Diversidade Cultural na Culinária no Bairro de São Miguel Paulista

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O Bairro de São Miguel Paulista, teve inicio com a aldeia Ururaí,[1][2] formada por índios guanases tem início a história de São Miguel Paulista que data de 1560, quando padre Anchieta construiu uma capela com o objetivo de catequizar os índios que já habitavam a região. Ao redor dessa capela conhecida como “Capela de São Miguel Arcanjo”[3] iniciou-se a construção do bairro ao seu redor.

Longe do centro da cidade, o bairro foi povoado por pessoas (em sua maioria) de baixo poder aquisitivo, e no início do século XX, recebeu grande número de migrantes, principalmente nordestinos. Em seguida, além do nordeste, o bairro recebeu pessoas de outras regiões do Brasil e estrangeiros. Devido a variedade de povos que se instalaram no bairro, como judeus, japoneses, árabes, nordestinos e diversas outras culturas, São Miguel tornou-se um bairro multicultural e principalmente multirracial, como citou Fontes “O bairro era, assim, o lugar decisivo para a ressocialização do migrante na cidade e um espaço de trocas de experiências e produção de cultura” ( FONTES, p. 133[4]) agregando em sua história um pouco de cada povo que se instalou aqui. Em 1935, com a chegada da companhia Nitro-química no bairro, houve um aumento populacional, de 7 mil para 80 mil habitantes em 20 anos, como comentado por Ribeiro Fontes “ A história do bairro paulistano de São Miguel foi alterada profundamente nos anos 30, quando ali se instalou a Companhia Nitro Química Brasileira[5]…”( [6]FONTES, p. 105). Esta empresa atraiu trabalhadores de várias regiões formando e agregando valores culturais diversos da população local.

Com tantas influências culturais, a culinária regional foi inevitavelmente modificada e adaptada aos mais diversos gostos, comida italiana, nordestina e gaúcha são apenas alguns exemplos do que se pode encontrar na região. Dentre tantos restaurantes pode-se citar o Piassi, aberto na região desde 1955 e passou por diversas adaptações em seu cardápio.


Breve histórico da alimentação[editar | editar código-fonte]

[7]A alimentação não decorre simplesmente da necessidade de sobrevivência. Muito mais que isso os hábitos culinários advêm da geografia, história, clima, crenças e como cada sociedade se organiza. Também os gostos por determinados pratos têm várias implicações como sexo, idade, nível de renda, classe social etc. O hábito de compartilhar refeições inicia-se com a necessidade de unir-se na caça e na manipulação da carne, pois para tais tarefas era necessário a reunião de um grupo ou família para atingirem o objetivo. Assim surge a hospitalidade e o ato de compartilhar refeições. No Brasil, existe uma miscigenação cultural e, portanto, culinária de modo que existiu influência direta na alimentação: alguns povos fizeram interferências no modo de preparo e adição de temperos, enquanto outros introduziram ingredientes desconhecidos, novos. Para exemplificar, os portugueses, no início vinham sem esposas, então eram as negras escravas que se responsabilizavam pela cozinha e com isso faziam adaptações e introduziam seus ingredientes mesmo diante do cardápio imposto por seus senhores. Assim, como comentado por Henrique S. Carneiro[8], como tantos outros pratos, nasce a feijoada, que hoje é representante legítima da culinária brasileira. Uma representação da mistura racial: prato feito por negros, com feijão (americano) como base, numa técnica de cozimento vinda da Europa. [9]Para Câmara Cascudo, são os mais pobres que manteriam as tradições culinárias que remetem a história brasileira, porque essa faixa da população não era afetada diretamente pela propaganda. Fazendo trocas e adaptações sucessivas , o alimento de um povo conquistou o outro, influenciando o manuseio, receitas e usos dos alimentos.

Restaurantes de São Miguel[editar | editar código-fonte]

A região de São Miguel, conta hoje, com cerca de 40 restaurantes, segundo informações do sindicato do setor (Sinthoresp), com cardápios diversificados, contando com muitos pratos considerados tipicamente brasileiros como feijoada, baião de dois, fava, feijão tropeiro e de corda, churrasco, virado a paulista, moqueca.

É correto afirmar que da culinária nordestina, passando pela do sudeste até a que se refere como sulina é possível se encontrar na região. Além da culinária brasileira, tem-se mostrado crescente o número de estabelecimentos que oferecem a comida japonesa e também as pizzarias que, como tradição em São Paulo, são muitas no bairro. Encontra-se também muitas lanchonetes tipo fast-food.

Entre os restaurantes mais tradicionais da região estão o Restaurante Piassi, Tide e Nostra Casa, todos eles com cardápios diversificados. O restaurante Piassi, na época um bar, foi fundado no ano de 1955 pelos irmãos Piassi e servia comida caseira para os viajantes que iam de São Paulo ao Rio de Janeiro pela antiga estrada São Paulo-Rio, atual Av. Marechal Tito. Por ali passavam pessoas de todo canto do Brasil, de caminhoneiros gaúchos levando produtos do sul para o Rio de Janeiro, a caixeiros viajantes árabes. Além disso, o crescimento recente do bairro e sua diversidade populacional fez com que o restaurante fosse o primeiro do tipo a La Carte da região servindo um variado cardápio, bem como os funcionários que chegavam e traziam consigo sua influências pessoais agregando valores culturais e novidades ao cardápio.

Referências

  1. «História de São Miguel Paulista». Consultado em 29 de setembro de 2014 
  2. «São Miguel Paulista». Consultado em 29 de setembro de 2014. Arquivado do original em 27 de janeiro de 2011 
  3. Beatriz Le Senechal (22 de julho de 2014). «Capela de São Miguel Arcanjo». Consultado em 29 de setembro de 2014. Arquivado do original em 6 de outubro de 2014 
  4. Fontes, Um Nordeste em São Paulo. Paulo. [S.l.: s.n.] 
  5. «Nitro Química em S. Miguel Paulista vira Patrimônio Histórico». 28 de maio de 2012. Consultado em 29 de setembro de 2014 
  6. FONTES, R. R. Paulo, Comunidade Operária, migração nordestina e lutas sociais: São Miguel Paulista (1945-1966), Unicamp, 2002
  7. SOARES LEAL, M. L. M. A história da gastronomia 6 ed. Rio de Janeiro: SENAC, 2002.
  8. «Comida e Sociedade: Significados Sociais na História da Alimentação». História Questões & Debates 
  9. Mariana Corção (1 de janeiro de 2012). «Receita velha é que faz comida boa». Consultado em 29 de setembro de 2014