Francisco Alexandre Lobo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Francisco Alexandre Lobo (gravura de António Joaquim de Santa Bárbara).

Francisco Alexandre Lobo (Beja, 14 de setembro de 1763Lisboa, 9 de setembro de 1844), bispo de Viseu, foi um clérigo e político português, historiador e homem de letras erudito, que, entre outras funções, exerceu o cargo de Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Reino, então equivalente a Primeiro-Ministro de Portugal, no executivo pró-miguelista que governou entre 16 de dezembro de 1826 e 1 de junho de 1827. Após a vitória liberal teve de exilar-se.

Foi membro da Academia Real das Ciências de Lisboa.

Faleceu deixando inédita parte importante da sua obra.

Biografia[editar | editar código-fonte]

D. Francisco Alexandre Lobo era filho de Manuel Lobo da Silva e de sua mulher Antónia Maria Lobo.

Seguiu carreira eclesiástica, sendo beneditino.

Foi professor no Seminário do Algarve, vindo a doutorar-se em Teologia pela Universidade de Coimbra, integrando posteriormente o corpo docente da Faculdade de Teologia daquela universidade.

Foi nomeado bispo de Viseu e exerceu diversos cargos públicos, entre os quais Secretário de Estado dos Negócios do Reino, ministro e Par do Reino. Conservador, considerado um apostólico moderado, era próximo de D. Miguel I, por quem foi escolhido para conselheiro de Estado e encarregado de fazer a reforma geral dos estudos.

Foi Ministro e Secretário de Estado dos negócios Eclesiásticos e da Justiça, interino, de 16 a 19 de dezembro de 1826.

Escritor brilhante e erudito, revelou-se um historiador de mérito, sendo admitido como sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa a 21 de novembro de 1804.

Com a vitória do liberalismo teve de exilar-se, abandonando Portugal em 1834.

Escreveu um diário desde o momento em que saiu da sua diocese, perante a ameaça dos liberais que se aproximavam da cidade, até à chegada ao exílio na Grã-Bretanha e Irlanda.[1]

Em 1848-1853, foram publicados três volumes das Obras Completas deste historiador, embora o plano de edição constasse de dez volumes, permanecendo inédita parte da sua obra.

O seu retrato, por António Joaquim de Santa Bárbara, foi feito a partir da máscara [mortuária] que se tirou do rosto venerando do Prelado que nunca em sua vida consentiu ser retratado.

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

D. Francisco Alexandre Lobo foi autor de múltiplas obras, demonstrando uma cultura e erudição notáveis. Entre essas obras destacam-se:

  • Memoria historica e critica acerca de Luiz de Camões e das suas obras, Typ. da Academia, Lisboa, 1820.
  • Discurso Histórico, Lisboa, 1823.
  • Resumida Notícia dos Bispos de Viseu nos Séculos XVI, XVII, XVIII, Coimbra, 1855.
  • Discurso Histórico e Crítico acerca do Padre António Vieira e das suas Obras, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1897.
  • Obras completas, 3 volumes, Typ. José Baptista Morando, Lisboa, 1848-1853.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • José Maria de Lima e Lemos, Oração funebre recitada nas exequias do Ex.mo e R.mo Sr. D. Francisco Alexandre Lobo, bispo de Vizeu…, Imprensa de Trovão, Coimbra, 1845.

Notas

  1. O diário está publicado em: D. Miguel e o fim da Guerra Civil - Testemunhos, Caleidoscópio e Centro de História da Universidade de Lisboa, Lisboa, 2006, 160 pp. (ISBN 989-8010-12-6).

Precedido por
Primeiros-ministros de Portugal
16 de dezembro de 1826 a 1 de junho de 1827
Sucedido por

Precedido por
Francisco Monteiro Pereira de Azevedo
Brasão episcopal
Bispo de Viseu

1819 - 1844
Sucedido por
José Joaquim de Azevedo e Moura