Escala de Autoavaliação de Hipomania

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Escala de Autoavaliação de Hipomania (HCL-32) é um questionário desenvolvido pelo Dr. Jules Angst para identificar características hipomaníacas em pacientes com transtorno depressivo maior, a fim de ajudar a reconhecer o transtorno bipolar II e outros transtornos do espectro bipolar[1] quando as pessoas procuram ajuda médica. Ela inclui perguntas sobre 32 comportamentos e estados mentais que são aspectos da hipomania ou características associadas a outros transtornos de humor. Utiliza frases curtas e linguagem simples, facilitando a leitura. A Universidade de Zurique detém os direitos autorais e o HCL-32 está disponível para uso gratuito. Trabalhos mais recentes concentraram-se em validar traduções e a testar se versões mais curtas ainda demonstram desempenho bom o suficiente para serem usados clinicamente.[2] Metanálises recentes descobriram que é uma das avaliações mais precisas disponíveis para detetar hipomania, sendo melhor do que outras opções no reconhecimento do transtorno bipolar II.[3][4]

Desenvolvimento e história[editar | editar código-fonte]

A HCL-32 foi desenvolvida como uma medida de rastreamento mais eficiente para hipomania, para ser usada tanto em pesquisas epidemiológicas quanto em uso clínico. As escalas existentes para o transtorno bipolar concentraram-se na identificação de fatores de personalidade e gravidade dos sintomas, ao invés da natureza episódica da hipomania ou das possíveis consequências negativas nas alterações comportamentais, afetivas ou cognitivas associadas.[5] Essas escalas foram usadas principalmente em populações não clínicas para identificar indivíduos em risco e não como instrumentos de triagem. A HCL-32 é uma escala destinada a ter alta sensibilidade para direcionar médicos de muitos países para diagnosticar indivíduos numa dada população clínica com transtorno bipolar, especificamente transtorno bipolar II. 

Inicialmente desenvolvida por Jules Angst e Thomas Meyer em alemão, o questionário foi traduzido para o inglês e traduzido de volta para o alemão para garantir a precisão. A versão inglesa da HCL foi usada como base para a tradução noutros idiomas por meio do mesmo processo. O estudo original que usou o HCL numa amostra italiana e suíça observou a alta sensibilidade da escala e uma sensibilidade mais baixa do que outras escalas utilizadas. 

A escala inclui uma lista de verificação de 32 possíveis sintomas de hipomania, cada um classificado como sim ou não. A classificação "sim" significaria que o sintoma está presente ou que esse traço é "típico de mim" e "não" significaria que o sintoma não está presente ou "não é típico" da pessoa.[5]

Limitações[editar | editar código-fonte]

A HCL sofre dos mesmos problemas que outros inventários de autorrelato, em que as pontuações podem ser facilmente exageradas ou minimizadas pela pessoa que os conclui. Como todos os questionários, a forma como o instrumento é administrado pode influenciar na pontuação final. Se um paciente for solicitado a preencher o formulário na frente de outras pessoas num ambiente clínico, por exemplo, as expectativas sociais podem provocar uma resposta diferente em comparação com a administração por meio de uma pesquisa postal.[1]

Pontuações fiáveis semelhantes foram encontradas ao usar apenas avaliações de 16 itens em comparação com o formato tradicional de 32 itens da HCL-32. Uma pontuação de pelo menos 8 itens foi considerada válida e confiável para distinguir o Transtorno Bipolar do Transtorno Depressivo Maior. Num estudo, 73% dos pacientes que completaram a HCL-32 R1 eram casos bipolares verdadeiros identificados como casos bipolares em potencial. No entanto, o HCL-32 R1 não diferencia com precisão o tipo I do tipo II.[6] No entanto, a HCL de 16 itens não foi testada como uma seção independente num ambiente hospitalar. Além disso, embora a HCL-32 seja um instrumento sensível para sintomas hipomaníacos, ela não distingue entre os transtornos bipolares I e bipolares II. A HCL-32 não foi comparado com outras ferramentas de triagem commumente usadas para o transtorno bipolar, como a Escala de Mania de Young e o Inventário de Comportamento Geral. A versão online da HCL tem se mostrado tão confiável quanto a versão em papel.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Bowling A (2005). «Mode of questionnaire administration can have serious effects on data quality». Journal of Public Health. 27: 281–91. PMID 15870099. doi:10.1093/pubmed/fdi031 
  2. Forty L, Kelly M, Jones L, Jones I, Barnes E, Caesar S, Fraser C, Gordon-Smith K, Griffiths E, Craddock N, Smith DJ (2010). «Reducing the Hypomania Checklist (HCL-32) to a 16-item version». Journal of Affective Disorders. 124: 351–6. PMID 20129673. doi:10.1016/j.jad.2010.01.004 
  3. Carvalho, André F.; Takwoingi, Yemisi; Sales, Paulo Marcelo G.; Soczynska, Joanna K.; Köhler, Cristiano A.; Freitas, Thiago H.; Quevedo, João; Hyphantis, Thomas N.; McIntyre, Roger S. (1 de fevereiro de 2015). «Screening for bipolar spectrum disorders: A comprehensive meta-analysis of accuracy studies». Journal of Affective Disorders (em inglês). 172: 337–346. ISSN 0165-0327. PMID 25451435. doi:10.1016/j.jad.2014.10.024 
  4. Takwoingi, Yemisi; Riley, Richard D.; Deeks, Jonathan J. (1 de novembro de 2015). «Meta-analysis of diagnostic accuracy studies in mental health». Evidence-Based Mental Health (em inglês). 18: 103–109. ISSN 1468-960X. PMC 4680179Acessível livremente. PMID 26446042. doi:10.1136/eb-2015-102228 
  5. a b Angst J, Adolfsson R, Benazzi F, Gamma A, Hantouche E, Meyer TD, Skeppar P, Vieta E, Scott J (2005). «The HCL-32: towards a self-assessment tool for hypomanic symptoms in outpatients». Journal of Affective Disorders. 88: 217–33. PMID 16125784. doi:10.1016/j.jad.2005.05.011 
  6. Angst (junho de 2007). «Hypomania Check List (HCL-32 R1) Manual» (PDF). Consultado em 23 de novembro de 2015 

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]

Ligações externos[editar | editar código-fonte]