Edifício Anchieta

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Edifício Anchieta
Edifício Anchieta
Edifício Anchieta
Vista da fachada na Avenida Paulista.
Tipo Residencial e comercial
Estilo dominante Arquitetura modernista
Arquiteto Escritório MMM Roberto
Inauguração 1941
Dimensões
Outras dimensões Área total 2970,60m²
Área construída 12331,38m²
Número de andares 10
Geografia
País Brasil
Coordenadas 23° 33' 19" S 46° 39' 47" O

O Edifício Anchieta é um prédio localizado no bairro da Consolação, na esquina entre as movimentadas Avenida Paulista, Rua da Consolação e Avenida Angélica, em São Paulo. Projetado em 1941 por MMM Roberto, um dos escritórios mais importantes no cenário da Arquitetura Moderna Brasileira, O edifício Anchieta foi construído em 1941, com amplo jardim frontal, atendia a um novo conceito de moradia, verticalizada, que começava se tornar comum nas áreas centrais da cidade, projetado segundo preceitos de funcionalidade de racionalidade da arquitetura moderna, o edifício possui apartamentos simples e também duplex, como a construção sobre pastilhas coloridas [http://spcultura.prefeitura.sp.gov.br] Sendo assim, foi financiado e pensado para abrigar funcionários do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI).[1] Com 2970,60m² de área total e 12331,38m² de área construída, o prédio foi constituído entre térreo, sobreloja, além de 10 pavimentos tipo terraço e jardim. Possui 60 unidades simples e 12 duplex, o Anchieta era para ser originalmente divido entre uso residencial, comercial e serviços, mas segue, atualmente, somente com uso residencial e comercial. Seus arquitetos foram os irmãos Marcelo (1908-1964), Milton (1914-1956) e Maurício Roberto (1921-1996). O prédio abriga também um dos mais tradicionais restaurantes da cidade, o Bar Riviera.[2]

Atualmente, o Edifício está em processo de tombamento realizado pelo CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) e enquadrado no Plano Regional Estratégico das Subprefeituras da cidade, a ZEPPEC (Zoanas Especiais de Preservação Cultural).[3]

História[editar | editar código-fonte]

Face lateral para a Avenida Angélica, na qual fica localizada a única saída de automóveis

O Edifício Anchieta foi encomendado e financiado pelo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI), com a função de servir como moradia de aluguel para os funcionários da Indústria. Posteriormente, acabou sobre domínio do alto escalão do Instituto e assim durou até o ano de 1963, quando o presidente Jânio Quadros decretou o fim do IAPI. A partir de então, a administração do prédio passou às mãos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que vendeu os apartamentos.[4]

Durante a década de 70, o prédio sofreu sua primeira alteração estrutural. Com a aprovação do projeto de alargamento da Avenida Paulista em 20 metros, aprovado pela Lei 7.166 de 17 de julho de 1968,[5] o edifício perdeu seu jardim voltado à Avenida Paulista. Outra mudança sofrida foi alteração das duas portarias de veículos antes orientadas para a Avenida Angélica e a Rua da Consolação. Com o projeto de alargamento da Rua da Consolação e a construção da galeria subterrânea de pedestres, também conhecida como Passagem Literária da Consolação, esse acesso foi fechado e manteve somente a saída para a Avenida Angélica.[4]  

  Escritório MMM Roberto[editar | editar código-fonte]

Detalhes arquitetônicos da fachada, face para Avenida Paulista.

Um dos mais importantes escritórios de Arquitetura Moderna Brasileira, o MMM Roberto, foi fundado em 1935 no Rio de Janeiro pelos irmãos Marcelo (1908-1964) e Milton (1914-1956) e, posteriormente, integrado pelo terceiro irmão Maurício Roberto (1921-1996).[4]

Entre os anos de 1935 e 1996 de sua existência, o escritório passou por três nomes diferentes. Fundado em 1935, foi batizado somente como MM Roberto, através da junção dos nomes Marcelo e Milton. Posteriormente, em 1941, com a entrada de Maurício à equipe, o escritório passou a adotar o nome mais famoso e que consagrou os irmãos na arquitetura: MMM Roberto.  Somente em 1964, após a morte de Marcelo e Milton, Maurício renomeou a companhia para M Roberto Empreendimentos de Arquitetura Ltda.[6]

