Gabriel Mithá Ribeiro

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Gabriel Mithá Ribeiro
Gabriel Mithá Ribeiro
Gabriel Mithá Ribeiro
Deputado à Assembleia da República pelo Distrito de Leiria
Período 29 de março de 2022 até a atualidade
Legislatura XVI da República Portuguesa
XV da República Portuguesa
Vice-Presidente do CHEGA
Período 20 de setembro de 2020
até 22 de agosto de 2022
Dados pessoais
Nome completo Gabriel Sérgio Mithá Ribeiro
Nascimento 23 de agosto de 1965 (58 anos)
Moçambique
Nacionalidade Moçambicana e Portuguesa
Partido CHEGA
Profissão Professor, Investigador, Ensaísta e cronista

Gabriel Sérgio Mithá Ribeiro (Moçambique, 23 de agosto de 1965) é docente, investigador, ensaísta, cronista e político português. Desempenha atualmente, a função de deputado à Assembleia da República pelo partido CHEGA e secretário da mesa da Assembleia.

Inicio de vida e juventude[editar | editar código-fonte]

Nasceu em Moçambique, filho de um pai católico e mãe islâmica,[1] com ascendência africana, indiana e síria.[2] Vive em Portugal desde 1980, sendo casado com uma portuguesa com ascendência e ligações familiares ao concelho de Pombal, com quem tem um filho. É licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e mestre e doutorado em Estudos Africanos pelo ISCTE-IUL.[2][3] É cronista no Observador.[4]

Opinião sobre o racismo[editar | editar código-fonte]

Mithá Ribeiro pensa que não faz sentido a designação de Racismo como conceito nos dias de hoje, tendo publicado o livro “O Colonialismo nunca Existiu!”, pela Gradiva.[1] Enquanto professor e investigador, do CIEP-Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa[5], defende que o racismo deixou de existir no século XXI, com o fim da colonização europeia. Numa intervenção, durante uma conferência da Fundação Alexandre Gusmão, defendeu uma nova designação para essa expressão ou conceito social, que seria antes “Relações Raciais” ou “Relações Inter-raciais”[6], que seria o mesmo “sem a mesma forte carga histórica entretanto desaparecida”. Assim como refere que as escolas deviam alterar a forma como ensinam o período colonial, destacando que "é preciso também olhar para as coisas boas", afirmando, como exemplo de fatores positivos da época colonial, que "os europeus trouxeram a escrita, a higiene e o vestuário".[3]

Atividade política[editar | editar código-fonte]

Durante 15 anos, foi filiado no PSD, que abandonou para se juntar ao CHEGA[3], onde teve uma rápida ascensão[3] e cujo programa refez[7], chegando a vice-presidente em setembro de 2021[2] e coordenador do Gabinete de Estudos do partido.[2] No dia 22 de agosto de 2022 pediu a sua demissão de Vice-Presidente da direção nacional do partido.[8] Em janeiro de 2024, foi confirmado pelo presidente do CHEGA, André Ventura, que voltaria a ser o cabeça de lista de Leiria nas eleições legislativas de 2024.[9] Foi responsável pela coordenação da revisão do programa do partido e do programa eleitoral de 2022. Em janeiro de 2024, foi anunciado como cabeça de lista para as eleições legislativas de 2024 no circulo eleitoral de Leiria.[8]

Deputado na Assembleia da República[editar | editar código-fonte]

XV Legislatura da República Portuguesa[editar | editar código-fonte]

A 30 de janeiro de 2022, Mithá Ribeiro foi eleito deputado à Assembleia da República pelo CHEGA, pelo círculo eleitoral de Leiria.[10][11] No dia 4 de abril de 2022 fez a sua primeira visita oficial enquanto deputado, juntamente com a deputada Rita Matias ao aterro da Azambuja.[12]

Foi proposto para candidato do CHEGA, na qualidade de 3.ª força política mais representada, a vice-presidente da Assembleia da República, após rejeição da candidatura de Diogo Pacheco de Amorim, a sua candidatura também foi rejeitada no plenário, com 37 votos a favor, 177 votos brancos e 11 nulos, de um total de 225 deputados votantes.[13] Em conferência de imprensa após a eleição, Mithá Ribeiro afirmou: "Fui rejeitado num país que anda à décadas a dizer que combate o racismo. Eu digo que o racismo é um fenómeno histórico que, entretanto, foi ultrapassado, mas aqueles que andam a encher o discurso de que o racismo existe, na hora da verdade fazem isto".[14] Acrescentou ainda o facto de existir uma diferença entre os apoiantes negros de direita e os apoiantes negros de esquerda: "Se uma pessoa é negra e é de esquerda é tratada com dignidade ou pelo menos com alguma dignidade. Se uma pessoa é negra e é politicamente neutra tende a ser apagada das instituições. Se uma pessoa é negra e é de direita é tratada, desculpem a força da expressão, como se tratam os pretos".[15][16][17] Na sua primeira intervenção no plenário, apontou para os problemas nas escolas, como "o ambiente" nas instituições e denunciou que não há "uma única palavra" para a indisciplina nas escolas.[18]

