Discussão:Puris

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Último comentário: 22 de agosto de 2023 de 2804:388:4100:326F:B0C9:C8C4:9B67:F43F no tópico Encontrode 24 puris com D Pedro II no palácio Anchieta em 1860

Informações para serem registradas para não se perder a história. Quando criança, ainda conheci os Puris na região de Manhuaçu, MG. Meu pai era neto de uma índia Puri, e vários familiares meus também o são, mas não da mesma índia da família do meu pai. A descedência é sempre pelo lado feminino, o que indica, possivelmente a exclusão dos homens puris nos cruzamentos com brancos. Todos os casos que conheço, a a antepassada eram mulheres. Aprendi com eles: Fazer os arcos para flexas, bodoques e arco de dançar caboclo. A madeira do arco, era a brejaúba bem velha, um coqueiro fino comum nos brejos da Zona da Mata Mineira. O arco é o tradicional a todos os indios, mas o arco do bodoque era chato, com excessão da empunhadura, que era maciço e ovalado, permitindo dar uma torção nele quando lançava pedras ou pelotas de argila queimadas no fogo. Ele tinha duas cordas, separadas por dois espassadores de taquara próximas a cada extremidade do arco, e um couro no centro, onde era colocada a pedra ou bolota a ser lançada. As cordas dos arcos eram fibras extraídas da parte interna da casca de uma árvore chamada de Aricanga. Fibra muito forte e não elástica, o que permitia ser usada e não se romper. O arco de dançar caboclo, era um arco semelhante ao de flexas, porém mais fraco, feitos com o mesmo material. No centro do arco havia um furo, por onde passava uma flexa sem ponta e com a parte trazeira cilíndrica, que não passava pelo furo, mas batia no arco, quando era puchada e solta, fazendo um estalo cracterístico, marcando o compasso da dança. Cheguei a fazer estes instrumentos quando criança, mas os pedi ao longo da vida.

Encontrode 24 puris com D Pedro II no palácio Anchieta em 1860[editar código-fonte]

Durante visita a província do Espírito Santo, no ano de 1860, D Pedro II estava com uma tarde destinada para um passeio pela baía de Vitória, feito em escaleres, no qual tomaria parte S. M. a Imperatriz Tereza Cristina.

Apareceu, porém, a S. M. o Imperador,

uma visita de vinte e quatro índios puris, que sairam do Aldeamento Imperial Afonsino (hoje Conceição do Castelo) e foram morar em um bairro em Vitória.

Aquelas duas dúzias dos remanescentes de uma tribo valente, lutaram com intrepidez para expulsar das suas terras, nas cabeceiras do Itapemirim, os primeiros tiradores de ouro.

O Aldeamento Imperial Afonsino foi regularmente estabelecido em 1845 por recomendação do governo geral, à margem esquerda do rio Castelo, no local onde existira povoação de mineradores conhecido por Bananeira.

O governo procurara formar aquela colônia agrícola, cuja denominação Afonsino foi escolhida em homenagem ao filho primogênito de D. Pedro II, o príncipe D. Afonso, aldeando os puris

domesticados.

Graças aos desvelos do diretor-geral dos Índios, o barão de Itapemirim, o aldeamento chegara a atingir razoável progresso, com população de oitenta e tantos indígenas, plantando e colhendo

abundantes mantimentos para o seu sustento e se apresentando

vestidos com roupas por eles mesmos costuradas.

O rigor  do capuchinho genovês, frei Bento Bubio de Torsino, quebrantou-lhes o ânimo e serviu de pretexto para a debandada de muitos, o que levou o aldeamento a entrar em decadência.

Os vinte e quatro remanescentes preferiram ficar ali mesmo por Vitória, formando uma espécie de bairro da cidade. As suas mulheres já haviam aprendido a fazer rendas de bilros e eles, sempre peritos na confecção de redes e tarrafas de tucum, estariam melhor como pescadores.

O encontro se deu após a hora do jantar (16 horas), nos jardins do Palácio, com os quais Sua Majestade se entreteve toda a tarde, organizando um vocabulário do respectivo dialeto macro-jê e indagando dos seus costumes. O imperador coletou 110 vocábulos, registrados em seu diário.

Foi muito singela a visita, entretendo-se o imperador com os índios no pátio do Palácio. Vale ressaltar o conhecido interesse do imperador pelo estudo e ensino das línguas indígenas do Brasil.

A colaboração que publicou,

em francês, anos depois (1889), como anônimo, numa obra de envergadura, Grande Encyclopédie, intitulada “Quelques notes sur la langue tupi”, faz judiciosas observações, como estas: “A língua tupi tem para os brasileiros uma grande importância; primeiro porque ela é ainda hoje falada por um grande número de índios selvagens que precisam ser civilizados e por índios já civilizados; segundo porque a maior parte dos nomes geográficos, na sua forma indígena, são conservados ou herdados pelos primeiros colonos que falam o tupi como o português; enfim, porque muito termos designativos, mormente os da flora e fauna, têm sido adotados na língua portuguesa que falam os brasileiros". 2804:388:4100:326F:B0C9:C8C4:9B67:F43F (discussão) 12h35min de 22 de agosto de 2023 (UTC)Responder

Fonte:
Levy Rocha
Viagem de Pedro II ao Espírito Santo
3ª Edição
Vitória, 2008 2804:388:4100:326F:B0C9:C8C4:9B67:F43F (discussão) 12h42min de 22 de agosto de 2023 (UTC)Responder