Eleições estaduais no Ceará em 1990

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
1986 Brasil 1994
Eleições estaduais no  Ceará em 1990
3 de outubro de 1990
(Decisão em primeiro turno)
Candidato Ciro Gomes Paulo Lustosa
Partido PSDB PFL
Natural de Pindamonhangaba, SP Sobral, CE
Vice Lúcio Alcântara Luiza Távora
Votos 1.279.492 871.047
Porcentagem 54,32% 36,98%
Candidato mais votado por município no 1° turno (184):
  Ciro (134)
  Lustosa (49)
  João Alfredo (1)

Eleito
Ciro Gomes
PSDB

As eleições estaduais no Ceará em 1990 ocorreram em 3 de outubro como parte das eleições em 26 estados e no Distrito Federal. Foram eleitos o governador Ciro Gomes, o vice-governador Lúcio Alcântara e o senador Beni Veras, além de 22 deputados federais e 46 estaduais num pleito decidido em primeiro turno.[1][2]

Eleito pelo PMDB em 1986, o governador Tasso Jereissati entrou em dissenso com seu partido na eleição presidencial de 1989 quando apoiou Mário Covas numa atitude que o fez ingressar no PSDB em 16 de janeiro de 1990,[3] gesto repetido por Ciro Gomes, seu afilhado político com quem firmou uma aliança que venceria as eleições em 1994 e 1998 com o próprio Tasso Jereissati[nota 1] e em 2002 com Lúcio Alcântara. Ao deixar o PMDB, o grupo tassista obrigou seu antigo partido a aliar-se com Adauto Bezerra, César Cals e Carlos Virgílio Távora (filho do falecido Virgílio Távora) e mesmo essa coligação não impediu a queda vertiginosa no número de parlamentares eleitos pelo PMDB que embora conservasse os senadores Mauro Benevides e Cid Saboia de Carvalho, caiu de doze para quatro deputados federais e de vinte e quatro para quatro deputados estaduais em comparação a 1986.[1]

Paulista de Pindamonhangaba, o governador Ciro Gomes é advogado formado pela Universidade Federal do Ceará e descende de uma família de políticos onde o bisavô, o avô e o pai foram prefeitos de Sobral, cidade para onde Ciro retornou após a graduação recebendo o apoio do pai para candidatar-se a deputado estadual pelo PDS em 1982 obtendo uma suplência. Filiado ao PMDB foi eleito deputado estadual em 1986 com 17.602 votos[1] e com o apoio de Tasso Jereissati foi eleito prefeito de Fortaleza em 1988, cargo ao qual renunciou para disputar o executivo cearense tornando-se o primeiro governador eleito pelo PSDB em todo o país,[4] deixando a capital do estado nas mãos de Juraci Magalhães.

Resultado da eleição para governador[editar | editar código-fonte]

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará houve 298.216 (10,30%) votos em branco e 242.440 (8,37%) votos nulos calculados sobre um total de 2.896.185 eleitores com os 2.355.529 votos nominais assim distribuídos:[1]

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Ciro Gomes
PSDB
Lúcio Alcântara
PDT
45
Coligação Geração Ceará Melhor
(PSDB, PDT, PDC)
1.279.492
54,32%
Paulo Lustosa
PFL[nota 2][5]
Luiza Távora
PDS
25
Compromisso Ceará Verdade
(PFL, PDS, PMDB, PSD, PST, PTR, PTdoB)
871.047
36,98%
João Alfredo
PT
Vasco Damasceno Weyne
PCB
13
Frente Ceará Popular
(PT, PCB, PSB, PCdoB)
185.482
7,87%
José Ribamar Aguiar Júnior
PRN
Roberto Prado Júnior
PRN
36
PRN (sem coligação)
19.508
0,83%
  Eleito

Biografia do senador eleito[editar | editar código-fonte]

Beni Veras[editar | editar código-fonte]

No rastro da vitória de Ciro Gomes para governador o PSDB elegeu o senador Beni Veras os quais, após a queda do presidente Fernando Collor e o estabelecimento do Governo Itamar Franco, foram chamados a auxiliar o novo presidente em seu último ano de mandato.[nota 3] Na disputa pelos cargos proporcionais os tucanos elegeram 32% dos deputados federais e 43% dos estaduais, números que seriam elevados pela ocorrência de coligações partidárias. Os números obtidos pelos cearenses fizeram de Tasso Jereissati o primeiro nordestino a ocupar a presidência nacional do PSDB em convenção realizada em 1º de setembro de 1991.[6]

Resultado da eleição para senador[editar | editar código-fonte]

Candidato mais votado por município (184):
  Beni Veras (135)
  Paes de Andrade (48)
  Durval Ferraz (1)

