Gambiarra evolutiva: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Ricardo L1ma (discussão | contribs)
m →‎O percevejo de instinto estuprador e homossexual: Trocando a nomenclatura "estupro" por cópula forçada.
Ricardo L1ma (discussão | contribs)
Linha 103: Linha 103:
==== Cavalos possuem somente um dedo em cada pata ====
==== Cavalos possuem somente um dedo em cada pata ====
Cavalos primitivos como o ''[[Eohippus]]'' possuíam '''quatro dedos''' nas patas dianteiras e três em cada pata traseira. Ao longo dos anos, os animais descendentes deram origem à cavalos de um dedo só (como o ''Pliohippus''), que eram animais adaptados para desenvolver maior velocidade em descampados para fugir dos predadores<ref>B.K. McHorse, A. A. Biewener and S.E. Pierce Mechanics of evolutionary digit reduction in fossil horses (Equidae) DOI: 10.1098/rspb.2017.1174 (2017).</ref>. Esses espécimes monodáctilos deram origem ao ''[[Equus]]'' moderno, cuja estrutura de pata é formada pelos ossos do dedo central e cuja unha forma o casco. O problema é que ao pisar sobre um único dedo, cavalos podem desenvolver [[laminite]] com facilidade<ref>Thomassian, A., de Mello Nicoletti, J. L., Hussni, C. A., & Alves, A. L. G. (2000). [https://www.revistamvez-crmvsp.com.br/index.php/recmvz/article/view/3335 Patofisiologia e tratamento da pododermatite asséptica difusa nos eqüinos-(Laminite eqüina)]. ''Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP'', ''3''(2), 16-29.</ref>, sem ter outro dedo para pisar, o cavalo adoece e morre.
Cavalos primitivos como o ''[[Eohippus]]'' possuíam '''quatro dedos''' nas patas dianteiras e três em cada pata traseira. Ao longo dos anos, os animais descendentes deram origem à cavalos de um dedo só (como o ''Pliohippus''), que eram animais adaptados para desenvolver maior velocidade em descampados para fugir dos predadores<ref>B.K. McHorse, A. A. Biewener and S.E. Pierce Mechanics of evolutionary digit reduction in fossil horses (Equidae) DOI: 10.1098/rspb.2017.1174 (2017).</ref>. Esses espécimes monodáctilos deram origem ao ''[[Equus]]'' moderno, cuja estrutura de pata é formada pelos ossos do dedo central e cuja unha forma o casco. O problema é que ao pisar sobre um único dedo, cavalos podem desenvolver [[laminite]] com facilidade<ref>Thomassian, A., de Mello Nicoletti, J. L., Hussni, C. A., & Alves, A. L. G. (2000). [https://www.revistamvez-crmvsp.com.br/index.php/recmvz/article/view/3335 Patofisiologia e tratamento da pododermatite asséptica difusa nos eqüinos-(Laminite eqüina)]. ''Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP'', ''3''(2), 16-29.</ref>, sem ter outro dedo para pisar, o cavalo adoece e morre.

==== Besouros que não possuem a abertura nos élitros ====
Muitas espécies de besouros não voam (como os gorgulhos do gênero ''[[Lucanidae]]'' e o ''[[Apterocyclus honolulensis]]'') — eles retêm asas perfeitamente formadas, alojadas sob os [[Élitro|élitros]]. Contudo, essas tampas das asas estão fundidas, fazendo com que esses seres não consigam abrir os élitros para colocar as asas pra fora e voar.<ref>{{Citar web|titulo=29+ Evidences for Macroevolution: Part 2|url=http://www.talkorigins.org/faqs/comdesc/section2.html?fbclid=IwAR1mobPbv_tE1nsbMEU2J7TF6QPHK5MrbfyvJ8G8T_vCRlJ27TPNs07nOOI#vestiges|obra=www.talkorigins.org|acessodata=2020-02-11|data=1999-2004|publicado=|ultimo=Theobald|primeiro=Douglas}}</ref> Assim, os besouros possuem asas completas e funcionais, mas por não possuírem a abertura para liberar esses apêndices nunca poderão usa-los para voo. Todos os exemplos desse tipo podem ser explicados em termos de perda de funções que estavam presentes nos ancestrais, conduzindo à [[Estrutura vestigial|vestigialidade]]. <ref>{{Citar periódico|ultimo=van Noordwijk|primeiro=Arie J.|data=1988-01|titulo=Futuyma, D. J. 1986. Evolutionary Biology 2nd edition, Sinauer Associates Inc. Sunderland, Mass.|url=http://dx.doi.org/10.1046/j.1420-9101.1988.1010089.x|jornal=Journal of Evolutionary Biology|volume=1|numero=1|paginas=89–90|doi=10.1046/j.1420-9101.1988.1010089.x|issn=1010-061X}}</ref>


=== Relações familiares macabras ===
=== Relações familiares macabras ===

Revisão das 15h11min de 11 de fevereiro de 2020

Gambiarra evolutiva[1] (Evolutionary kluge[2] ou simplesmente Kluge[3]) tem sido um termo utilizado nos campos da ciência evolucionista para descrever estruturas, comportamentos e órgãos imperfeitos, desajeitados, inelegantes, ineficientes, difíceis de entender ou prejudiciais que são resultantes do processo evolutivo [4][5][3][1]. O termo  tem aparecido na literatura[4][2] e se tornado familiar entre muitos dos cientistas, aparecendo até como título no livro Kluge do psicólogo Gary Marcus, da Universidade de Nova York, que usa desta analogia para descrever a mente humana[3]. Richard Brodie define kluge em seu livro "Virus of the Mind: The New Science of the Meme" como um jargão para o uso de uma peça não particularmente adequada para seu propósito, ele aborda que a evolução favorece e até mesmo valoriza a formação de gambiarras ou kluges[2].

Aparições na literatura

(2007) O Vazio da Máquina: Niilismo e outros abismos

O termo Gambiarra evolutiva aparece na obra O vazio da Máquina, livro de André Cancian, que investiga alguns dos tópicos mais incômodos trazidos à luz pelo vazio da existência. O nada, o absurdo, a solidão, o sofrimento, o suicídio, a hipocrisia são alguns dos assuntos principais abordados ao longo da obra. Em um trecho de sua obra, ele usa o termo Gambiarra como analogia para poder retratar sobre a desajeitada formação da consciência humana[1]:

[...] Mas o fato é que somos uma gambiarra evolutiva, e mesmo que essa ideia seja incômoda, ela nos permite compreender em função de que está programada essa realidade virtual chamada consciência – e as emoções que a norteiam - , e assim finalmente entendamos um pouco melhor por que somos tão contraditórios e tão complicadamente incoerentes[1].

