Gebrehiwot Baykedagn

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Gebrehiwot Baykedagn
Nascimento 1886
Morte 1919
Ocupação economista

Gebrehiwot Baykedagn (May Mesham, 1886 - 1919) é um dos mais celebrados intelectuais etíopes do século XX.[1][1][2] É reconhecido por suas análises que buscaram um balanço das razões do que ele vê como a decadência histórica do povo Etíope diante do desenvolvimento europeu, rejeitando os modelos explicativos raciais, e propondo alternativamente as causas materiais e históricas do impasse Etíope moderno.[2] Não obstante, é criticado em sua obra a reprodução das concepções Eurocentradas de progresso, motivando-o, como afirma Messay Kebede, a realizar um leitura negativa da história da Etiópia, considerando suas especificidades em relação a países europeus como desvios obstáculos a serem solucionados.[1] Lhe foi atribuida a alcunha de Japonizador (en: Japanizers), em razão do tipo de projeto modernizante e soberano que defendeu, comparado àquele que animou os intelectuais da restauração Meiji.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Baykedagn nasceu em May Mesham, perto da cidade de Aduá, em 30 de julho de 1886. Ele cresceu em uma missão suéca na Eritreia durante a crise alimentar etíope de 1888 a 1892, que, combinada com as guerras, havia causado um efeito destrutivo no Tigrai. Baykedagn foi parar acidentalmente num barco que o levou para a Europa, onde foi adotado por uma família rica da Áustria. Lá ele aprendeu alemão e frequentou as instituições de ensino austriacas, iniciando estudos em medicina na Universidade de Berlim. Mais tarde Baykedagn retornou à Etiópia, onde se tornou secretário e interprete do imperador Menelik. Cumpriu também outras importantes funções administrativas, como inspetor da estrada de ferro Addis Ababa-Djibouti, até à sua morte prematura.[1][2]

Obra e Pensamento[editar | editar código-fonte]

Publicou dois trabalhos maiores em amárica Mengistna ye Hizb Astadadar (Estado e economia na Etiópia do início do século XX) e Atse Menilik na Ethiopia (O Imperador Menelik e a Etiópia), que tem como tema comum o problema da modernização da Etiópia, onde Baykedagn ensaia diversos caminhos para a modernização do país, como também desenvolve análises das raizes históricas do atrasado que percebe na sociedade Etíope. Nessas análises o autor se aproximou de maneira notória dos conceitos posteriores de dependência como resultado de certas formas de modernização.[1] Baykedagn era interessado acima de tudo, como outros conterrâneos de educação ocidental, pelo 'enigma Etíope' - a decadência da Etiópia de seu antigo status de uma grande civilização afro-asiática - e se questionava pelas razões desse processo e as condições de sua superação. Ele elaborou, nessas análises, paralelos com teorias europeias da história enquanto estrutura de estágios universalmente comuns. Por essa ênfase na história universal e sua estrutura evolucionária, Baykedagn é reconhecido como um adepto do Eurocentrismo na cultura intelectual Etíope.[1] Não obstante, sua leitura do atraso, que rejeita hierarquias raciais como modelo explicativo, e se dedica alternativamente à estudar os obstáculos e prevenções ao livre desenvolvimento dos povos, é valorizada enquanto uma antecipação da crítica ao racismo que será formulada décadas após suas morte.[1]

Referências

  1. a b c d e f g Kebede, Messay (2006). «Gebrehiwot Baykedagn, Eurocentrism, and the decentering of Ethiopia». Journal of Black Studies. 36. Consultado em 5 de julho de 2022 
  2. a b c d Salvadore, Matteo (2007). «A MODERN AFRICAN INTELLECTUAL:GÄBRE-HEYWÄT BAYKÄDAÑ'S QUESTFOR ETHIOPIA'S SOVEREIGN MODERNITY». Africa: Rivista trimestrale di studi e documentazione dell'Istituto italiano per l'Africa e l'Oriente. 62 (4). Consultado em 5 de julho de 2022