Escravidão no Antigo Egito

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Mercado de escravos no Egito antigo, escravos núbios esperando para serem vendidos. Museu Arqueológico, em Bolonha.

A escravidão no Antigo Egito foi estabelecida no Novo Reino (1550-1175 A.C.), com escravos e os servos. Interpretações de evidências textuais sobre escravos no Antigo Egito são contraditórias e tem sido difícil diferenciar entre o "escravo" e o "servo" pelo uso da palavra apenas. Existiam três tipos de escravidão no Egito Antigo: alienação fiduciária, o trabalho forçado e a escravidão.[1][2][3]

Escravidão por alienação fiduciária[editar | editar código-fonte]

Na alienação fiduciária, escravos eram, em sua maioria, cativos de guerra. Todos os cativos, civis ou militares, tornavam-se uma fonte real de recursos. O rei, em seguida, reinstalava os cativos ao movê-los para colônias de trabalho, dando-os aos templos, como recompensas para indivíduos que merecessem, ou dando-os aos seus soldados como espólio de guerra. Alguns escravos começaram como gente livre que tinha cometido atos ilícitos e foram forçados a desistir de sua liberdade. Outros escravos nasceram escravos pois possuíam mãe escrava.[4]

Estatueta funerária (ushabti) de escravo, originário de uma tumba do período do Antigo Reino. Museu de Belas Artes (Budapeste)

Trabalho escravo[editar | editar código-fonte]

Os Antigos Egípcios podiam vender-se como escravo em uma forma de trabalho forçado. Autovenda à servidão não era, normalmente, uma escolha feita pelo livre-arbítrio, mas sim o resultado da incapacidade de algumas pessoas pagarem suas dívidas. O credor saldava a dívida pela aquisição do indivíduo que estava em dívida como escravo, junto com seus filhos e esposa. O devedor também tinha que desistir de tudo o que era seu. Os camponeses, no entanto, também eram capazes de vender-se como escravos por comida ou abrigo.[2][3]

Trabalho forçado[editar | editar código-fonte]

Vários departamentos no governo do Egito Antigo obrigavam trabalhadores da população em geral a trabalhar para o estado. Os trabalhadores eram recrutados para projetos como expedições militares, mineração, exploração de pedreiras, a construção de pirâmides, e outros projetos para o estado. Trabalhadores forçados recebiam um salário, dependendo do seu nível de habilidade para o trabalho e status social. Os trabalhadores recrutados, no entanto, não eram considerados propriedade de outros indivíduos, como os outros escravos, e executavam seus trabalhos como se fossem um dever para com o estado. Conscrito, o trabalho era uma forma de tributação por funcionários do governo e, geralmente, acontecia a nível local por altos funcionários mediante convocação da população pelos líderes locais.[4][5]

Senhores[editar | editar código-fonte]

Senhores do Antigo Egito tinham obrigações quando possuíam escravos. Senhores foram autorizados a utilizar as habilidades de seus escravos e empregá-los de maneiras diferentes, incluindo serviços domésticos (cozinheiros, empregadas domésticas, cervejeiros, babás etc.) e serviços de mão de obra (jardineiros, mão de obra na construção, mão de obra no campo etc.). Senhores também tinham o direito de fazer o escravo aprender uma profissão ou ofício, para tornar o escravo mais valioso. Senhores foram proibidos de forçar as crianças escravas a trabalho físico agressivo.[4]

Economia[editar | editar código-fonte]

O Egito antigo foi uma economia de base camponesa e a escravidão só teve um maior impacto a partir do período Greco-Romano. Os escravos eram vendidos no Egito Antigo através de concessionários privados, e não através de um mercado público. A transação era realizada perante um conselho local ou perante funcionários públicos, com um documento contendo cláusulas também usadas em outras vendas.[4][5]

Vida de Escravo[editar | editar código-fonte]

Muitos escravos que trabalhavam para o templo viviam em condições terríveis, mas, em média, os escravos do Antigo Egito levavam uma vida semelhante à de um servo. Eles foram capazes de negociar operações e de possuir a propriedade pessoal. Escravos por dívidas ou cativos de guerra recebiam comida e, provavelmente, não recebiam salários.[1][2][4]

Historiadores contestam o papel que os escravos desempenharam na construção das Grandes Pirâmides. Uma alternativa proposta é a de que foram camponeses que construíram as pirâmides durante as inundações, quando não podiam trabalhar em suas terras.[6] Como apoio a essa teoria, os historiadores apontam que escravos nunca poderiam ter sido enterrados com honras dentro dos túmulos das pirâmides.[7]

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Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b David, Rosalie (1 de abril de 1998). The Ancient Egyptians (Beliefs & Practices). [S.l.]: Sussex Academic Press. p. 91 
  2. a b c Everett, Susanne (24 de outubro de 2011). History of Slavery. [S.l.]: Chartwell Books. p. 10-11 
  3. a b Dunn, Jimmy (24 de outubro de 2011). «Slaves and Slavery in Ancient Egypt». Consultado em 9 de abril de 2016 
  4. a b c d e The Oxford Encyclopedia of Ancient Egypt. [S.l.]: Oxford University Press. 2001. ISBN 9780195102345 
  5. a b Cooney, Kathlyn (2007). The Egyptian World. New York, NY: Routledge. pp. 160–174 
  6. Watterson, Barbara (1997). The Egyptians. [S.l.]: Blackwell 
  7. «Egypt: New Find Shows Slaves Didn't Build Pyramids». US News. 12 de janeiro de 2010. Consultado em 9 de abril de 2016