(2007) The Accidental Mind: How Brain Evolution Has Given Us Love, Memory, Dreams, and God

Gambiarra evolutiva aparece também no livro The Accidental Mind do neurocientista David Linden, onde o mesmo discute como os defensores do design inteligente interpretaram mal a anatomia do cérebro. Linden contesta a suposição generalizada de que o cérebro é um modelo de design - e em seu lugar nos dá uma explicação convincente de como a evolução acidental do cérebro resultou em nada menos do que a humanidade na espécie Homo sapiens. A obra mostra como o cérebro não é uma máquina de resolução de problemas otimizada e de propósito geral, mas sim uma aglomeração estranha de soluções ad hoc que foram empilhadas por milhões de anos de história evolutiva[5]. Em um trecho Linden aborda:

As coisas que possuímos mais alto em nossa experiência humana (amor, memória, sonhos e uma predisposição para o pensamento religioso) resultam de uma aglomeração particular de soluções ad hoc que foram acumuladas através de milhões de anos de história da evolução.  Não é que tenhamos pensamentos e sentimentos fundamentalmente humanos, apesar do design gambiarra do cérebro moldado pelas reviravoltas da história evolutiva. Pelo contrário, nós os temos precisamente por causa dessa história[5]

(2008) Kluge: The Haphazard Construction of the Human Mind

O livro do psicólogo de pesquisa Gary Marcus, Kluge [3], compara os kluges evolucionários com os de engenharia, como limpadores de para-brisas com vácuo - quando você acelerou ou dirigiu para cima, "seus limpadores abrandaram, completamente". O livro é dedicado a mostrar como as faculdades mentais humanas mais caras -consciência e raciocínio lógico- foram construídas pela evolução aproveitando estruturas cerebrais primitivas, e que na falta de algo melhor serve ao humano, mas o preço pago pela gambiarra cerebral é que ela frequentemente entra em "curto-circuito"[4]. Em um trecho da obra Marcus dá um outro exemplo de gambiarra evolutiva que também ocorre no humano:

Outro exemplo bem conhecido de uma gambiarra evolutiva vem a partir de um detalhe bastante íntimo da anatomia masculina. A tubulação que funciona desde o testículo até a uretra (o canal deferente) é muito mais necessário: ele corre de volta para a frente, dá voltas ao redor, e faz um grau de 180 graus olta para o pênis. Um designer parsimonioso interessado em conservar materiais (ou na eficiência de entrega) teria o testículo diretamente para o pênis com apenas um curto comprimento de tubulação; só porque a biologia baseia-se no que veio antes, é um sistema criado tão aleatoriamente[3].

(2009) Virus of the Mind: The New Science of the Meme

Richard Brodie levanta em seu livro Virus of the Mind, a definição de gambiarra evolutiva como um jargão para o uso de uma peça inadequada particularmente para seu propósito, ele aborda que a evolução favorece e valoriza a formação dos mesmos, e justifica o termo apresentando o olho humano como exemplo de uma gambiarra evolutiva formada por um conjunto de outras gambiarras:

Exemplo clássico de uma gambiarra evolutiva é o olho humano. Os nervos que conectam as células sensíveis à luz ao cérebro realmente saem pela frente da retina, em vez da parte de trás - a "fiação" se projeta no campo de visão do olho. É difícil imaginar um engenheiro, muito menos Deus, projetando algo dessa maneira. Mas a evolução tomou que teve que trabalhar e com gambiarra por gambiarra, construiu um olho[2].

(2011) Inside Jokes: Using Humor to Reverse-Engineer the Mind

Matthew Hurley, Daniel Dennett e Reginald Adams oferecem uma perspectiva evolutiva e cognitiva no livro. A obra propõe que o humor evoluiu a partir de um problema computacional que surgiu quando os antepassados humanos há muito tempo estavam decorados com pensamento aberto. Eles salientam que a seleção natural não pode simplesmente ordenar o cérebro a encontrar e corrigir todos os problemas e a inteligência rápida nos seres humanos é o resultado de uma série de gambiarras evolutivas empilhadas uma sobre a outra - onde um dos quais é o traço de humor[6].

(2012) O Cérebro Imperfeito: Como as Limitações do Cérebro Condicionam as Nossas Vidas

Embasando-se em estudos científicos, referências filosóficas e antropológicas, o neurocientista Dean Buonomano revela quais são os “pontos cegos” do cérebro humano e de que forma eles podem levar indivíduos à tomarem decisões equivocadas; O autor apresenta ainda, a impressionantes exemplos sobre como o funcionamento do cérebro pode distorcer a percepção humana da realidade, tornando os humanos suscetíveis a manipulação, induzindo à decisões irracionais e desencadeando falsas lembranças:


O neurocientista David Linden descreveu o cérebro humano como uma progressiva acumulação de soluções de contorno ou remendos temporários, as famosas gambiarras. Durante a evolução do cérebro, novas estruturas foram colocadas sobre estruturas funcionais mais antigas, o que gerou redundâncias, desperdícios de recursos, complexidade desnecessária e, às vezes, soluções conflitantes para o mesmo problema[7].

(2013) Fofuchos de Darwin (Superinteressante)

Um artigo publicado na revista Superinteressante aborda que o processo evolutivo tornou os humanos fanáticos por crianças pequenas, influenciando até a evolução artificial dos nossos bichos domésticos. Segundo a publicação, esse comportamento começou com os primeiros vertebrados e certamente alcançou seu ápice nos seres humanos, pois todos esses possuem uma origem evolutiva comum, descendendo de um mesmo ancestral. Essa ascendência compartilhada deixou uma série de marcas na maneira como o organismo de todos animais se desenvolve, e como os seres adultos se comportam diante dos filhotes, independentemente da espécie.

Embriões de peixe e tartaruguinhas que acabaram de sair do ovo já ostentam olhos grandalhões, focinho encurtado e membros (ou nadadeiras) proporcionalmente mais curtos, a exemplo do que vemos em filhotes de mamíferos como nós. Para entender melhor o significado desse fato, é importante levar em conta que a evolução é mestra em pegar características já existentes e usá-las para criar “gambiarras” se isso for capaz de favorecer as chances de um indivíduo de sobreviver e se reproduzir[8].

(2018) Ateísmo e Niilismo: Reflexões sobre a morte de deus

A obra de Cancian explora a relação entre ateísmo e niilismo, para compreensão dos impactos da descrença em Deus na subjetividade humana. A obra aborda que a religiosidade (não a religião) é reflexo da própria humanidade e que não há cabimento em reduzir a religiosidade a uma “aberração”, apesar das evidências atuais são suportarem as crenças na existência de um "criador sobrenatural" que tenha projetado os seres vivos. Cancian aponta:

[...] Entendemos não apenas como nos reproduzimos, mas também por que nos reproduzimos, e que essa reprodução, em si mesma, não tem sentido, só tem função. Naturalmente, seríamos os últimos a negar o quanto isso tudo é insólito. Caímos de paraquedas nessa megaestrutura de gambiarras evolutivas, e não foi fácil colocar cada peça em seu lugar. mesmo assim, parecem ser poucos os que conseguem assimilar esses fatos sem enlouquecer, pelo menos um pouco[9].

