Ducoco Produtos Saudáveis

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Ducoco Alimentos
Ducoco Produtos Saudáveis
Atividade Alimentos
Fundação 1982
Sede Itapipoca, Ceará
Empregados 1.700 (2010)
Website oficial Site da Ducoco Alimentos

Ducoco Alimentos é uma empresa alimentícia brasileira fundada em 1982 a partir de uma plantação de cocos no interior do Ceará. A empresa distribui produtos para todo território nacional e atende ao mercado externo desde 2000, quando fez sua primeira exportação, para Portugal. Hoje comercializa para 24 nações e cerca de 10% da produção líquida é destinada ao mercado internacional, sendo que para o mercado norte-americano, negocia um milhão de litros de água de coco.[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

Após a Embrapa criar em 1983 o Centro Nacional de Pesquisa do Coco, a agropecuária Ducoco investiu no cultivo de espécies nacionais no sul do Pará. Ao mesmo tempo, produtores e parte do mercado partiram para o cultivo do coco africano (PB-121).[3] Cinco anos depois, a Ducoco investiu na plantação do coco africano em uma fazenda no Ceará.[4]

No período de julho de 1989 a julho de 1990, a Ducoco tornou-se lider do mercado nacional de leite de coco, com 20,9% de participação.[5] Com esse resultado, a empresa investiu 5 milhões de dólares em 1990, prevendo um crescimento de 10% de sua participação no mercado de produtos derivados de coco.[6]Como parte do investimento, veiculou sua primeira campanha na televisão, estrelada pela atriz Angelina Muniz.[7] A sede da empresa, que era a segunda maior do país no mercado de produtos derivados de coco, foi transferida de Fortaleza para São Paulo em 1993.[8]

Com um crescimento de 35% em vendas de água de coco registrado em 2014 (representado 16,7% do mercado varejista brasileiro), no ano seguinte a Ducoco recebeu um aporte de 85 milhões de reais do fundo BRZ Investimentos (que passou a ser sócia da empresa) para ampliar sua produção.[9][10]

Durante as investigações da Operação Lava Jato, foi decretada uma intervenção judicial e liquidação do banco FPB Bank Panamá. O banco foi acusado de servir de plataforma para estrangeiros abrirem contas sem autorização legal.[11] As autoridades descobriram que o banco era controlado por Nelson Pinheiro - maior acionaista da Ducoco.[12][13] Após a intervenção no FPB, a Ducoco foi colocada à venda em abril de 2017.[14]

Em 2018 a empresa sofreu uma intervenção judicial após ação de Roberto e Antonio Montoro, clientes do banco FPB Bank. O banco foi acusado pelos irmãos Montoro de ter desviado 48 milhões das contas deles no FPB Bank. Pinheiro recorreu contra a intervenção.[15]

Marcas[editar | editar código-fonte]

Em 1997, adquiriu a marca Menina, também de derivados de coco. No ano seguinte, resolveu explorar novos segmentos e começou a produzir sobremesas semiprontas e achocolatado em pó, sob as marcas Frutop e Chomax, respectivamente. Dessa forma tornou uma empresa de alimentos e mudou o nome de Ducoco para Ducoco Alimentos.

Atualmente, a empresa conta com 7 fazendas, 2 fábricas, 3 centros de distribuição, 4 marcas e 105 produtos. Conta com mais de 1.700 colaboradores.[1]

Invasão em Terras Indígenas[editar | editar código-fonte]

Desde os anos 70, os povos Tremembés do litoral norte do Ceará, tem relatado a invasão de suas terras para plantio da monocultura de coco.[16] Nos anos 80, as terras foram compradas por empresas como a Ducoco, que manteve as pressões contra as terras indígenas e inclusive começou expulsar estes para viverem em pequenas terras de 1-2 ha. Naquela mesma década, as lideranças Tremembés passaram revindicar seus direitos trabalhistas (muitos deles trabalhavam nessas monoculturas) e seus próprios direitos indígenas, exigindo a demarcação da terra de Almofala (Itarema).[17] Em resposta as reivindicações indígenas, eles passaram ser perseguidos e ter suas lideranças ameaçadas de morte. A pressão da empresa, de outros latifundiários, de políticos e da própria prefeitura de Itarema, impedem a demarcação do território de Almofala desde 1992, processo que segue até atualmente sem solução.[18]

Referências

  1. a b Diário do Nordeste. «Ducoco Alimentos: ativa há 26 anos». diariodonordeste.globo.com. Consultado em 30 de agosto de 2010 
  2. Ducoco vai começar a exportar para a América Latina este ano, Época Negócios
  3. Adilberto de Souza (26 de julho de 1987). «Coco africano ameaça no Nordeste supremacia do velho coco-da-Bahia». Jornal do Brasil, ano XCVII, edição 109, página 22/republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  4. Empresa (6 de maio de 1988). «Plantação». Jornal do Brasil, ano XCVIII, edição 28, página 17/republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  5. Negócios (11 de setembro de 1990). «Coco». Correio Braziliense, edição 9997, página 6/republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  6. Negócios (12 de julho de 1990). «Coco». Correio Braziliense, edição 9936, página 6/republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  7. Negócios (18 de julho de 1990). «Ducoco». Correio Braziliense, edição 9942, página 6/republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  8. «Pelo mercado». Jornal do Brasil, ano CII, edição 303, Seção Negócios e finanças, página 3/republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. 5 de fevereiro de 1993. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  9. «Ducoco aporta R$ 85 mi para dobrar produção». Diário do Nordeste. 27 de Maio de 2015. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  10. Tatiane Bortolozi (25 de maio de 2015). «Com novo sócio, Ducoco pretende dobrar produção». Valor Econômico-republicado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  11. EFE (12 de abril de 2017). «Envolvido na Lava Jato, banco panamenho de capital brasileiro é liquidado». UOL. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  12. Leandro Mazzini (7 de maio de 2018). «Banqueiro alvo da Lava Jato na mira da Justiça por sumiço de R$ 50 milhões». Coluna Esplanada. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  13. Vicente Nunes (7 de julho de 2016). «Banco panamenho FPB Bank pertence ao brasileiro Nelson Nogueira Pinheiro». Correio Braziliense. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  14. Coluna do Broadcast (25 de abril de 2017). «Ducoco é colocada à venda». Estadão. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  15. Talita Moreira (4 de maio de 2018). «Justiça faz intervenção na gestão da Ducoco». Valor Econômico. Consultado em 6 de novembro de 2021 
  16. «Tremembé - Povos Indígenas no Brasil». pib.socioambiental.org. Consultado em 22 de setembro de 2023 
  17. «Empresa Ducoco Agrícola S.A. impacta TI Tremembé». Um outro céu. 11 de dezembro de 2020. Consultado em 22 de setembro de 2023 
  18. «Índios Tremembé voltam a reclamar contra a Ducôco | Terras Indígenas no Brasil». terrasindigenas.org.br. Consultado em 22 de setembro de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]