Encefalite letárgica

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Constantin von Economo.

A encefalite letárgica, doença europeia do sono ou doença de von Economo[1] é uma forma atípica de encefalite, cujas causas não são conhecidas. Ela provoca letargia, sonolência incontrolável e tremores (parkinsonismo pós-encefalítico).[2] Outros sintomas foram observados: febre alta, dor de cabeça, inflamação de garganta, visão dupla, movimentos anormais do globo ocular (crise oculogírica), catatonia, perda da fala (mutismo acinético), atrofia muscular e até mesmo psicose.

Uma epidemia de encefalite letárgica se espalhou pelo mundo entre 1915 e 1926, principalmente na Europa e na América do Norte[3]; cerca de 1 milhão de pessoas foram afetadas, e a metade delas morreu.[4] Desde então, foram registrados somente casos isolados da doença. A causa exata da doença, bem como a origem da epidemia de 1915, permanecem desconhecidos.

Pesquisa[editar | editar código-fonte]

Constantin von Economo descreveu em detalhes os sintomas, patologia e histologia da encefalite letárgica em 1917; a doença é possivelmente conhecida desde Hipócrates.[5] O dano ao tecido cerebral provocado pela doença é semelhante ao da doença de Parkinson; sabe-se que ocorre inflamação da matéria cinza e da substância negra.[6][7]

Pesquisadores britânicos concluíram, com uma amostra de 20 casos recentes, que todos foram precedidos de uma inflamação de garganta de origem bacteriana. Russell Dale também encontrou referências a faringites bacterianas, causadas por diplococos, nos casos da década de 1920; teoriza-se que a encefalite letárgica tenha origem numa reação auto-imune exagerada do corpo humano ante inflamações de garganta.[8]

A hipótese de que a encefalite aguda esteja relacionada com o vírus influenza A H1N1, causador da gripe comum[9], não foi confirmada por estudos genéticos.[10]

Tratamento[editar | editar código-fonte]

L-DOPA.

Não existe cura conhecida para a encefalite letárgica; o tratamento é de alívio dos sintomas e apoio ao paciente.[2] Embora a Levodopa (L-DOPA) evoque melhora dramática dos sintomas, o efeito é, em geral, temporário. O neurologista Oliver Sacks escreveu um livro, que deu origem ao filme de Hollywood Awakenings, sobre sua experiência com a Levodopa no tratamento de pacientes com encefalite letárgica.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. MARTINELLI, J. E. Síndrome Astenoemocional em Idosos: correlação dos dados clínicos, laboratoriais e neuropsicológicos. Campinas, SP. 2008
  2. a b «BBC Health». Consultado em 29 de julho de 2009. Arquivado do original em 14 de janeiro de 2013 
  3. «Dicionário médico Dorland's». Consultado em 13 de abril de 2019. Arquivado do original em 2 de março de 2009 
  4. The New York Times. Editorial. 16 de novembro de 2005.
  5. Enciclopédia Britânica, 1911
  6. Economo, C. (1917). Encephalitis lethargica. Wiener Klinische Wochenschrift. 30, 581–585.
  7. Triarhou, L. C. (2007). The Economo-Koskinas Atlas Revisited: Cytoarchitectonics and Functional Context. Stereotactic and Functional Neurosurgery, 85, 195-203
  8. BBC News
  9. Revista Superinteressante. Edição 268.
  10. Dale R.C. et al: Encephalitis lethargica syndrome: 20 new cases and evidence of basal ganglia autoimmunity. Brain. 2004 Jan;127(Pt 1):21-33. PMID 14570817