(2019) Darwin sem frescura

A obra trabalha apresenta as mais modernas e variadas descobertas científicas sobre a evolução das espécies já feitas na história, respondendo questões que se relacionam com a teoria evolutiva de Darwin. Com isso, muitas das questões exploradas só podem ser respondidas satisfatoriamente considerando a modificação das espécies ao longo dos anos, que se enquadram também como as gambiarras da evolução. Logo, o livro faz uma breve menção ao termo gambiarra evolutiva para explicar estruturas vestigiais como pseudógenes:

[...] Como o nobre leitor já deve ter percebido, não só o pseudogene não é um indício de falha na teoria como é inclusive uma das possibilidades preditas que se cumpriu e da qual só tivemos conhecimento depois que aprendemos a vasculhar o DNA [...] Também pode ser um ótimo exemplo de exaptação: quando uma estrutura que evoluiu com determinada função vira uma “gambiarra” evolutiva de sucesso, sendo usada para funções diferentes. Um exemplo do papel que muitos[10].

Exemplos de Gambiarras evolutivas

Órgãos situados no lugar errado

Caracóis defecam sobre a própria cabeça

Uma característica particular dos caracóis é que durante sua formação, a concha calcária sofre uma distorção helicoidal, girando para abrigar seu corpo e permitir que a cabeça possa ser puxada para dentro do manto de proteção[11], evidentemente para se proteger de predadores. Acontece que, conforme gira durante sua fase larval, seu trato digestivo juntamente com o resto do visceral também são submetidos a torção, em torno de 180º, de modo que o ânus do animal finda localizado acima da própria cabeça[12][11].

A bolsa do coala abre-se para baixo

O coala é um marsupial arborícola noturno, com até 85 cm de comprimento, que passa seus dias agarrado a troncos de árvores e que possui o marsúpio que se abre para baixo, em vez de para cima, como a dos cangurus. A razão isso é um legado da história. Os coalas descendem de um ancestral parecido com o vombate[13]. Segundo Williams (2006), os coalas evoluíram de marsupiais escavadores como o vombate, que escavavam ninhos subterrâneos, a bolsa de seus ancestrais abrem-se para trás como resultado de proteção dos filhotes durante a escavação[14]. A medida que os atuais coalas evoluíram, essa característica manteve-se como estrutura vestigial.

Nervo laríngeo da girafa gasta 4,5 metros

O nervo laríngeo da girafa é um nervo craniano que parte diretamente do seu cérebro, onde um de seus ramos parte de cada lado do pescoço e se dirige à laringe. Uma parte chega à laringe diretamente, mas outra parte chega a ela por um caminho bem longo, ele se dirige para “baixo”, para dentro do tórax, caminha até o coração, dá a volta em uma de suas artérias e volta para cima, até atingir a laringe. O nervo laríngeo é um exemplo bizarro, pois como a aorta da girafa se encontra no tórax, e o tórax encontra-se muito distante do crânio, o nervo laríngeo “caminha” 4,5 metros em uma girafa adulta, quatro metros e meio, para chegar a uma posição a centímetros da origem do nervo[13]. Segundo Wolf-Ekkehard Lönnig, no entanto, o nervo também inerva esôfago e traqueia, além de "dá vários filamentos cardíacos para a parte profunda do plexo cardíaco".[15]

Causam prejuízos aos próprios indivíduos

Gatos possuem espinhos no pênis

Gatos têm um pênis cercado de dezenas de espinhos rígidos (as espículas) que de acordo com um estudo publicado na revista The Anatomical Record, estão associados com o estímulo da ovulação: provocam sangramento por ocasião do coito, o que estimula o aumento da secreção do hormônio LH que leva a ovulação na gata. Essas espículas, além de provocarem esse sangramento, provocam dor por machucarem intensamente as paredes da vagina da fêmea que necessita desse estímulo para poder ovular. A perda de espinhos também leva à estimulação reduzida do pênis do gato durante a intromissão, promovendo a diminuição da excitação sexual. Assim, para que haja sucesso na reprodução, são necessários os espinhos tanto para o macho quanto para a fêmea[16].

Morcegos possuem espinhos no pênis

Pelo menos 12 espécies de morcegos têm genitais espinhosos. Esses "espinhos" variam em tamanho, podendo atingir até 1cm no pênis dos morcegos da espécie Lasiurus cinereus[17]. Com base no que se sabe sobre outras espécies com pênis farpado, é possível formular diversas explicações. Para esses morcegos, há a possibilidade de que eles tenham evoluído o pênis farpado para danificar os órgãos genitais da fêmea, impedindo que ela acasale com outros machos[17]. Outra hipótese sugere que tais espinhos sejam ferramentas para remoção de espermatozoides de outros machos, já que essas espécies podem armazenar os espermatozoides[18]. Outra explicação pouco aceita é a de que os espinhos penianos possibilitem morcegos machos e fêmeas permaneçam acoplados - semelhante ao velcro - para poderem se acasalar no ar[17].

Palmas Opuntia littoralis perfuram seus próprios cladódios

As palmas Opuntia littoralis geralmente crescem em aglomerados densos que se espalham por vários metros de largura e até um metro e meio de altura. Os galhos são constituídos por cladódios planos ovais com até 22 centímetros de comprimento[19]. Cada cladódio está coberto de aglomerados de espinhos amarelados de 2 a 4 centímetros de comprimento[19]. Conforme a planta cresce, os galhos engrossam e os espinhos vão penetrando nos galhos vizinhos, perfurando a planta, o que enfraquece o tronco do cacto[20].

Causam a morte dos próprios indivíduos

O ferrão das abelhas fica preso à vítima

O sistema de defesa das abelhas com ferrão ativo torna sua defesa um ato suicida[21]. Quando a abelha ferroa, o ferrão desloca-se do abdômen e, na maioria das vezes, parte dos órgãos internos da abelha ficam na vítima e a abelha morre em seguida[21]. Isto acontece devido a estriações do ferrão que acabam fixando o ferrão no tecido picado[22]. A resposta evolutiva é que aparelho inoculador de veneno (ferrão) das abelhas e de outros indivíduos dessa ordem zoológica foi derivado de um ovopositor modificado, o qual possui glândulas veneníferas anexas[23].

Tartarugas não conseguem se desvirar

O casco dos testudines (tartaruga, cágado e jabuti) possui um formato geométrico que complica a vida desses animais; muitas vezes, se virados de costas para baixo, não conseguem se desvirar sozinhos[24] o que acarreta sofrimento, pois devido ao seu grande peso corporal e ausência de esqueleto interno, as vísceras, órgãos e músculos descolam-se para baixo, comprimindo assim o pulmão do animal e causando asfixia, que muitas vezes leva esses indivíduos a óbito[24], chegando a esse resultado lamentável lentamente, depois de cerca de 20 dias virado.

