Eu não sou racista, tenho amigos negros

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

"Não sou racista, tenho amigos negros" (variante: "alguns de meus melhores amigos são negros",[1] "até tenho amigos negros"[2]) é uma falácia tu quoque frequentemente usada por pessoas brancas na tentativa de justificar que não são racistas em relação a pessoas negras. A frase, que ganhou popularidade em meados da década de 2010, gerou muitos memes e debates na Internet sobre atitudes raciais.[3][4][5] Seu uso em uma discussão relacionada à eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos em 2016, no programa de televisão norte-americano Black-ish,[6] gerou ampla discussão na mídia estadunidense.

Nos Estados Unidos, um estudo de 2004 da revista científica Basic and Applied Social Psychology listou a frase como uma "alegação comum de inocência por associação".[7] Um estudo de 2011 publicado no Journal of Black Studies sugeriu que os afro-americanos raramente ficavam impressionados com brancos que afirmavam ter "amigos negros" e que a afirmação era mais provável de fazer os afro-americanos pensarem que a pessoa que a fazia era de fato mais, e não menos, preconceituosa.[8] A frase é citada como um exemplo de "resistência ao pensamento antirracista",[9] e algumas sugestões para desmantelar a lógica da frase incluem "é como dizer que não existe tal coisa como sexismo porque todos nós temos um amigo próximo ou membro da família que é uma mulher".[10]

Referências

  1. Jackman, Mary R.; Crane, Marie (1986). «'Some of My Best Friends Are Black... ': Interracial Friendship and Whites' Racial Attitudes». Public Opinion Quarterly. 50: 459-86  Sønderskov, Kim Mannemar; Thomsen, Jens Peter Frølund (2015). «Contextualizing Intergroup Contact: Do Political Party Cues Enhance Contact Effects?». Social Psychology Quarterly. 78: 49-76 
  2. de Sá Moreira, Fernando (5 de maio de 2020). «"Eu não sou racista" – O uso falacioso de estereótipos sobre racistas: observações a partir de um caso concreto». Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia. Universidade Federal Fluminense. Consultado em 26 de abril de 2021 
  3. Eligon, John (16 de fevereiro de 2019). «The 'Some of My Best Friends Are Black' Defense». The New York Times. Consultado em 4 de dezembro de 2020 
  4. Smoot, Kelsey (29 de junho de 2020). «White people say they want to be an ally to Black people. But are they ready for sacrifice?». The Guardian. Consultado em 4 de dezembro de 2020 
  5. Mackey, Robert (20 de outubro de 2010). «Revisionist Fourth-Grade History: 'Thousands' of Black Confederate Soldiers». The Lede. Consultado em 4 de dezembro de 2020 
  6. Butler, Bethonie (11 de janeiro de 2017). «Blackish dissects Trump's win and finds the humanity in our political discord». The Washington Post. Consultado em 19 de novembro de 2020 
  7. Winslow, Matthew P. (2004). «Reactions to the Imputation of Prejudice». Basic and Applied Social Psychology. 26: 289-297 
  8. Winslow, Matthew P.; Aaron, Angela; Amadife, Emmanuel N. (2011). «African Americans' Lay Theories About the Detection of Prejudice and Nonprejudice». Journal of Black Studies. 42: 43-70 
  9. MacKay, Kathryn L. (2011). «Review of Anti-racist health care practice by Elizabeth A. McGibbon and Josephine B. Etowa». International Journal of Feminist Approaches to Bioethics. 4: 164-168 
  10. McGibbon, Elizabeth Anne; Etowa, Josephine B. (2009). Anti-racist Health Care Practice. [S.l.]: Canadian Scholars' Press. ISBN 9781551303550