Lei da irreversibilidade da evolução: diferenças entre revisões
m Ricardo L1ma moveu Lei de Dollo para Lei da irreversibilidade da evolução: Pelo fato do público não conseguir estabelecer relações entre essa lei evolutiva e a teoria evolutiva moderna. |
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Os [[cetáceos]] são um grupo de [[mamíferos]] que retornaram ao [[Ambiente Aquático|ambiente aquático]]. Logicamente, uma respiração sistêmica branquial seria a melhor forma de se obter o [[Oxigênio dissolvido no oceano|oxigênio]] dissolvido na água. Entretanto, os mamíferos surgiram no ambiente terrestre de ancestrais que já possuíam [[Pulmão|pulmões]] e os cetáceos de um ancestral em comum com [[ungulados]]. Uma vez que esses ancestrais possuíam pulmões, a [[seleção natural]] atuou de outras formas na adaptação desses organismos devido ao retorno para o ambiente aquático. A anatomia hidrodinâmica, as nadadeiras e várias outras adaptações ao meio aquático voltaram através da modificação de estruturas que os ancestrais terrestres (e não aquáticos) possuíam. A respiração continuou sendo [[Ventilação pulmonar|pulmonar]] e não retornou para a branquial pois esta é uma característica ancestral. O comportamento da [[coluna vertebral]] durante a locomoção também manteve-se como os dos ungulados, pois segundo [[Richard Dawkins]], baleias "galopam" (movimento vertical da coluna vertebral) nos oceanos. |
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A maioria dos [[cactos]] se especializou em sobreviver em [[Clima semiárido|ambientes quentes]] e secos (ou seja, são [[Xerófito|xerófitos]]), desenvolvendo algumas adaptações para promover o uso eficiente da [[água]]. Uma vez que a questão chave na retenção de água é a relação entre a área da superfície e o volume, a perda de água é proporcional à área de superfície das folhas e a [[seleção natural]] atuou na redução do tamanho das [[Folha|folhas]] ou da duração (algumas sendo produzidas apenas durante o período vegetativo). |
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Acontece que um pequeno número de espécies de cactos se adaptaram de volta à vida em [[Floresta tropical e subtropical húmida|ambientes tropicais]] bastante úmidos, onde a conservação da água é menos importante. Logicamente, a obtenção da [[folhagem]] perdida seria a melhor forma de se lidar com a [[fotossíntese]]. Entretanto, como esses cactos surgiram de ancestrais [[Xerófito|xerófitos]] do ambiente árido que possuíam corpo com caules grossos, suculentos, oblongos ou espatulados chamados de [[Cladódio|cladódios]], a fotossíntese continuou sendo pelos cladódios convertidos em estruturas que se assemelham à folhas, como no gênero ''[[:en:Brasiliopuntia|Brasiliopuntia]],'' mas não retornou para a folhagem verdadeira''.'' |
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== Exemplos de reversão de características == |
== Exemplos de reversão de características == |
Revisão das 15h14min de 6 de março de 2021
Parte de uma série sobre |
Evolução |
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Diagrama da divergência dos grupos taxonómicos modernos em relação aos seus ancestrais comuns. |
Tópicos fundamentais |
A Lei de Dollo (também conhecida como Lei da irreversibilidade da evolução e princípio de Dollo), proposto em 1893 [1] pelo paleontólogo francês Louis Dollo afirma que "um organismo vivo nunca retorna exatamente a um estado anterior, mesmo que se encontre inserido em condições de existência idênticas àquelas em que viveu anteriormente, sempre mantém algum traço dos estágios intermediários pelos quais passou." [2]
Essa lei é freqüentemente interpretada erroneamente como afirmando que a evolução não é reversível, ou que estruturas e órgãos perdidos não podem reaparecer da mesma forma por qualquer processo de devolução (ou evolução reversa).[3][4] De acordo com Richard Dawkins, o princípio de Dollo é apenas uma afirmação sobre a improbabilidade estatística de um organismo vivo seguir por completo para o mesmo estado evolutivo duas vezes ou para um estado de uma espécie antecessora por completo, em qualquer direção. Para Stephen Jay Gould a irreversibilidade exclui certos caminhos evolutivos, após formas amplas surgirem: Por exemplo, uma vez que você adote o plano corporal de uma simples espécie, diversas opções são fechadas para sempre pois as possibilidades futuras devem se desdobrar respeitando os limites do design herdado da espécie.[5]
Este princípio é classicamente aplicado à morfologia , particularmente de fósseis , mas também pode ser usado para descrever eventos moleculares , como mutações individuais ou perdas genéticas.