Os irmão são responsáveis também pelo projeto do Edifício-sede da Associação Brasileira de Imprensa, a ABI, construído no ano de 1943 no Rio de Janeiro.  Forte referência no movimento arquitetônico moderno brasileiro, o projeto traz inovações como a utilização do brise-soleil e “o primor no detalhamento de esquadrias que evidenciam a preocupação com o conforto térmico e com a necessidade de adequar a arquitetura ao clima [2] Os irmãos Roberto foram os pioneiros na utilização de brise-soleil, e isso fez com que eles entrassem para a história da arquitetura brasileira.[7]

Além do Edifício-sede da Associação Brasileira de Imprensa, os irmãos Roberto também assinam a estação de passageiros do Aeroporto Santos Dumont, resultado de um concurso em 1938[6]

O Bar Riviera[editar | editar código-fonte]

Famoso reduto cultural, o Bar Riviera foi fundado em 1949 ocupando térreo e sobreloja do Edifício Anchieta, com face para a Rua da Consolação.

Ponto de encontro fervoroso entre artistas e intelectuais, o estabelecimento ficou conhecido por receber grandes nomes nacionais como Chico Buarque, Toquinho e Elis Regina,[4] como escreveu Valdir Sanches no texto "A casa na Rua da Consolação onde estudantes e artistas falavam mal da ditadura fechou depois de 57 anos" para o jornal O Estado de São Paulo, publicado em 26 de abril de 2006.[8]

O bar serviu de inspiração para composições artísticas diversas. Em 1979 o músico Arrigo Barnabé lança junto a seu primeiro disco, "Clara Crocodilo", a canção "Diversões Eletrônicas", na qual traz um trecho em que se passa no ambiente do Bar.[9] 

Compositor Arrigo Barnabé

Embora o auge durante as décadas de 70 e 80, o Bar Riviera começou a perder público a partir de 1990. Em 2006, após acusações do INSS de que o bar não efetuava os aluguéis desde 1996, Riviera fechou as portas. Após sete anos sem funcionamento, o local reabriu em setembro de 2013 sob comando do renomado chefe de cozinha Alex Atala, também dono de outros estabelecimentos como D.O.M, e do empresário Facundo Guerra.[10] 

Avenida Paulista[editar | editar código-fonte]

Avenida Paulista

Um das mais importantes vidas do município de São Paulo, a Avenida Paulista está situada no limite entre as zonas Centro-Sul, Central e Oeste; e em uma das regiões mais elevadas da cidade, com cerca de 900 metros acima do nível do mar,[11] chamada de Espigão da Paulista. A avenida é, assim como ponto turístico característico da capital paulista, um dos principais centros financeiros da metrópole. Polo econômico, cultural e de entretenimento, aglomera um grande número de sedes de empresas, bancos, consulados, hotéis, hospitais, como o tradicional Hospital Santa Catarina e instituições científicas, como o Instituto Pasteur, culturais, como o MASP e educacionais, como os tradicionais Colégio São Luís e a Escola Estadual Rodrigues Alves.[11]

Avenida Angélica[editar | editar código-fonte]

A Avenida Angélica é um logradouro localizado entre os bairros de Santa Cecília e Higienópolis, na cidade de São Paulo, capital do Estado de São Paulo, Brasil. Recebeu seu nome em homenagem à Dona Maria Angélica de Sousa Queirós Aguiar de Barros, proprietária rural e aristocrata brasileira[12] filha do Barão de Sousa Queirós, senador do Império, abastado fazendeiro e proprietário na cidade de São Paulo.

