FEMAFRO

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FEMAFRO
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A FEMAFRO - Associação de Mulheres Negras, Africanas e Afrodescendentes em Portugal é uma associação feminista sem fins lucrativos, formada em fevereiro de 2016, composta por mulheres e jovens cujo objetivo é a defesa e a promoção de direitos das mulheres negras, africanas e afrodescendentes em Portugal, atuando contra o racismo, sexismo, xenofobia, classicismo, discriminação e a violência com base no género.[1][2]

Fundação e história[editar | editar código-fonte]

O projeto iniciou como plataforma online, no Facebook, onde diariamente eram realizadas publicações relativas a questões ligadas às mulheres negras, tais como notícias, entrevistas e eventos relacionados com esse tema.[3] A associação começou por ser dirigida por três ativistas: Raquel Rodrigues, mediadora social que coordenou o grupo de mulheres imigrantes na Associação Solidariedade Imigrante; Dary Carvalho, vice-presidente da associação juvenil Bué Fixe (associação que que trabalha sobre violência no namoro, prevenção de HIV/sida, etc.) e Joana Sales, membro da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), associação de defesa dos direitos das mulheres.[4] As três ativistas começaram por se reunir presencialmente, abordando questões a nível do racismo, da xenofobia, do serviço doméstico, da questão da identidade, a promoção dos direitos e dos deveres da mulher negra e a luta contra a discriminação sexual.[3]

No dia 30 de abril de 2016, foi realizado o primeiro encontro de feministas negras, com 160 inscrições para um espaço que apenas acolhia 80 pessoas.[3]

Com o objetivo de destacar a contribuição dos afrodescendentes e promover a justiça e o reconhecimento, a FEMAFRO organizou, entre outubro de 2017 e julho de 2018, o projeto “Década Internacional de Afrodescendentes", contando com jovens entre os 14 e 23 anos. Neste projeto foi realizado um conjunto de ações, através de uma metodologia feminista antirracista, abordando diversas áreas temáticas, tais como a igualdade de género, a discriminação racial, a xenofobia e os discursos de ódios, identidade e multiculturalidade. Estas ações resultaram na produção de uma campanha audiovisual relativa à Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), realizada pelos próprios participantes, em parceria com as escolas Gustave Eiffel (na Amadora) e Gil Vicente (em Lisboa).[5]

No dia 19 de março de 2018, a associação FEMAFRO promoveu uma vigília pela feminista Marielle Franco, na praça Luís de Camões, em Lisboa.[6]

Na sequência de incidentes entre moradores e a polícia ocorridos no Bairro da Jamaica, no Seixal, a FEMAFRO fez parte da organização do protesto contra a violência policial, realizada no dia 25 de janeiro de 2019, juntamente com o Coletivo Consciência Negra, a SOS Racismo, a Plataforma Gueto e a Afrolis – Associação Cultura.[7]

No dia 21 de março de 2019, já sob a direção de Lúcia Furtado[8], a FEMAFRO foi uma das organizações responsáveis pela Manifestação Contra a Discriminação Racial, realizada no Largo de São Domingos, em Lisboa, para assinalar o Dia Nacional e Internacional Contra a Discriminação Racial.[9][10] Nela também participaram o Movimento Alternativa Socialista, Consciência Negra, Panteras Rosa, Socialismo Revolucionário – CIT Portugal, Associação Iniciativa Jovem, SOS Racismo, Tás Logado, CAIP – Coletivo de Ação Imigrante e Periférica, DJASS – Associação de Afrodescendentes, e Em Luta, entre outras.[10][11]

Principais atividades e projetos[editar | editar código-fonte]

Os principais objetivos da associação são:

  • A recuperação e promoção do papel histórico desempenhado por mulheres negras, africanas e afrodescendentes em Portugal, quebrando com a invisibilidade das mulheres negras na sociedade portuguesa;[1]                           
  • A valorização e fortalecimento do papel da mulher negra enquanto agente activo na sociedade[2], desconstruindo a ideia da mulher negra como agente passiva, apática, parada, inativa na História;[1]                  
  • Alertar os responsáveis e agentes de decisão técnica e política para as necessidades não atendidas das mulheres negras, africanas e afrodescendentes;[2]           

As principais atividades da associação são:    

  • A participação política e cívica da mulher negra, africana e afrodescendente em Portugal;[12]
  • A criação de redes de trabalho com outras associações e organizações que vão ao encontro da missão e dos objetivos da FEMAFRO;[12]
  • Realização de parcerias capazes de contribuir para a sustentabilidade de iniciativas e programas desenvolvidos tanto a nível local e nacional como internacional.[12]
  • Desenvolvimento de atividades de educação não formal, educação entre pares e intercâmbios, nomeadamente nas escolas, bairros, faculdades, junto das comunidades de crianças, jovens e mulheres;[12][1]
  • Realização de eventos, tais como conferências, debates, acções de formação e tertúlias;[12]
  • Produção de conteúdos audiovisuais; [12]

Referências [editar | editar código-fonte]

  1. a b c d Sampaio, Gustavo (22 de novembro de 2018). «A missão da Femafro é "quebrar com a invisibilidade das mulheres negras na sociedade portuguesa"». O Jornal Económico. Consultado em 7 de julho de 2020 
  2. a b c «FEMAFRO | Associação de Mulheres Negras, Africanas e Afrodescendentes em Portugal». Consultado em 7 de julho de 2020 
  3. a b c «Femafro: pelos direitos das mulheres negras portuguesas». DELAS. 27 de julho de 2016. Consultado em 7 de julho de 2020 
  4. Henriques, Joana Gorjão. «Feministas Negras em Portugal reúnem-se em primeiro encontro». PÚBLICO. Consultado em 7 de julho de 2020 
  5. «FEMAFRO – Associação de Mulheres Negras, Africanas e Afrodescendentes em Portugal». Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Gênero. Consultado em 8 de julho de 2020 
  6. «Semana terá atos para lembrar Marielle Franco no Brasil e no exterior». Poder360. 19 de março de 2018. Consultado em 8 de julho de 2020 
  7. «Bairro da Jamaica: Câmara do Seixal diz que incidente "foi um caso pontual"». TVI24. Consultado em 8 de julho de 2020 
  8. «"Portugal não foi um bom colonizador: o colonialismo é mau, ponto e final"». Novas da Galiza. 1 de abril de 2019. Consultado em 7 de julho de 2020 
  9. Welle (www.dw.com), Deutsche. «O "sufoco" do racismo em Portugal | DW | 10.06.2020». DW.COM. Consultado em 7 de julho de 2020 
  10. a b Lusa, Agência. «Manifestação contra a discriminação racial junta uma centena de pessoas no centro de Lisboa». Observador. Consultado em 7 de julho de 2020 
  11. «21 de março o que é?». www.jornaldenegocios.pt. Consultado em 7 de julho de 2020 
  12. a b c d e f «FEMAFRO | Quem Somos». Consultado em 7 de julho de 2020