Muitos besouros não conseguem se desvirar

Alguns besouros, como o besouro saltador, conseguem saltar e se desvirar, pois entre o tórax e o abdômen possuem uma junta flexível que lhes permite encurvar o corpo, "engatilhando-o" para impulsionar um salto para cima. Porém, alguns grupos de besouros possuem um formato geométrico que complica a vida deles: se virados de costas para baixo, não conseguem se desvirar sozinhos[25]. Nessa posição, os besouros ficam imóveis e tornam-se presas fáceis para pássaros e sapos e, no último caso, chegam ao resultado lamentável do óbito por fome.[25]

Dentes do Babirusa perfuram próprio crânio

Os dentes caninos da mandíbula do babirusa macho crescem por sobre a face, e os caninos superiores emergem na vertical dos alvéolos do maxilar e penetram pela pele do nariz, então saem em curva para cima e na frente da face[26] [27]. Os dentes caninos crescem curvados e em direção à cabeça, onde acabam, muitas vezes, perfurando o crânio do animal e atingindo o cérebro[28][29]. A função atual destes dentes é desconhecida. Eles são bastante frágeis, facilmente se quebram e são raramente usados em combate[30]. Estudos subsequentes do comportamento, da fragilidade estrutural do dente canino superior e a relativa superficialidade destes, mostraram que os dentes caninos do macho adulto nunca foram usados diretamente em lutas. [27]

Galhada do alce irlandês acarretou sua extinção

A galhada de muitos animais possui entre uma de suas funções fundamentais um "símbolo visual de posição de domínio". Com 41 kg de chifre que possuía 3,65 metros de ponta a ponta, o Megaloceros (Alce irlandês) rearranjou seus chifres de forma que pudessem ser exibidos por completo quando o animal olhasse pra frente, pois manobrar os chifres como os animais modernos fazem não seria viável. Contudo, embora estivesse bem adaptado às campinas abertas e relvadas, com poucos bosques da época, aparentemente o Megaloceros não se adaptou de forma suficientemente rápida à tundra subártica ou ao denso florestamento ocorrido depois do último recuo da camada de gelo, sendo incapaz de fugir dos predadores pela densa floresta; provavelmente o animal foi vítima do seu sucesso evolutivo anterior. [31]

Tubarões que não podem parar de nadar

Existem espécies de tubarões que não podem parar de nadar (como o tubarão-branco e o tubarão-baleia), isso porque eles possuem o que se chama de ventilação forçada obrigatória, ou seja, recebem oxigênio para sobreviver apenas se o seu movimento for permanente. Acontece que os tubarões não possuem o opérculo e, dessa forma, precisam estar em constante movimento para que a água possa passar pela sua boca, atravessar a faringe e chegar às brânquias, ocorrendo as trocas gasosas da respiração branquial. Desse modo, se os tubarões pararem de nadar, o fluxo de água é interrompido e o sangue não receberá oxigênio, matando o animal asfixiado. [32]

Cetáceos podem se afogar

Tal como todos os mamíferos, os cetáceos respiram ar por pulmões, o que implica que os animais desse grupo necessitam subir até a superfície para respirar, apesar de seu sistema respiratório permitir-lhes suportar muito tempo sem respirar (o cachalote, por exemplo, pode ficar três horas submerso sem respirar)[33]. Como todos os mamíferos, os cetáceos também dormem, mas não podem ficar completamente inconscientes para poderem respirar. Acontece que se não subirem para realizar as trocas gasosas da respiração, o sangue não recebe oxigênio, resultando na sua morte por asfixia. [34]

Hienas dão à luz por um canal apertado no pseudo-pênis

A Crocuta crocuta fêmea não possui vagina externa (abertura vaginal), pois os lábios são fundidos para formar um pseudo-escroto, enquanto o clítoris é formado e posicionado formando um pseudo-pênis através do qual a fêmea urina, copula, dá à luz e que é capaz de ter ereção[35][36]. O problema maior é que a hiena precisa dar à luz a um filhote de quase 2 Kg (os filhotes de hiena-pintada são os maiores jovens carnívoros em relação ao peso de suas mães[37]) através de um canal de 2 cm de largura nesse pseudo-pênis. Com isso, cerca de 60% dos filhotes ficam presos e sufocam antes de nascer, outras vezes o filhote morto fica preso e acarreta na morte da mãe.[38][39]

Seres vivos sem partes ou órgãos

Mariposas A. luna não possuem boca para se alimentar

As mariposas-da-lua adultas (Actias luna) não possuem boca e vivem apenas cerca de sete dias[40]. Essas mariposas não se alimentam em sua fase adulta, porém, uma única fêmea pode produzir várias centenas de ovos durante os sete dias antes de morrer de fome[41][42]. Para resistir tal tempo se alimentação, as mariposas usam das reservas que acumularam enquanto eram lagartas[40]. Muitas não conseguem se reproduzir antes de morrerem de fome.

Ácaros Demodex não possuem ânus para defecar

Ácaros do gênero Demodex como o D. folliculorum são adaptados para viverem dentro dos folículos capilares e, portanto, são finos e semelhante a um verme, com pernas curtas[43]. Todo o ciclo de vida da espécie D.  folliculorum leva de 14 a 16 dias, sendo sete dias para a larva se desenvolver em um adulto maduro[44], com dois estágios de ninfas intervenientes[45], e 4 a 6 dias de vida na fase adulta[46]. Apesar de D.  folliculorum possuírem um intestino rudimentar, eles não possuem ânus[47]. Sem o ânus, esses ácaros não defecam e acabam acumulando escórias dentro do seu corpo até explodirem.

Cavalos não possuem o centro de vomito

O cavalo não possui o centro de vomito localizado na formação reticular da medula onde localiza-se os comandos do vômito. Sem esse centro de vômito, o cárdia que controla os alimentos que passam para a entrada do estômago não abre para que ocorra a regurgitação do alimento. Por conta dessa questão fisiológica, o cavalo não consegue vomitar[48], necessitando de lavagens estomacais e intestinais para a cólica[49][50][51]. Nessa circunstância, os cavalos podem morrer caso não haja o esvaziamento do estômago, pois a cólica é a doença que mais mata cavalos e deve ser tratada com rapidez[52].

Plantas que colocam frutos sem sementes

Alguns grupos de plantas possuem frutos partenocárpicos. Por definição, frutos partenocárpicos são aqueles onde os rudimentos seminais não se transformam em sementes ou quando formam sementes, estas são estéreis[53]. Espécies brasileiras como a Lophogyne lacunosa são partenocárpicas: a L. lacunosa apresenta um fruto com 3,03 mm (± 0,43) X 1,5 mm (± 0,23) e seis costelas, porém, desprovido de sementes[54]. Além do gênero Lophogyne, frutos partenocárpicos ocorrem também nos gêneros Mourera e Podostemum.[54]

Cavalos possuem somente um dedo em cada pata

Cavalos primitivos como o Eohippus possuíam quatro dedos nas patas dianteiras e três em cada pata traseira. Ao longo dos anos, os animais descendentes deram origem à cavalos de um dedo só (como o Pliohippus), que eram animais adaptados para desenvolver maior velocidade em descampados para fugir dos predadores[55]. Esses espécimes monodáctilos deram origem ao Equus moderno, cuja estrutura de pata é formada pelos ossos do dedo central e cuja unha forma o casco. O problema é que ao pisar sobre um único dedo, cavalos podem desenvolver laminite com facilidade[56], sem ter outro dedo para pisar, o cavalo adoece e morre.

