Franz Stangl

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Franz Stangl
Franz Stangl
Nascimento 26 de março de 1908
Altmünster, Áustria-Hungria
Morte 28 de junho de 1971 (63 anos)
Düsseldorf, Alemanha Ocidental
Nacionalidade austríaco
Serviço militar
País Alemanha Nazista Alemanha Nazista
Serviço Schutzstaffel
Anos de serviço 1931–1945
Patente Hauptsturmführer
Unidades SS-Totenkopfverbände
Comando Sobibor (abril-agosto de 1942) e Treblinka (setembro de 1942-agosto de 1943)

Franz Stangl (Altmünster, 26 de março de 1908Düsseldorf, 28 de junho de 1971) foi um militar e ex-policial austríaco que serviu como oficial da Schutzstaffel (SS) e comandante dos campos de extermínio nazistas de Sobibor e Treblinka.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Infância e juventude[editar | editar código-fonte]

Filho de um vigilante noturno, nasceu em Altmünster, na Áustria. Não teve uma boa relação com o pai, de quem tinha muito medo. Aprendeu a tocar cítara e passou a ganhar algum dinheiro ensinado como tocar o instrumento. Na sua adolescência aprendeu a tecer tornando-se mestre-tecelão aos 23 anos de idade. Porém, preocupado com as poucas oportunidades de crescimento profissional, Stangl decidiu entrar para a polícia austríaca em 1931.

Ingresso no Partido Nazista[editar | editar código-fonte]

Documentos mostram que Stangl foi membro do então ilegal Partido Nazista por dois anos. Porém, Stangl esclareceu que seu nome foi colocado na lista posteriormente para evitar sua prisão após os alemães tomarem o poder do país.

Após o Anschluss, foi rapidamente promovido de cargo. A organização indicou novos nomes para ocupar a cúpula das forças policiais e efetuou a prisão de seus antigos líderes.

Superintendente do T4[editar | editar código-fonte]

Por ordens diretas de Heinrich Himmler, tornou-se superintendente do Aktion T4, ou Programa de Eutanásia, do Instituto de Eutanásia em Schloss Hartheim onde pessoas com problemas físicos e mentais eram mandadas para serem mortas. Foi lá que ele conheceu Christian Wirth.

Em 1942, foi transferido para a Polônia.

Comandante do Campo Sobibor[editar | editar código-fonte]

Foi comandante do campo de extermínio de Sobibor de março a setembro de 1942, mas alegou não saber da real natureza do campo, pois havia sido informado por Odilo Globocnik que se tratava de um campo de abastecimento do exército. Disse ter tomado ciência do que ocorria lá após ter descoberto uma câmara de gás escondida na mata. Anos depois, revelou que Globocnik disse a ele que se os judeus do campo não estivessem trabalhando "duro o bastante", tinha a permissão de matá-los.

Sobibor passou a funcionar com toda sua capacidade em maio de 1942. Enquanto Stangl foi o administrador do campo, acredita-se que cerca de 100 mil judeus foram mortos até a quebra das máquinas em outubro daquele ano quando Stangl deixou o local.

Durante o tempo que esteve em Sobibor, sua esposa que havia ouvido o que acontecia por lá, questionou o marido que disse:

"você sabe que não posso discutir assuntos sobre o serviço. Tudo o que posso dizer e você tem que acreditar em mim, se tiver algo errado, eu não tenho nada a ver com isso."

Comandante do Campo Treblinka[editar | editar código-fonte]

Em setembro de 1942, Stangl foi transferido para o campo de extermínio em Treblinka. Durante esse tempo, disse ter se acostumado com a matança e se referiu aos prisioneiros judeus como "carga". Disse: "Lembro-me de Wirth parado ali, ao lado de uma vala cheia de cadáveres preto-azulados. Ela não tinha nada de humanidade, não poderia ter, era um monte de lixo podre. Wirth disse ‘O que vamos fazer com esse lixo?’ Acho que inconscientemente eu comecei a pensar neles como carga." Nesse período, Stangl começou a beber demasiadamente.

Fuga pós-guerra[editar | editar código-fonte]

Após o fim da guerra, conseguiu esconder sua identidade, mas foi preso pelo exército americano e ficou detido na Áustria pela participação no T4. Porém, fugiu para a Itália com seu colega de Sobibor, Gustav Wagner. Funcionários do Vaticano, encabeçados pelo bispo Alois Hudal, ajudaram em sua fuga para a Síria com um passaporte da Cruz Vermelha (ver: Ratlines). A participação de Hudal causou um grande escândalo na imprensa, em 1947, e o bispo se demitiu em 1951. Stangl e sua família viveram na Síria por três anos antes de se mudarem para o Brasil em 1951. Depois de anos de vários empregos, foi trabalhar na fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, com a ajuda de amigos, ainda usando seu nome verdadeiro.[1]

Prisão, julgamento e morte[editar | editar código-fonte]

Sua participação na matança de homens, mulheres e crianças era conhecida das autoridades austríacas, mas a Áustria não emitiu mandado de prisão até 1961. Apesar de ter se registrado no consulado austríaco no Brasil, somente seis anos após ter sido rastreado pelo caçador de nazistas Simon Wiesenthal e identificado pelo prisioneiro de Sobibor Stanislaw Szmajner, foi preso pela Polícia Federal do Brasil.[2] Ele nunca usou nome falso e nunca ficou claro o porquê de ter levado tanto tempo para que ele fosse preso. Acredita-se que seu ex-genro tenha informado Wiesenthal da presença de Stangl no Brasil.

Após sua extradição pela Justiça Federal do Brasil, foi julgado pelas mortes de cerca de 900 000 pessoas. Ele admitiu as mortes, mas argumentou:

"Minha consciência está tranquila. Eu estava simplesmente cumprindo minhas obrigações…".

Stangl foi considerado culpado das acusações e condenado a prisão perpétua em 22 de outubro de 1970. Morreu em 28 de junho de 1971 após parada cardíaca em Düsseldorf.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Dario Pignotti (8 de agosto de 2017). «Un nazi al servicio de Volkswagen en la dictadura» (em espanhol). Página12. Consultado em 18 de janeiro de 2020 
  2. Jornal Opção (04/02/2017)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]