Exemplos que atendem o princípio de Dollo
Ictiossauros e o ambiente aquático
Os Ictiossauros são um grupo de répteis que retornaram ao ambiente aquático. Logicamente, uma respiração sistêmica branquial seria a melhor forma de se obter o oxigênio dissolvido na água. Entretanto, os répteis surgiram no ambiente terrestre de ancestrais que já possuíam pulmões e patas possuindo ancestralidade comum com todos tetrápodes. Uma vez que esses ancestrais possuíam pulmões, a seleção natural atuou de outras formas na adaptação desses organismos devido ao retorno para o ambiente aquático. A anatomia hidrodinâmica, as nadadeiras e várias outras adaptações ao meio aquático voltaram através da modificação de estruturas que os ancestrais terrestres (e não aquáticos) possuíam. A respiração continuou sendo pulmonar e não retornou para a branquial pois esta é uma característica ancestral. O mecanismo de reprodução ovovivípara onde o embrião se desenvolve dentro de um ovo alojado dentro do corpo da mãe, manteve-se como os alguns répteis terrestres que são ovovivíparos.
Cetáceos e o ambiente aquático
Os cetáceos são um grupo de mamíferos que retornaram ao ambiente aquático. Logicamente, uma respiração sistêmica branquial seria a melhor forma de se obter o oxigênio dissolvido na água. Entretanto, os mamíferos surgiram no ambiente terrestre de ancestrais que já possuíam pulmões e os cetáceos de um ancestral em comum com ungulados. Uma vez que esses ancestrais possuíam pulmões, a seleção natural atuou de outras formas na adaptação desses organismos devido ao retorno para o ambiente aquático. A anatomia hidrodinâmica, as nadadeiras e várias outras adaptações ao meio aquático voltaram através da modificação de estruturas que os ancestrais terrestres (e não aquáticos) possuíam. A respiração continuou sendo pulmonar e não retornou para a branquial pois esta é uma característica ancestral. O comportamento da coluna vertebral durante a locomoção também manteve-se como os dos ungulados, pois segundo Richard Dawkins, baleias "galopam" (movimento vertical da coluna vertebral) nos oceanos.
Cactáceas e o ambiente úmido
A maioria dos cactos se especializou em sobreviver em ambientes quentes e secos (ou seja, são xerófitos), desenvolvendo algumas adaptações para promover o uso eficiente da água. Uma vez que a questão chave na retenção de água é a relação entre a área da superfície e o volume, a perda de água é proporcional à área de superfície das folhas e a seleção natural atuou na redução do tamanho das folhas ou da duração (algumas sendo produzidas apenas durante o período vegetativo).
Acontece que um pequeno número de espécies de cactos se adaptaram de volta à vida em ambientes tropicais bastante úmidos, onde a conservação da água é menos importante. Logicamente, a obtenção da folhagem perdida seria a melhor forma de se lidar com a fotossíntese. Entretanto, como esses cactos surgiram de ancestrais xerófitos do ambiente árido que possuíam corpo com caules grossos, suculentos, oblongos ou espatulados chamados de cladódios, a fotossíntese continuou sendo pelos cladódios convertidos em estruturas que se assemelham à folhas, como no gênero Brasiliopuntia, mas não retornou para a folhagem verdadeira.
Exemplos de reversão de características
Atavismo táxico[6]
- Reaparecimento da capacidade de reprodução sexuada da família de ácaros Crotoniidae após gerações inexistente[7].
- Reaparecimento da capacidade de reprodução sexuada por flores na planta Hieracium pilosella após gerações inexistente[6].
Leitura complementar
- Dremer, C.J. A revision of atavisms in vertebrates. Neotropical Biology and Conservation: v.1(2), p. 72-83,006.
- Plage, M.L. "Atavismo ou não?". Galileu: Edição 189 - Abril de 2007. Disponível online em: [1]. Acesso em 24 de setembro de 2009.
Referências bibliográficas
- ↑ DOLLO, Louis. Les lois de l'évolution. Bull. Soc. Belge Geol. Pal. Hydr. VII: 164–166. 1893.
- ↑ Gould, S. J. (1970). "Dollo on Dollo's law: irreversibility and the status of evolutionary laws". Journal of the History of Biology. 3 (2): 189–212. doi:10.1007/bf00137351.
- ↑ Goldberg, Emma E.; Boris Igić (2008). "On phylogenetic tests of irreversible evolution". Evolution. 62 (11): 2727–2741. doi:10.1111/j.1558-5646.2008.00505.x. PMID 18764918.
- ↑ Collin, Rachel; Maria Pia Miglietta (2008). "Reversing opinions on Dollo's Law". Trends in Ecology & Evolution. 23 (11): 602–609. doi:10.1016/j.tree.2008.06.013. PMID 18814933.
- ↑ GOULD, S. J. Dollo on Dollo's law: irreversibility and the status of evolutionary laws. Journal of the History of Biology. 3: 189–212. 1970.
- ↑ a b DOMES, Katja; Roy A. (2007). «Reevolution of sexuality breaks Dollo's law». Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 104 (17): 7139–7144. ISSN 0027-8424. PMID 17438282. doi:10.1073/pnas.0700034104
- ↑ NORTON, R. Proceedings of the National Academy of Sciences, April 24, cited in Science News, vol. 171, p. 302. 2007.