Fratura femoral

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 Nota: Para fraturas na parte superior do fémur, veja Fratura da anca.
Fratura proximal obliqua (esquerda) e tratamento cirúrgico com parafusos e haste intramedular (direita).

A fratura femoral é uma fratura óssea na parte superior da perna que afeta o osso mais longo e volumoso do corpo, o fêmur. As fraturas femorais são geralmente causadas por trauma de alto impacto, como acidentes de automóvel, ou um tiro, devido à grande quantidade de força necessária para quebrar esse osso. São frequentes em mulheres idosas por queda ou carregar muito peso.

Podem ser divididas em fracturas proximais (fratura do quadril), fraturas mediais (da diáfise do fêmur) e as fracturas distais (fratura do joelho).

Haste Femoral fractures[editar | editar código-fonte]

Estrutura dos ossos largos: epífises são as pontas, diáfise é o meio e metáfises são as cartilagens de crescimento entre a diáfise e as epífises.

Fraturas do fêmur distal[editar | editar código-fonte]

Fratura distal do fêmur pode ser complicada por separação dos côndilos, o que resulta em desalinhamento das superfícies articulares da articulação do joelho, ou por hemorragia do grande popliteal artéria, que é executado diretamente sobre a superfície posterior do osso. Esta fratura compromete o fornecimento de sangue para a perna (uma ocorrência que deve ser sempre considerada nas fraturas ou luxações do joelho).[1]

Sinais e sintomas[editar | editar código-fonte]

As fraturas de fêmur são geralmente óbvias, pois costumam ser causadas apenas por trauma de grande impacto.[2] Os sinais de fratura incluem edema, deformidade, e encurtamento da perna.[3] A extensa lesão dos músculos causa muito sangramento e podem descompensar o paciente (choque hipovolêmico).[4] Os sintomas mais comum são dor severa, dificuldade para movimentar a perna e hematomas.[5]

Diagnóstico[editar | editar código-fonte]

Fratura da diáfise do fêmur com deslocamento e fragmentos.

Radiografia[editar | editar código-fonte]

A vista ântero-posterior (AP) e lateral são normalmente pedidas, a fim de descartar outras lesões na pelve, quadril e joelho.[6] A radiografia do quadril é particularmente importante porque as fraturas da cabeça do fêmur podem causar necrose avascular.

Tratamento[editar | editar código-fonte]

As fraturas abertas devem ser submetidas a cirurgia de urgência para limpeza e reparos, mas as fraturas fechadas podem ser mantidos até que o paciente esteja estável e pronto para a cirurgia.[7]

Tração esquelética[editar | editar código-fonte]

As evidências disponíveis sugerem que a eficácia do tratamento com tração depende da parte do fêmur que está fragmentado. A tração pode ser útil para a fraturas da diáfise porque ela antagoniza as forças muscular, que mantem as partes separadas contraídas e, portanto, pode diminuir o sangramento e a dor.[8] A tração não deve ser usado em fraturas do colo do fêmur ou quando houver qualquer outro trauma na pélvis.[9][10] É normalmente apenas uma medida temporária utilizada antes da cirurgia.

Esse tratamento geralmente só é usado para pacientes com presença de fatores de risco que contra-indicam o tratamento cirúrgico.

Fixadores externos[editar | editar código-fonte]

Fixadores externos (tutores) podem ser usados para evitar mais danos para a perna até que o paciente esteja estável o suficiente para a cirurgia. É normalmente usado apenas como uma medida temporária para manter o osso e articulações mais alinhados e estáveis. No entanto, para alguns casos mais complicados pode ser usado como uma alternativa para haste intramedular em um tratamento de largo prazo.[11][12]

Haste intramedular[editar | editar código-fonte]

Para fraturas da diáfise, a redução e haste intramedular são recomendados atualmente. O osso é realinhado, e em seguida uma haste de metal é fixada atravessando a medula óssea. A haste é estabilizada com pregos em cada extremidade. Este método oferece menos exposição, 98% de consolidação, menores taxas de infecção (1%-2%) e menos cicatrizes.[13]

Reabilitação[editar | editar código-fonte]