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará houve 767.628 (26,50%) votos em branco e 186.227 (6,43%) votos nulos calculados sobre um total de 2.896.185 eleitores com os 1.942.330 votos nominais assim distribuídos:[1]

Candidatos a senador da República Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Beni Veras
PSDB
Reginaldo Duarte
PSDB
Juarez Leitão
PSDB
451
Coligação Geração Ceará Melhor
(PSDB, PDT, PDC)
1.026.965
52,87%
Paes de Andrade
PMDB
Afonso Sancho
PFL
Cláudio Cisne de Medeiros
PTR
151
Compromisso Ceará Verdade
(PFL, PDS, PMDB, PSD, PST, PTR, PTdoB)
752.950
38,77%
Antônio Durval Ferraz Soares
PT
Walton de Miranda Leitão
PSB
Chico Lopes
PCdoB
131
Frente Ceará Popular
(PT, PCB, PSB, PCdoB)
162.415
8,36%
  Eleito

Deputados federais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[7][8]

Representação eleita

  PSDB: 7
  PMDB: 4
  PFL: 4
  PDT: 2
  PDS: 2
  PSB: 2
  PDC: 1
Número Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
4522 José Linhares PSDB 103.740 Sobral  Ceará
1707 Moroni Torgan[nota 4] PDC 92.770 Porto Alegre  Rio Grande do Sul
1510 Gonzaga Mota PMDB 76.451 Fortaleza  Ceará
2513 Vicente Fialho PFL 69.082 Tauá  Ceará
1230 Edson Silva PDT 61.692 Fortaleza  Ceará
1212 Luiz Girão PDT 61.528 Maranguape  Ceará
4519 Ernani Viana PSDB 59.505 Caucaia  Ceará
4545 Sérgio Machado PSDB 53.296 Fortaleza  Ceará
4517 Mauro Sampaio PSDB 50.852 Fortaleza  Ceará
2519 Antônio dos Santos PFL 50.199 Crateús  Ceará
4599 Luiz Pontes PSDB 49.885 Fortaleza  Ceará
1515 Pinheiro Landim PMDB 47.612 Solonópole  Ceará
1501 Carlos Benevides[nota 5] PMDB 46.339 Fortaleza  Ceará
4013 Maria Luiza Fontenele PSB 45.649 Quixadá  Ceará
2520 Etevaldo Nogueira PFL 44.200 Pedro II  Piauí
1118 Aécio de Borba PDS 39.978 Fortaleza  Ceará
1516 Ubiratan Aguiar PMDB 39.225 Cedro  Ceará
1108 Carlos Virgílio Távora PDS 38.236 Fortaleza  Ceará
2511 Orlando Bezerra PFL 37.371 Juazeiro do Norte  Ceará
4555 Jackson Pereira PSDB 37.331 Fortaleza  Ceará
4554 Marco Penaforte PSDB 35.197 Fortaleza  Ceará
4011 Ariosto Holanda PSB 21.754 Limoeiro do Norte  Ceará

Deputados estaduais eleitos[editar | editar código-fonte]

A Assembleia Legislativa do Ceará possuía 46 vagas.[9]

