Francisco Paulo Mendes

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Francisco Paulo Mendes
Nome completo Francisco Paulo Mendes
Nascimento 10 de janeiro de 1910
Belém, Pará
Brasil
Morte 09 de maio de 1999 (89 anos)
Belém, Pará
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Professor e crítico literário

Francisco Paulo Mendes (Belém, 10 de janeiro de 1910 - 9 de maio de 1999), foi um professor e crítico literário brasileiro. Pelo vasto conhecimento, era intitulado de "o mestre que sabia de tudo" por seus alunos.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido em Belém, Francisco Paulo Mendes fez o curso secundário no Instituto Nossa Senhora de Nazaré e graduou-se em direito no ano de 1932 pela Faculdade de Direito do Pará. Começou a lecionar em 1939, tendo sido professor em várias instituições de ensino da capital paraense, como o Colégio Estadual Paes de Carvalho, o Instituto de Educação do Pará, o Colégio Nazaré, o Colégio Gentil Bittencourt, o Colégio Moderno e o Colégio Santo Antônio. Foi também fundador da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Pará.[1]

Influência sobre Clarice Lispector[editar | editar código-fonte]

Frequentador do Café Central, no Central Hotel, nas décadas de 1940 e 1950, estabelecimento onde se reunia a intelectualidade belenense da época, ali travou contato e fez amizade com a jovem escritora Clarice Lispector, que em 1944 residiu por seis meses na cidade acompanhando seu marido, o diplomata Maury Gurgel Valente, o qual estava no Pará a serviço do Itamaraty.[2][1]

Conforme relata Benedito Nunes, que então tinha apenas 14 anos de idade e chamava a escritora de "Dona Clarice" (por influência de Francisco Paulo Mendes que liderava o grupo de intelectuais que se reuniam no Café Central), foi o professor quem apresentou a obra de Sartre à Clarice Lispector. E que esta enviara ao amigo um recado em "Um Sopro de Vida":[2]

"Cadê o desaparecido Francisco Paulo Mendes? Morreu? Me abandonou, achou que eu era muito importante.[2]"

As reuniões no Café Central contribuíram para a formação intelectual da jovem Lispector, o que foi reconhecido pela mesma em cartas enviadas a parentes e amigos no Rio de Janeiro. Por exemplo, em missiva endereçada ao amigo Lúcio Cardoso, ela comenta:[2]

"Encontrei aqui pessoas muito interessantes. Paulo Mendes é professor de literatura, mas não um didático. Tem grande biblioteca, conhece um bocado de coisas (...), é muito inteligente. É ótimo falar com ele sobre livros dos quais a gente gosta. Ele me emprestou os Cahiers de Malte, de Rilke, e pedaços escolhidos de Proust. Ele falou de você de um modo que eu gostei de ouvir".[2]

Grupo dos Novos[editar | editar código-fonte]

Como crítico literário, Francisco Paulo Mendes foi um herdeiro espiritual e tardio da "Academia dos Novos", associação literária formada por um grupo de adolescentes em 1942 (dentre eles, Benedito Nunes) e que, formalmente, foi extinta em 1945. Em 1946, com a fundação do Suplemento Arte Literatura da "Folha do Norte", a nova geração de intelectuais paraenses encontrou seu espaço para discussões sobre literatura e crítica literária, surgindo o "Grupo dos Novos". O suplemento dominical, publicado até 1951, tornou-se um marco na formação de toda uma geração de poetas e críticos locais.[3]

Obras[editar | editar código-fonte]

  • Raízes do Romantismo: ensaio sobre as origens espirituais e intelectuais do movimento romântico (1944)[4]

Referências

  1. a b c «Francisco Paulo Mendes». Memória da Literatura do Pará. Consultado em 28 de maio de 2023 
  2. a b c d e Nádia Battella Gotlib. «Perto de Clarice Lispector: o leitor Benedito Nunes» (PDF). Instituto de Filosofia da Universidade do Porto e DG Edições. Consultado em 28 de maio de 2023 
  3. Marinilce Oliveira Coelho. «Memórias literárias de Belém do Pará: o Grupo dos Novos (1946-1952)» (PDF). Sínteses. Consultado em 28 de maio de 2023 
  4. «Raízes do romantismo». Universidade Federal do Rio de Janeiro. Consultado em 28 de maio de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]