Ernani Silva Bruno

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Ernani Silva Bruno
Nascimento 10 de agosto de 1912
Curitiba, Paraná
Morte 25 de setembro de 1986 (73 anos)
São Paulo, São Paulo
Nacionalidade  Brasileiro
Ocupação Jornalista

Ernani Silva Bruno (Curitiba, 10 de agosto de 1912São Paulo, 25 de setembro de 1986) foi um jornalista, intelectual, advogado, historiador e escritor brasileiro, primeiro diretor do Museu da Casa Brasileira (MCB), autor de vasta produção acerca de história do Brasil, na qual se destaca "Histórias e Tradições da Cidade de São Paulo".[1]

Foi nomeado membro da Academia Paulista de Letras no ano de 1983.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Primeiros anos e formação[editar | editar código-fonte]

Ernani nasceu em Curitiba, capital do estado do Paraná no ano de 1912.[2][3][4] Mudou-se com a família para São Paulo - capital do estado de São Paulo - em 1925, com apenas três de idade.[3][5]

Posteriormente em 1937, terminou seus estudos no curso de Direito na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP) vinculado a Universidade de São Paulo (USP).[2] Em paralelo a sua formação trabalhou como jornalista no periódico Acção ligado ao Movimento Integralista, fechado depois pelo Estado Novo.[2][6][7]

Carreira[editar | editar código-fonte]

No fim da década de 1930, publicou diversas crônicas com conteúdo de crítica ao Estado Novo, sob o pseudônimo de Cosme Velho.[8][9] No começo dos anos 40 foi nomeado redator do serviço público estadual a despeito de sua posição contrária à política getulista.[10][1] Dentre os anos de 1940 e 1960, atuou como jornalista nos principais jornais de São Paulo como o Estado de São Paulo, Folha da Manhã e Diário de São Paulo.[11][1]

Seus artigos escritos entre 1960 e 1962 para o Diário de São Paulo, foram posteriormente reelaborados para o livro Viagem ao País dos Paulistas, obra que lhe garantiu o prêmio Otávio Tarquínio de Souza.[12][13] Para esta obra, Ernani Silva Bruno coletou antigos testamentos, cartas, atas de câmaras, relatos de viajantes para detalhar as minúcias da colonização do estado de São Paulo, lidando ao mesmo tempo com a vida privada dos cidadãos e os principais assuntos políticos e econômicos.[2]

Em 1970 foi convidado para dirigir o Museu da Casa Brasileira (MCB), onde ficou até 1979.[1][14] Foi o primeiro diretor do Museu da Casa Brasileira.[14] Sob a sua coordenação, formou-se um grupo de pesquisadores dedicado à leitura de documentos coloniais, como a coleção de inventários e testamentos, Autos da Devassa da Inconfidência Mineira, obras dos primeiros cronistas dos primeiros séculos, literatura de viajantes, romancistas e memorialistas, principalmente do século XIX.[12][15] Coletadas, classificadas, foram transportadas para fichas, gerando um fichário que hoje leva seu nome.[12] É um acervo de aproximadamente vinte e oito mil fichas.[2]

No dia de 8 de Novembro de 1983, ele passaria a fazer parte da Academia Paulista de Letras, ocupando a cadeira de número 17.[16] Distinguiu-se pela renovação, entusiasmo e trabalho que prestou à esta academia.[17]

Morte[editar | editar código-fonte]

Ernani morreu no dia 25 de Setembro de 1986, aos 73 anos vitima de um infarto durante reunião semanal da academia.[18][1]

Bibliografia parcial[editar | editar código-fonte]

  • Viagem ao País dos Paulistas, Editora José Olympio, 1966.[19]
  • História e Tradições da Cidade de São Paulo, Editora José Olympio (em três volumes), 1954.[20][21]
  • Histórias e paisagens do Paraná, 1958.[19]
  • O equipamento da Casa Bandeirista segundo os antigos inventários e testamentos, Prefeitura do Município de São Paulo, 1977.[22][23]
  • Equipamentos, usos e costumes da casa brasileira, Museu da Casa Brasileira (cinco volumes), 2000.[24][25][26]
  • História do Brasil: geral e regional, Editora Cultrix (sete volumes), 1966 - 1967.[27][28][29]
  • Imagens da formação do Brasil, Editora Cultrix, 1962.[30]
  • Almanaque de memórias: reminiscências, depoimentos, reflexões, Editora Hucitec, 1986.[31]
  • Café & negro: contribuição para o estudo da economia cafeeira de São Paulo na fase do trabalho servil, Editora Atalanta, 2005.[32]

