Eunice Brandão

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Eunice Moreira Brandão (Curitiba, 21/02/1960 - Curitiba 31/08/2001) foi uma professora e gambista brasileira e uma das pioneiras do movimento de revivalismo da música antiga no sul do Brasil.[1]

Nasceu em uma família de músicos e iniciou seus estudos com o violino. Adolescente descobriu a flauta doce estudando com Elisabeth Seraphim Prosser. Em 1976, Eunice já era presença constante na Camerata Antiqua de Curitiba, fundada por Roberto de Regina e Ingrid Seraphim, um conjunto que marcou época no campo do revivalismo brasileiro. Nesse mesmo ano, o Instituto Goethe presenteou a Camerata com uma viola da gamba, instrumento esse que Eunice passaria a estudar. No ano seguinte, Roberto de Regina apresentou ao público curitibano o concerto Le Noce Champêtre de Jean Hotteterre que depois se transformou em um LP de mesmo nome (1979) em que Eunice tocou flauta doce e viola da gamba. Quando o Camerata Antiqua começou a se dedicar principalmente a um repertório barroco, Ingrid Seraphim sugeriu a Eunice que criasse um novo conjunto com violas da gamba, flautas doce, cravo e percussão, surgindo assim o Conjunto Renascentista de Curitiba,[2][3] que Eunice liderou e que também se tornou uma referência no campo da interpretação historicamente informada .[1][4] No início da década de 1980 organizou os Encontros de Música Antiga do Paraná, sob os auspícios da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná.[3][5]

Em 1983, Eunice radicou-se na Suíça[4] onde estudou com Jordi Savall na Schola Cantorum Basiliensis e anos mais tarde viria a ser um membro fixo do grupo Hespèrion XX dirigido por Savall, gravando 36 discos.[6] Foi uma grande colaboradora de Savall e tocava uma viola da gamba de sua propriedade.[7] Mesmo morando na Suíça, manteve fortes laços com o Brasil e esteve à frente dos cinco Encontros de Música Antiga do Paraná, além de lecionar em festivais como Londrina, Juiz de Fora, Niterói e nas Oficinas de Música de Curitiba.

Falecida em 2001, foi homenageada na 1ª Mostra Internacional de Música Antiga de Curitiba de 2011[5] e no Fórum Viola da Gamba em Foco de 2021 produzido em ambiente virtual pela Unespar e a Capela da Glória. Segundo a pesquisadora Patrícia Aguiar, Eunice Brandão "foi uma excepcional intérprete de viola da gamba, incentivadora da maioria dos músicos brasileiros que se dedicaram a este instrumento".[4]

Referências

  1. a b Brandão, Domingos Sávio Lins; Azevedo, Aline; Pantoja, João Lucas de Oliveira. "Prática de música antiga em Belo Horizonte: relato de experiência a partir de pesquisa documental no Arquivo Georges e Ana Maria Vincent". In: Modesto, Flávio Chagas Fonseca (org.). Anais do II Encontro de Musicologia Histórica do Campo das Vertentes: arquivos, técnicas e ferramentas do estudo documental. Universidade Federal de São João del Rei, 2019, pp. 35-36
  2. Augustin, Kristina (1999). Um olhar sobre a música antiga : 50 anos de história no Brasil. Niterói,: [s.n.] p. 89. OCLC 50064564 
  3. a b Xavier, Camila Pereira. "A música antiga e a criação da Camerata Antiqua e das Oficinas de Música de Curitiba, no século XX". In: Anais do VIII Fórum de Pesquisa Científica em Arte. Curitiba, 2011
  4. a b c Aguiar, Patrícia Michelini. A Flauta Doce no Brasil: da chegada dos jesuítas à década de 1970. Doutorado. Universidade de São Paulo, 2017, pp. 129-130
  5. a b Costa, Rafael. "Concertos tocados por detetives do passado". Gazeta do Povo, 25/10/2011
  6. Millarch, Aramis. "Os Brandão levam sua música para os suíços". O Estado do Paraná, 08/02/1991
  7. Rocha, Ana. "O Som Savall". Expresso Actual, 18/10/2014