Besouros que não possuem a abertura nos élitros

Muitas espécies de besouros não voam (como os gorgulhos do gênero Lucanidae e o Apterocyclus honolulensis) — eles retêm asas perfeitamente formadas, alojadas sob os élitros. Contudo, essas tampas das asas estão fundidas, fazendo com que esses seres não consigam abrir os élitros para colocar as asas pra fora e voar.[57] Assim, os besouros possuem asas completas e funcionais, mas por não possuírem a abertura para liberar esses apêndices nunca poderão usa-los para voo. Todos os exemplos desse tipo podem ser explicados em termos de perda de funções que estavam presentes nos ancestrais, conduzindo à vestigialidade. [58]

Relações familiares macabras

Ovelhas e cabras podem rejeitar seus filhotes

O parto prolongado pode levar o animal à exaustão e ter efeitos adversos. Raramente a mãe abandona a sua cria, porém em casos de parto múltiplo ou primíparas a atenção é dispensada em uma única cria e, passado o período crítico de reconhecimento, a cabra rejeita os outros filhotes[59]. No caso da ovelha, se ela permitir que o cordeiro consuma o colostro revela que ela o reconheceu e o aceitou como seu, rejeitando qualquer outro filhote que tente mamar[60]. Dados de mamíferos sugerem que, quando o recurso alimentar é severamente restrito, tornando fêmeas lactantes incapazes de manter seu peso vivo, as mães são mais propensas a rejeitar e abandonar seus filhotes[61].

Micromalthus debilis: o besouro que devora a mãe viva

Alguns insetos desenvolveram métodos macabros de propagar a espécie, assim como o que acontece em besouros Micromalthus debilis. As fêmeas desta espécie, que são parternogênicas, geram suas larvas fêmeas descendentes de forma normal. Porém, o Micromalthus debilis desenvolveu um sistema praticamente idêntico ao dos cecidomiídeos, com uma variação macabra. As fêmeas paternogênicas produzem um único descendente macho, e essa larva se prende à cutícula da mãe durante cerca de quatro ou cinco dias, em seguida insere a cabeça pela abertura genital dela e a devora. [31]

Cecidomiídeos: moscas que devoram a mãe viva

As fêmeas dos cecidomiídeos, que são partenogênicas, param de se desenvolver quando ainda são larvas e se reproduzem sem colocar ovos. A prole desenvolve-se nos tecidos da mãe e não no útero e, sem abastecimento de nutrientes, começa a devorar a própria progenitora. Ao longo dos dias, para crescer, a pupa lentamente devora a mãe de dentro para fora, acabando por ocupar-lhe o corpo todo até emergir e deixar para trás somente vestígios do mesmo, iniciando um novo ciclo na reprodução assexuada por partenogênese.[31]

Stegodyphus: aranhas que devoram a mãe viva

Em espécies da aranha Stegodyphus, as fêmeas anexam seus ovos à suas teias e os vigiam até que os filhotes eclodam. Uma vez que eles nascem, a progenitora continua a comer, mas recogita a maior parte de suas refeições como uma sopa nutritiva para sua prole. Quando os filhotes atingem um mês de idade, a aranha mãe permite que sua prole a mate devorando-a lentamente enquanto injeta enzimas digestivas em seu corpo para devora-la. [62]

O percevejo que realiza cópula forçada

O Xylocaris maculipennis, ou Cimex lectularius, desenvolveu um hábito de cópula forçada que se assemelha à prática do estupro. Aparentemente, em algumas variedades deste inseto o macho fecha a fêmea com um tipo de "rolha" após fertilizá-la para evitar que os outros machos a fertilizem também. Então, certos percevejos adaptaram-se a esse problema perfurando a fêmea durante a relação de modo a evitar o caminho normal e contornar a rolha. Outros, desenvolveram algo ainda mais drástico: o macho perfura e insemina os outros machos à força de modo que, os seus genes sejam "carregados" para as fêmeas quando o macho inseminado for acasalar com elas.[63]

Cuco: o pássaro que mata os irmãos adotivos

O cuco é capaz de parasitismo social. Isso quer dizer que as fêmeas depositam seus ovos nos ninhos de outras aves, onde serão criados por pais de outras espécies. Criar um filhote de cuco no seu próprio ninho representa um grande prejuízo aos cucos pais, uma vez que o filhote de cuco, ao nascer, instintivamente mata seus irmãos de criação lançando todos os ovos antes que eles possam eclodir (ovos do pássaro hospedeiro requerem 15 dias de incubação e o do cuco apenas 12 dias) e competir por alimento[13][64][65].

Filhote de Tubarão-touro devora os irmãos ainda dentro do útero

Filhotes de tubarão-touro ou tubarão-cinza (Carcharias taurus) devoram seus próprios irmãos em uma disputa pelo "direito de nascer". Acontece que tubarões-touro chegam a 2,5 metros e dão à luz filhotes de 1 metro. Com isso, pelo tamanho do filhote, a mãe dá à luz apenas, no máximo, dois filhotes por gestação, o que faz com que os mesmos disputem pela vida. Desde 1980, autópsias revelaram embriões dentro do estômago de filhotes. Hoje, é sabido que o canibalismo no útero acontece desde os 5 meses de gestação, onde, até 12 fetos podem começar a "jornada", lutando pela sobrevivência até que só sobre o maior e, possivelmente, algum outro tubarão.[66]

A fêmea do Louva-a-deus devora o macho na relação sexual

O canibalismo post coitum do louva-deus não é uma regra geral (cerca de 72% dos machos escapam vivos). Porém, a fêmea desse curioso inseto leva o conceito de “predador sexual” a um outro nível: ela costuma literalmente devorar seu parceiro após o coito para ficar mais fértil: o sacrifício conjugal do macho ajuda a propagar seus genes. Uma pesquisa feita por biólogos americanos demostrou que fêmeas que comem os parceiros botam em média 88 ovos — 50 a mais do que as que não comem, aumentando bastante o número de descendentes.[67]

Problemas com a alimentação

Preguiças podem morrer de fome com o estômago cheio

Preguiças podem demorar até um mês para digerirem uma refeição. Com tanto esforço requerido apenas para obter nutrição de sua dieta, ainda podem morrer de fome: se a temperatura do corpo de uma preguiça cair muito baixo, as bactérias em seu intestino que ajudam na digestão dos alimentos podem "parar de funcionar", e a preguiça pode morrer de fome mesmo com um estômago cheio[68]. Para piorar a situação, as preguiças de dois dedos além de possuírem a menor e mais variável temperatura corporal de qualquer mamífero, não conseguem se arrepiar para se manterem aquecidas, ficando dependentes e reféns das condições ambientais[68].