Relativamente ao pedido de demissão dos 23 médicos internistas do Hospital das Caldas da Rainha, Mithá Ribeiro veio a público lamentar “a degradação dos cuidados de saúde a prestar às populações” pelo CHO no Hospital das Caldas.[19] O deputado, deixou, ainda, uma critica ao socialista António Lacerda Sales: “É caso para perguntar, de que serve a esta região ter um secretário de estado da saúde, por acaso eleito deputado por Leiria e pelo partido do Governo, claro e que durante a recente campanha eleitoral sempre tentou fazer acreditar aos eleitores que por aqui e na área da saúde o mundo era cor-de-rosa, quando todos sabíamos e como agora se demonstra, que afinal é cinzento".[19]

Comissões Parlamentares[editar | editar código-fonte]

O deputado Gabriel Mithá Ribeiro pertence às comissões:

  • Comissão de Educação e Ciência [coordenador do grupo parlamentar na comissão];
  • Comissão de Ambiente e Energia [suplente].

XVI Legislatura da República Portuguesa[editar | editar código-fonte]

A 10 de março de 2024, foi reeleito deputado à Assembleia da República, pelo círculo eleitoral de Leiria.[20][21] No dia 27 de março de 2024, foi eleito secretário para a Mesa da Assembleia da República.[22]

Resultados Eleitorais[editar | editar código-fonte]

Data Partido Circulo eleitoral Posição Cl. Votos % +/- Status Notas
2022 CH Leiria 1.º (em 10) 3.º 18 918
8,02 / 100,00
Eleito
2024 1.º (em 10) 3.º 53 764
19,66 / 100,00
Aumento11,64 Eleito Secretário da Mesa da Assembleia

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

Livros[editar | editar código-fonte]

  • "Um Século de Escombros" (2019), dedicado a Olavo de Carvalho, Steve Bannon e Jordan Peterson.[23] Oficina do Livro.
  • "Novo Manual de Investigação" (2018). Contraponto Editores ISBN 9789896661748[24]
  • "Estrada de Beirute Uma Saga Familiar Moçambicana"(2015). Alêtheia Editores isbn: 9789896227272[25]
  • O Colonialismo Nunca Existiu! Colonização, racismo e violência: manual de interpretação (2013), Lisboa: Gradiva. (ISBN: 9789896165178)[26]
  • "O Ensino da História" (2010). Fundação Francisco Manuel dos Santos isbn: 9789898424686[27]
  • "O senso comum e a política em Moçambique" (2010), In Fernando Florêncio Vozes do universo rural – Reescrevendo o estado em África , Lisboa: Gerpress[28].
  • "A Lógica dos Burros - O lado negro das políticas educativas" (2007). Publicações Europa-América isbn: 9789721058378[29]
  • "A Pedagogia da Avestruz - Testemunho de um Professor" (2004). Gradiva isbn: 9789726629177[30]
  • "As representações sociais dos moçambicanos: do passado colonial à democratização. Esboço de uma cultura política" (2000). Lisboa: Instituto da Cooperação Portuguesa. (ISBN: 972-96666-5-2)[28]

Artigos[editar | editar código-fonte]

  • "O dilema moral supremo" (2020). Cadernos de[31]
  • "Minoria Branca, Anti-portuguesismo e herança colonial em Moçambique (2014). Ler História[32]
  • “‘É Pena Seres Mulato!’: Ensaio sobre relações raciais“ (2012). Cadernos de Estudos Africanos, 23, 21-51[28].
  • "Recensão de Lúcia van den Bergh, Porque prevaleceu a paz? Moçambicanos respondem" (2011), Cadernos de Estudos Africanos, 22, 182-186[28].
  • "O senso comum e a política em Moçambique" (2010). Gerpress.[33]
  • "O pensamento social sobre o político em Moçambique. Estudo de caso da cidade de Tete" (2008), Lisboa: ISCTE-IUL[28].
  • Chissano contra Machel e o Colono: representações sociais do estado em Moçambique“ (2007), Cadernos de Estudos Africanos, 13-14, 29-47[28].

