Esquina de mesa (Fantin-Latour)

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Esquina de mesa
Esquina de mesa (Fantin-Latour)
Autor Henri Fantin-Latour
Data 1872
Técnica Pintura a óleo sobre tela
Dimensões 160 cm × 225 cm 
Localização Museu de Orsay, Paris

Esquina de mesa é uma pintura a óleo sobre tela de 1872 do pintor francês Henri Fantin-Latour (1836-1904) foi apresentada no Salão de Pinture e de Escultura de Paris de 1872, encontrando-se actualmente no Museu de Orsay.

A pintura é a terceira no tempo de um conjunto de quatro obras de Fantin-Latour (as outras três podem ser vistas em Galeria) que representam grupos de personalidades artísticas da sua época. Este quadro dará destaque aos escritores tendo os dois primeiros, Homenagem a Delacroix (1864) e Estúdio em Batignolles (Fantin-Latour) (1870), juntado pintores que ele admirava, e o quarto, À volta do Piano (1885), juntado músicos.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Este retrato de grupo representa portanto os poetas que se juntavam nos jantares dos Vilãos Finos (Vilains Bonshommes) a que Fantin-Latour se juntou convidado por Edmond Maître. O grupo é representado no fim de uma refeição em volta duma mesa, estando cinco sentados e três de pé, todos de escuro (excepto o mais à direita em cinzento), vendo-se:

  • De pé, da esquerda para a direita: Elzéar B. Elzéar, Émile Blémont e Jean Aicard.

Os personagens adoptam poses variadas: um com cachimbo comprido na mão, outro tem um livro aberto; um com a mão no casaco por cima de um relógio de bolso; um de perfil, usando um chapéu alto; outro segurando o queixo com uma mão tendo o braço apoiado na mesa; um com o cabelo eriçado, e outro segurando um copo vazio; um de braços cruzados...

Sobre a mesa coberta por uma toalha branca está uma cesta com o resto de fruta, um jarro de vidro de vinho quase vazio, e, mais à direita, um outro jarro de vidro provavelmente com licor, uma taça de café e um ramo de flores. O fundo é composto pelo canto formado por duas paredes em cada uma das quais está um quadro emoldurado tendo a da esquerda ramos floridos.

O vaso de flores em primeiro plano poderá simbolizar o poeta ausente Albert Mérat.[1]

Existem dois esquissos deste quadro que Fantin-Latour intitulou de Le Repas (A Refeição).[2]

O retrato do jovem Rimbaud é uma das imagens mais conhecidas e reproduzidas deste poeta.

História[editar | editar código-fonte]

Fantin-Latour teve a intenção de prestar a Baudelaire um tributo semelhante ao que tinha realizado para Delacroix na pintura Homenagem a Delacroix em 1864.[3] Ele pretendia agrupar várias personalidades do mundo literário em torno de um retrato do poeta de Flores do Mal, pois estava-se no quinquagésimo aniversário do seu nascimento e cerca de cinco anos após a sua morte (1821-1867). Foi o seu amigo Edmond Maître que ajudou Fantin a entrar em contacto com vários poetas que frequentavam os bairros junto do Sena, entre eles Albert Mérat, Paul Verlaine e Arthur Rimbaud.

Chicken-Malassis, editor de Baudelaire, referiu na altura a ideia de incluir Leconte de Lisle, Théodore de Banville e mesmo Victor Hugo, que porém se recusaram a posar para o efeito.[4]

Nota-se a ausência de Albert Merat que se recusou a posar junto a Arthur Rimbaud após o incidente num jantar em que Rimbaud interrompeu a declamação por Jean Aicard e forçou outros poetas a abandonar o encontro.[5]

O quadro foi vendido «a Ingleses»,[6] tendo depois sido comprado por Émile Blémont que o doou ao Museu do Louvre em 1910, tendo posteriormente sido integrado no Museu de Orsay.

O quadro foi objecto de uma narrativa romanceada de Claude Chevreuil, Un coin de table, publicado em 2010.[7]

Galeria[editar | editar código-fonte]

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  1. Daniel A. De Graaf, Rimbaud, sa vie, son œuvre, pag. 95
  2. Daniel A. de Graaf, obra citada.
  3. Conforme refere Daniel A. de Graaf na obra citada sobre Rimbaud na página 94 do livro.
  4. Pierre Petitfils, obra citada, p. 157.
  5. Daniel A. De Graaf, Rimbaud, sa vie, son œuvre, p. 93
  6. Segundo Ernest Delahaye em Souvenirs familiers à propos de Rimbaud, Verlaine et Germain Nouveau, éditions Albert Messein, 1925, pag. 159.
  7. Claude Chevreuil, Un coin de table, Éditions de Fallois, 2010, ISBN 9782877067287

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Pierre Petitfils, Rimbaud, Julliard, 1982, ISBN 2-260-00895-X
  • Luce Abélès, Fantin-Latour, Coin de table, Verlaine, Rimbaud et les Vilains Bonshommes, col. «Les Dossiers du Musée d'Orsay» n. 18, Éditions de la Réunion des musées nationaux, 1987, ISBN 2-7118-2-170-6.
  • Sophie Monneret, L'Impressionnisme et son époque, editor Robert Laffont, Paris, 1987, 2 volumes, pag. total 997, ISBN 2-22105412-1
  • Daniel A. de Graaf, Rimbaud, sa vie, son œuvre, 2005, L´Harmattan, pag. 339, page 93 à 97 [1]

Ligação externa[editar | editar código-fonte]

  • A pintura no sítio do Museu de Orsay, [2]