Preguiças precisam descer da árvore para defecar

Uma vez por semana, as preguiças descem para defecar no chão, um esforço lhes custa cerca de 8% da energia ingerem em um dia e que as deixa particularmente vulneráveis aos predadores – metade das mortes de preguiças acontece durante a “ida ao banheiro”[69]. A melhor hipótese para explicar esse ritual é que as traças que vivem nos pelos da preguiça atuam como um tipo de fertilizante, potencializando os níveis de nitrogênio na pele da preguiça que, por sua vez, estimula o crescimento de algas (as algas servem para camuflagem e fazem parte da alimentação das preguiças). Em uma relação simbiótica estranha, enquanto defeca no solo, a preguiça consegue renovar as traças de sua pele e permite que as traças dos pelos depositem ovos em suas fezes.[70]

Coelhos necessitam fazer acecotrofia

Os coelhos precisam fazer a ingestão de suas fezes noturnas logo após serem expelidas afim de digerir completamente as suas refeições (o que caracteriza acecotrofia)[71]. Esses excrementos denominados cecotrofos possuem um revestimento mucoso, são moles e menores que as fezes comuns, e são eliminados de 4 a 8 horas depois da alimentação [72]. Acontece que os coelhos tiveram que se adaptar para digerir a celulose. Eles têm um apêndice alargado e ceco que contêm bactérias de digestão de celulose, mas os açúcares e outros nutrientes não são absorvidos completamente no intestino e vão para as fezes moles produzidas[73]. Parte desse excremento é ingerido para passar através de seu sistema digestivo outra vez e, com isso, absorver todo o nutriente necessário[71]. As fezes comuns expelidas pelos coelhos são duras e grandes, neste caso não ocorre a coprofagia.

Tatuzinhos-de-jardim necessitam comer suas fezes

Tatuzinhos-de-jardim são crustáceos membros da subordem Oniscidea. Os tatuzinhos passaram a viver de forma independente de ambientes aquáticos graças principalmente à presença de bolsa incubadora como um marsúpio, mas também à forma achatada do corpo, e a adaptações comportamentais e fisiológicas, entre elas o desenvolvimento de cutícula espessa e de estruturas para trocas gasosas[74]. Esse grupo de seres vivos acumulam metais pesados e necessitam do elemento cobre para sobreviver, uma vez que quando o tatuzinho defeca, ele perde certa quantidade de cobre, eles praticam coprofagia para obter o elemento de volta[75].

Pandas dependem de até 14 horas de alimentação por dia

Pandas (Ailuropoda melanoleuca) são ursos. Diferente de outros ursos que se alimentam de carne, pandas são herbívoros estritos especializados em comer bambu (que compõe 99% da dieta desses animais). O problema é que enquanto outros membros dessa família extraem grandes quantidades de energia do alimento (carne) os pandas podem chegar ao extremo de aproveitarem apenas cerca de 9% da energia consumida[76]. Para tentar contornar essa situação, os pandas se alimentam durante 10 a 14 horas, consumindo até 6% de seu peso em bambu por dia. Porém, apesar de tamanha quantidade de bambu sendo consumida, a absorção da energia continua sendo escassa, isso porque os pandas descendem de ancestrais carnívoros e, seu sistema digestório não é apropriado para o processamento de matéria vegetal e sim de carne[76].

Atividades pouco inteligentes

Sistema de defesa da cigarra é saciar o predador

Para propagar a espécie, os seres vivos desenvolvem diferentes estratégias de defesa como espinhos, cascas, ferrões e etc. Porém, alguns seres vivos desenvolveram um sistema de defesa que consiste em "saciar o predador". Nesse sistema, os seres ficam inteiramente visíveis para o predador, e, em tão grande número de indivíduos que os predadores não conseguem consumir a todos. Por fim, os poucos que sobrevivem se reproduzem propagando a espécie[31]. A hipótese da saciedade do predador tem sido aplicada às diferentes espécies (SHIBATA et al., 2002)[77]. Esses padrões de defesa têm sido observados em plantas como algumas espécies bambu e em animais como as cigarras[31].

Preguiças confundem os próprios braços com galhos

As preguiças são animais arborícolas, elas se sentam em cima de galhos, comem, dormem e até dão à luz penduradas em galhos de árvores. Os membros das preguiças são adaptados para pendurar e agarrar: suas mãos e pés especializados têm longas garras curvadas para permitir que elas se pendurem de cabeça para baixo a partir de galhos sem esforço[78]. Como os braços são grandes (50% mais compridos que as pernas), ocasionalmente as preguiças o confundem com um galho, levando-os a cair das árvores.[79][80]

