Francisco Carlos Garisto

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Francisco Carlos Garisto
Francisco Carlos Garisto
Garisto-Fenapef
Foto: Américo Cardoso
Nascimento 1 de janeiro de 1952 (72 anos)
São Paulo
Nacionalidade  Brasil
Profissão Policial federal

Francisco Carlos Garisto (São Paulo, 1 de janeiro de 1952) é um bacharel em direito, sindicalista e policial federal brasileiro.

Juventude[editar | editar código-fonte]

Francisco Carlos Garisto nasceu na zona norte de São Paulo, no bairro de Tucuruvi, na época um dos bairros mais perigosos da capital paulista, local onde o Esquadrão da Morte matou vários de seus colegas de infância.[1] Mesmo vindo de uma família pobre, Garisto conseguiu estudar para ingressar no Departamento de Polícia Federal em 1976 através de concurso público.

Policiais Federais da DRE-PF-SP

Atuação policial[editar | editar código-fonte]

Garisto iniciou sua carreira policial na Delegacia de Repressão às Drogas da Polícia Federal de São Paulo. Logo no início da carreira, foi convidado a investigar o Cartel de Medellín, o maior cartel de drogas do mundo na época, chefiado pelo famoso narcotraficante Pablo Escobar.[2] O enfraquecimento do cartel e a morte de Escobar vieram como consequência do trabalho em conjunto com a Drug Enforcement Administration (DEA). Foi a primeira vez que um policial brasileiro conseguiu se infiltrar em um cartel de tráfico de drogas colombiano. Na PF, Garisto seria ainda chefe de da segurança do Papa João Paulo II em Aparecida, São Paulo, em 1981.[3] Ele foi também segurança do Príncipe Charles e de Lady Di da Inglaterra e dos presidentes americanos Ronald Reagan e Gerald Ford, além dos primeiros ministros, Pierre Trudeau e Helmut Kohl, do Canadá e da Alemanha, respectivamente.[4][5] Foi Chefe de Segurança da Embaixada do Brasil em Buenos Aires de 1982 a 1984. Em 1989, iniciou a carreira como sindicalista.Até 1990 acumulou as funções de policial federal na delegacia de repressão às drogas e sindicalista.Com a promulgação da Lei 8112/90 [6] - Estatuto do Servidor Público, efetivou a licença ao exercício do mandato classista podendo se dedicar exclusivamente ao exercício sindical na presidência da Fenapef - Federação Nacional dos Policiais Federais.[7]

Atuação sindical[editar | editar código-fonte]

Em 1989, Garisto fundou o Sindicato dos Policiais Federais do Estado de São Paulo (SINDIPOLF), amparado pela nova constituição brasileira, promulgada no ano anterior. Ele foi o primeiro presidente do sindicato e deu início a uma série de manifestações por melhores condições de trabalho para os policiais paulistas.

Fundadores da FENAPEF - Brasília-DF - 1990

Em 1990, ajudou a fundar a Federação Nacional dos Policiais Federais (FENAPEF), com sede em Brasília.[8] Na reunião de fundação da FENAPEF foi eleito como primeiro presidente, permanecendo até 1994. Retornou à presidência em 2000, ocupando o cargo até 2006. Na Federação Nacional dos Policiais Federais exerceu também o cargo de Diretor de Comunicação. Atualmente é Presidente no Conselho Consultivo e Membro do Conselho Fiscal.

Durante a sua atuação como sindicalista foi perseguido politicamente e acabou respondendo a inúmeros processos disciplinares e judiciais.[9][10] Em 1994, chegou a ser demitido por sua atuação sindical, mas o presidente Itamar Franco acabou assinando um decreto de anistia que possibilitou sua volta ao serviço. Foi o primeiro sindicalista do serviço público a ser anistiado no Brasil. A luta do sindicalismo da polícia federal conseguiu transformar a PF, que foi criada na ditadura militar somente para amparar as ações ilegais dos órgãos da repressão, em um órgão respeitado no Brasil e no mundo.[11][12][13] O presidente da Fenapef criou a frase que deve nortear as ações da Polícia Judiciária da União (PF) para sempre: "A Polícia Federal é uma polícia do Estado e não do governo".[14]

Garisto comandou durante o governo de Itamar Franco uma greve por melhores condições de trabalho na Polícia Federal por mais de 64 dias.[15][16] Nesse período, a sede da Polícia Federal em Brasília e as superintendências da PF em São Paulo, Porto Alegre e Foz do Iguaçu foram invadidas, pela primeira vez, por tropas do exército.[17] Essa greve trouxe o aumento orçamentário e salarial para a polícia federal brasileira. Os graves problemas administrativos da Polícia Federal. Faltavam verbas até para combustível, a situação era desesperadora do ponto de vista funcional.Esse debate foi levado para discussão ao Congresso Nacional, onde pela primeira vez na história do Brasil, os parlamentares puderam debater e melhorar as atividades republicanas da Polícia Federal.[18][19][20]

Em 2004, no início do governo Lula, os problemas salariais e orçamentários da polícia federal continuaram e acabou gerando manifestações públicas de protestos e muitas audiências, debates e negociações.[21][22][23][24] Mesmo com a ameaça de corte do ponto e demissão dos grevistas, ela acabou durando 70 dias.[25][26] No final, o ministro da justiça Márcio Thomaz Bastos reconheceu o direito dos grevistas e anunciou que graças a greve, altos investimentos do governo seriam feitos na PF, em equipamentos e na remuneração dos policiais, para deixá-la como o FBI.[27]

Referências

  1. «Garisto - Entrevista Tv União Parte 9» 
  2. Infiltração no Cartel de Medellín
  3. Segurança do Papa.Revista Joyce Pascowitch.Edição de Novembro de 2008.Páginas 40 a 44
  4. Segurança do Príncipe Charles.Revista Caros Amigos
  5. Reportagem do Jornalista Cláudio Júlio Tognolli
  6. Lei 8112.Estatuto do Servidor Público Federal
  7. Fenapef-Federação Nacional dos Policiais Federais
  8. Fundação da Federação Nacional dos Policiais Federais-FENAPEF
  9. Absolvição No Tribunal Regional Federal da 4ªRegião
  10. Jornal o Povo-CE.Processos Judiciais
  11. Movimento Contra o Uso Político da PF
  12. As Lutas por melhorias e respeito para a PF
  13. Hoje o povo brasileiro confia na Polícia Federal
  14. A Polícia Federal é Uma Polícia do Estado e Não do Governo
  15. «Jô Soares.Entrevista.1994.O Ano Em Que o Brasil Parou!» 
  16. A História da Greve da Polícia Federal.Revista Caros AmigosRevista Veja 1993.Edição 1296.Págs.20 e 21
  17. Revista Veja.Edição 1340 de 1994.Págs.19,20 e 21.O Exército Invade a Polícia Federal
  18. Deputados irão Investigar Denúncia de Crise na PF
  19. Dívida da PF era de 200 Milhões
  20. Depoimento no Senado Federal.Sub-Comissão de Segurança PúblicaCâmara Federal.Falta de Recurso na PF
  21. A Greve da PF no Governo do Sindicalista Lula
  22. A Pressão aumenta e a Greve no Governo Lula é iminente
  23. Enfrentar Um presidente Sindicalista Não é Fácil
  24. Debate com o governo na Greve de 2004
  25. Governo determina corte do ponto dos grevistas da PF, mas justiça Proíbe!
  26. Reunião da FENAPEF com o Ministro da Justiça e Presidente da Câmara.Fim da Greve
  27. Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos:"Graças à greve, a Polícia Federal será equipada"

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]