Fernand Deligny

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Fernand Deligny, nascido em 7 novembre de 1913 em Bergues (Nord) e falecido em 18 de setembro de 1996 em Monoblet (Gard), foi um educador francês, entre as maiores referências na educação especial. Opunha-se ao cuidado asilar de crianças "difíceis" ou "delinquentes" e de crianças autistas. Sua experiência com essa crianças gerou lugares alternativos de educação especial à imagem dos "lugares de vida". Todavia, após os anos 1980, Fernand Deligny recusou associar-se à proliferação de tais lugares, que se modelavam a partir da tutela.[1]

Apesar de ser conhecido na França como "pedagogo", Deligny preferia designar-se como "poeta e etólogo". Seu trabalho com as "crianças à parte", como ele as chamava, era marcado pela busca por um fora da linguagem (verbal e/ou representativa), uma quebra de paradigmas na arte do viver junto, viver com esses aí.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Fernand Deligny nasceu de Camile Deligny e Louise Laqueux. Depois da morte de seu pai durante a Primeira Guerra Mundial, Fernand Deligny morou em Bergerac e posteriormente próximo a Lille. Após seus estudos secundários e um bacharelado em Filosofia, entrou nas aulas preparatórias (khâgne), abandonando-as no segundo ano e passando aos cursos universitários de Psicologia e Filosofia.

Em 1934, descobriu o asilo de Armentières.

Em 1936, Deligny serviu ao exército e tornou-se professor em Paris.

Em 1938, desposou Jo Saleil, filha de professor. Sendo, logo em seguida, nomeado professor especial no hospital psiquiátrico de Armentières.

Ulteriormente ao período de serviço militar, ele constatou, durante o êxodo de maio/junho de 1940, que alguns daqueles que eram chamados de “doentes mentais”, não apenas haviam deixado os hospitais e não tinham mais acompanhamento psiquiátrico, como haviam perfeitamente sobrevivido à guerra e em sociedade. Com isto, sua visão crítica em relação às instituições reforçou-se.

Em 1943, torna-se conselheiro técnico da ARSEAA (Associação Regional para o Cuidado da Criança, Adolescente e Adulto). Participou da abertura de uma sede de combate à delinquência em Lille.

Em 1946, foi nomeado delegado do departamento de “Trabalho e Cultura”.

Em 1948, foi nomeado, graças a Henri Wallon, para um cargo no laboratório de psicobiologia de crianças em Paris, onde tiveram lugares as reuniões de criação de La Grande Cordée, organização experimental de cura livre para adolescentes, sendo este centro presidido por Henri Wallon e controlado por Louis Le Guillant, que fazia o acompanhamento médico-psicológico das crianças.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Pavillon 3 (1944), Éditions de l’Opéra
  • Graine de crapule - Conseils aux éducateurs qui voudraient la cultiver (1945), Éditions Victor Michon
  • Puissants personnages (1946), Éditions Victor Michon
  • Les Vagabonds efficaces et autres textes (1947), Éditions Dunod
  • Les Enfants ont des Oreilles (1949), Éditions du Chardon Rouge
  • Adrien Lomme (1958), Gallimard
  • A comme asile suivi de Nous et l'innocent (1975), Éditions Dunod
  • Cahiers de l’immuable, "Voix et voir" Recherches nº 18, "Dérives" Recherches nº 20 e "Au défaut du langage" Recherches nº 24, 1975-1976
  • Les Enfants ont des oreilles (1976), Maspero
  • Ces enfants autistes dont le projet nous échappe, Eres
  • Les Enfants et le silence, Galilée
  • L'Arachnéen et autres textes, éditions l'Arachnéen, 2008
  • Essi et copeaux (2005), Le mot et le reste
  • Lointain prochain ou Les deux mémoires, éditions Fario, Paris, 2012
  • La septième face du dé : roman, Paris, L'Arachnéen, 2013
  • Lettres à un travailleur social, Paris, L'Arachnéen, 2017, 189
  • Oeuvres, Paris, L'Arachnéen, 2017
  • Correspondance des Cévennes : 1968-1996, Paris, L'Arachnéen, 2018

Referências

  1. Toledo, Sandra Alvarez de (2015). Prefácio para a edição francesa. O Aracniano e outros textos. São Paulo: n-1 edições. 7 páginas 
  2. Deligny, Fernand (2015). O Aracniano e outros textos. São Paulo: n-1 edições. 287 páginas