônio oficial.

Joana percebe então que talvez não sinta de fato amor por seu marido e resolve que um dia também quer ter um filho e aproveitar essas coisas da vida, mas que deixa que Lídia fique com Otávio.

Ao sair da casa de Lídia, Joana sente-se cansada, aturdida e confusa, como se deixasse toda a sua vida para trás, Ela então começa a andar sem direção, quando se depara com um homem que ela reconhece ser o mesmo que sempre a observava de longe. Após um momento em que ambos se fitaram, ela deixa que o homem se aproxime. Este lhe oferece abrigo em sua casa e ela aceita. A partir daí ela começa a ter um caso com este homem, tornando-se sua amante.

Joana resolve então sair de sua casa e ao tentar comunicar a Otávio sua decisão eles acabam tendo uma longa conversa sobre o desastre que foi seu casamento. Eles cogitam a idéia de ter um filho mas a refutam. Otávio descobre que sua mulher sabia de Lídia e que nada lhe disse, que se manteve impassível, isso lhe dá uma cólera terrível. No dia seguinte, quando acorda, Joana está sozinha em casa pois o marido fora para a casa de Lídia. E ainda ela recebe uma carta de seu amante dizendo que ele também precisara ir embora, por motivos que não podia explicar, mas a pedia que lhe esperasse.

Sozinha novamente, um novo fluxo de consciência a invade. Lembra de sua infância, das galinhas. Vários flashes passam por sua cabeça e, de repente, ela sente uma felicidade inexplicável, uma sensação que nunca sentira antes, tem a sensação que é imortal. A partir daí ela resolve dar um novo rumo em sua vida, não vai fugir, mas ir. Ela então, absorta em suas reflexões, pede a Deus que tudo recaia sobre ela e que ela saiba enfrentar todas as situações de queda e sempre se levantar como um cavalo novo. Ela resolve embarcar em uma viagem sem destino definido, mas desta vez, sozinha.