Atualmente onde se localiza a avenida era a Chácara das Palmeiras, com mais de 25 alqueires, abaixo das rua Jaguaribe, que originalmente pertencente a Francisco José Leite Pereira da Gama e depois a Frederico Borghoff. Foi arrematada em leilão, em 23 de janeiro de 1874, por Francisco de Aguiar Barros.[13]

É cortada por importantes vias, como a Avenida Higienópolis e outras ruas importantes do bairro. Há também o Parque Buenos Aires.[13]

Rua da Consolação[editar | editar código-fonte]

Rua da Consolação próximo à Avenida Ipiranga

Assim como a Avenida Paulista e a Avenida Angélica, a Rua da Consolação é uma das mais importantes vias da cidade de São Paulo. Tem início no Centro da cidade, próximo ao Vale do Anhangabaú e termina na Rua Estados Unidos, nos Jardins. É constituído por três trechos bem distintos. No primeiro, entre o Vale do Anhangabaú até a Avenida São Luís e depois no terceiro trechos, entre a Avenida Paulista e a Rua Estados Unidos, é uma via comum, de uma única pista. No trecho central, contudo, torna-se uma via de oito pistas com duas exclusivas de ônibus, que integra o Corredor de ônibus Campo Limpo-Rebouças-Centro.[14]

Galeria[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. PAULA, Rebeca Domiciano de. EDIFÍCIO ANCHIETA: FORMALIZANDO MEMÓRIAS E PATRIMONIALIZANDO A ARQUITETURA MODERNA. 2014. 4 f. Tese (Doutorado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Escola da Cidade - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, 2014. Disponível em: <http://conic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000016776.pdf>. Acesso em: 1 jan. 2014.
  2. a b de Oliveira Modinger, Ana Carolina (junho de 2013). A conservação da arquitetura moderna: O Caso do Edifício Anchieta. [S.l.: s.n.] 25 páginas 
  3. «Imóveis em Processo de Tombamento, enquadrados ou propostos como ZEPEC pela Lei Nº 13.885/2004 e não protegidos por legislação de tombamento municipal» (PDF) 
  4. a b c d MODINGER, Ana Carolina. A conservação da arquitetura moderna. o caso do Edifício Anchieta. 2013. 146 f. TCC (Graduação) - Curso de Arquitetura, Tfg - Fauusp, São Paulo, 2013. Disponível em: <https://issuu.com/anacarolinamodinger/docs/caderno_rv>. Acesso em: 13 jun. 2013.
  5. «LEI Nº 7.166 17/07/1968». Projeto de Lei Nº 59/1968. 19 de julho de 1968 
  6. a b SOUZA, Luiz Felipe Machado Coelho de. Irmãos Roberto, Arquitetos. Rio de Janeiro: Rio Books, 2014. 272 p.
  7. «Minibiografia de edifícios: Anchieta | Redação VEJA São Paulo | VEJA SÃO PAULO». 17 de janeiro de 2013 
  8. Sanches, Valdir. «A casa na Rua da Consolação onde estudantes e artistas falavam mal da ditadura fechou depois de 57 anos». Estado de São Paulo 
  9. Giorgio, Fabio Henriques. Na Boca do Bode -Entidades Musicais em Trânsit. [S.l.]: Atrito Art 
  10. Lessa, Katia. «Confira a história do Riviera: o surgimento, a decadência e o retorno». Folha de S.Paulo. Consultado em 15 de setembro de 2013 
  11. a b BARQUILHA,Bárbara Silveira; SILVA, Carolina Baptista Suzuki; MALVA, Gabriela; MIZOGUCHI, Hanna Carina; SERRANO, Maíra Paiva: Slide de apresentação de projeto de restauro da Faculdade Paulista; Curso Arquitetura e Urbanismo - Patrimônio Histórico: Residência Joaquim Franco de Mello, Avenida Paulista, 1919 - Cerqueira César - São Paulo - SP. Santana de Parnaíba - Novembro/2010.
  12. HOMEM, Maria Cecília Naclério, Higienópolis, História dos Bairros de São Paulo
  13. a b Moura, Paulo Cursino de. São Paulo de outrora: evocações da metrópole. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980. 312p.
  14. «Aprenda 450 Anos: Rio Pinheiros». Consultado em 8 de Janeiro de 2011. Arquivado do original em 16 de dezembro de 2009 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]