Galáxias (livro)

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Galáxias
Autor(es) Haroldo de Campos
Idioma Português
País Brasil
Assunto Poesia brasileira
Gênero Romance, literatura experimental
Lançamento 1984

Galáxias é um livro experimental escrito por Haroldo de Campos, um dos maiores nomes da Poesia concreta brasileira, entre os anos de 1963 e 1976, mas sendo integralmente publicado apenas em 1984.[1] Devido a seu caráter experimental, está no limite entre a prosa e a poesia,[2] o que levou Caetano Veloso (amigo do poeta) a classificá-lo como proesia.[1] Por um lado, apresenta uma escrita corrida e direta, característica da prosa (a obra não apresenta separação de parágrafos, nem nenhum elemento de pontuação, nem mesmo numeração de páginas), sendo, supostamente, um relato de viagens;[3] por outro, utiliza-se de recursos e imagens poéticas.[4] Duas das grandes influências para este livro foram James Joyce[5] e Guimarães Rosa. Seria, por sua vez, umas das grandes inspirações para o Catatau de Paulo Leminski.[6]

Recepção crítica[editar | editar código-fonte]

Trata-se de um livro pouco conhecido fora da crítica especializada e do meio literário. Isso se deve, em parte, ao baixo número de exemplares da primeira edição, por um lado;[7] e por outro, ao próprio caráter experimental do livro, que torna sua leitura não raras vezes difícil ou hermética.[8] Mas o livro despertou o entusiasmo não só de artistas amigos do poeta, como os já mencionados Caetano Veloso e Paulo Leminski, bem como o de vários outros intelectuais. Mereceu, em 1966, grandes elogios de Guimarães Rosa,[9] reconhecidamente um dos maiores escritores brasileiros e uma das grandes influências para este livro. Mereceu também elogios internacionais de Octavio Paz,[10] poeta mexicano ganhar do Nobel de Literatura.

Referências

  1. a b Sinopse no site da Livraria Cultura.
  2. "texto imaginado no limite extremo da prosa e da poesia". Haroldo de Campos apud OSEKI-DÉPRÉ, Inês. Leitura finita de um texto infinito: Galáxias de Haroldo de Campos. Alea: Estudos Neolatinos, vol. 13, n. 1, janeiro-junho de 2011, pp. 128-153, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
  3. "tendo por imã temático a viagem como livro ou o livro como viagem". In OSEKI-DÉPRÉ, Inês. op. cit.
  4. Como se pode observar desde o começo do primeiro 'fragmento', já repleto de rimas e aliterações:e começo aqui e meço aqui este começo e recomeço e remeço e arremesso e aqui me meço. In CAMPOS, Haroldo de. Galáxias. São Paulo: Ex libris, 1984.
  5. Vide o famoso solilóquio final de Molly Bloom, no Ulysses, que apresenta uma dicção muito próxima a de Galáxias. In JOYCE, James. Ulysses. Hamburgo: The Odissey Press, 1933. p. 742.
  6. "O Catatau verifica uma categoria de ilegibilidade. Os estatutos desta categoria não estão elaborados teórica e nem pragmaticamente: só depois de muitas Galáxias e Catataus é que se vai saber o que fazer com textos ilegíveis porém procedentes. Eu não sei para que servem. Só sei fazer." Paulo Leminski em entrevista para Diogo Bello, no artigo "O Catatau: um calhamaço gritante" de 30 de julho 73, transcrita em VAZ, Toninho. Paulo Leminski: o bandido que sabia latim. 3 edição. Rio de Janeiro, São Paulo: Record, 2009.
  7. SCHEIDER, Daniel; MINANI, Thiago. Galáxias Arquivado em 14 de outubro de 2012, no Wayback Machine.. Disponível online no site Educar para crescer da Editora Abril.
  8. Misturam-se no livro, por exemplo, diversos idiomas, o que exige do leitor conhecimento de várias línguas para a compreensão total do que o autor está dizendo. Só neste trecho misturam-se português, alemão, inglês, francês e italiano: "você aceita um palette die weithaus beliebste farbige filter-cigarette the exquisite taste of the finest tobaccos ses couleurs attrayantes et l'élégance de sa présentation a tutti piacciono a tutti in tutto il mondo signorina stromboli". In CAMPOS, Haroldo de. op. cit.. Fragmento isto não é um livro de viagem.
  9. "Você não discrepa, e o texto é estimulante, catalisador ao mais alto grau. É um perpetuum mobile [grifo do autor], em caleidoscópio. Viva. Todos os iauaretês urram." Guimarães Rosa apud CAMPOS, Haroldo de. op. cit.
  10. "Tus textos son verdaderas galaxias: fosforescencias semánticas entre lo blanco del papel y lo negro" ("teus textos são verdadeiras galáxias: fosforescências semânticas entre o branco do papel e o preto"). Octavio Paz apud CAMPOS, Haroldo de. op. cit.