Após a cirurgia, o paciente deve passar por fisioterapia e começar a andar assim que possível, e progressivamente mais, para a maximizar as suas chances de uma boa recuperação.[14]

Prognóstico[editar | editar código-fonte]

Estas fraturas podem demorar 4 a 6 meses para curar.[15] Como as fraturas de fêmur estão associadas a traumas violentos, existem muito resultados adversos comuns, como embolia gordurosa, síndrome de insuficiência respiratória aguda (SDRA), tromboembolismo, falha multissistémica, e o choque causado pela perda severa de sangue. Fraturas abertas podem sofrer infecção, osteomielite e sepse.

Epidemiologia[editar | editar código-fonte]

Fraturas de fêmur são mais comuns em homens jovens (devido à trauma físico) e em mulheres idosas (devido à osteoporose e quedas). Obesidade, carregar muito peso, esportes de alto rendimento, tabagismo, deficiência de cálcio e vitamina D são importantes fatores de risco.[16]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Keith L. Moore, Arthur F. Dalley, Anne M.R. Agur. p527 of Clinical Oriented Anatomy 7th edition ISBN 978-1-4511-8447-1
  2. «Fractures of the shaft of the femur». The Journal of Bone and Joint Surgery. American Volume. 73. ISSN 0021-9355. PMID 1748704 
  3. Rockwood and Green's fractures in adults. Rockwood, Charles A., Jr., 1936-, Green, David P., Bucholz, Robert W. 7th ed. Philadelphia, PA: Wolters Kluwer Health/Lippincott Williams & Wilkins. 2010. ISBN 9781605476773. OCLC 444336477 
  4. Current diagnosis & treatment in orthopedics. Skinner, Harry B., McMahon, Patrick J. (Physician) 5th ed. New York: McGraw-Hill Medical. 2014. ISBN 9780071590754. OCLC 820106991 
  5. Essentials of musculoskeletal care. Sarwark, John F. Rosemont, Ill.: American Academy of Orthopaedic Surgeons. 2010. ISBN 9780892035793. OCLC 706805938 
  6. Advanced trauma life support : student course manual. [S.l.: s.n.] 2012. ISBN 9781880696026. OCLC 846430144 
  7. «Femur Shaft Fractures (Broken Thighbone)-OrthoInfo - AAOS». orthoinfo.aaos.org 
  8. Tintinalli, Judith E. Emergency Medicine: A Comprehensive Study Guide (Emergency Medicine (Tintinalli)). [S.l.: s.n.] ISBN 0-07-148480-9 
  9. AAOS. «29». In: Andrew N. Pollak MD. FAAOS. Emergency Care and Transport of the Sick and Injured. [S.l.: s.n.] ISBN 978-1-4496-3056-0 
  10. Marx, John A. (2014). Rosen's emergency medicine : concepts and clinical practice. [S.l.: s.n.] ISBN 9781455749874 
  11. «Midshaft femur fractures in adults». www.uptodate.com. Consultado em 1 de outubro de 2017 
  12. «Incidence and analysis of open fractures of the midshaft and distal femur». Wiener Klinische Wochenschrift. 125. ISSN 1613-7671. PMID 23797531. doi:10.1007/s00508-013-0391-6 
  13. «The incidence of non-union following unreamed intramedullary nailing of femoral shaft fractures». Injury. 40. ISSN 1879-0267. PMID 19070840. doi:10.1016/j.injury.2008.06.022 
  14. «Is there a standard rehabilitation protocol after femoral intramedullary nailing?». Journal of Orthopaedic Trauma. 23. ISSN 1531-2291. PMID 19390375. doi:10.1097/BOT.0b013e31819f27c2 
  15. «Femoral Fractures. Information about Femur fractures. Patient | Patient». Patient (em inglês) 
  16. 1967-, Egol, Kenneth A., (2015). Handbook of fractures. Koval, Kenneth J., Zuckerman, Joseph D. (Joseph David), 1952-, Ovid Technologies, Inc. 5th ed. Philadelphia: Wolters Kluwer Health. ISBN 9781451193626. OCLC 960851324