Ver também

Referências

  1. a b c d Cancian, André (1 de janeiro de 2007). O Vazio da Máquina: Niilismo e outros abismos (em inglês). [S.l.]: André Cancian. ISBN 9788590555827 
  2. a b c d Brodie, Richard (15 de maio de 2009). Virus of the Mind: The New Science of the Meme (em inglês). [S.l.]: Hay House, Inc. ISBN 9781401926007 
  3. a b c d e Marcus, Gary (2008). Kluge: The Haphazard Construction of the Human Mind. Houghton Mifflin Co. pp. 4–5. ISBN 0-618-87964-1.
  4. a b c «Folha de S.Paulo - Falha de conexão - 07/12/2008». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 25 de abril de 2017 
  5. a b c Linden, David J. (2007). The Accidental Mind: How Brain Evolution Has Given Us Love, Memory, Dreams, and God. Belknap Press. pp. 245–246. ISBN 0-674-02478-8.
  6. Hurley, Matthew M.; Dennett, Daniel C.; Adams, Reginald B. (4 de março de 2011). Inside Jokes: Using Humor to Reverse-Engineer the Mind (em inglês). [S.l.]: MIT Press. ISBN 9780262294812 
  7. BUONOMANO, Dean. O Cérebro Imperfeito: Como as Limitações do Cérebro Condicionam as Nossas Vidas. Editora Elsevier Brasil. Rio de Janeiro. 2012. ISBN: 978-85-352-4760-2.
  8. Redação. Fofuchos de Darwin: Como a evolução produziu bebês rechonchudos, lindinhos e completamente dependentes dos papais e das mamães. Superinteressante. 2013.
  9. CANCIAN. André. Ateísmo e Niilismo: Reflexões sobre a morte de deus. Volume 3. Editora André Cancian, 2018. ISBN: 978-04-634-9720-3.
  10. PIRULA; LOPES, Reinaldo José. Darwin sem frescura: Como a ciência evolutiva ajuda a explicar algumas polêmicas da atualidade. Editora HarperCollins. Rio de Janeiro. 2019. ISBN: 9788595085145.
  11. a b CHAPMAN, Jenny. Biodiversity: the Abundance of Life. Cambrige. Cambridge University Press 1997. ISBN: 0521577942. (1997).
  12. BARNES, Robert D. Zoologia de Invertebrados. Philadelphia, PA: Holt-Saunders International. pp. 348-364. ISBN 0-03-056747-5. (1982).
  13. a b c DAWKINS, R. The greatest show on Earth: The evidence for Evolution. New York, NY: Free press, 2009.
  14. WILLIAMS, Robyn. Unintelligent design: why God isn’t as smart as she thinks she is. National Library of Australia. Ed. Allen & Unwin, ISBN 978 1 74114 923 4. (2006).
  15. Lönnig, Wolf-Ekkehard. The Laryngeal Nerve of the Giraffe: Does it Prove Evolution?. 2010, p 4.
  16. ARONSON, L. R. and COOPER, M. L. Penile spines of the domestic cat: Their endocrine-behavior relations. The Anatomical Record, 1967.
  17. a b c Ogden, Lesley Evans. «Why some male bats have spines on their penises». www.bbc.com (em inglês). Consultado em 7 de março de 2019 
  18. «Evidence of Late-Summer Mating Readiness and Early Sexual Maturation in Migratory Tree-Roosting Bats Found Dead at Wind Turbines». PLOS ONE (em inglês). 7 (10): e47586. 2012. ISSN 1932-6203. doi:10.1371/journal.pone.0047586 
  19. a b DALE, Nancy. Flowering Plants of the Santa Monica Mountains. 2nd Ed. California Native Plant Society. California. 2000. p.88.
  20. Wright, Cynthia R.; Setzer, William N. (1 de fevereiro de 2014). «Chemical composition of volatiles from Opuntia littoralisOpuntia ficus-indica, and Opuntia prolifera growing on Catalina Island, California». Natural Product Research. 28 (3): 208–211. ISSN 1478-6419. PMID 24354326. doi:10.1080/14786419.2013.867345 
  21. a b DAWKINS, R. O gene egoísta. São Paulo: EDUSP. (1979).
  22. WALKER, T. et al. Imaging diagnosis: acute lung injury following massive bee envenomation in a dog. Veterinary Radiology & Ultrasound, v.46, n.4, p.300-303, (2005).
  23. FIGHERA R. A.; SOUZA, T. M.; BARROS, C. S. L.; Acidente provocado por picada de abelhas como causa de morte de cães. Ciência Rural, Santa Maria, v.37, n.2, p.590-593. ISSN 0103-8478 (2007).
  24. a b «Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Maior apreensão dos últimos anos resgata 383 tartarugas da Amazônia». www.icmbio.gov.br. Consultado em 26 de abril de 2017 
  25. a b LEMOS, Francisco. Inspiração Juvenil 2019 - Natureza Viva. Editora Casa Publicadora Brasileira. Brasil. 2019. ISBN: 9788534526340.
  26. GROVES, C. P. Systematics of Babyrousa, Zoologische Mededelingen.
  27. a b MACDONALD, A.; LEUS, K & HOARE, H.; 'Maxillary canine tooth growth in babirusa (genus Babyrousa)' Journal of Zoo and Aquarium Research, vol 4, no. 1.(2016)
  28. GBIF Secretariat: GBIF Backbone Taxonomy. doi:10.15468/39omei Acessado via <http://www.gbif.org/species/2441208> Em 2016-10-23
  29. WESSON, Robert G. Beyond Natural Selection. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1991.
  30. IRVEN, P. 1996. The Babirusa. Mainly About Animals 29, 5-7.
  31. a b c d e GOULD, Stephen Jay. Darwin e os Grandes Enigmas da Vida. 2° edição. Editora Martins Fontes. São Paulo. 1999, 274p.
  32. CASSANDRA, Paula. O que aconteceria se os tubarões parassem de nadar. UmCOMO. Brasil. 2017.
  33. PORTILHO, Gabriela. Por que as baleias ejetam água?. Superinteressante. 2008.
  34. BURNETT, D. Graham. Trying Leviathan: The Nineteenth-Century New York Court Case That Put the Whale on Trial and Challenged the Order of Nature. Princeton University Press. 2010. ISBN 9780691146157.
  35. Kruuk, Hans. A hiena-malhada: um estudo de predação e comportamento social . Universidade da Califórnia Press. 1972. ISBN 978-0226455082.
  36. Holekamp, Kay; Boydston, Erin; Engh, Anne; Horn, Russell Van; Szykman, Micaela (1 de janeiro de 2007). «Courtship and mating in free-living spotted hyenas». Behaviour (em inglês). 144 (7): 815–846. ISSN 0005-7959. doi:10.1163/156853907781476418 
  37. Macdonald, David. The Velvet Claw: Uma História Natural dos Carnívoros . Nova Iorque: Parkwest. 1992. ISBN 978-0-563-20844-0.
  38. Muller, Martin N; Wrangham, Richard (1 de março de 2002). «Sexual Mimicry in Hyenas». The Quarterly Review of Biology. 77 (1): 3–16. ISSN 0033-5770. doi:10.1086/339199 
  39. Frankand, L. G.; Glickman, S. E. (1994). «Giving birth through a penile clitoris: parturition and dystocia in the spotted hyaena (Crocuta crocuta)». Journal of Zoology (em inglês). 234 (4): 659–665. ISSN 1469-7998. doi:10.1111/j.1469-7998.1994.tb04871.x 
  40. a b KEDDY, Paul A. Plant Ecology: origins, processes, consequences. 2° Edition. Cambridge University Press. New York. 2017. ISBN 978-1-107-11423-4
  41. LOGSDON, Gene. Wildlife in the Garden: How to Live in Harmony with Deer, Raccoons, Rabbits, Crowns and Other Pesky Creatures. 4° Edition. Indiana University Press. United States of America. 1999. ISBN 0-253-33562-0.
  42. DK Publishing. Animal!:The Animal Kingdom as you've never seen it before. Pinguim. 2016. ISBN: 9781465459008.
  43. Prundeanu Croitoru, Anca G.; Chen, Helen M.; Ramos-e-Silva, Marcia; Busam, Klaus J. (2010). "Chapter 3. Infectious diseases of the skin. Demodicosis". In Busam, Klaus J. Dermatopathology. Saunders. p. 171. ISBN 978-0443066542.