Representação eleita

  PSDB: 18
  PFL: 5
  PDS: 5
  PMDB: 4
  PDT: 3
  PTB: 2
  PL: 2
  PDC: 1
  PT: 1
  PSD: 1
  PCdoB: 1
  PSB: 1
  PRN: 1
  PCN: 1
Número Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
45119 Manoel Salviano PSDB 36.640 Várzea Alegre  Ceará
45124 Manoel Duca PSDB 24.513 Fortaleza  Ceará
25112 Roberto Pessoa PFL 24.397 Fortaleza  Ceará
45150 Moésio Loiola PSDB 23.963 Sobral  Ceará
45114 Antônio Viana Filho PSDB 23.181 Caucaia  Ceará
45140 Raimundo Macedo PSDB 22.792 Aurora  Ceará
25119 Pedro Timbó PFL 22.154 Tamboril  Ceará
45133 Cid Gomes PSDB 21.895 Sobral  Ceará
45144 Maria Shylene Osterno Aguiar PSDB 21.463 Marco  Ceará
45255 Francisco Aguiar PSDB 21.048 Fortaleza  Ceará
25103 José Ricardo Prado PFL 20.284 Sobral  Ceará
25111 Stênio Rios PFL 20.199 Acaraú  Ceará
45145 Luís Alexandre Figueiredo Pessoa PSDB 20.106 Sobral  Ceará
45117 Antônio Leite PSDB 18.914 Barro  Ceará
11102 Antônio de Almeida Jacó PDS 18.506 Redenção  Ceará
25144 Arnon Bezerra PFL 18.065 Crato  Ceará
12140 Andrade Girão PDT 17.868 Morada Nova  Ceará
15117 José Maria Melo PMDB 17.513 Guaraciaba do Norte  Ceará
45197 Júlio Rego PSDB 16.960 Tauá  Ceará
11171 Raimundo Nonato Prado de Aguiar PDS 16.947 Sobral  Ceará
12200 Raimundo Nonato da Silva Neto PDT 16.886 Fortaleza  Ceará
41141 Marcos Cals PSD 16.836 Recife  Pernambuco
65111 Inácio Arruda PCdoB 16.764 Fortaleza  Ceará
45245 Maria Lúcia Correa PSDB 16.720 Senador Pompeu  Ceará
15155 Mauro Benevides Filho PMDB 15.887 Fortaleza  Ceará
17123 Paulo Duarte PDC 15.832 Limoeiro do Norte  Ceará
11160 Domingos Pontes PDS 15.739 São Gonçalo do Amarante  Ceará
11127 Carlomano Marques PDS 15.615 Iguatu  Ceará
45111 Teodorico Menezes PSDB 15.196 Pacajus  Ceará
45122 Manoel Veras PSDB 15.065 Crateús  Ceará
15146 Antônio Câmara PMDB 14.919 Tauá  Ceará
11109 José Jácome Carneiro PDS 14.537 Fortaleza  Ceará
45149 Abelardo Gurgel PSDB 14.508 Aracati  Ceará
45143 Carlos Roberto Costa PSDB 14.341 Iguatu  Ceará
12128 Marconi de Matos PDT 14.014 Iguatu  Ceará
15137 Tomaz Brandão PMDB 13.888 Crateús  Ceará
45175 Cirilo Pimenta PSDB 13.713 Quixeramobim  Ceará
45134 Artur Silva Filho PSDB 13.611 Natal  Rio Grande do Norte
40123 Eudoro Santana PSB 12.914 Quixeramobim  Ceará
36200 Luiz Ximenes Filho PRN 11.869 Tamboril  Ceará
14138 Francisco das Chagas Alves PTB 10.469 Fortaleza  Ceará
13123 Mario Mamede PT 10.355 Fortaleza  Ceará
31111 Luciano Monteiro PCN 10.259 Fortaleza  Ceará
14142 Marcelo Carlos PTB 10.017 Ipu  Ceará
22119 Fernando Hugo PL 7.766 Fortaleza  Ceará
22262 Ted Rocha Pontes PL 6.349 Caucaia  Ceará

Notas

  1. Graças à Emenda Constitucional nº 16 de 4 de junho de 1997 os detentores de cargos executivos ganharam o direito a disputar a reeleição.
  2. Embora Lustosa tenha sido candidato pelo PFL, como indicam os jornais O Estado de S. Paulo e O Globo, ele utilizou o número 11, na época pertencente ao PDS, que fazia parte da sua coligação, e por conta desse detalhe ele foi registrado erroneamente no TRE-CE e no IPEADATA como candidato pelo PDS. Editorialmente, optamos por inserir a numeração do partido ao qual ele era filiado.
  3. Beni Veras assumiu o Ministério do Planejamento em 3 de março de 1994 e Ciro Gomes o Ministério da Fazenda em 6 de setembro do mesmo ano.
  4. Renunciou ao mandato no último mês da legislatura para assumir o mandato de vice-governador do Ceará na chapa de Tasso Jereissati em 1994 sendo efetivado Firmo de Castro.
  5. Foi cassado em 14 de abril de 1994 em decorrência das investigações da CPI do Orçamento sendo efetivado Manoel Viana.

Referências

  1. a b c d e «Banco de dados do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará». Consultado em 24 de setembro de 2013 
  2. «Resultado das eleições de 1990 conforme o TRE/CE» (PDF). Consultado em 2 de agosto de 2020 
  3. Tasso Jereissati se filia ao PSDB e diz que sua opção é "definitiva" (online). Folha de S.Paulo, 17/01/1990. Página visitada em 24 de setembro de 2013.
  4. «Site oficial do Partido da Social Democracia Brasileira». Consultado em 24 de setembro de 2013 
  5. «O Estado de S. Paulo - Acervo Estadão (19/10/90)» 
  6. PSDB elege Tasso como presidente, mas não define o seu perfil político (online). Folha de S.Paulo, 02/09/1991. Página visitada em 25 de setembro de 2013.
  7. «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 19 de agosto de 2015. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013 
  8. BRASIL. Presidência da República. «Lei nº 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 19 de agosto de 2015 
  9. BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Repositório de Dados Eleitorais». Consultado em 21 de janeiro de 2022