Giárdia muris

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Figura 1: Imagem morfológica da Giardia muris

O agente etiológico Giardia muris (figura 1) pertence ao filo Protozoae, subfilo Sarcomastigophora, classe Mastigophora, família Hexamitidae, Subfamília Giardinae e Género Giardia. Sendo responsável por provocar a doença conhecida como giardíase (1,2).

  1. Morfologia Trofozoitos de Giardia muris são bilateralmente simétricos, em forma de pêra, e medem 7-13 µm de comprimento e 5-10 µm de largura. Existe um grande disco adesivo na superfície ventral do trofozoito. Vista lateralmente, a superfície dorsal é convexa e a superfície ventral é plana. Existem dois blefaroplastos, dois núcleos anteriores e quatro pares de flagelos. Os cistos de G. muris são elipsoidais (15 x 17µm), têm uma parede espessa e 2-4 núcleos (2).
  2. Ciclo de vida G. muris replica por fissão binária e múltipla, seus trofozoitos podem ser encontrados no lúmen do intestino delgado anterior, além dos cistos que são encontrados no intestino grosso e fezes. Após ingestão de cistos infecciosos, sendo a duração de seu período pré-patente de 4-12 dias após a ingestão de cistos (2,3), e a excreção máxima de cisto ocorre 5-14 dias após a deglutição (2,4). A eliminação dos cistos geralmente dura de 21 a 28 dias, mas pode ser por período indefinido. A G. muris pode ser encontrado em camundongos, ratos, hamsters e roedores selvagens especialmente em animais jovens (amamentados, desmamados), estressados ou com deficiência imunológica (2,4,5,6).
  3. Morbidade e mortalidade A G. muris tem o potencial de produzir doença aguda ou crônica em uma variedade de roedores de laboratório, sendo predominantemente uma infecção subclínica. Nesse contexto, são observadas alta mortalidade e morbidade em roedores atímicos, timectomizados e hipogamaglobulinêmicos (2,5,7). Devido, a capacidade da G. muris invadir a lâmina própria intestinal em camundongos fortemente infectados, camundongos irradiados e camundongos alimentados com uma dieta deficiente em proteína (2,8).
  4. Patobiologia Os sinais clínicos em animais infectados incluem ganho de peso, movimentos lentos, pelo áspero e abdômen distendido (2,9,10). A diarreia geralmente não é uma característica dessa doença, embora o intestino delgado possa conter um líquido amarelo-claro aguado (2,10). Lesões histopatológicas são infrequentemente encontradas no quarto proximal do intestino delgado, geralmente envolvendo o duodeno e o jejuno (2,8). As lesões podem consistir em uma alteração na relação da vilosidade: cripta (2,4,8), atrofia das vilosidades (2,11), infiltrado de células inflamatórias crônicas na lâmina própria (2,8,12), aumento da renovação de enterócitos vilosos (2,12) e aumento do número de linfócitos intraluminais (2,8). A G. muris pode frequentemente ser vista aderida à superfície das microvilosidades das células colunares perto da base das vilosidades (2,8).
  5. Diagnóstico Os protozoários podem ser detectados por microscopia por contraste de fase em amostras úmidas ou esfregaços marcados diretamente do conteúdo intestinal. A demonstração de cistos de G. muris nas fezes ou no cólon também é diagnosticável. Os cistos coram bem com o iodo de 2% de Lugol. Devido à natureza cíclica da excreção de cisto, as tentativas de detectá-los nas fezes podem produzir resultados errôneos. Numerosos exames fecais são frequentemente necessários para diagnosticar com precisão a infecção por G. muris (2).
  6. Prevenção e controle Técnicas adequadas de saneamento e manejo ajudam a prevenir a infecção por G. muris e reduzem a carga parasitária. Os cistos são suscetíveis a 2,5% de fenol ou lisol e 50 °C (2,12).

Referências[editar | editar código-fonte]

1. Andrade A.; Pinto SC., Oliveira RS. Animais de Laboratório: criação e experimentação. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002. 388 p. ISBN: 85-7541-015-6.

2. National Institutes of Health. Manual of microbiologic monitoring of laboratory animals. 2.ed. United States: NIH, 1994; 187-188p.

3. Heyworth MF. Time-cause of Giardia muris infection inmale and female immunocompetent micc. J Parasitol 1988; 74:491-493

4. Roberts-Thompson IC, Stevens DP. Mahmoud AAF. Warren KS. Giardiasis in the mouse: animal model. Gastroenterology 1976; 71:57-61

5. Ament ME, Rubin CE. Relation of giardiasis to abnormal intestinal structure and function in gastrointestinal immunodeficiency syndromes. Gastroenterology 1972; 62:216-226

6. Heyworth MF. Intestinal lgA responses to Giardia muris in mice depleted of helper T lymphocytes and in immunocompetent mice. J Parasitol 1989: 75:246-251

7. Boorman GA, Lina PHC, Zurcher C. Nieuwerkerk HTM. Hixamita and Giardia as a cause of mortality in congenitally thymus-less (nude) mice. Clin Exp Immunol 1973; 15:623-627

8. Owen RL, Nemanic PC, Stevens DP. Ultrastructural observation on giardisis in a murine model.  Gastroenterolgy 1979;76:757-769

9. Hsu C. Protozoa.In: Foster HL, Small JD,Fox JG eds. The Mouse in Biomedical Research. Vol. II. Academie Press, New York, 1982;366-368.

10. Sebesteny A. Pathogenicity of intestinal flagellates in mice. Lab Anim 1969; 3:71-77

11. Buret A, Gall DG, Olson ME. Effecys of murine giardiasis on growth, intestinal morphology and disaccharidase activity. J Parasitol 1990; 76; 403-409.

12. Erlandsen SL, Sherlock LA, Bemrick WJ. The detection of Giardia muris and Giardia lamblia cysts by immunofluorescence in animal tissues and fecal samples subjected to cycles of freezing andthawing. J Parasitol 1990; 76;267-271.

12. MacDonald TT, Ferguson A. Small intestinal epithelial cell kinetics and protozoal infection in mice. Gastroenterology 1978; 74;496-500.