Referências

  1. a b c d e Guerra, José (25 de novembro de 2015). «O Projeto de Ernani Silva Bruno: uma discussão sobre as bases de criação, implantação e gestão do Museu da Casa Brasileira (1970-1979)» (PDF). Universidade de São Paulo. Consultado em 4 de maio de 2021 
  2. a b c d e f «Ernani Silva Bruno». Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. 7 de julho de 2016. Consultado em 4 de maio de 2021 
  3. a b «Ernani Silva Bruno». Museu da Casa Brasileira. Consultado em 4 de maio de 2021 
  4. «Curitiba». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 4 de maio de 2021 
  5. «São Paulo». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 4 de maio de 2021 
  6. Martins, Helio (2014). «A IMPLANTAÇÃO DO ESTADO NOVO E A REVOLTA INTEGRALISTA». Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Consultado em 4 de maio de 2021 
  7. Dotta, Renato (2011). «Acção: A Lenta Agonia de um Jornal Integralista (1937-1938)» (PDF). Associação Nacional de História. Consultado em 4 de maio de 2021 
  8. Lofego, Silvio Luiz (2001). Memória de uma metrópole: São Paulo na obra de Ernani Silva Bruno. [S.l.]: Annablume 
  9. Freire, Raphael (2010). «A criatividade no uso do numeral vinte e dois em cartazes do Prêmio Design Museu da Casa Brasileira» (PDF). Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. Consultado em 4 de maio de 2021 
  10. Brasileiros, Universidade de São Paulo Instituto de Estudos (1997). ABC do IEB: guia geral do acervo. [S.l.]: EdUSP 
  11. Custódio, Vanderli (1 de setembro de 2011). «A organização e disponibilização do Fundo Ernani Silva Bruno (ESB)». Revista do Instituto de Estudos Brasileiros (53). 163 páginas. ISSN 2316-901X. doi:10.11606/issn.2316-901x.v0i53p163-180. Consultado em 4 de maio de 2021 
  12. a b c Fontana, Aliette (1968). «Ernani da Silva Bruno - Viagem ao País dos Paulistas, Ensaios sobre a ocupação da área vicentina e a formação de suas economia e de sua sociedade nos tempos coloniais». Revista do Instituto de Estudos Brasileiros (Universidade de São Paulo). Consultado em 4 de maio de 2021 
  13. Baptista, Maria (2008). «Cultura e turismo». Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Consultado em 4 de maio de 2021 
  14. a b Afonso, Micheli (2015). «Uma abordagem brasileira sobre a temática das Casas-Museu: classificação e conservação» (PDF). Universidade Federal de Pelotas. Consultado em 4 de maio de 2021 
  15. «PALESTRAS SOBRE O ACERVO VIRTUAL ARQUIVO ERNANI SILVA BRUNO». Museu da Casa Brasileira. Consultado em 4 de maio de 2021 
  16. «ERNÂNI SILVA BRUNO». Academia Paulista de Letras. Consultado em 4 de maio de 2021 
  17. «Arquivo Ernani Silva Bruno». Museu da Casa Brasileira. Consultado em 4 de maio de 2021 
  18. Lofego, Silvio Luiz. Memória de uma metrópole: São Paulo na obra de Ernani Silva Bruno. [S.l.: s.n.] 
  19. a b Santiago, Emerson. «Viagem ao país dos paulistas - Livro de Ernani Silva Bruno». InfoEscola. Consultado em 23 de março de 2021 
  20. Ernani Silva Bruno (1954). Histórias e Tradições da Cidade de Sao Paulo. Biblioteca do Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro. [S.l.]: Rio de Janeiro 
  21. «Arquivo Ernani Silva Bruno». Museu da Casa Brasileira. Consultado em 4 de maio de 2021 
  22. Bruno, Ernani Silva (1977). O equipamento da Casa Bandeirista segundo os antigos inventários e testamentos. [S.l.]: Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, Departamento do Patrimônio Histórico, Divisão de Iconografia e Museus 
  23. Bruno, Ernani (1977). «O equipamento da casa bandeirista segundo os antigos inventários e testamentos». Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Consultado em 4 de maio de 2021 
  24. Bruno, Ernani Silva (2000). Equipamentos, usos e costumes da casa brasileira: Construção. [S.l.]: Museu da Casa Brasileira 
  25. Bruno, Ernani Silva (2000). Equipamentos, usos e costumes da casa brasileira: Alimentação. [S.l.]: Museu da Casa Brasileira 
  26. Bruno, Ernani Silva (2000). Equipamentos, usos e costumes da casa brasileira: Costumes. [S.l.]: EdUSP 
  27. Bruno, Ernani Silva (1967). História do Brasil: geral e regional. [S.l.]: Eitôra Cultrix 
  28. Bruno, Ernani Silva (1966). História do Brasil: geral e regional. [S.l.]: Eitôra Cultrix 
  29. Bruno, Ernani Silva (1967). História do Brasil: geral e regional. [S.l.]: Editôra Cultrix 
  30. Bruno, Ernani (1962). Imagens da Formação do Brasil. [S.l.]: Editora Cultrix. 196 páginas 
  31. Bruno, Ernani Silva (1986). Almanaque de memórias: reminiscências, depoimentos, reflexões. [S.l.]: Editora Hucitec em convênio com o Instituto Nacional do Livro, Fundação Nacional Pró-Memória 
  32. Bruno, Ernani Silva (2005). Café & negro: contribuição para o estudo da economia cafeeira de São Paulo na fase do trabalho servil. [S.l.]: Atalanta