  44. Viswanath, V.; Gopalani, V.; Jambhore, M. (2015). "Chapter 16. Infestations. Demodicosis". In Singal, Archana; Grover, Chander. Comprehensive Approach to Infections in Dermatology. JP Medical Ltd. pp. 442–447. ISBN 9789351527480.
  45. Burns, D. A. (1992). «Follicle mites and their role in disease». Clinical and Experimental Dermatology (em inglês). 17 (3): 152–155. ISSN 1365-2230. doi:10.1111/j.1365-2230.1992.tb00192.x 
  46. Meinking, Terri; Taplin, David; Vicaria, Maureen (2011). Schachner, Lawrence A.; Hansen, Ronald C., eds. Pediatric Dermatology. Elsevier. p. 1575. ISBN 9780723435402.
  47. Powell, Frank C.; Raghallaigh, Síona Ní; Lacey, Noreen (2011). «Demodex Mites – Commensals, Parasites or Mutualistic Organisms». Dermatology (em english). 222 (2): 128–130. ISSN 1018-8665. PMID 21228556. doi:10.1159/000323009 
  48. Albuquerque, Ludimilla Costa de (16 de agosto de 2017). «Manejo zootécnico e comportamento de equinos da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso» 
  49. LEWIS, L. D. Nutrição clínica eqüina: alimentação e cuidados. São Paulo: Roca, 2000. p. 710.
  50. PESCONI, I.P. Síndrome cólica: incidência e causas em eqüinos de tração em Uberlândia, MG. 2000. 33 f. Trabalho de conclusão de curso (Medicina Veterinária) – Instituto de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2000.
  51. GUIA RURAL Cavalos. A boa saúde: Cólica. São Paulo, edição especial, p. 40, out. 1991.
  52. De Oliveira, L. M.; Marques, R. L.; Nunes, C. H.; de Oliveira Cunha, A. M. Carroceiros e equídeos de tração/; um problema sócio-ambiental. Caminhos de Geografia, v. 8, n. 24, 2007.
  53. FONT, Quer P. Diccionario de Botánica. 4a reimpressão. Editora Labor. Barcelona. 1973. p. 806.
  54. a b SILVA, Inara C; KOSCHNIZTKE, Cristiana; BOVE, Claudia P. Frutos Partenocárpicos em Lophogyne lacunosa (Podostemaceae). 64º Congresso Nacional de Botânica. Belo Horizonte. 10-15 de Novembro de 2013.
  55. B.K. McHorse, A. A. Biewener and S.E. Pierce Mechanics of evolutionary digit reduction in fossil horses (Equidae) DOI: 10.1098/rspb.2017.1174 (2017).
  56. Thomassian, A., de Mello Nicoletti, J. L., Hussni, C. A., & Alves, A. L. G. (2000). Patofisiologia e tratamento da pododermatite asséptica difusa nos eqüinos-(Laminite eqüina). Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, 3(2), 16-29.
  57. Theobald, Douglas (1999–2004). «29+ Evidences for Macroevolution: Part 2». www.talkorigins.org. Consultado em 11 de fevereiro de 2020 
  58. van Noordwijk, Arie J. (janeiro de 1988). «Futuyma, D. J. 1986. Evolutionary Biology 2nd edition, Sinauer Associates Inc. Sunderland, Mass.». Journal of Evolutionary Biology. 1 (1): 89–90. ISSN 1010-061X. doi:10.1046/j.1420-9101.1988.1010089.x 
  59. Ribeiro, Silvio Doria de Almeida (1 de janeiro de 1997). Caprinocultura. [S.l.]: NBL Editora. ISBN 9788521309727 
  60. Rech et al. Temperamento e comportamento materno ovino. Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, v.35, n.3, p.327-340, jul./set. 2011.
  61. Rech, Carmen Lucia de Souza; Rech, José Luiz; Fischer, Vivian; Osório, Maria Teresa Moreira; Manzoni, Nelson; Moreira, Heden Luiz Marques; Silveira, Isabella Dias Barbosa da; Tarouco, Adriana Kroef (1 de agosto de 2008). «Temperamento e comportamento materno-filial de ovinos das raças Corriedale e Ideal e sua relação com a sobrevivência dos cordeiros». Ciência Rural. 38 (5): 1388–1393. ISSN 0103-8478. doi:10.1590/S0103-84782008000500030 
  62. Junghanns, Anja; Holm, Christina; Schou, Mads Fristrup; Sørensen, Anna Boje; Uhl, Gabriele; Bilde, Trine (1 de outubro de 2017). «Extreme allomaternal care and unequal task participation by unmated females in a cooperatively breeding spider». Animal Behaviour. 132: 101–107. ISSN 0003-3472. doi:10.1016/j.anbehav.2017.08.006 
  63. Sommer, Volker & Paul L. Vasey (2006), Homosexual Behaviour in Animals, An Evolutionary Perspective. Cambridge. ISBN 0521864461
  64. https://bdbjnkdbndah.files.wordpress.com/2017/02/the-greatest-show-on-earth.pdf[ligação inativa]
  65. Krüger, O.; Davies, N. B. (22 de fevereiro de 2002). «The evolution of cuckoo parasitism: a comparative analysis». Proceedings. Biological Sciences. 269 (1489): 375–381. ISSN 0962-8452. PMID 11886625. doi:10.1098/rspb.2001.1887 
  66. GALASTRI, Luciana. Filhotes de tubarões devoram uns aos outros no útero: Cientistas descobriram que isso acontece por uma disputa entre filhotes de pais diferentes. Revista Galileu. 2015. Brasil. ISSN: 1415-9856.
  67. Brown William D.; Barry Katherine L. (2016). «Sexual cannibalism increases male material investment in offspring: quantifying terminal reproductive effort in a praying mantis». Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences. 283 (1833). PMID 27358366. doi:10.1098/rspb.2016.0656 
  68. a b «The National Aviary - Linnaeus's Two-toed Sloth (Choloepus didactylus)». www.aviary.org. Consultado em 15 de março de 2019 
  69. AFP, Da (23 de janeiro de 2014). «Pesquisa revela a curiosa relação entre o bicho-preguiça e a traça». Natureza. Consultado em 3 de junho de 2019 
  70. Pauli Jonathan N.; Mendoza Jorge E.; Steffan Shawn A.; Carey Cayelan C.; Weimer Paul J.; Peery M. Zachariah (2014). «A syndrome of mutualism reinforces the lifestyle of a sloth». Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences. 281 (1778). 20133006 páginas. PMID 24452028. doi:10.1098/rspb.2013.3006 
  71. a b Hirst, Keith (1 de janeiro de 2002). Modular Science: Separate award. Year 10 (em inglês). [S.l.]: Heinemann. ISBN 9780435572044 
  72. Hirakawa, Hirofumi (2001). «Coprophagy in leporids and other mammalian herbivores». Mammal Review (em inglês). 31 (1): 61–80. ISSN 1365-2907. doi:10.1046/j.1365-2907.2001.00079.x 
  73. «Нарушения процесса цекотрофии у кроликов». Кролиководство И Звероводство (4): 21–23. 2013. ISSN 0023-4885 
  74. SOKOLOWICZ, Carolina Coelho. História natural de Benthana cairensis (Isopoda: Oniscidea). Tese de doutorado - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 2010.
  75. «Um tipo de camarão terrestre: 10 fatos fascinantes sobre tatus-bolinha». HypeScience. 21 de agosto de 2017. Consultado em 15 de março de 2019 
  76. a b DREHMER, César; DORNELLES, José Eduardo; SILVEIRA, Tony. Contribuições da evolução biológica ao pensamento humano. Editora UFPel. Pelotas. 2018.
  77. SHIBATA, M. et al. Synchronized annual seed production by 16 principal tree species in a temperate deciduous Forest, Japan. Ecology, v.83, n.6, p.1727-1742, 2002.
  78. Mendel, Frank C. (31 de maio de 1985). «Use of Hands and Feet of Three-Toed Sloths (Bradypus variegatus) during Climbing and Terrestrial Locomotion». Journal of Mammalogy (em inglês). 66 (2): 359–366. ISSN 0022-2372. doi:10.2307/1381249 
  79. EGAN, James. 1000 Facts about Animals. Vol. 2. Lulu Publishing Services. Morrisville. 2016. ISBN: 978-1-326-78508-6.
  80. MARRETO, Júlia. 90 curiosidades do mundo que são quase inacreditáveis. Segredos do Mundo. Brasil. 2018.