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b «Ventura mais 11: quem é quem no novo grupo parlamentar do Chega». Expresso. 31 de janeiro de 2022. Consultado em 31 de janeiro de 2022 
  2. a b c d Redação (30 de janeiro de 2022). «Chega elege Gabriel Mithá Ribeiro, vice-presidente do partido, em Leiria». Região de Leiria. Consultado em 31 de janeiro de 2022 
  3. a b c d Guerreiro, Catarina; Claudino, Henrique Magalhães (31 de janeiro de 2022). «Só há uma mulher nos deputados do Chega. E é antifeminista». CNN Portugal. Consultado em 2 de fevereiro de 2022 
  4. Observador. «Gabriel Mithá Ribeiro». Observador. Consultado em 31 de janeiro de 2022 
  5. Gabriel Mithá Ribeiro, Aletheia (consulta em 5.9.2022)
  6. Quem é Gabriel Mithá Ribeiro? Ex-PSD e Vice Presidente do Chega, Chegano, 14 de Abril de 2021
  7. Contra “conspirações”, Ventura lança Pacheco de Amorim para “vice” da AR, por Maria Lopes, Público, 3 de Fevereiro de 202
  8. a b Figueiredo, Inês André. «Ventura afasta Mithá Ribeiro do gabinete de estudos e deputado demite-se de vice-presidente do Chega». Observador. Consultado em 22 de agosto de 2022 
  9. «Gabriel Mithá Ribeiro volta a liderar lista do Chega em Leiria». Jornal de Leiria. Consultado em 28 de janeiro de 2024 
  10. «Ao minuto: direção do PSD apanhada de surpresa pelos resultados, PS ainda sonha com a maioria». CNN Portugal. 30 de janeiro de 2022. Consultado em 30 de janeiro de 2022 
  11. «Eleições Legislativas 2022». legislativas2022.mai.gov.pt. Consultado em 30 de janeiro de 2022 
  12. «Deputados do Chega visitaram aterro de Azambuja – Correio de Azambuja». correiodeazambuja.sapo.pt. Consultado em 12 de abril de 2022 
  13. «Cotrim Figueiredo e dois candidatos do Chega chumbados para vice-presidentes da Assembleia da República». Observador. 31 de março de 2022. Consultado em 3 de abril de 2022 
  14. «Mithá Ribeiro: ″Fui rejeitado num país que anda há décadas a dizer que combate o racismo″». www.dn.pt. Consultado em 12 de abril de 2022 
  15. «Visão | Gabriel Mithá Ribeiro, deputado negro do Chega que não acredita no racismo em Portugal, justificou chumbo como "vice" da Assembleia da República com "questões raciais"». Visão. 31 de março de 2022. Consultado em 12 de abril de 2022 
  16. Tavares, Inês André Figueiredo, Rita. «Mithá Ribeiro diz que foi rejeitado devido a "questão racial". André Ventura ficou sem palavras». Observador. Consultado em 12 de abril de 2022 
  17. "Rejeitar-me é de alguma forma a rejeição de um moçambicano que assumiu a identidade portuguesa". A reação de Gabriel Mithá Ribeiro, consultado em 12 de abril de 2022 
  18. «Chumbada a moção de censura do Chega ao programa do Governo». www.cmjornal.pt. Consultado em 12 de abril de 2022 
  19. a b Redação (16 de abril de 2022). «PSD, PS e Chega questionam Governo sobre Hospital das Caldas». Gazeta das Caldas. Consultado em 23 de abril de 2022 
  20. «Gabriel Mithá Ribeiro (Chega) eleito por Leiria». Jornal de Leiria. Consultado em 9 de abril de 2024 
  21. Redação. «Gabriel Mithá Ribeiro garante lugar como deputado do Chega». Região de Leiria. Consultado em 9 de abril de 2024 
  22. «Parlamento elege quatro vice-presidentes indicados por PS, PSD, Chega e IL». www.jornaldenegocios.pt. Consultado em 9 de abril de 2024 
  23. Gabriel Mithá Ribeiro (3 de setembro de 2019), Um Século de Escombros, ISBN 978-989-660-655-8, Wikidata Q110760919 
  24. Novo Manual de Investigação, Gabriel Mithá Ribeiro, Wook
  25. Estrada de Beirute, Gabriel Mithá Ribeiro, Wook
  26. Ribeiro, Gabriel Mithá (2019). O Colonialismo nunca Existiu!. [S.l.]: Gradiva 
  27. O Ensino da História, Gabriel Mithá Ribeiro, Wook
  28. a b c d e f Gabriel Mithá Ribeiro, CEI-IUL
  29. A Lógica dos Burros, Gabriel Mithá Ribeiro, Wook
  30. A Pedagogia da Avestruz, Gabriel Mithá Ribeiro, Wook
  31. Gabriel Mithá Ribeiro, scholar.googleˈ
  32. Gabriel Mithá Ribeiro, scholar.googleˈ
  33. O senso comum e a política em Moçambique, ISCTE